Nota do blog: Publicamos tradução não oficial de um importante documento de luta de duas linhas na Índia veiculado pela Revista Nazariya em 28 de dezembro de 2024. O artigo, intitulado “Desmascarando a linha revisionista moderna de ‘Balraj’ e seus asseclas”, consiste em um documento de luta ideológica e política contra uma linha capitulacionista que serve aos planos genocidas do velho Estado indiano.
Desmascarando a Linha Revisionista Moderna de ‘Balraj’ e seus Asseclas como a Ala Ideológica da Operação SAMADHAN-Prahar (Forjar Resolutamente o Caminho da RND!)
28 de dezembro de 2024
As condições políticas atuais a nível internacional são a manifestação da crise inerente ao modo de produção capitalista na fase do imperialismo. A burguesia imperialista não conseguiu sair da crise enfrentada durante a pandemia de COVID. Mesmo nos países capitalistas imperialistas, a classe operária está se organizando contra a exploração do capital. Recentemente, houve um chamado para greve da classe operária dos EUA em três grandes indústrias automobilísticas. Isso indica uma condição em que a classe dominante da burguesia imperialista é incapaz de resolver as contradições dentro da economia capitalista imperialista. Observamos como as grandes instituições financeiras mundiais estão colapsando e não conseguem recuperar o dinheiro que emprestaram. Nessas condições mundiais, a classe operária e até mesmo as camadas médias estão perdendo seus empregos. Para resolver essa contradição, as forças imperialistas buscam métodos para garantir a multiplicação do lucro. A guerra entre Rússia e Ucrânia atende a essa necessidade do capital. Guerra significa multiplicação do capital. Por meio do fornecimento contínuo de armas, os EUA e outras potências imperialistas tentam fortalecer suas burguesias imperialistas. Por exemplo, os EUA são um dos maiores fornecedores de Israel em sua agenda de ocupação colonial contra a Palestina, cujos benefícios serão colhidos pelos EUA por meio de sua relação com Israel. Além disso, a burguesia imperialista está investindo pesadamente na economia de países oprimidos como a Índia. As potências imperialistas estão reafirmando seu domínio sobre os países oprimidos. Estamos testemunhando reagrupamentos no cenário mundial. Enquanto China e Rússia tentam incorporar novos países oprimidos ao BRICS, o grupo G20, encabeçado pelos imperialistas norte-americanos, também está se reagrupando ao adicionar países oprimidos do continente africano. A burguesia compradora da Índia tem desempenhado um papel importante nesses reagrupamentos. Fiel ao seu caráter comprador, está adotando um caminho intermediário e é incapaz de tomar uma posição própria. Não tomou posição sobre a guerra Rússia-Ucrânia, nem aceitou as sanções dos EUA contra o Irã.
No recentemente concluído G20, a burguesia compradora da Índia recebeu pesados investimentos em suas empresas por parte da burguesia imperialista. A reunião do G20, neste momento, foi um esforço para resolver a crise do imperialismo mundial. Ao criar novas oportunidades para investimentos de capital, como a construção de estradas, busca-se garantir um novo fôlego ao imperialismo norte-americano. Os EUA sempre usaram a Índia como base para sua expansão imperialista no Sul Asiático e agora aumentaram o papel das forças compradoras indianas – pretendem investir seu capital na economia da África e do Sudoeste Asiático por meio da Índia. O Estado comprador indiano reduziu a taxa de importação de maçãs dos EUA, o que causará um grande impacto negativo nos agricultores que cultivam maçãs em três estados da Índia. O ex-ministro-chefe de Jammu e Caxemira (J&K) declarou, em uma entrevista sobre os efeitos do corte de 20% nas tarifas: “Não queremos maçãs, nozes ou amêndoas importadas aqui. É difícil acreditar que o governo está aumentando as dificuldades do povo da Caxemira somente para agradar os EUA e outros países. Os caxemires estão sendo atormentados apenas para receber aplausos dos países estrangeiros.” (Ali, 2023).
Além dos laços com os EUA, a burguesia burocrática-compradora da Índia mantém milhares de vínculos com a emergente aliança imperialista de Rússia e China. É fortemente dependente da Rússia para o fornecimento de petróleo e da China para equipamentos eletrônicos. É por meio dos ombros da burguesia burocrática-compradora indiana que o petróleo russo chega ao solo europeu. Além disso, o saqueio dos recursos naturais básicos está aumentando exponencialmente; recentemente, o governo alterou a Lei Florestal para facilitar o saqueio da água, das florestas e das terras pelas forças imperialistas e da burguesia compradora. No campo, os grandes latifundiários, na forma de empreiteiros, agiotas e senhores feudais, exploram os camponeses pobres e sem terra. A luta pelo aumento dos salários dos trabalhadores rurais se desenvolveu em várias regiões do norte da Índia. Além disso, o movimento pelo direito às terras comuns de vilarejos que estão sob ocupação dos grandes latifundiários também se intensificou. A burguesia burocrática-compradora e a classe dominante feudal tentam estrangular as massas para acumular lucros e monopolizar o saqueio de recursos sobre países oprimidos, por meio dos quais exercem sua hegemonia. Para isso, a forma mais severa de ofensiva fascista contra o movimento democrático foi desencadeada. Ataques contra muçulmanos, dalits, adivasis e mulheres estão em ascensão. Os ataques aos movimentos democráticos pelo direito à autodeterminação estão aumentando. O Estado indiano está utilizando bombardeios aéreos para reprimir o movimento pelo direito à autodeterminação da Caxemira. Nestas condições, o ataque às forças revolucionárias unificadas sob a bandeira do marxismo-leninismo-maoismo torna-se taticamente importante para a classe dominante.

A classe dominante sabe que o único poder no subcontinente capaz de derrotar o plano reacionário de construir um Estado fascista hindu (Raj Hindu) é o movimento revolucionário e as massas que resistem militantemente sob o seu guia. Reconhecendo essa ameaça, a classe dominante, sob a orientação direta do imperialismo norte-americano, desencadeou o seu mais feroz ataque ao movimento revolucionário. Com a Operação SAMADHAN-Prahar e a Ofensiva Surajkund, o Estado tem regularmente visado a direção desse movimento e, através do uso de bombardeios aéreos, tentado eliminar os revolucionários. As recentes prisões de Pramod Mishra e Deepak Rao fazem parte desse nefasto plano de eliminar o movimento revolucionário. Ademais, foram desferidos ataques contra organizações de massas pelos direitos democráticos. As incursões contra as organizações de massas e a perseguição e prisões de vozes democráticas simpáticas ao movimento apenas demonstram o absoluto desespero da classe dominante.
