Nota do blog: Publicamos abaixo tradução não oficial de uma declaração da Liga Anti-Imperialista – LAI repercutida no portal “The Red Herald” (O Arauto Vermelho).
O “DILÚVIO DE AL-AQSA” É UMA TOCHA DE RESISTÊNCIA QUE FORTALECE A DETERMINAÇÃO DOS POVOS OPRIMIDOS PARA LUTAR CONTRA O ESTADO GENOCIDA DE ISRAEL E A AGRESSÃO IMPERIALISTA
A resistência de um povo organizado e armado está condenada a triunfar
“Sabemos que Israel afirma ter modernas ferramentas de espionagem e o mais poderoso aparato de inteligência, mas o vimos colapsar sob as garras da resistência e ser pisoteado pelos sapatos da resistência.” (Marwan Al Abdel)
A causa da guerra não são os palestinos, mas o sionismo israelense e seus sustentáculos imperialistas. O Estado sionista de Israel tem travado uma guerra colonial contra o povo palestino durante décadas para usurpar as terras que lhe pertencem.
O 7 de outubro de 2024 é o primeiro aniversario do Dilúvio de Al-Aqsa. O 7 de outubro de 2023 marca uma nova etapa na luta das Forças de Libertação Nacional Palestinas contra o sionismo israelense, que sempre foi uma grande fonte de resistência para as forças anti-imperialistas e antifascistas do mundo. As Forças de Libertação Nacional Palestinas, unidas sob o mesmo teto, levaram a cabo um “Dilúvio” que aterrorizou não só o Estado genocida de Israel, mas também os imperialistas, dos quais se beneficia de ilimitado apoio econômico, diplomático e militar. 28 pontos de Gaza, a maior prisão a céu aberto do mundo, rodeada por cercas de muros, incluindo os “novos assentamentos”, símbolos da ocupação colonial, foram invadidos por terra, por ar com paraquedas e por mar. O justo movimento de resistência lançou uma operação surpreendente. O sionismo israelense e seus amos, os EUA e outros imperialistas circundantes, caracterizaram essa façanha como o início de uma guerra abrangente.
Com o 7 de outubro, não só os genocidas israelenses, mas também os imperialistas, sofreram uma grande perda de prestígio, e o mito do “poder inquebrantável” foi gravemente ferido. Sob as asas dos gigantescos monopólios internacionais e dos imperialistas (Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha…), especialmente os EUA, protegidos pelo famoso “Domo de Ferro”, tendo a rede de inteligência mais poderosa do mundo, com a cooperação dos Estados regionais reacionários, o Estado de Israel recebeu uma vez mais a “amarga lição” de que “o povo, e só o povo, constitui a força motriz na criação da história universal”. Aqueles que creem que vencerão a guerra com meios tecnológicos sofreram grandes derrotas ante as massas organizadas que não hesitam em morrer por sua causa em cada momento da história. Embora o Estado de Israel tenha tentado lograr resultados cometendo todos os tipos de crimes, incluindo genocídio, após o grande choque que sofreu em 7 de outubro, não conseguiu obter quaisquer resultados, seus equilíbrios internos foram abalados, uma grande oposição se acumulou dentro do país, e a bolha de grandeza e invencibilidade militar e tecnológica estourou.
A imagem de invencibilidade do Estado sionista de Israel foi aniquilada pelo Dilúvio de Al-Aqsa. Após a rendição imposta pelos Acordos de Oslo, foi um novo começo num momento em que o expansionismo sionista havia sido “normalizado” e a causa palestina era considerada “acabada”. O Dilúvio de Al-Aqsa destruiu muitos entendimentos preestabelecidos e rompeu o status quo que há muito era dado como certo sobre a Palestina. O processo de “normalização”, incluindo o isolamento da Palestina, chegou ao fim. Como se diz no jargão popular, mais uma vez, “o poder quebrou o jogo”.
“Sem exército popular o povo nada terá.” (Mao Tsetung, Sobre o Governo de Coalizão)
Esse movimento das Forças de Libertação Nacional Palestinas mostrou a possibilidade de derrota dos poderosos face a um movimento débil mas organizado baseado no povo. Essa possibilidade tem uma profundidade instrutiva para todos os movimentos revolucionários e de resistência nacional.
Israel é uma enorme potência militar e tecnológica com grande apoio militar e material; mas a gloriosa história da luta de classes provou repetidamente que aqueles que são determinados na luta por uma causa justa, aqueles que se organizam por essa causa, aqueles que se vinculam estreitamente aos povos oprimidos e os tornam parte da luta, apesar de todas as impossibilidades, derrotam as forças que dispõem de grandes recursos.
Há uma situação em que a “potência gigante” que declarou soberania absoluta sobre os territórios palestinos e os cercou com muros de segurança, que colocou 4 Estados árabes de joelhos em 6 dias, que realizou trocas de prisioneiros de uma forma que faz parecer que milhares de combatentes da resistência palestina valem o mesmo que um soldado israelense, que pode operar em todo o mundo e que, embora tenha o apoio econômico, militar e político dos imperialistas dirigidos pelos EUA, está desamparada. O poder que tem criado esse desamparo é um povo sitiado há décadas, isolado do mundo, tendo até suas necessidades básicas atendidas através de túneis, e condenado à pobreza e à destruição.
Embora seja uma realidade que os imperialistas e seus sequazes disponham de enormes recursos, não se deve esquecer que as massas oprimidas e exploradas também têm experiências históricas de resistência e luta. As táticas de guerra dos comunistas vietnamitas que derrotaram o imperialismo norte-americano no Vietnã apesar de toda a sua brutalidade, que cavaram túneis subterrâneos contra os bombardeios aéreos e transformaram o subsolo num centro de resistência e ataque, tornaram-se hoje armas das forças de resistência palestinas nos centros urbanos. No 7 de outubro, depois que o choque do ataque passou, houve propaganda de que Israel rapidamente esmagaria a resistência em Gaza e destruiria os túneis. Mas seria essa a realidade? Apesar de toda a guerra psicológica e da manipulação de enormes aparatos de propaganda, foi a vontade das Forças de Resistência Palestinas que determinou a guerra, e não as mentiras e narrativas exageradas do Estado de Israel e seus sustentáculos. A guerra organizada nesses túneis continua a abalar o Estado de Israel.
Em quase um ano de guerra numa área minúscula, o Estado de Israel nem sequer conseguiu chegar aos prisioneiros de guerra detidos pelas Forças de Resistência Palestinas, muito menos alcançar a vitória.
O Dilúvio de Al-Aqsa também destruiu as deploráveis teorias apresentadas pelos revisionistas e reformistas em nome da paz, democracia, desarmamento e reconciliação. São as forças armadas das Forças de Resistência da Palestina, os exércitos unidos das forças de resistência, que deterão o Estado genocida de Israel e seus sustentáculos imperialistas. Portanto, os eventos desde o 7 de outubro eliminaram qualquer opção que não seja a luta armada.
