Entrevista publicada no jornal People’s March em outubro de 2020. Tradução não-oficial: Alejandro A.
Este ano é o vigésimo aniversário do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL). É de conhecimento de todos que o EGPL é o Exército Popular formado e guiado pelo Partido Comunista da Índia (Maoísta). O EGPL é descrito de muitas formas por muitos. Mas como um membro do próprio EGPL o descreve? Este artigo busca trazer a expressão de alguns membros do EGPL sobre o que acham do próprio EGPL.
Quando questionados, alguns dos membros entrevistados do EGPL disseram que vieram a conhecer o Exército Popular somente após ingressar nele. Em casa, eles o conheciam apenas como um esquadrão e que ele luta contra os inimigos e protege o povo. Após entrarem no EGPL, eles disseram –
“Eu aprendi a ler e escrever”; “Eu comecei a conhecer o mundo”; “Eu aprendi a como lutar contra o inimigo”; “Eu aprendi a servir o povo”; “Eu aprendi disciplina”; “O EGPL está trabalhando pela libertação dos oprimidos, então deverei trabalhar para servir o povo”; O EGPL me transformou em um Revolucionário Profissional”; “Eu pude superar o patriarcado nas ideias que a sociedade me impôs, agora eu posso andar livremente sem medo entre os homens”.
As filhas e filhos do solo desabrocharam no Exército Popular. Então, passaram a compreender a política da coisa. Eles disseram –
“O EGPL está trabalhando sob o mando do CPI(Maoista)”; “Ele derruba o poder dos latifundiários”; “Ele estabelece o poder popular”; “Ele protege o ‘jal-jungle-zameen’’, as riquezas minerais e os recursos naturais”; “O EGPL expulsou os exploradores das florestas e estabeleceu o direito do povo à floresta”; “Ele transformará a vida das massas”.
No EGPL eles viram um ambiente social completamente diferente. É antifeudal e igualitário em mais de um aspecto. Assim os camaradas descreveram o estilo de trabalho do EGPL –
“Existe igualdade entre homens e mulheres. Não há nenhum tipo de discriminação como raça ou castas”; “O EGPL está treinando o povo para lutar contra os exploradores”; “As pessoas pobres sãoempoderadas com o EGPL”; “Ele ajuda o povo em seu trabalho agrário”; “Ele se mantém firme frente às ofensivas do inimigo”; “Ele chacoalha o inimigo e limita seus ataques contra o povo”.
Os camaradas agora têm bem claro os benefícios que o Exército Popular traz. Eles são confiantes de que o EGPL defende e protege e também melhora a vida das pessoas. Eles afirmaram –
“O EGPL derrotou Salwa Judum. Ele deu uma resistência firme contra a Operação Green Hunt e agora está dando a ‘samadhan’ (resposta) à ofensiva estratégica SAMADHAN. Sem esta resistência as massas não conseguem continuar suas atividades agrárias”; “O povo dá vida ao EGPL e o EGPL dá vida ao povo”; “O povo não consegue ter vida, nem terra e nem mudança sem o EGPL”; “O EGPL trabalha sob o Partido que é a nossa mãe”.
“O EGPL não é distante do povo. Ele nasce, cresce, protege e é protegido pelo povo”; “O povo se entusiasma com as conquistas do EGPL e recrutam cada vez mais seus filhos ao Exército”.
Podemos entender como os membros do EGPL se prepararam para o sacrifício. Eles explicaram –
“Eu sei que não podemos viver sem o Partido e o EGPL. Portanto, estou preparado para morrer pelas massas como um membro do EGPL”; “Meus pais sabem que sem o Partido e o EGPL o povo não consegue melhorar suas vidas, então eles me enviaram para o Exército Popular”.
Por que os maoistas matam policiais que também provém das classes pobres é uma pergunta feita com frequência por pessoas do meio urbano. Isto é o que os membros do EGPL tem a dizer sobre essa questão –
“A polícia protege os exploradores que são os inimigos do povo. Nós não desejamos matá-los. Mas quando eles vêm nos atacar sob ordens das classes exploradoras, somos forçados a atacá-los”; “Isto é uma luta de classes e aqueles que se colocarem no caminho serão varridos”; “Nós não promovemos a violência, mas a questão é que se nós queremos o poder, nós teremos que usar a força”.
Respondendo à pergunta de que o povo acaba ficando entre os maoistas e a polícia, os membros do EGPL disseram –
“Isso é absolutamente errado. Quem são os membros do EGPL? Somos nós, nós somos o povo aqui. O EGPL é sinônimo do povo”; “A polícia massacrou pessoas em Sarkinguda, Edsametta durante o governo do BJP e em Tadiballa durante o governo do atual congresso. Os massacres foram promovidos porque o povo e o EGPL são a mesma coisa”; “Guerra é inevitável para transformar a sociedade”; “Os maoístas não entre a selva, eles estão entre o povo”; “Os traidores que saíram do Partido estão espalhando propaganda difamatória, mas na realidade o que o povo deseja são os maoístas e o EGPL, o exército de, por e para eles”; “O governo orquestra conspirações para desorganizar o povo e reprimir o justo movimento popular”; “O Partido e o EGPL proveu terra, gado e vida ao povo. Portanto, por que surge a questão da vitimização?”
Quando questionados qual é mais importante, a política ou a arma, eles responderam sem hesitar –
“A política é o guia. As armas ajudam a conquistar o poder político”; “Nós somente podemos usar as armas se soubermos de política”.
Os membros do EGPL são entusiásticos em fortalecer o Exército Popular. Eles sabem como podem fazê-lo. Eles são otimistas quando dizem –
“Devemos fortalecer a organização básica junto ao povo, o Comitê Partidário. Milícias, esquadrões de proteção de vilas e outras unidades militares formadas de dentro do povo devem funcionar mais ativamente. Os Comitês Rurais Partidários e as Organizações de Massas também devem ser fortalecidas”; “O Exército Popular deve ser fortalecido somente a partir da força das massas”; “Para fortalecer o EGPL, nós devemos ir ao seio das massas, isto é, os problemas mais básicos da vida das pessoas”; “Repressão gera resistência, a juventude se juntará ao EGPL conforme cresça a repressão”; “O EGPL está junto ao povo, portanto ele se fortalecerá de acordo com as necessidades populares”; “Nós devemos superar nossas fraquezas e recuos no caminho pelos quais nós podemos prosseguir com o EGPL tendo em mente a transformação em Exército Popular de Libertação (EPL)”.
Uma nota especial:
Uma mulher guerrilheira que se juntou ao EGPL vinda de uma cidade disse –
“Eu nunca imaginei que me tornaria uma soldada. Eu ainda hoje me surpreendo com isso. O uniforme militar, arma, boné, trouxeram uma mudança completa na minha vida. Eu vi o caráter deum ‘trabalhador’ na vida guerrilheira. Eu sinto a vida guerrilheira como um presente. No início, eu achava difícil manter o compasso que é importantíssimo na vida de guerrilha, devido à minha vida passada de anarquia urbana. Mas gradualmente eu compreendi a política por trás da disciplina e hoje não sinto mais dificuldade. Na realidade, me sinto inspirada para seguir a disciplina. Me impressiona muito o tipo de igualdade que existe entre os guerrilheiros homens e mulheres. Não consigo imaginar esse tipo de democracia nas famílias da sociedade atual. Eu fico feliz que minha jornada seja rumo à conquista do poder popular”.