Filipinas: Orquídeas para Ka Maria Malaya, amada heroína e guerreira das massas oprimidas

Nota do blog: Publicamos tradução não oficial de um comunicado do Partido Comunista das Filipinas (PCF), que dirige a Guerra Popular nas Filipinas, veiculado na Central Web da Revolução Filipina (PRWC) e repercutido no portal O Arauto Vermelho. A declaração presta homenagem a Ka Maria Malaya, uma das principais dirigentes do PCF que, no último 12 de fevereiro, tombou em combate contra as forças fascistas do velho Estado filipino. O portal PRWC também publicou um vídeo em seu tributo.

“Maria Malaya, dirigente comunista, amada combatente vermelha.”

Orquídeas para Ka Maria Malaya, amada heroína e guerreira das massas oprimidas

Comitê Central do Partido Comunista das Filipinas

14 de fevereiro de 2025

A direção e toda a militância do Partido Comunista das Filipinas, todos os combatentes vermelhos e comandantes do Novo Exército do Povo e todas as forças revolucionárias do povo filipino levantam seus punhos cerrados e prestam homenagem a Ka Maria Malaya (Myrna Sularte), um dos principais quadros dirigentes do Partido e amada guerreira das massas oprimidas de operários, camponeses e do povo Lumad de Mindanao.

Ka Maria, aos 71 anos, travou sua última batalha no dia 12 de fevereiro, em Barangay Pianing, na cidade de Butuan, em um feroz confronto entre o Novo Exército do Povo e as atrozes forças fascistas da 901a Brigada de Infantaria.

Em nome de todo o Partido e de todas as unidades do Novo Exército do Povo, o Comitê Central do Partido Comunista das Filipinas expressa suas mais profundas condolências à sua filha, entes queridos e camaradas de armas mais íntimos. Junto às massas trabalhadoras da região de Caraga, as forças revolucionárias de todo o país lamentam a perda de Ka Maria, mas também se inspiram em seu heroísmo para perseverar no árduo caminho da revolução que ela trilhou durante toda a sua vida.

O Partido Comunista das Filipinas concede suas mais altas honras a Ka Maria Malaya. Imortalizamos seu nome ao lado dos maiores heróis da revolução filipina. Ela era membro do Comitê Central e do Birô Político. Integrava a Comissão de Mindanao e servia como secretária do Comitê Regional do Partido do Nordeste de Mindanao. Ka Maria também foi o rosto da Frente Nacional Democrática nessa região.

Sua direção revolucionária e sacrifício abnegado serão para sempre lembrados e estimados. Seu legado revolucionário continuará a inspirar o povo e suas forças revolucionárias a travar uma resistência resoluta contra o regime EUA-Marcos e seu sangrento reinado de terrorismo de Estado.

O inimigo fascista se engana ao pensar que a morte de Ka Maria criou um vazio de direção que enfraquecerá o Partido e as forças revolucionárias no nordeste de Mindanao. Na realidade, à região não faltam quadros experientes e jovens plenamente capazes de assumir o manto da direção de Ka Maria e levar adiante o seu legado. O Partido possui um sistema de sucessão bem estabelecido, garantindo a continuidade e estabilidade dos comitês partidários.

O Comitê Central exalta a vida de serviço abnegado de Ka Maria às massas exploradas e oprimidas. Ela cresceu com relativo conforto, vindo de uma família de camponeses médios e concluindo com êxito um curso universitário em agrotecnologia. No entanto, escolheu o caminho da vida simples e luta dura, dedicada às massas exploradas e oprimidas. Nem por um momento seu compromisso com a causa revolucionária vacilou. Cumpriu inabalavelmente suas responsabilidades como quadro do Partido e dirigente do NEP, mesmo quando diagnosticada com câncer, doença que administrou por mais de duas décadas por meio de uma disciplina rigorosa de alimentação e tratamento adequados.

Ka Maria ingressou no Partido em 1977, durante um dos períodos mais sombrios do regime fascista sob a então ditadura de Ferdinand Marcos. Ao longo de mais de cinco décadas, desempenhou diversas funções, dirigindo o trabalho revolucionário tanto nas cidades como no campo, tanto no oeste como no nordeste de Mindanao.