Na era do imperialismo e das revoluções proletárias, a burguesia tornou-se reacionária em todos os aspectos e está equipada “de cima a baixo” com o aparato da violência. Pela mesma razão, “A tarefa central e a forma suprema da revolução é a conquista do poder político pelas armas, é a solução desse problema pela guerra. Esse princípio revolucionário marxista-leninista é válido universalmente, tanto na China como em todos os outros países. Todavia, se o princípio permanece o mesmo, a sua aplicação pelos partidos proletários faz-se de modo diferente, de acordo com as distintas condições em que se encontram esses mesmos partidos.” (Mao Tsetung, Problemas da Guerra e da Estratégia)
O proletariado, as nações e povos oprimidos, onde quer que estejam no mundo, só podem resistir à violência organizada “de cima a baixo” da contrarrevolução mediante a organização da violência da revolução, só assim podem ganhar sua independência, só assim podem tomar o poder político. É por isso que Mao disse: “Sem exército popular o povo nada terá.” Mao, que planteou a teoria da Guerra Popular, a mais avançada teoria da guerra do proletariado, e a dirigiu na prática, indicou ao proletariado internacional e às nações e povos oprimidos que, sem organizar a violência da revolução, sem educar o proletariado e as nações e povos oprimidos com base nessa realidade, sem adotar a violência revolucionária como um princípio, não se pode tomar o poder político nem conquistar a independência nacional.
A experiência desde o final do século XIX, quando a burguesia completou sua reacionarização, nos tem mostrado concretamente que, em muitas partes do mundo, o proletariado e as massas oprimidas têm sido capazes de resistir, triunfar e estabelecer o poder político contra as classes dominantes somente quando e onde eles próprios têm forças armadas e travam luta armada. A burguesia não entregará seu poder voluntariamente, lutará até a morte por ele e usará não apenas seu próprio poder, mas também o poder das outras burguesias do mundo. Portanto, o proletariado e as nações e povos oprimidos devem organizar a resistência e a violência revolucionária se quiserem realmente tomar o poder político, acabar com o sistema de exploração e conquistar sua independência nacional.
O Estado genocida de Israel é a personificação da agressão imperialista e do colonialismo
“Se Israel não existisse, os EUA teriam que inventar um Israel. Israel é a maior potência que os EUA têm no Oriente Médio para proteger seus interesses na região. Imagine o mundo nesta situação sem Israel. Quantos navios de guerra existiriam no Mediterrâneo? Quantas tropas seriam enviadas para o Oriente Médio?” (Joe Biden, Presidente dos EUA)
Israel, com seu caráter sonista, tem sido desde o início o ponto de apoio e posto avançado dos imperialistas na região. Para o imperialismo norte-americano, a existência de Israel significa a implantação de dezenas de navios de guerra no Mediterrâneo e dezenas de milhares de forças militares no Oriente Médio. A estrutura sionista do Estado de Israel é moldada pelo racismo e pela religião. Eles se veem como uma “raça escolhida” obrigada a obter a terra “prometida por Deus” a qualquer custo.
Em 14 de maio de 1948, o mandato britânico terminou e o Conselho Nacional Judaico, reunido em Tel Aviv sob a direção do colono israelense David Ben-Gurion, declarou o estabelecimento do Estado de Israel. A partir dessa data, da noite para o dia, parte do povo palestino que vivia em suas próprias terras começou a viver sob o domínio de outro Estado. Esse foi também o início da perda de terras pelos palestinos, pedaço por pedaço, sendo espremidos num espaço estreito e, finalmente, completamente expulsos de suas terras.
O Estado sionista de Israel não pode ser definido sem mencionar o imperialismo. O Estado sionista de Israel é os EUA, a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, o Canadá. É mais do que um Estado, é uma “adaga sangrenta” que o imperialismo cravou na região do Oriente Médio e uma personificação do mal que encarna as práticas selvagens dos exploradores e se orgulha disso. É o símbolo da agressão imperialista em nível de Estado. O Estado de Israel é um Estado genocida.
O Estado sionista de Israel é a reencarnação no século XXI da agressão genocida do colonialismo eurocêntrico, que se estendeu da África à Ásia, da América à Austrália, desde o século XV.
Este processo genocida serve aos interesses dos EUA na região. Por essa razão, para eles é vital que os palestinos nunca mais levantem a cabeça. Em 5 de novembro de 2023, após uma reunião em Amã, capital da Jordânia, com os Ministros das Relações Exteriores de Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos (EAU) e o Secretário-Geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o Secretário de Estado dos EUA, Blinken, explicou sua posição da seguinte forma: “Um cessar-fogo agora permitiria ao Hamas recuperar poder e repetir o que fez em 7 de outubro.” Essa declaração foi feita sob os auspícios de sequazes que derramaram lágrimas de crocodilo por Gaza. Mais uma vez, constatou-se que todos os Estados reacionários, incluindo a Turquia, que querem que os ataques israelenses parem e usam a sensibilidade de sua própria opinião pública para sua demagogia, não podem sequer permitir um “cessar-fogo humanitário” a menos que seus amos queiram. Tornou-se claro que a tarefa desses países, que apoiam a causa palestina com a mais forte retórica, é apenas desempenhar o papel de “pastores” na questão palestina para o imperialismo norte-americano. Na falta de poder para garantir que a ajuda humanitária chegue a Gaza, esses países são incapazes de dar a mais ínfima contribuição à causa palestina. Seus comunicados e declarações de apoio à Palestina não passam de mentiras. A verdade é que esses países são lacaios cujos interesses estão alinhados com o imperialismo norte-americano.
A Corte Internacional de Justiça deveria condenar não só o Primeiro-Ministro israelense Netanyahu, mas todos os funcionários de Estado que apoiam o genocídio, expulsão e atrocidades de Israel, por crimes contra a humanidade
O regime reacionário sionista, com o apoio dos imperialistas e seus sequazes na região, recorreu ao genocídio e à deportação contra a população civil diante dos olhos do mundo inteiro, sem reconhecer qualquer direito humanitário, para escapar do impasse em que caiu após a dura perda de prestígio que sofreu. Gaza, que tem uma área de apenas 365 quilômetros quadrados e abriga 2,3 milhões de palestinos, está sendo queimada, destruída, desumanizada e desmembrada diante dos olhos do mundo inteiro. Em suma, o Estado sionista de Israel, respaldado pelo apoio militar e político-econômico do imperialismo norte-americano, alemão, francês e britânico, transformou Gaza em um cemitério. Atacou deliberadamente edifícios, escolas, hospitais, mesquitas, igrejas e campos com bombardeios intensos, assassinando milhares de palestinos e ferindo dezenas de milhares. De uma população de 2,3 milhões de pessoas em Gaza, um milhão estão deslocadas. Gaza foi submetida a uma onda de ataques visando a completa desumanização.