Adicionalmente, a guerra ideológica está sendo travada por meio do uso de forças revisionistas modernas contrarrevolucionárias que outrora fizeram parte do movimento em algum nível. Baccha Prasad Singh, também conhecido como Balraj, e seus asseclas são uma dessas forças. Está sendo observado que o Estado poupa tais forças, com Balraj circulando abertamente em liberdade após ter sido libertado da prisão por ser membro do PCI (Maoista). Ainda, ele se declara publicamente como membro do Comitê Central (CC) do partido revolucionário banido, inclusive em instituições altamente vigiadas e infiltradas pelo Estado, como o Clube de Imprensa da Índia, em Déli, sem enfrentar consequências. Como é possível que, após ser preso por ser membro do PCI (Maoista), ele possa se declarar membro do CC após sua libertação sem ser preso novamente? Essas forças revisionistas modernas criam confusão entre as massas e tentam semear desilusão entre os revolucionários para desviá-los da linha política correta. Dessa forma, ajudam a classe dominante. Portanto, torna-se imprescindível travar luta contra tais bandos revisionistas modernos e desmantelá-los. Para melhor compreender a natureza e as táticas dessas forças oportunistas de direita contrarrevolucionárias, é importante traçar a sua história. Nos parágrafos seguintes, será feita essa análise.
A história da luta contra as forças revisionistas no movimento comunista remonta aos tempos do nascimento do marxismo. O camarada Marx lutou contra os pacifistas de classe e idealistas reformistas que propunham a teoria do socialismo utópico e do reformismo burguês. Os camaradas Marx e Engels celebremente defenderam a teoria da revolução socialista no Manifesto Comunista e declararam: “Os comunistas recusam-se a esconder suas opiniões e intenções. Declaram abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente.” (Marx e Engels, 1848). Em “Vitória da Contrarrevolução em Viena”, o camarada Marx (1848) escreveu: “A carnificina inútil desde as jornadas de junho e outubro, a enfadonha oferta de sacrifícios desde fevereiro e março, o próprio canibalismo da contrarrevolução convencerão as nações de que só há um meio para encurtar, simplificar e concentrar as terríveis dores da agonia da velha sociedade, e esse meio é o terror revolucionário.” Como explicado nos escritos do grande mestre camarada Marx, a guerra mais sangrenta entre a classe dominante e a classe oprimida é um estágio necessário na transformação da sociedade. Negar a necessidade do uso da força na revolução é negar a transformação da sociedade, é atacar a inevitabilidade do desenvolvimento das forças produtivas. O camarada Marx, em suas conversas com o correspondente do jornal “The World”, afirmou que a transição do capitalismo para o socialismo teria de ser semelhante às guerras dos senhores de escravos dos tempos antigos. Marx e Engels combateram as linhas reformistas e anarquistas dentro da Primeira Internacional. Na Primeira Internacional, Bebel e Wilhelm Liebknecht foram influenciados pela linha lassallista. É importante notar que, nessa fase, a ideologia socialista ainda estava em sua infância, logo os socialistas daquela época eram influenciados pela ideologia burguesa. Em Marx, encontramos a ruptura completa com a ideologia burguesa.
Ao combater os socialistas reformistas lassallistas, Marx desmascarou sua linha reformista e estabeleceu a teoria do socialismo científico com base no princípio da ditadura do proletariado. Ferdinand Lassalle foi o pai dos revisionistas modernos, pois acreditava que o velho Estado deveria ser persuadido, ou pressionado, a trazer o socialismo à existência. Essa ideia foi despedaçada, o sucesso histórico da Comuna de Paris provou que o caminho correto para o socialismo estava na luta armada. Após o colapso da Comuna de Paris, no Quinto Congresso da Internacional, Bakunin caracterizou Marx como autoritário e disse que o Estado proletário seria tão perigoso quanto o Estado burguês. A isso, Marx respondeu que, sem a ditadura do proletariado, a formação de uma sociedade sem classes é impossível. Ele qualificou a posição de Bakunin como retórica sem qualquer substância política, e afirmou que Bakunin carecia de uma teoria sobre o Estado e de um entendimento sobre a formação de classes sociais. Essa diferença levou à cisão da Primeira Internacional em 1872.
A Trajetória do Revisionismo na História Comunista
Seguindo as orientações de Marx, partidos comunistas surgiram no mundo. A ideologia de classe burguesa presente na sociedade infiltrou-se no seio do partido comunista e manifestou-se sob a forma de revisionismo. A característica do revisionismo é sua natureza vaga, amorfa e escorregadia. Tenta esconder uma palavra errada entre duas posições corretas. Busca ocultar sua identidade a menos e até que chegue em uma posição em que possa influenciar a grande maioria. Os revisionistas fingem unidade nas questões ideológicas, mas, na prática, conspiram secretamente contra as forças comunistas e sua direção. Um dos sinais mais comuns e graves do revisionismo é o uso de terminologias como “mudança na situação” e “à luz da situação em mudança”. Com tais fraseologias, os revisionistas tentam castrar do marxismo sua essência fundamental: a luta de classes – tanto interna como externa. O revisionismo surgiu no cenário internacional apenas em termos de sua fidelidade aos fundadores do marxismo, isto é, Marx ou Engels.
O primeiro homem a revisar a teoria marxista a serviço da burguesia foi Bernstein. Vale notar que, anteriormente, Bernstein defendia o marxismo contra a teoria reformista de Lassalle, a quem ele chamou de reformador social. No Partido Social-Democrata Alemão, era Bernstein quem parecia seguir a teoria marxista. O melhor exemplo da prática revisionista de Bernstein foi quando ele, junto com Karl Kautsky, editou a introdução de Engels à obra “As Lutas de Classes na França”, de Marx. Ele inseriu trechos que afirmavam que a transição pacífica do capitalismo para o socialismo era possível. A isso, Engels respondeu com indignação: “Fiquei surpreso ao ver hoje um excerto da minha introdução… manipulado de tal forma que me apresenta como um defensor pacífico da legalidade.” [Carta de Engels a Kautsky, 1º de abril de 1895.] Bernstein, o primeiro entre a primeira geração de revisionistas, começou a afirmar que o governo da classe dominante não deveria ser destruído, mas sim desenvolvido até um nível em que o socialismo pudesse ser alcançado.