Ka Maria era uma ardente estudiosa do marxismo-leninismo-maoismo. Aplicou assiduamente os princípios básicos, as políticas e o programa do Partido às condições concretas do povo no nordeste de Mindanao. Ao mesmo tempo, estudou as experiências revolucionárias do Vietnã, da China e de outros países, bem como de outras regiões do país.

Foi uma combatente comunista de vontade férrea, que defendeu incansavelmente os direitos dos camponeses à terra, do povo Lumad ao seu território ancestral e dos operários a salários justos e melhores condições de trabalho. Durante muitos anos, trabalhou lado a lado com seu esposo, o porta-voz do NEP, Ka Oris, na direção do Partido e do NEP para avançar com a revolução no curso da guerra popular prolongada.

Ka Maria foi um dos pilares mais robustos do Segundo Grande Movimento de Retificação em 1992, que sustentou e levou a cabo sem hesitação. Na verdade, foi Ka Maria quem convenceu Ka Oris sobre a justeza do movimento de retificação. Mais tarde, ambos trabalhariam juntos para levar adiante o movimento de retificação até sua conclusão.

Ka Maria foi um quadro militar exemplar. Sempre garantiu que a guerra popular se desenvolvesse amplamente na região nordeste de Mindanao, combinando os três elementos da luta armada, revolução agrária e construção de bases. Sob a direção inabalável de Ka Maria, o NEP e o povo travaram incessante luta contra as empresas mineradoras destrutivas e exploradoras, as plantações e os projetos de ecoturismo que expulsaram as massas trabalhadoras de suas comunidades e devastaram o meio ambiente.

Ela infundiu no NEP uma inabalável determinação de combater todas as formas de opressão e fazer justiça por todos os crimes perpetrados pelos fascistas contra o povo. Na defesa dos direitos do povo contra seus opressores e exploradores e na luta por suas aspirações, o Novo Exército do Povo, no nordeste de Mindanao, expandiu suas fileiras com combatentes vermelhos provenientes dos operários, camponeses, Lumad e intelectuais. Ka Maria orientou e inspirou os combatentes vermelhos e as forças revolucionárias a se ligarem firmemente às massas e encorajá-las a se levantarem coletivamente como um só corpo.

Estimulou e ajudou a organizar a resistência das massas Manobo Lumad na defesa de suas terras ancestrais e a prevenir a expansão de “projetos de desenvolvimento”. Por isso, atraiu o ódio dos grandes burgueses compradores e corporações multinacionais, que financiaram o armamento e treinamento de unidades das forças inimigas e grupos paramilitares para combater o NEP e “neutralizar” Ka Maria.

Ela guiou as organizações de massas revolucionárias na luta por reivindicações locais, sempre vinculadas ao objetivo geral da revolução democrática popular. Apoiou plenamente as massas Lumad em seus esforços para estabelecer escolas comunitárias e fomentar uma economia autossuficiente, por meio de iniciativas para aumentar a produção agrícola local. Defendeu o desenvolvimento e a transformação das comunidades mais atrasadas em vibrantes centros de atividade revolucionária.

Nos breves momentos de descanso, Ka Maria capturava a beleza indescritível das orquídeas e flores raras, cujas cores vibrantes surgiam em meio ao verde da floresta dos acampamentos guerrilheiros. Ao admirar seu encanto, exclamava: “makalibat!” (“deslumbrante!”), sentido alegria e satisfação, que alimentavam sua dedicação inabalável à revolução. De fato, ela viveu uma vida revolucionária plena e deu tudo de si a serviço da causa de libertação nacional e social do povo filipino.

Assim como o sangue dos heróis revolucionários outrora correu nas veias de Ka Maria, também agora o seu sangue corre nas veias de uma nova geração de quadros do Partido e combatentes vermelhos. Determinados, como era Ka Maria, a avançar com a guerra popular de uma fase à seguinte, rumo à vitória completa.