200 funcionários da ONU e 169 jornalistas foram assassinados. Hospitais, escolas, mesquitas, igrejas, comboios de ajuda humanitária e campos de refugiados foram bombardeados. O número total de assassinados ultrapassa 40 mil. Esse processo de genocídio e brutalidade está sendo conduzido com a proteção e o apoio dados por navios de guerra pertencentes às marinhas de Estados imperialistas como os EUA, França, Alemanha, Inglaterra e Canadá, ancorados ao largo da costa de Gaza. Os imperialistas são os principais responsáveis por esse processo de genocídio e atrocidade. Os imperialistas têm uma responsabilidade coletiva nisso. Os imperialistas equiparam o Estado de Israel com a legitimidade para cometer todos os crimes que se enquadram no âmbito de “crimes contra a humanidade”, mesmo de acordo com o “critério internacional” da burguesia. Por essa razão, não só o Presidente de Israel, mas também os funcionários de todos os outros Estados que o apoiam, especialmente o Presidente dos Estados Unidos, que apoia todo o processo de genocídio, deveriam ser julgados por crimes contra a humanidade na Corte Internacional de Justiça. Assim como os membros do Senado dos EUA, que aplaudiram de pé Netanyahu a cada minuto de seu discurso no Congresso dos EUA, no qual ele descreveu o genocídio e as atrocidades cometidas, também deveriam ser julgados. Porque o genocídio infligido ao povo palestino está sendo levado a cabo com a “sabedoria e apoio coletivo” dos imperialistas.
O momento de profunda crise do sistema imperialista agudiza as contradições interimperialistas e demanda a expansão das guerras de agressão contra as nações e povos oprimidos
À medida que a guerra mundial de repartilha e hegemonia se intensifica e se diversifica, as máscaras caem e todos vão tomando posições de acordo com sua classe. A natureza das leis internacionais e a quem elas servem foram reveladas. Democracia, igualdade, todos os valores propagados pela burguesia estão sendo pisoteados. Diante do genocídio e da brutalidade de Israel, apoiados pela coalizão imperialista, em conluio e pugna, dirigida pelo imperialismo norte-americano, os políticos e as forças de segurança dos “apóstolos da democracia e dos direitos humanos”, como os EUA, a Alemanha e a França, tiraram suas máscaras de “Estados que respeitam os direitos humanos e as liberdades” e transformaram-se em agressores fascistas contra as massas que apoiam a resistência palestina.
O mundo é um vórtice no qual as contradições interimperialistas se intensificam, os conflitos regionais se expandem e o globo está rodeado por tendências belicistas. O imperialismo está seguindo o caminho de superar os gargalos e crises por meio de guerras e da escalada da agressão contra nações e povos oprimidos. Ao mesmo tempo, isso o conduz a uma intensificação política visando uma luta por nova repartilha de influência econômica e dominação. Enquanto o putrefato capital financeiro monopolista se move desenfreadamente nos mercados mundiais, não hesita em estabelecer sua hegemonia recorrendo a guerras. Isso abre caminho para que se agudize a contradição interimperialista e para que entre cada vez mais na agenda a opção da agressão militar.
Uma das consequências mais óbvias da crise de decomposição do sistema imperialista é o processo que antecedeu e se seguiu à invasão da Ucrânia. Nos últimos anos, a política dos EUA e da OTAN de cercar a Rússia no Leste Europeu e belicismo se intensificou. Ao passo que o imperialismo russo perdeu continuamente sua influência como força hegemônica principal na Ucrânia a partir de 1991, os EUA e a UE puderam expandir-se econômica e politicamente. O resultado dessa provocação foi a invasão militar da Ucrânia pelo imperialismo russo em 24 de fevereiro de 2022. Apesar do intensivo apoio técnico, logístico e econômico provido pela OTAN à Ucrânia por mais de dois anos, a Rússia tem feito um progresso constante. As sanções econômicas impostas à Rússia pelos imperialistas ocidentais, dirigidos pelos EUA, fracassaram em deter, criar contradições, criar novas áreas de tensão e enfraquecer a influência mundial do imperialismo russo. As perdas militares ucranianas levaram os EUA e a OTAN não a recuar, mas a ir mais longe para provocar o imperialismo russo. Os EUA deram à Ucrânia permissão para usar armas dentro do território reconhecido oficialmente como da Rússia, o processo de equipar a Ucrânia com F-16 foi acelerado, e a indústria armamentista dos EUA e da OTAN continuou a alimentar a Ucrânia.
Todos os desenvolvimentos semelhantes no mundo não podem ser considerados independentes da guerra pela hegemonia e repartilha em escala mundial. Hoje, o mundo testemunha uma guerra cujo eixo é a repartilha, uma guerra que, por sua própria natureza, durará anos, se diversificará e expandirá em termos de meios e campos. Nessa guerra, os atores globais, bem como seus agentes, desempenham um papel no cerco e retenção de territórios. A luta é política, econômica, militar e diplomática. Criar corredores comerciais e desenvolver manobras para torná-los disfuncionais estão entre as ferramentas desse processo. Há uma divisão das regiões não só em termos de recursos, riqueza, etc., mas também de acordo com sua importância estratégica. A política da OTAN, central para os EUA, de cercar a Rússia, a inclusão da Finlândia e da Noruega à OTAN, a escalada militar dos países que fazem fronteira com a Rússia, o cerco militar dos EUA e seus “aliados” na região do Indo-Pacífico contra a China, a ampliação da entrada no Mar Vermelho, na Somália, na Etiópia e em Taiwan, são todas expressões disso.
O Secretário-Geral da OTAN, Stoltenberg, falou abertamente sobre a ameaça das armas nucleares, dizendo que há “discussões sobre tirar ativos nucleares dos armazéns e disponibilizá-los para uma aliança que deve demonstrar ao mundo afora que tem um forte poder de dissuasão”, e que “enquanto as armas nucleares existirem, permaneceremos sendo uma aliança nuclear, pois um mundo em que Rússia, China e Coreia do Norte têm armas nucleares e a OTAN não, é um mundo mais perigoso.” Na mesma entrevista ao The Guardian, o Secretário da OTAN também enfatizou a ameaça representada pelo desenvolvimento das capacidades nucleares da China. No entanto, o foco principal da OTAN parece ser “atualizar ou melhorar suas armas nucleares contra a ameaça russa”. Certamente, esses desenvolvimentos e discursos não devem levar-nos a concluir que a guerra interimperialista é iminente. Por outro lado, devemos reconhecer que a guerra será cada vez mais uma opção.