Karl Kautsky tornou-se o verdadeiro sucessor de Bernstein. Ele formulou a teoria de que, sob o governo burguês, a luta armada não era necessária. Segundo ele, seria ridículo pregar a derrubada violenta do Estado. Kautsky citou Marx de forma distorcida, alegando que, em seus escritos, Marx falava da transição pacífica para o socialismo por meios parlamentares. O camarada Lenin, em seu escrito “A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky” (1918), esmagou o revisionismo de Bernstein e Kautsky, dizendo: “Kautsky bateu o recorde mundial em distorção liberal de Marx.” Lenin combateu o revisionismo dentro da Segunda Internacional e afirmou que “a guerra civil, sem a qual nenhum marxista jamais concebeu a transição do capitalismo para o socialismo” é o caminho para a revolução. Assim, o camarada Lenin defendeu a teoria marxista contra os oportunistas e desenvolveu o marxismo de acordo com as condições concretas da fase monopolista do capitalismo. Sob sua direção, a Rússia assistiu à revolução proletária que abalou o mundo; isso esmagou temporariamente o revisionismo, que mais tarde emergiu sob diferentes formas.
Kruschov tornou-se o novo representante do espírito de Bernstein e Kautsky. Ele propagou a ideia de que a coexistência pacífica entre diferentes classes é possível. Outrossim, também declarou que a transição do capitalismo para o socialismo é possível por meios pacíficos. Esse tipo de revisionismo no movimento comunista, após o martírio do camarada Stalin, ficou conhecido como revisionismo moderno. O grande revolucionário comunista camarada Mao, sob cuja direção o Partido Comunista da China (PCCh) levou a cabo exitosamente a revolução na China semicolonial e semifeudal, travou uma luta implacável contra o revisionismo moderno. O camarada Mao estabeleceu o caminho marxista-leninista correto para a revolução. O PCCh (1964) desmascarou o revisionismo kruschovista e afirmou: “Os acontecimentos desde a Segunda Guerra Mundial também demonstram que, se os dirigentes comunistas aderem ao caminho parlamentar e caem vítimas da incurável enfermidade do cretinismo parlamentar, não só não chegarão a lugar algum, como se afundarão inevitavelmente no pântano do revisionismo, enterrando a causa revolucionária do proletariado.” [“A Revolução Proletária e o Revisionismo de Kruschov”.] Embora o revisionismo moderno tenha sido desmascarado pelo PCCh, essa forma de revisionismo conseguiu exercer grande influência em muitos países. O revisionismo moderno assumiu diferentes formas, incluindo o revisionismo de Browder, o revisionismo soviético, o revisionismo titísta, o hoxhismo, o revisionismo de Lin Piao, o revisionismo de Teng, entre outros. As forças revisionistas utilizam os escritos dos grandes mestres do proletariado (Marx e Engels, Lenin, Stalin, Mao, Charu Mazumdar e Kanhai Chatterjee) para enganar as massas, desviá-las do caminho para o comunismo e mantê-las sob o jugo da ditadura burguesa. Isso é o que torna os revisionistas ferramentas úteis nas mãos da classe dominante. Ao longo da história dos partidos comunistas ao redor do mundo, as classes dominantes usaram essas forças contra as autênticas forças revolucionárias. O movimento revolucionário em nosso país também testemunhou a manifestação desses debates. Foi após a grande rebelião de Naxalbari que os camaradas Charu Mazumdar (referido como “CM” ao longo do artigo) e Kanhai Chatterjee (referido como “KC” ao longo do artigo) lutaram contra o revisionismo moderno do PCI (Marxista) e conceberam que a revolução na Índia teria um eixo agrário, seguindo o caminho chinês. Assim, a Guerra Popular Prolongada, baseada na tomada do poder de forma gradual, área por área, tornou-se a luz guia da revolução.
A Luta contra o Revisionismo Moderno na Índia
O camarada Charu Mazumdar (CM), em seu artigo “Levar a cabo a luta contra o revisionismo moderno” (1965), afirmou: “Nenhuma movimentaçãode camponeses por reivindicações básicas seguirá um caminho pacífico.” Ele convocou as massas à resistência ativa e planteou que qualquer forma de movimento de massas deve ser militante, não apenas passiva, mas na forma de resistência ativa. Ele cita o camarada Mao, dizendo: “A mera resistência passiva contra a repressão cria uma cisão na unidade de luta das massas e invariavelmente leva ao caminho da rendição.” O programa de resistência ativa deve ser organizado antes de qualquer movimento de massas. Essa formulação do camarada Charu tornou-se ainda mais verdadeira nos tempos de crescente fascistização do Estado indiano sob as forças bramânico-hinduístas abertamente reacionárias e extremistas. O camarada CM endossou o método de retaliação direta, “olho por olho”, para vingar os ataques dos inimigos de classe às massas e aos revolucionários. Baseando-se na linha estabelecida pelo camarada Mao, o camarada CM sustentou que a tarefa principal da classe operária em um país semicolonial e semifeudal como a Índia é “coletar armas e construir as bases da luta armada no campo, isso se chama política da classe operária, a política da tomada do poder.” [“Levar adiante a luta camponesa por meio do combate ao revisionismo” (1966).] A oposição a essa tarefa básica dos comunistas vem dos revisionistas modernos, que defendem o reformismo em vez da revolução. Para cumprir tal tarefa, torna-se essencial organizar o movimento revolucionário da forma mais secreta possível, que seja indelével para a classe dominante.
Para isso, o camarada CM, em seu escrito “Nossas tarefas na situação atual” (1966), instruiu os revolucionários comunistas a formar um grande número de grupos ativistas clandestinos. Ele afirmou que os camaradas clandestinos do Partido devem dar direção aos membros do Partido que formarão esses grupos ativistas (GAs) entre as massas. A linha básica estabelecida pelo camarada CM guiou os movimentos revolucionários na Índia. No entanto, após seu martírio, o movimento revolucionário dividiu-se em diferentes grupos. Em meio a confusões em relação aos caminhos revolucionários, o CCMI (Centro Comunista Maoista da Índia), sob a direção do camarada Kanhai Chatterjee (KC), após se opor à linha revisionista moderna do PCI (Marxista), continuou o movimento revolucionário na região de Chota Nagpur, em Bihar. O MCC constituiu zonas guerrilheiras nessas áreas, com base nas quais iniciou o movimento agrário armado nas planícies da região de Magadh. Similarmente, o camarada K. Seetharamaiah formou o PCI(ML)(Guerra Popular) e, após algumas análises críticas, seguiu a linha do camarada CM.

O Movimento Revolucionário na Índia Hoje
Através da aplicação concreta do caminho chinês às condições específicas da Índia, o movimento revolucionário provou que a linha estabelecida pelos camaradas CM e KC se mantém verdadeira. Em conformidade com sua prática, o movimento revolucionário tem lutado contra desvios de “esquerda” e direita dentro de suas próprias fileiras. Ao mesmo tempo, estabeleceu a linha político-militar correta para a revolução. Em uma exceção ao desenvolvimento geral em outras partes do mundo, na Índia formou-se um grupo alinhado a Lin Piao sob a direção de Madhav Mukherjee. Esse grupo linpiaoísta baseava-se na teoria da autoridade revolucionária e especificou que a linha de CM era completamente correta, aceitando-a de forma acrítica. Esta foi uma linha desviacionista de “esquerda” no movimento revolucionário, que mais tarde se transformou em oportunismo de direita. Atualmente, esses elementos atuam sob a bandeira do partido revisionista moderno PCI(ML)(Libertação).
Lin Piao foi o maior conspirador contra o PCCh. Ele utilizou a mais perspicaz técnica para estabelecer sua direção sobre o Partido, podendo ser considerado o pai dos revisionistas conspiradores. Acrescentando seu nome ao do camarada Mao, novas consignas foram criadas para proclamar: “Viva o camarada Mao e seu camarada de armas mais íntimo, o camarada Lin Piao”. Uma consigna para glorificar Lin dizia: “Enquanto nosso grande líder camarada Mao é o líder fundador do Exército Popular de Libertação, o vice-presidente Lin o dirige diretamente”. Sobre tal afirmativa, o camarada Mao repreendeu sarcasticamente o oportunismo de Lin Piao, dizendo: “Como se eu fosse incapaz de dirigir o exército”. Essa consigna foi levantada taticamente a fim de estabelecer a direção de Lin Piao no Partido, pois ele sabia que Mao não poderia simplesmente dizer “não empreenda o seu culto, promova apenas o meu nome”. Lin também costumava dizer que qualquer um que se opusesse às ideias de Mao deveria ser expulso do Partido e que todos deveriam segui-las, mesmo sem compreendê-las. No entanto, foi o próprio Lin quem se opôs à Revolução Cultural, tentando colocar o Partido sob o comando do exército, e também foi ele quem se posicionou contra a participação dos quadros do Partido no processo produtivo.
Os revisionistas, em geral, são oportunistas. Eles tendem a empregar diferentes táticas para ganhar os quadros e as massas para o seu lado. O camarada Lenin (1904) afirmou: “Quando se fala da luta contra o oportunismo é preciso não esquecer nunca um traço característico de todo o oportunismo contemporâneo, em todos os domínios: o seu carácter vago, impreciso, inapreensível. Pela sua própria natureza o oportunista evita sempre pôr as questões de maneira clara e definida, procura a resultante, arrasta-se como uma cobra entre dois pontos de vista que se excluem mutuamente, procurando ‘estar de acordo’ com um e com outro, reduzindo as suas divergências a ligeiras modificações, a dúvidas, a votos piedosos e inocentes, etc., etc.” [“Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás”.] Há revisionistas que juram seguir a linha revolucionária e afirmam ser mais revolucionários que qualquer camarada que atue sob a disciplina do movimento revolucionário, mas, na prática, implementam o revisionismo e aguardam por uma chance de assumir a direção. Tais forças revisionistas difundem diferentes linhas políticas entre as massas e tentam organizá-las de maneira contrarrevolucionária. Porém, quando confrontados com questões sobre ideologia e linha política, juram “verdadeira” lealdade à linha revolucionária ou, por vezes, tentam fugir do debate. Eles nunca expõem claramente suas diferenças ideológicas, pois sabem que a linha revisionista explícita pode ser facilmente derrotada no seio de um autêntico movimento revolucionário. Para organizarem-se em sua linha, adotam métodos conspirativos, atacam a direção e espalham falsidades entre as massas sobre os dirigentes revolucionários. Com essas táticas, tentam romper a unidade do movimento revolucionário, pois temem declarar suas verdadeiras posições ideológicas.
Balraj e Lin Piao: Mesma Essência, Diferente Forma
Tal era o traço geral de todo revisionista; tais são as características específicas de Baccha Prasad Singh, também conhecido como Balraj, e seus asseclas. Ele foi membro do grupo Madhav Mukherjee e recebeu um treinamento básico em conspiração parido desse grupo. Isso se manifesta claramente na forma como ele se movimenta entre as massas, apresentando-se como membro do CC do PCI (Maoista), apesar de ter sido oficialmente expulso por essa organização. Sua pretensa lealdade ao movimento revolucionário se assemelha à conspiração que Lin Piao tramou contra o PCCh. Como vimos, Lin Piao associava constantemente seu nome ao do camarada Mao – e o mesmo ocorre com o elemento contrarrevolucionário Baccha Prasad. Balraj está explorando sua antiga ligação com o movimento revolucionário para enganar as massas e romper sua unidade ideológica. Em um momento em que a classe dominante lançou sua ofensiva mais brutal contra o movimento revolucionário em particular e as massas em geral, forças oportunistas de direita como Baccha Prasad atuam como agentes da classe dominante dentro da Operação SAMADHAN-Prahar e da Ofensiva Surajkund, que idealizam destruir o movimento revolucionário.