A situação mostra que os conflitos regionais estão aumentando, expandindo-se do Oriente Médio e do Mar Vermelho para o Golfo, o continente africano e o Sudeste Asiático. Há uma situação política no Oriente Médio em que se agudizaram as contradições que já existiam antes do Dilúvio de Al-Aqsa da resistência palestina contra o Estado sionista de Israel em 7 de outubro de 2023. Nessa situação, o Estado sionista de Israel, com total apoio dos EUA e dos imperialistas ocidentais, concentra-se em fazer de Gaza uma zona segura, destruindo-a, desumanizando-a e ocupando-a com um massacre brutal, aprofundando a ocupação com políticas reacionárias de colonização na Cisjordânia e fragmentando ainda mais a já fragmentada Palestina. Ao mesmo tempo, Israel está tentando escalar o conflito com o Irã de forma calculada, sob a orientação dos EUA. Israel não esconde seu desejo de expandir seus ataques ao Líbano e à Síria. Para esse fim, está organizando uma operação em estreito contato com os Estados Unidos. Durante a visita do Ministro da Defesa de Israel, Gallant, aos Estados Unidos em 23 de junho, foram discutidos planos para atacar o Hezbollah libanês. Navios de guerra norte-americanos estão posicionados no Mediterrâneo para ameaçar os movimentos e países da região que estão ao lado da Palestina e para uma possível guerra entre Hezbollah e Israel. É evidente que isso agravaria os conflitos regionais e proporcionaria ao Irã uma plataforma para novas medidas.
Devido aos seus ricos recursos naturais e localização estratégica, a região do Oriente Médio sempre foi um dos mais importantes epicentros da luta pela repartilha entre os imperialistas. Portanto, as guerras tornaram-se uma parte natural da vida nessa região.
Os conflitos entre o povo palestino e o Estado israelense ocupante sempre tiveram um impacto que vai além da sua própria escala. Para além de muitas razões interligadas e mutuamente determinantes, como mencionado acima, a importância central do Oriente Médio em termos de recursos energéticos mundiais e a luta pelo domínio sobre tais recursos são decisivas. Como ainda não surgiu nenhuma fonte de energia que torne o petróleo e o gás natural insignificantes, eles continuarão sendo um dos pontos-chave na luta pela dominação mundial.
Recentemente, o social-imperialismo chinês vem tentando ganhar um ponto de apoio na equação do Oriente Médio. No ano passado, deu um passo importante ao mediar os problemas entre o Irã e a Arábia Saudita. Continuou esse processo com uma reunião com as organizações palestinas. Representantes de todas as forças da resistência palestina participaram dessa reunião. Frações palestinas com diferentes posições, incluindo Fatah e Hamas, concordaram em pôr fim às suas hostilidades e formar um governo de “unidade nacional” como parte das negociações mediadas pelo governo chinês. Segundo o acordo, qualificado como “Diálogo de Pequim”, essas frações se unirão para formar um governo interno de reconciliação. De acordo com o comunicado, foi acordado alcançar uma unidade nacional que inclua todas as frações dentro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Isso pode ser visto como um passo importante para a Libertação Nacional Palestina e as forças anticoloniais continuarem juntas em sua luta contra o Estado de Israel e seus sustentáculos. Israel e seus auxiliários agiram assassinando Ismail Haniyeh, Chefe do Birô Político do Hamas, que estava no Irã. O objetivo desse assassinato foi desmoralizar as forças de resistência na figura do Hamas, que se destaca com seu poder e eficácia dentro das Forças de Resistência Palestinas, mostrar o poder de Israel e intimidar o Irã. Ao atrair o Irã diretamente para a guerra, Israel visa envolver diretamente na guerra as potências imperialistas dirigidas pelos EUA. Dessa forma, a ocupação e o genocídio do povo palestino por parte de Israel serão relegados a segundo plano e será criado um “terreno legítimo” para um ataque contra o Irã, que tem sido o objetivo dos EUA há muitos anos. Além disso, com o envolvimento de fato do Irã no processo, a região se tornará um campo de batalha mais amplo, uma vez que organizações como o Hezbollah libanês, o Ansar Allah iemenita e o Hashd-al-Shaabi iraquiano se tornarão parte direta da guerra de resistência nacional.
O 7 de outubro fez explodir o processo de normalização, dirigido pelos EUA, entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, Egito, Jordânia e Arábia Saudita. Além dos Acordos de Abraham, energia, rotas comerciais e normalização política, os planos para a completa destruição da Palestina sofreram um duro golpe. Dessa forma, os EUA querem consolidar sua hegemonia na região e enfraquecer a crescente influência da China e da Rússia. O Dilúvio de Al-Aqsa caracteriza-se por virar de cabeça para baixo todos esses planos e orientações e condenar todas as forças reacionárias a uma nova busca por equilíbrio.
Identificar as Forças de Resistência Palestinas como HAMAS, reduzir a resistência e apresentá-la como um “Conflito com os Islamistas” é uma tentativa de legitimar publicamente os genocídios israelenses
Toda forte ruptura na luta de classes esclarece as contradições e reorganiza as fileiras. Em tais momentos de ruptura histórica, não há apenas uma aproximação entre imperialistas e Estados reacionários, mas também uma aproximação política e ideológica entre aqueles que se definem como anti-imperialistas, revolucionários ou contra a guerra de agressão imperialista na avaliação da situação que se apresenta. Em essência, cada classe avalia o que está acontecendo dentro da perspectiva guiada por seus próprios interesses de classe e toma sua posição em conformidade. Foi o que aconteceu nesse processo.
A luta palestina pela independência nacional e contra a ocupação é baseada em um direito indiscutível. Esse é o ponto principal a se enfatizar nessa luta. A Luta de Libertação Nacional Palestina e sua direção foram moldadas sob várias formas ideológicas e políticas, embora os pontos básicos de partida tenham permanecido os mesmos. É um fato que forças com referências islâmicas foram inicialmente apoiadas pelos imperialistas para se oporem ao socialismo e para tornarem as lutas de libertação nacional dependentes dos imperialistas. A perda de credibilidade da direção da Luta de Libertação Nacional Palestina, que começou com Arafat e continuou com Mahmoud Abbas, aos olhos do povo palestino é um fator decisivo no surgimento e até mesmo na posição dominante dessas forças. A persistência dos movimentos com referências islâmicas na resistência contra aqueles que constantemente fizeram concessões ao expansionismo israelense e aos imperialistas e perderam sua credibilidade devido à corrupção, ganhou a simpatia do povo palestino.
O fato de que a nação palestina está sob ocupação e que essa ocupação está em constante expansão não deve impedir a identificação da contradição fundamental na avaliação das forças aqui. A contradição principal aqui é entre ocupação e anti-ocupação. A resolução dessa contradição constituirá a base para a resolução das contradições entre as forças progressistas e reacionárias na sociedade palestina. A questão em que nos centraremos agora é que a luta da nação palestina por seu direito à autodeterminação e contra a ocupação se justifica e deve ser apoiada. Aqueles que rechaçam a legitimidade da luta das Forças de Libertação Nacional Palestinas contra a ocupação e pela independência nacional com base na natureza do HAMAS são os partidários do imperialismo, que legitimam a ocupação do sionismo israelense e justificam a ocupação e agressão de aliados imperialistas e reacionários, especialmente do imperialismo norte-americano.