Ele tem se encontrado com as massas, tentando criar a impressão de que representa o movimento revolucionário. À medida que as massas depositam fé nele, ele começa a propagar sua linha contrarrevolucionária e a política pequeno-burguesa do pacifismo de classe. Baccha Prasad é um linpiaoísta na forma e um neto de Bernstein no espírito. As questões políticas que ele levanta não são novidade; são temas que já foram debatidos e refutados inúmeras vezes dentro do movimento comunista revolucionário, tanto na Índia quanto internacionalmente. Em vez de apresentar diretamente suas posições político-ideológicas, ele se dedica a atacar persistentemente a direção revolucionário da forma mais infeliz e covarde e sem qualquer substância política. Em um momento em que a repressão estatal contra o movimento revolucionário se intensifica, Baccha Prasad, um linpiaoísta treinado, está explorando de forma oportunista essa situação para semear desilusão entre os quadros. Mao nos diz que o revisionismo é o perigo principal. O revisionismo moderno é um dos principais inimigos do marxismo-leninismo-maoismo e da revolução de nova democracia. Sem lutar contra ele, não se pode estabelecer a cultura revolucionária anti-imperialista e antifeudal das massas. Nesse sentido, o marxismo-leninismo-maoismo é a arma mais poderosa na luta contra o revisionismo moderno. Portanto, torna-se fundamental expor as posições ideológicas, políticas e organizativas de Baccha Prasad. A seguir, são apresentadas as principais questões levantadas por Balraj, junto com uma refutação destas, resumindo os principais pontos ideológicos e políticos desse debate:
1. “Que não é possível para o atual movimento revolucionário guiar o trabalho de massas de forma aberta e, portanto, é necessária uma estrutura ou comitê distinto, que seja aberto, para orientar esse trabalho.”
Esse argumento não é novo. MN Roy, o revisionista que foi expulso da Internacional por sua posição pró-burguesia, havia proposto essa ideia. Em seu livro “O Futuro da Política na Índia”, ele afirmou que deveriam existir dois partidos – primeiro, o partido legal, democrático e aberto, que ele chamou de Partido dos Operários e Camponeses da Índia, e outro, o partido proletário, ou seja, o Partido Comunista da Índia. O primeiro seria usado para mobilizar as amplas massas. Isso foi criticado pela Comintern e o PCI mudou sua posição. A Comintern destacou a necessidade de formar um partido independente do proletariado. O camarada Lenin, em seu debate contra os revisionistas mencheviques, estabeleceu a teoria da construção partidária. Um partido bolchevique deve ser unido e disciplinado. Sem um partido bolchevique forte e unificado, sob uma disciplina rigorosa, a revolução na Rússia não seria vitoriosa. O camarada Lenin sustentava firmemente a posição de que os socialistas precisam ter um partido distinto dos reformistas pequeno-burgueses. O partido aberto que está sendo defendido seria uma plataforma para a disseminação do reformismo pequeno-burguês. O trabalho de massas legal e democrático sem uma resistência militante ativa em seu seio seria uma apologia ao revisionismo moderno (Lenin, 1904; Lenin, 1907). Conforme citado acima, o camarada Charu Mazumdar, em sua obra “Opor-se ao revisionismo moderno”, afirmou que somente os trabalhos de massas que contêm dentro de si um grupo de resistência ativa podem ser úteis para o movimento revolucionário. Um partido para o trabalho de massas sem uma direção clandestina é, basicamente, um grupo revisionista moderno que se prepara para as eleições. Esse é um passo em direção à demolição da causa da classe proletária em geral e do partido comunista em particular.
A súplica de Balraj e seus asseclas por um partido à parte é basicamente para se desassociar do caminho revolucionário da Guerra Popular Prolongada (GPP)1 e cair no pântano da política parlamentar burguesa, como preconizado por seu antepassado Karl Kautsky. A transição para uma sociedade de nova democracia, depois para uma sociedade socialista e, por fim, para o comunismo, como previsto no programa político da Revolução de Nova Democracia, demanda um partido único e unido que atue a serviço da luta armada desde o início de seu trabalho em qualquer região. Como tem demonstrado a história do Movimento Comunista Internacional, a direção clandestina de um partido comunista é capaz de fazer o maior sacrifício pela causa do partido, da revolução e do povo. A direção dos camaradas mais avançados é necessária para guiar o movimento. Isso estimulará os quadros a assumirem posições de direção no partido de vanguarda.
Um centro aberto para o partido, se este deve ser revolucionário e praticar a GPP, não pode sobreviver abertamente – isso porque uma estrutura partidária exposta estaria sujeita a ataques do inimigo. Isso permitiria que o Estado prendesse, confrontasse e desaparecesse tanto os dirigentes quanto os quadros do partido, sem os quais o movimento revolucionário enfraqueceria e poderia sofrer um grave revés. Essa é uma tendência que observamos desde a Operação Caçada Verde e, de forma mais intensificada, na Operação SAMADHAN-Prahar e também na Ofensiva Surajkund, desenvolvidas através da estratégia de “Corações e Mentes” e parte integrante da guerra psicológica do Estado contra o movimento revolucionário e o partido que o dirige. Somente quando um partido é de caráter reformista é que uma estrutura aberta, como propagada por Balraj, pode funcionar. Desse modo, tal partido dito revolucionário não é uma ameaça aos grandes interesses do imperialismo e seus lacaios. Na verdade, a ilusão de luta de classes e resistência, que incorpora a essência desses supostos partidos, beneficia os interesses das classes dominantes – se as massas forem enganadas a acreditar que estão contribuindo para uma mudança revolucionária, continuarão a não ser uma ameaça à classe dominante. Isso porque sua posição ideológica e política será entorpecida devido à falta de luta de classes e, quando as massas estão enfraquecidas, o mesmo ocorre com um partido revolucionário e sua capacidade de propagar a revolução e ampliar seus quadros. Estaria o bando de Balraj sugerindo formar um novo partido revisionista moderno?
Balraj sabe muito bem que um partido revolucionário precisa ser clandestino desde o primeiro dia de sua formação, porque sem funcionamento secreto, tal “partido” será destruído pelo inimigo. Portanto, esse desígnio não se baseia na correção ideológica, política e organizativa, mas na frustração subjetiva e individualista decorrente da incapacidade de Balraj de levar a cabo a árdua tarefa do funcionamento clandestino. Isso é resultado da própria degeneração política de Balraj, de seu fracasso em estar à altura da situação e guiar a GPP estando na clandestinidade em qualquer uma das regiões estratégicas onde ele seja demandado pelo povo e sua causa. Devido às suas limitações pequeno-burguesas, ele está tentando elaborar uma teoria que melhor se adapte à sua própria comodidade de classe e às condições criadas pela insuficiência de luta interna. A tarefa de estar na clandestinidade implica uma vida de constante vigilância contra o Estado e seus agentes, uma vida que vem ao custo da comodidade pessoal, tendo como único propósito servir ao partido e fazer avançar o movimento revolucionário até ser martirizado no processo de guerra de classes.
Há um ditado muito popular no subcontinente que diz que um mau dançarino culpa o chão. Para esconder suas vacilações pessoais, Balraj usa a máscara ideológica do MLM. Ele quer dirigir o partido, apesar da sua fraqueza. Ou seja, apesar de não estar disposto a tornar-se capaz de ir à clandestinidade, ele quer se estabelecer como dirigente entre os quadros do partido e continuar guiando o partido como membro do CC (Comitê Central, o grupo dos organizadores mais avançados e desenvolvidos em um partido comunista), disseminando, em contrapartida, uma teoria antirrevolucionária. Esse debate já foi solidamente resolvido na obra seminal de Lenin “O que fazer?”. É por querer dirigir o partido que Balraj deseja um partido aberto para o trabalho aberto. Isso nada mais é do que uma supremacia feudal manifestada sob a roupagem de MLM. Balraj está agindo como um senhor feudal que não quer perder o controle sobre suas terras, mas é incapaz de levantar defesas contra as forças camponesas. A influência do feudalismo bramânico sobre Balraj o torna incapaz de compreender politicamente a luta de duas linhas dentro do partido. Para ele, a luta de duas linhas é um meio de estabelecer sua supremacia feudal sobre os outros, ao invés de um caminho para viabilizar os interesses das massas mais exploradas e oprimidas e seus aliados revolucionários ao fazer avançar a consciência coletiva do partido no processo de crítica-autocrítica e debate.
2. Balraj alega: “O partido não está dando a devida importância ao trabalho de massas e a linha militar está dominando.”
O camarada Mao Tsetung (1938) disse: “A tarefa central e a forma suprema da revolução é a conquista do poder político pelas armas, é a solução desse problema pela guerra. Esse princípio revolucionário marxista-leninista é válido universalmente, tanto na China como em todos os outros países. Todavia, se o princípio permanece o mesmo, a sua aplicação pelos partidos proletários faz-se de modo diferente, de acordo com as distintas condições em que se encontram esses mesmos partidos.” [Problemas da Guerra e da Estratégia.] Para todo marxista-leninista-maoista, a questão da luta armada, a linha militar, é de importância central. O camarada Lenin afirmou que a única coisa que diferencia um comunista de um social-democrata é se ele reconhece ou não a ditadura do proletariado e, sem luta armada, não é possível esmagar as classes dominantes mais reacionárias. Essa questão de dar ênfase ao movimento de massas foi levantada de diferentes formas por Parimal Dasgupta, sobre o que o camarada Charu Mazumdar escreveu em “Sobre alguns problemas políticos e organizativos atuais” (1969): “A questão é: se todos se preocupam em construir organizações de massas, quem construirá a organização clandestina do partido? Esperamos que as organizações de massas organizem a revolução agrária?”
Rebatendo a ênfase na organização de massas, o camarada CM afirmou que a tendência de formar organizações abertas de massas sem a criação de estruturas partidárias clandestinas, guiadas por uma direção também clandestina, inevitavelmente levaria à formação de organizações no interesse dos camponeses ricos e médios, como ocorreu com as Kisan Sabhas. Essa ênfase no trabalho de massas ao custo de renunciar a política da GPP é revisionismo moderno e economicismo na política. Em 2007, o PCI (Maoista) destacou isso em seu documento intitulado “Análise Política e Organizativa” [POR]. O documento é acessível em domínio público, mas, como todos os documentos maoistas proibidos e censurados pela “maior democracia do mundo”, é inacessível para grande parte do povo indiano. No entanto, um órgão do próprio Estado indiano, a Suprema Corte, no caso de GN Saibaba e outros vs. União da Índia, esclareceu que ler e possuir literatura proibida (incluindo literatura de partidos maoistas banidos), aderir à ideologia marxista-leninista-maoista e promovê-la não constitui crime. Portanto, o autor reproduz o que afirma o POR: “Devemos sempre manter a ‘política no comando’. A tomada do poder de Estado deve ser o objetivo de toda a nossa atividade – seja na construção dos três instrumentos da revolução [Partido, Exército, Frente Única], seja na realização do nosso trabalho de massas cotidiano, ou na construção do movimento de massas. Negligenciar essa tarefa central levará ao economicismo no movimento e confinará as massas à prática principalmente reformista.” Isso resume a verdadeira posição marxista-leninista-maoista sobre essa questão e está de acordo com o que os cinco grandes mestres do proletariado nos ensinaram sobre o economicismo e a relação entre as lutas parciais e a meta final da tomada do poder de Estado.
A direção dos camponeses pobres e sem terra no movimento camponês só pode ser organizada por meio de organizações partidárias clandestinas entre os camponeses. Em um momento de crescente ameaça do fascismo bramânico-hinduísta, com um claro apoio do imperialismo norte-americano às forças reacionárias da burguesia burocrática-compradora e da classe dominante feudal, qualquer partido comunista (se for verdadeiramente comunista, isto é, comprometido em dirigir a revolução até a vitória) estará preocupado primeiramente com a questão militar. Somente com uma resistência ativa contra o fascismo por meio de uma linha militar correta que tal partido será capaz de esmagar o Estado fascista e construir um Estado de Nova Democracia. Como citado acima, o camarada Mao disse que a resistência popular ativa à crescente repressão deve ser o método dos revolucionários. O camarada CM orientou-nos a usar o método de “olho por olho” para enfraquecer a ofensiva militar da classe dominante.
No entanto, em nome das massas, Balraj está propagando uma política antipovo de pacifismo burguês. Não há dicotomia entre o trabalho de massas e a linha militar. O documento “Estratégia e Táticas da Revolução Indiana” [S&T] (2004), escrito pelo PCI (Maoista) e disponível publicamente na plataforma governamental “South Asia Terrorism Portal”, afirma: “Antes do início de uma guerra, toda organização e luta são em preparação para a guerra e servirão direta ou indiretamente a ela após seu início. O caminho seguido pela revolução chinesa também é aplicável à Índia semicolonial e semifeudal devido às semelhanças básicas entre as condições da Índia e da China pré-revolucionária. São as principais características das condições objetivas da Índia que determinam o Caminho da Revolução Indiana como o caminho da Guerra Popular Prolongada.” A política da GPP se baseia nas massas e no trabalho de massas, mas não na forma de seguidismo burguês, e sim como vanguarda. Nenhuma GPP pode ser levada a cabo sem as massas; é o mar de massas nas zonas ruais que empunhará armas para destruir as fortalezas da classe dominante nos vilarejos. A linha política prevista no documento S&T declara: “O povo está se mobilizando em várias partes do país na luta armada revolucionária agrária sob a direção do Partido, que está se fortalecendo dia após dia. O exército guerrilheiro popular está se expandindo e a guerra popular se alastrando a novas regiões. Como nossa revolução agrária é justa e defende os interesses da maioria do povo, o apoio das massas aumenta diariamente.” A linha política que Balraj e seus asseclas propagam é extremamente prejudicial para a revolução. Esse bater no peito pela organização de massas nada mais é do que uma desculpa para evitar a tarefa de construir estruturas partidárias clandestinas. Evitar a construção partidária é, na realidade, evitar assumir a tarefa da revolução agrária armada.