“Estamos aqui e lutamos como FPLP. Somos muito fortes em Gaza, temos milhares de membros. Desde o 7 de outubro sofremos centenas de mártires. Estávamos aqui antes do Hamas, estávamos aqui antes dos islamistas. Fomos a força principal que dirigiu a luta armada em 1973…” (Maher Al Taher, Chefe de Relações Internacionais da FPLP)
A unificação das Forças de Libertação Nacional Palestinas e sua luta conjunta contra o Estado de Israel é um desenvolvimento muito importante para a luta de libertação nacional palestina. Geograficamente dividida, politicamente fragmentada e tendo perdido sua direção central incorporada na Organização para a Libertação da Palestina (OLP), a Palestina está agora reunindo todas as suas partes. É evidente que essa reunificação perturba muitos. Porque uma Palestina sem unidade está sempre fadada à derrota. O Estado de Israel e seus sustentáculos fizeram o melhor que puderam para impedir essa reunificação. Com esse processo, a arena internacional tentou criar dúvidas sobre a resistência do povo palestino, enfatizando especialmente a identidade ideológica do HAMAS. Foi até dito que organizações como o HAMAS representavam a reação devido à sua identidade islâmica, e apoio aberto ou indireto foi dado ao genocídio e à brutalidade de Israel.
Descrever a resistência palestina como um conflito entre identidades religiosas é uma distorção organizada e deliberada da realidade. É uma tentativa de encobrir a realidade que fez crescer a resistência palestina. Israel e seus auxiliários realizam essa propaganda sistematicamente. Isso serve para encobrir o colonialismo expansionista da reação israelense apoiada pelo imperialismo desde 1948 e os quase 80 anos de práticas genocidas do sionismo israelense. Dessa forma, querem espremer a resistência palestina em identidades islâmicas para, por um lado, sustentar sua própria opinião pública e, por outro, esconder a existência de forças revolucionárias dos olhos dos demais.
A ideologia reacionária do HAMAS e de outras organizações de orientação islâmica e o papel que desempenham hoje na resistência palestina não eliminam a injustiça da escravidão, subjugação e opressão da Palestina por Israel. Tampouco elimina o caráter político da luta palestina pela libertação desse jugo, seja qual for sua orientação ideológica. Essa luta não tem um caráter islâmico, mas sim um conteúdo que busca libertar a Palestina do jugo. Neste contexto, a luta do povo palestino é, em todos os sentidos, uma Luta de Libertação Nacional. A operação “Dilúvio de Al-Aqsa” e a Luta de Libertação Nacional Palestina como um todo têm uma essência nacional cujo conteúdo não pode ser determinado apenas pelo HAMAS e organizações islâmicas similares.
Todos os tipos de reacionários que duvidam do poder criador das massas populares oprimidas, exploradas e subjugadas ficam perplexos com a realização de algo que é impossível “segundo eles”, refugiam-se em teorias da conspiração e, no final, retratam as ações das massas populares oprimidas como um projeto deste ou daquele setor dos poderes dominantes. Para eles, as massas populares são ignorantes, fracas e impotentes. Sem o consentimento dos poderes dominantes, não podem realizar nada de maneira independente. Não é tarefa das massas oprimidas fazer tremer os tronos dos governantes! Várias versões desses grupos, cujos cérebros foram escravizados pelas classes dominantes, não hesitaram em repetir o mesmo disparate em coro quando as ações das Forças de Libertação Nacional Palestina começaram. Pior ainda, aqueles que lutam por sua existência em condições similares às do povo palestino também são parte desse panorama reacionário. Embora saibam que os argumentos usados na propaganda reacionária contra a Libertação Nacional Palestina e as forças anticoloniais também são usados contra eles, sacrificaram sem hesitação os princípios de apoio à justa luta das nações oprimidas como resultado das relações e interesses táticos que desenvolveram com as forças imperialistas e reacionárias na região. As relações entrelaçadas com o imperialismo têm um impacto significativo na dinâmica que determina essa conduta incorreta. É também exemplar no sentido de mostrar as dimensões dessa relação.
A Luta de Libertação Nacional Palestina tem uma longa história de luta
Como oficial da FPLP, Marwan al-Abda disse: “No que diz respeito ao Hamas, o Hamas – mesmo sozinho – está lutando hoje não apenas por seu próprio programa, não por um Partido ou um lado, mas pela defesa do povo palestino. Está lutando contra um inimigo histórico e social, o inimigo de todos os Partidos palestinos. Israel sempre quis demonizar a resistência. Para as classes dominantes exploradoras, qualquer força de resistência que se levante contra a ordem dada de dominação e exploração é demonizada. O lado da resistência, seja comunista-revolucionário, religioso ou qualquer ideologia que carregue, será condenado por resistir. Em conclusão, estamos em uma etapa de libertação nacional e isso exige que todos nos unamos em uma única frente nacional. Isso é o que exigimos. Por que se falou no passado sobre reconciliação entre os lados palestinos e sobre acabar com a divisão, sobre reuniões, sobre criar uma frente ampla, debates sobre a OLP? Porque estamos sob ocupação e precisamos de unidade. Não há discordância sobre isso. O elemento de unidade é um tipo de força que o ocupante não quer que alcancemos. Unidade também significa fortalecimento. Eles querem dividir a resistência. Nós sabemos e o ocupante sabe que há um projeto israelense para dividir a resistência palestina.
Estamos lutando sob a sala de operações conjuntas da Frente Popular para a Libertação da Palestina – Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafa. A sala de operações conjuntas não é uma nova organização. Foi estabelecida em guerras anteriores e acumulou experiência, planejamento e habilidade. Essa sala também recebe ajuda e apoio, então não se sente órfã. Acima de tudo, está unida em operações militares e, pela primeira vez, autoconfiante em torno das operações conjuntas.
Além disso, essa resistência popular sabe que está envolvida em uma luta abrangente contra o imperialismo e o sionismo e contra os árabes ‘normalizadores’ na região. Sabe muito bem quem é inimigo e quem é amigo.”
A Resistência Nacional Palestina é, acima de tudo, a resistência unida do povo palestino. A resistência das Forças de Libertação Nacional Palestinas contra a agressão israelense e o expansionismo colonial começou em 1948, quando os palestinos foram despossuídos e expulsos de suas próprias terras. Nos primeiros anos da resistência, as forças islâmicas nem sequer faziam parte da luta armada palestina. Muitas organizações influenciadas pelo marxismo-leninismo e o Pensamento Mao Tsetung, como o Fatah, a Frente Democrática e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, adotaram desde sua criação a luta armada contra o Estado de Israel. A luta de libertação nacional palestina, tanto nacional quanto internacionalmente, tem sido principalmente a causa de revolucionários e comunistas. Após a Primeira Intifada transformar-se numa grande resistência em 1987, as forças islâmicas decidiram aderir à luta armada. HAMAS e Jihad Islâmica são organizações que surgiram desse processo. Depois que o Fatah encerrou a luta armada com os “Acordos de Oslo” e a linha de compromisso veio à tona, os islamistas ganharam destaque na resistência.
O “Dilúvio de Al-Aqsa” foi um movimento não só do HAMAS ou organizações similares com uma formação ideológica islâmica, mas também de 14 organizações palestinas que formaram uma frente de resistência nacional, e o processo foi organizado pela “Sala de Operações Conjuntas”. Essa “Sala de Operações Conjuntas” é também o centro de coordenação da resistência palestina na guerra atual. As organizações no centro de coordenação dessa guerra são as Brigadas Izz ad-Din Kassam, o braço armado do Hamas, as Brigadas Al-Quds da Jihad Islâmica, as Brigadas Abu Ali Mustafa da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), bem como as Brigadas Mujahideen, o Batalhão Nidal al-Amoudi, as Brigadas Nasser Salah al-Din, as Brigadas de Resistência Nacional da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), as Brigadas Abdel Qader al-Husseini, as Brigadas Mártir Yihad Jibril, os Grupos Mártir Ayman Jude e o Exército de Tempestade (Jaysh al-Asifa). Desde o 7 de outubro, quadros e combatentes das organizações de esquerda como a FPLP e a FDLP e das Brigadas Nasser Saladin foram martirizados. Todas essas organizações continuam envolvidas no conflito.
Além disso, a prática das organizações palestinas atuarem conjuntamente já começou antes do 7 de outubro. A primeira “Sala de Operações Conjuntas” entre forças da resistência fora do Fatah foi fundada em 2006. Em 2014, 12 organizações se uniram contra a “Operação Margem Protetora” de Israel. Em 2018, essa sala foi formalizada como “Sala Conjunta dos Grupos da Resistência Palestina”. As Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, o braço armado do Fatah, que foi expulso de Gaza pelo Hamas em 2007, não foram incluídas nessa sala, apesar de seu apoio verbal. O Batalhão Nidal al-Amoudi, as Brigadas Nasser Saladin e as Brigadas Mujahideen foram formadas por quadros do Fatah que rejeitaram os Acordos de Oslo e deixaram as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, que haviam abandonado suas armas e se convertido nas forças de segurança da Autoridade Palestina.
No 22º dia da operação, 5 organizações da resistência palestina (FPLP, FDLP, FPLP-CG, HAMAS e Jihad Islâmica) emitiram uma declaração conjunta. A declaração conjunta enfatizou a importância de aderir à unidade nacional e rechaçar as tentativas do inimigo de dividir o povo ou monopolizar qualquer parte dele, ressaltando a importância de unir esforços e estreitar fileiras nesta batalha decisiva. A declaração culpou os EUA pelo processo e resumiu o objetivo da luta da seguinte forma: “Ao travar essa luta em defesa de nossa terra, nosso povo e nossos locais sagrados, reafirmamos nosso compromisso com o direito de nosso povo de resistir e nossa confiança na vitória de nosso povo nesta batalha pela libertação, retorno, autodeterminação e estabelecimento de um Estado palestino com Jerusalém como sua capital.”
O caráter ideológico e de classe dos movimentos de independência nacional e anticoloniais é obviamente importante, mas em termos da questão em seu conjunto, a legitimidade da resistência e rebelião contra a ocupação colonial da Palestina é essencial. O direito das nações à autodeterminação é um direito indiscutível e a luta das forças palestinas de Libertação Nacional e anticolonialistas é legítima em seu conteúdo e forma.
A luta das Forças de Libertação Nacional e Resistência Anticolonial Palestinas é uma aliada do proletariado na luta pela revolução mundial
A contradição entre os povos oprimidos dos países dependentes e coloniais e os imperialistas é a contradição central da nossa época. O aprofundamento da crise geral e inevitável do sistema imperialista aumenta a intensidade da contradição entre esses países e seus povos oprimidos e os imperialistas. A resolução dessa contradição a favor das nações e povos oprimidos aprofunda as contradições internas do sistema imperialista e, em última análise, o enfraquece. Neste sentido, a luta das nações e povos oprimidos contra o imperialismo soma forças à luta do proletariado. É por causa dessa realidade que Lenin, Stalin e Mao Tsetung, ao listarem as contradições que compõem o sistema imperialista, enfatizaram a contradição entre o imperialismo e as nações e povos oprimidos como a contradição que marca nossa época. Essa também é a definição que delineia a posição das forças que lutam contra o imperialismo e contra o sistema imperialista e, portanto, esclarece os aliados do proletariado. Os movimentos de libertação nacional são aliados do Movimento Comunista Internacional. Essas duas forças se complementam na luta contra o imperialismo. Precisamos olhar para a Luta de Libertação Nacional Palestina a partir dessa perspectiva.
Este novo estado de guerra entre o Estado de Israel e a Resistência Nacional Palestina é uma nova etapa na luta em curso entre o certo e o errado. A Luta de Libertação Nacional Palestina é histórica e politicamente justa. A reação sionista e seus sustentáculos imperialistas estão do lado errado. Nessa luta, o proletariado consciente e os povos oprimidos do mundo estão ao lado da Resistência Nacional Palestina. O fato de que o ataque que provocou essa guerra inclui assentamentos do sionismo israelense não muda “o que é justo”. A Palestina está em uma guerra de defesa, ela está certa e essa guerra é legítima. Se a Palestina vencer essa guerra contra Israel, isso será, como disse o camarada Lenin, acolhido “com amor” pelo proletariado internacional.
A colonização ou semicolonização é uma tendência inevitável do imperialismo. No período em que vivemos isso é, novamente, muito evidente. Os Estados, sobrecarregados por dívidas enormes, têm sustentado esse sistema até hoje com dinheiro que a economia real não consegue lidar. O sistema está em bancarrota já há algum tempo. No entanto, ele continua a existir por conta de Estados dependentes e especialmente semicoloniais. A intensidade e continuidade das guerras regionais de hoje, a inflação crônica crescente e o atual aumento dos impostos fazem parte disso. É claro que estes não são independentes do imperialismo e do sistema falido da burguesia monopolista. Neste sentido, devemos avançar e defender o direito das nações à autodeterminação como um princípio que deve ser defendido na luta anti-imperialista. Nossa consciência deve estar clara sobre essa questão.
É uma realidade objetiva que os componentes da luta dos povos dos países dependentes e coloniais contra os colonialistas e imperialistas mostram diversidade de classe, e que cada classe e estrato tem seu próprio ponto de vista e divergências quanto à natureza da sociedade a ser criada. O fato de a linha ideológica e política do proletariado não ser efetivada ou definitiva em tais lutas, embora isso expresse uma debilidade importante, não muda a natureza do problema em seu conjunto.