3. “Há desenvolvimento capitalista em Punjab, Haryana e outros lugares.”
O argumento busca basicamente alegar que, na Índia, é impossível estabelecer regiões libertadas, construir o Exército Vermelho e levar a cabo a GPP porque há um desenvolvimento industrial relativamente maior, relações capitalistas na agricultura, melhores meios de transporte e comunicação e porque o governo possui um sistema administrativo fortemente centralizado, além de um exército moderno muito grande em comparação com a China pré-revolucionária. Esses argumentos estão errados e brotam da linha revisionista moderna. Por mais forte que seja o poder militar do inimigo e por mais fraco que seja o poder militar do povo, ao se basear no vasto e atrasado campo – a posição mais fraca do inimigo – e contar com as amplas massas camponesas, ávidas pela revolução agrária, seguindo criadoramente a estratégia e táticas flexíveis da luta guerrilheira e da Guerra Popular Prolongada – da mesma forma que uma refeição completa é consumida garfada por garfada –, aplicando a melhor parte de seu exército (uma força algumas vezes maior que a do inimigo) contra diferentes partes isoladas das forças inimigas e seguindo a política e tática de ataque súbito e aniquilação, é absolutamente possível para um partido comunista derrotar as forças inimigas e alcançar a vitória do povo batalha por batalha. Assim, é possível aumentar as forças armadas do povo, atingir supremacia sobre as forças inimigas e derrotá-las decisivamente. Ao levar em conta fatores favoráveis ao inimigo, tal partido revolucionário, no curso da Guerra Popular Prolongada, deve tomar muitas precauções e estabelecer regiões libertadas desenvolvendo zonas guerrilheiras, tendo em mente que não é possível construir regiões libertadas em rápida sucessão.
O movimento comunista revolucionário, que trabalha pela Revolução de Nova Democracia (RND), deve mobilizar o povo para a luta de classes de forma mais hábil e cautelosa, com base na linha de classe e na linha de massas. Algumas mudanças de fato ocorreram desde 1947 nas relações de produção na Índia. Ninguém pode negar isso. No entanto, essas mudanças são apenas de caráter quantitativo, e as relações de produção continuam a ser de natureza semifeudal e semicolonial, pois a burguesia burocrática-compradora, os grandes latifundiários e seus amos imperialistas não têm interesse em permitir qualquer transformação qualitativa das relações de produção na Índia. Embora de acordo com tais mudanças os comunistas devam formular táticas concretas que se adaptem à particularidade de cada região específica, o caráter da revolução na Índia permanece o de Nova Democracia, e o caminho da revolução segue sendo a tomada do poder de forma gradual, área por área, através da luta armada agrária no campo para cercar as cidades, isto é, o caminho da GPP. Como marxistas-leninistas-maoistas, devemos defender o método materialista dialético histórico e nos basear na análise concreta das condições objetivas, evitando análises subjetivas.
O Trovão da Primavera de Naxalbari, em 1967, pela primeira vez na história do movimento comunista na Índia, rompeu com o revisionismo e deu uma resposta clara sobre qual seria o caminho e o caráter da revolução indiana, bem como sobre qual é a natureza do Estado indiano. Desde então, as forças que desertam do caminho da revolução vêm apresentando o mesmo argumento – de que a Índia não é mais semicolonial e semifeudal e que a GPP não é mais válida. Mais uma vez, o revisionista Balraj e seus asseclas estão trazendo esse argumento para desferir ataques ideológicos contra o movimento revolucionário e desviar camaradas do caminho da revolução. Portanto, é fundamental que lutemos contra essa forma de revisionismo.
4. “Que não há espaço para debate no partido.”
Qualquer partido MLM segue o método da “luta de duas linhas” para resolver debates. Na verdade, há também uma rica história de debates no seio do PCI (Maoista). As discussões entre o antigo PCI(ML)(Unidade Partidária) e o PCI(ML)(Guerra Popular) durante o processo de sua fusão no PCI(ML)(GP); assim como os debates entre o PCI(ML)(GP) e o antigo Centro Comunista Maoista da Índia para formar o PCI (Maoista), deram origem a uma intensa luta de duas linhas em torno de muitas questões específicas importantes da revolução indiana e da situação internacional. Uma historiografia desses e de outros debates dentro do movimento comunista revolucionário é detalhadamente apresentada no livro do professor Amit Bhattacharyya “Assaltando os Portões dos Céus: O Movimento Maoista na Índia: Um Estudo Crítico, 1972-2014” (2014).
Os debates no seio de um partido comunista são baseados no correto método marxista-leninista-maoista de desenvolvimento partidário. O princípio do centralismo democrático deve ser seguido em todas as situações. Todas as formas de debate e divergências podem ser tratadas dentro do organismo do qual os camaradas fazem parte. Um partido comunista não é um clube de debates; ele não debate por debater ou com uma perspectiva revisionista de romper a unidade partidária, mas sim para traçar o caminho político correto rumo ao objetivo da RND por meio da GPP.
Em nome da liberdade de debate, o partido não pode permitir que se destile veneno contra sua linha da maneira mais oportunista a fim de levar adiante a faina dos revisionistas modernos, da qual Balraj e seus asseclas são evidentemente encarregados. Em vez de apresentarem suas divergências dentro dos organismos do partido, eles circulam por toda parte propagando sua linha revisionista. A questão do espaço para debate, portanto, se revela como uma conspiração para enfraquecer a unidade do partido e facilitar a ofensiva da classe dominante, por meio da Operação SAMADHAN-Prahar e da Ofensiva Surajkund, contra o partido e todo o movimento revolucionário de Nova Democracia. Na realidade, o argumento de Balraj se volta contra a direção do partido – direção esta que está guiando o partido na construção de zonas guerrilheiras e bases de apoio, partido este que o Estado indiano já proclamou como seu inimigo número um. Não devemos esquecer que essa direção, atacada por Balraj e seus asseclas, demonstrou a este mundo a metodologia através da qual podemos libertar as massas do jugo do imperialismo, do capitalismo burocrático-comprador e do feudalismo. Mas o que Balraj tem a oferecer às massas exploradas e oprimidas é tão somente compromisso de classe e submissão à classe dominante mais reacionária e suas instituições. Isso é traição à causa da revolução e às massas.
Balraj e seus asseclas revelaram suas tendências revisionistas modernas antirrevolucionárias entre as forças revolucionárias do país. Eles se provaram traidores da causa da revolução. O camarada Mao planteou a teoria das três varinhas mágicas para a concretização da RND; tais são o partido, o exército e a frente única. Balraj e seus asseclas falharam como revolucionários comunistas em todos os três aspectos. Primeiro, com sua prática revisionista moderna de dar maior ênfase ao movimento de massas em detrimento da tarefa de construir o exército popular, eles menosprezaram a necessidade e a mais urgente tarefa de forjar o partido revolucionário. Segundo, abandonaram o caminho da GPP. Isso se reflete em suas críticas ao que chamam de “militância excessiva”. Eles não têm nenhuma perspectiva de “derrubada violenta da ordem social existente”. Terceiro, se lhes faltam essas duas armas (Partido e Exército), o que resta para a Frente Única (FU)? Sua FU seria a casa de repouso para liberais e forças brandas do fascismo hinduísta. A FU sem GPP é apenas uma plataforma de reformistas a serviço dos interesses da classe dominante. Assim, temos um Balraj que deslizou do Himalaia até o Golfo de Bengala, que abandonou o maoismo para se render ao revisionismo moderno.
Conclusão
Em conclusão, as linhas revisionistas da camarilha de Balraj têm se mostrado extremamente prejudiciais ao movimento comunista revolucionário. Propagam a mesma política de velhos tipos como Lassalle, Bernstein, Kautsky, Kruschov e Lin Piao, contra os quais os revolucionários comunistas do passado lutaram incansavelmente. Hoje, é nossa tarefa esmagar a linha da camarilha revisionista de Balraj. Como disse o camarada CM: “Ao juntarem-se à luta revolucionária, a primeira coisa que devem compreender é que o revisionismo é o perigo principal no mundo hoje. Mesmo sofrendo sucessivas derrotas, o revisionismo não cede, mas continua lançando novos ataques de diferentes formas.” [“Algumas palavras aos estudantes e jovens revolucionários” (1970).] Devemos continuar travando a luta contra o revisionismo e esmagá-lo no curso da luta de classes. No momento atual, o movimento revolucionário deve desmascarar os revisionistas de Balraj e lançá-los para a lata de lixo da história.
1 A Guerra Popular Prolongada (GPP) é o caminho da revolução em países oprimidos de caráter semicolonial/colonial e semifeudal, onde a revolução democrática permanece inacabada e, portanto, o eixo da revolução permanece agrário. Nesses países, adota-se o modelo de tomada do poder de forma gradual, área por área, cercando as cidades pelo campo, conforme também foi proclamado pelos camaradas CM e KC como o caminho da revolução na Índia.
Submissão por Rudra, ativista pelos direitos dos estudantes.
IMPORTANTE AVISO LEGAL: Este é um artigo puramente teórico, elaborado com base em recursos encontrados online, fundamentando-se amplamente nos princípios de como um partido comunista deveria ser, conforme apresentados por Charu Mazumdar no livro “Oito Documentos Históricos”, publicado pela “Foreign Language Press”, disponível neste link [ou aqui em português do Brasil]. As opiniões expressas são exclusivamente do autor, e a Nazariya assume responsabilidade apenas pela publicação e circulação do artigo, na medida em que defende os princípios marxistas-leninistas-maoistas.
REFERÊNCIAS
Bhattacharyya, Amit. “Storming the Gates of Heaven: The Maoist Movement in India: A Critical Study 1972-2014” [“Assaltando os Portões dos Céus: O Movimento Maoista na Índia: Um Estudo Crítico, 1972-2014”]. 2a ed., Daanish Books, 2014.
Ali, Jehangir. ‘Kashmiris Made to Suffer for Applause from Abroad’: Fears Over Govt’s Apple Import Tariff Slash [‘Caxemires são obrigados a sofrer por aplausos do exterior’: temores quanto à redução da tarifa de importação de maçãs pelo governo]. The Wire (15 de setembro de 2023).
Marx, Karl e Engels, Friedrich. “Manifesto do Partido Comunista”. Marxists.org (1848).
Marx, Karl. “Vitória da Contrarrevolução em Viena”. Marxists.org (1848).
Lenin, V. I. “A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky”. Marxists.org (1918).
Mazumdar, Charu. “Levar a cabo a luta contra o revisionismo moderno”. Marxists.org (1965).
Mazumdar, Charu. “Nossas tarefas na situação atual”. Marxists.org (1966).
Lenin, V. I. “Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás”. Marxists.org (1904).
Lenin, V. I. “The Attitude Towards Bourgeois Parties” [“A atitude para com os partidos burgueses”]. Marxists.org (1907).
Tsetung, Mao. “Problemas da Guerra e da Estratégia”. Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Edições em Línguas Estrangeiras. Marxists.org (1938).
Mazumdar, Charu. “On Some Current Political and Organizational Problems” [“Sobre alguns problemas políticos e organizativos atuais”]. Marxists.org (1969).
[Marx, Karl. “Entrevista ao Jornal The World”. Marxists.org (1871).]
[Mazumdar, Charu. “Sobre a Guerra Popular na Índia: Oito Documentos Históricos”. 2a ed., Edições Nova Cultura, 2018.]
[Mazumdar Charu. “Carry Forward the Peasant Struggle by Fighting Revisionism” [“Levar adiante a luta camponesa por meio do combate ao revisionismo”]. Marxists.org (1966).]
[Mazumdar, Charu. “A Few Words to the Revolutionary Students and Youth” [“Algumas palavras aos estudantes e jovens revolucionários”]. Marxists.org (1970).]
[Partido Comunista da China. “A Revolução Proletária e o Revisionismo de Kruschov”. Marxists.org (1964).]
[Partido Comunista da Índia (Maoista). “Political and Organizational Review” [“Análise Política e Organizativa”]. Marxists.org (2007).]
[Partido Comunista da Índia (Maoista). “Strategy & Tactics of the Indian Revolution” [“Estratégia e Táticas da Revolução Indiana”]. South Asia Terrorism Portal (2004).]