“O caráter incontestavelmente revolucionário da imensa maioria dos movimentos nacionais é tão relativo e peculiar, como o é o caráter possivelmente reacionário de alguns movimentos nacionais determinados. Nas condições da opressão imperialista, o caráter revolucionário do movimento nacional de modo algum implica necessariamente na existência de elementos proletários no movimento, na existência de um programa revolucionário ou republicano do movimento, na existência de uma base democrática do movimento. A luta do emir do Afeganistão pela independência de seu país é, objetivamente, uma luta revolucionária, apesar das ideias monárquicas do emir e dos seus adeptos, porque essa luta enfraquece, decompõe e mina o imperialismo.” (Stalin, Sobre os Fundamentos do Leninismo)
O fato de que a compreensão do anti-imperialismo, das lutas anti-imperialistas, da fúria e da resistência contra o imperialismo de outras classes que não o proletariado são limitadas e contêm inconsistências, não pode ser visto como um obstáculo às relações que temos estabelecido e estabeleceremos com elas. O que somos obrigados a fazer nessa situação é cumprir a missão de direção na superação dessas inconsistências. Isso, como enfatiza o programa da LAI, “anda de mãos dadas com o desenvolvimento da concepção de mundo do proletariado nessa luta.”
As lutas pela independência nacional e a revolta contra o colonialismo foram corretamente identificadas por Lenin como forças aliadas do proletariado na luta mundial do Movimento Proletário Internacional na Era do Imperialismo e das Revoluções Proletárias. Ao mesmo tempo, ficou claro que a “Questão Nacional e Colonial-Nacional” é outra esfera em que a luta de classes se materializa e que é imperativo “alcançar a unidade” na luta contra o sistema imperialista. Um dos principais pilares da existência e sobrevivência do sistema imperialista é a pilhagem de “países coloniais e dependentes” e a transferência de enormes recursos aos Estados imperialistas. Neste contexto, os inimigos do proletariado internacional e dos povos dos países coloniais e dependentes são comuns e, para lutar contra o imperialismo, não é uma escolha, mas uma necessidade, que essas forças construam uma frente revolucionária comum contra o imperialismo.
“O leninismo desmascarou esta disparidade escandalosa; demoliu a muralha que separava brancos e negros, europeus e asiáticos, escravos ‘cultos’ e ‘incultos’ do imperialismo, ligando, desse modo, o problema nacional ao problema das colônias. Assim, a questão nacional deixou de ser uma questão particular e interna dos Estados, para transformar-se em questão geral e internacional, converteu-se no problema mundial da libertação do jugo do imperialismo dos povos oprimidos dos países dependentes e das colônias.
[…] O leninismo provou, e a guerra imperialista e a revolução na Rússia o confirmaram, que a questão nacional só pode ser resolvida em relação com a revolução proletária e sobre a base desta; que o caminho do triunfo da revolução no Ocidente passa através da aliança revolucionária com o movimento anti-imperialista de libertação das colônias e dos países dependentes. A questão nacional é parte da questão geral da revolução proletária, parte da questão da ditadura do proletariado.” (Stalin, Sobre os Fundamentos do Leninismo)
“Daí se pode ver que há dois tipos de revolução mundial, pertencendo o primeiro à categoria burguesa ou capitalista. A época desse tipo de revolução mundial já passou há muito tempo, chegou ao fim jogo em 1914, quando estalou a Primeira Guerra Mundial imperialista, e mais especialmente em 1917, quando se produziu a Revolução de Outubro na Rússia. Aí começou o segundo tipo, quer dizer, a revolução mundial socialista-proletária. Essa revolução tem o proletariado dos países capitalistas como força principal e os povos oprimidos das colônias e semicolônias como aliados. Sejam quais forem as classes, partidos e indivíduos que, numa nação oprimida, se juntem à revolução, conscientes ou não da questão e compreendendo-a ou não subjetivamente, desde que se oponham ao imperialismo a sua revolução converte-se em parte da revolução mundial socialista-proletária e eles próprios convertem-se em aliados desta.” (Mao Tsetung, Sobre a Democracia Nova)
Em nossa era, em que a burguesia é completamente reacionária, as lutas de libertação nacional e o colonialismo também fazem parte do processo da Revolução de Nova Democracia. Porque os processos coloniais e de ocupação em nossa época não podem ocorrer de maneira independente dos imperialistas e, portanto, toda luta anticolonial e anti-ocupação objetivamente inclui o anti-imperialismo. Embora a condução da luta anticolonial e anti-ocupação em uma linha proletária assegure o desenvolvimento de um processo direto e consistente da Revolução de Nova Democracia, uma vez que os componentes da luta das Forças de Resistência Palestinas estão centrados principalmente na anti-ocupação e na eliminação da situação colonial, a resolução dessa questão a favor das Forças de Resistência também amadurecerá as condições prévias para o progresso do processo da Revolução de Nova Democracia.
“Nessa era, toda a revolução, nas colônias ou semicolônias, dirigindo-se contra o imperialismo, quer dizer, contra a burguesia internacional, o capitalismo internacional, já não se integra mais nessa velha categoria de revolução democrático-burguesa mundial, mas sim numa categoria nova. Já não constitui uma parte da velha revolução mundial burguesa ou capitalista, mas sim parte da nova revolução mundial, a revolução mundial socialista-proletária. Essas colônias e semicolônias revolucionárias não podem mais ser tidas como aliados da frente contrarrevolucionária do capitalismo mundial; elas transformaram-se num aliado da frente revolucionária do socialismo mundial.” (Mao Tsetung, Sobre a Democracia Nova)
A Luta de Libertação Nacional Palestina está condenada a triunfar
“Como Lenin apontou, as guerras civis proletárias contra a burguesia, a ditadura do proletariado contra os Estados burgueses e as guerras revolucionárias nacionais dos povos oprimidos contra o imperialismo são inevitavelmente guerras revolucionárias…” (6º Congresso Mundial da Internacional Comunista, 1928)
Como forças anti-imperialistas e revolucionárias do mundo, somos antes de tudo a favor de um mundo sem guerra e estamos lutando por isso. Mas sabemos que isso não acontecerá sem acabar com o sistema de exploração e barbárie em que vivemos. Por essa razão, nos mantemos longe de perspectivas e lemas “humanistas” e “pacifistas”, e vemos a destruição da base objetiva que realmente cria as guerras como uma necessidade para acabar com as guerras. Portanto, determinamos nossa atitude observando as condições objetivas e contradições sobre as quais as guerras ocorrem e quais contradições elas visam resolver.
Para aqueles que lutam para criar um mundo sem guerra e exploração, o problema é bastante claro. Haverá guerras até que a base objetiva que cria as guerras, isto é, a realidade da sociedade de classes, seja eliminada. Portanto, a humanidade deve lutar para criar uma sociedade sem classes. Para isso, deve-se organizar a contra-violência revolucionária da classe operária e dos oprimidos contra a violência das classes dominantes e lutar para varrer para sempre da história da humanidade as forças da classe exploradora dominante. Como Lenin disse: “Só depois de termos derrubado, vencido e expropriado definitivamente a burguesia no mundo inteiro, e não apenas num só país, é que as guerras se tornarão impossíveis.” (O Programa Militar da Revolução Proletária)
Dentro do sistema imperialista de exploração e pilhagem, as guerras são travadas principalmente em duas frentes: por um lado, guerras injustas que servem à continuação do sistema de exploração e beneficiam a uma ou outra(s) classe(s) exploradora(s), e por outro lado, guerras que servem aos interesses da classe operária e dos povos oprimidos, explorados e subjugados, ou seja, guerras justas. Somos a favor dessas guerras justas e fazemos parte delas.
Nas palavras de Lenin, “o imperialismo é a reação política”. Pela mesma razão, a luta pela paz e pela liberdade dos povos, das mulheres, das nações e da natureza deve ser vista como um componente da guerra revolucionária contra o imperialismo e o fascismo.
Deve ser reiterado mais uma vez que hoje a luta anti-imperialista também está estreitamente vinculada à luta democrática. Em escala mundial, os princípios e valores da democracia decaíram nas mãos da burguesia, e a luta pela democracia e o democratismo consistente ganharam uma unidade que se liga ao caráter anti-imperialista. Isso significa que os valores, princípios e linha política da democracia proletária, com seu consistente caráter anti-imperialista, estão cada vez mais integrados aos povos oprimidos.
O anti-imperialismo é uma condição sine qua non da luta pela democracia. É claro que isso não significa que toda luta e movimento democrático deva ser consistente e revolucionário até o fim. Significa apenas que toda luta democrática contém uma essência anti-imperialista, que devemos ser responsáveis por compreender para desenvolvê-la e unificá-la.
O caminho que os anti-imperialistas devem seguir é agarrar os interesses que condicionam a solução. Neste caso, fica claro que tratamos de uma responsabilidade que se centra nos interesses dos povos oprimidos, que são os sujeitos da luta pela democracia. A conquista de direitos democráticos é possível com o triunfo da luta contra o imperialismo. A importância, profundidade, alcance e necessidade da luta anti-imperialista determinam o alcance da luta pela democracia. Abordar a questão a nível internacional é outro tópico importante que precisa ser enfatizado. Os acontecimentos recentes mostram que as condições para a luta anti-imperialista a nível internacional amadureceram. A existência e as lutas das nações cujo direito à autodeterminação foi usurpado e cujos territórios foram ocupados têm mobilizado uma massa considerável de pessoas. Os setores progressistas do mundo têm abraçado a luta contra a grande destruição causada pelo imperialismo com grande ódio e persistência. A intolerância demonstrada contra essa luta, especialmente nas “democracias avançadas”, é uma forte indicação da natureza do conflito de interesses nesse campo. Há uma clara intolerância tanto em relação à luta quanto ao contra-ataque. Os interesses daqueles que criaram o problema entram em conflito com os interesses daqueles que defendem uma solução revolucionária para o problema na Palestina, por exemplo.
O único verdadeiro amigo do povo palestino são as massas de milhões de pessoas que, apesar das proibições e da repressão, enchem as ruas com um espírito antissionista e anti-imperialista em todos os cantos do mundo. Contra a dominação reacionária que legitima o isolamento da Palestina e o massacre do sionismo com o “conto do terrorismo”, estão as ações independentes das pessoas que estão ao lado da Palestina sem parar para fazer cálculos, pintam “Viva a Palestina Livre” nos muros por toda parte e desfraldam os símbolos da Palestina.
A Resistência Nacional Palestina, conformada como uma poderosa luta anti-imperialista de grande valor histórico, é hoje muito mais gloriosa. A última tocha que ilumina essa grandeza é o Dilúvio de Al-Aqsa. As características que guiam a luta palestina, iluminadas pelo Dilúvio de Al-Aqsa, seguem brilhando intensamente hoje. São características que os comunistas repetidamente iluminaram, elucidaram e praticaram em todas as suas lutas. São características que nos ensinam como vencer.
A força e o êxito da resistência palestina, sua qualidade que perturba todas as maquinações regionais do imperialismo norte-americano e do sionismo, serão uma alavanca na luta das nações oprimidas e das massas populares. O êxito da resistência organizada de uma nação oprimida, débil, sitiada, pobre e despossuída contra a reação imperialista e sionista, organizada ao mais alto nível e possuindo todos os meios de dominação, quase uma máquina de guerra, será uma referência para as lutas de libertação. O fato de que essa resistência aprofunda a luta pela hegemonia imperialista, a torna aberta e a eleva ao nível de conflito, revelará a necessidade de organizar guerras revolucionárias e justas contra essa hegemonia reacionária. A grandeza, determinação e persistência da resistência de libertação palestina irão desmascarar todas as forças reacionárias regionais e elevar o nível de consciência e determinação dos oprimidos para a luta.
Estamos em um novo processo no qual estamos condenados a vencer todo o imperialismo. O imperialismo é um sistema político e econômico em bancarrota à espera de ser varrido para a lata de lixo da história. Os povos têm armas poderosas para remover essa gigantesca pilha de lixo. É nosso dever fundamental organizar-nos, armar-nos e participar nas lutas pelo poder sem hesitação. Devemos ser plenamente solidários com a resistência nacional palestina, enfatizando, abraçando e defendendo, sem qualquer vacilação, todas as características revolucionárias nela materializadas. Isso não será apenas solidariedade. Devemos também travar uma luta ativa e aberta em nossos países contra todas as extensões e colaboradores regionais e internacionais do sionismo israelense. Israel é apoiado ou alimentado de diferentes formas por muitos Estados e monopólios internacionais. Como anti-imperialistas, devemos trabalhar para atacar, nos países onde vivemos, as fontes que apoiam e alimentam essa ocupação e massacre. Só podemos fazê-lo acreditando e sendo guiados pelo poder dos povos para vencer no final.
Como Comitê de Coordenação da Liga Anti-Imperialista, convocamos todas as forças revolucionárias, anti-imperialistas e anti-ocupação a apoiar a Luta de Libertação Nacional Palestina e a fazer parte da resistência, custe o que custar. Devemos abraçar a luta do povo palestino oprimido contra o sionismo israelense, um dos aríetes do sistema imperialista, fortalecer a resistência e demonstrar nossa solidariedade com ações concretas.
A LUTA DAS FORÇAS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL PALESTINAS CONTRA A OCUPAÇÃO E O COLONIALISMO É JUSTA E LEGÍTIMA!
OS IMPERIALISTAS E TODOS OS REACIONÁRIOS SÃO TIGRES DE PAPEL!
VIVA A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA NACIONAL DAS FORÇAS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL PALESTINAS!
VIVA O DIREITO DAS NAÇÕES OPRIMIDAS À AUTODETERMINAÇÃO!
ABAIXO O IMPERIALISMO, ABAIXO O ESTADO SIONISTA DE ISRAEL!
Comitê de Coordenação da Liga Anti-Imperialista
Outubro de 2024