O malabarismo da direção do PCR no apoio à Dilma e ao governo Lula (MEPR, 2010)
Nota do blog: Reproduzimos artigo publicado no portal do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), organização democrático-revolucionária do Brasil, em 3 de novembro de 2010, recuperado através do Arquivo da Internet.
O malabarismo da direção do PCR no apoio à Dilma e ao governo Lula
O destacado dirigente internacional do proletariado, o revolucionário russo Vladimir Lenin ensinava que na sociedade burguesa, a tática eleitoral dos comunistas, como toda tarefa de denúncia política, deve ser a de revelar o seu caráter de classe, do Estado e suas instituições visando a sua destruição completa. Como uma luta dos comunistas para elevar a consciência de classe das massas proletárias e populares, revelando a elas e educando seus ativistas, sobre o papel de cada classe e de cada partido em ditas eleições.
E nada melhor como a posição de um partido frente às eleições burguesas para se comprovar se este é de fato, e não só em palavras, verdadeiramente revolucionário. Pois, tem gente que passa o ano todo falando em revolução, lutas anti-imperialistas, greves, etc, mas quando chega uma eleiçãozinha fica com “a mão coçando para votar”. É o caso da direção do PCR, partido que se intitula “comunista” e “revolucionário”, mas que desde sua fundação, em 1998, não deixou de participar de uma eleição sequer…
Até 2002 atuavam dentro do PT de onde lançavam seus candidatos, foram entusiastas defensores da candidatura de Lula, apesar das declarações deste de que manteria a política econômica de FHC. Em 2003, acompanhando o grupo de Heloísa Helena saem do PT e nas eleições seguintes lançam seus candidatos pelo PSOL. Em 2006, envergonhados, conclamaram o voto em Lula no segundo turno, para derrotar Alckmin do PSDB. Agora em 2010, sem vergonha alguma, defenderam o voto na candidata do PT já no primeiro turno, apesar de continuarem lançando seus candidatos pelo PSOL e deste ter Plínio Sampaio como candidato a presidente. Mais do que nunca revelam a natureza oportunista dos que agem por conveniência, além de ser governista e eleitoreira, prática revisionista típica e muito em voga atualmente na América Latina.
Em sua obra Um passo a frente e dois passos atrás, Lenin afirmou: “Quando se fala da luta contra o oportunismo, não há que se esquecer nunca um traço característico de todo o oportunismo contemporâneo em todos os terrenos: seu caráter indefinido, difuso, inapreensível. O oportunista, por sua própria natureza, esquiva sempre colocar os problemas de um modo preciso e definido, busca a resultante, se arrasta como uma cobra entre pontos de vista que se excluem mutuamente, esforçando-se por ‘estar de acordo’ com um e outro, reduzindo suas discrepâncias a pequenas emendas, a dúvidas, a bons desejos inocentes, etc., etc.”
Vamos demonstrar mais como isto se aplica perfeitamente à direção do PCR.
A Verdade ou A Mentira?
A grande diferença entre os governos Lula e FHC é a capacidade do petista em iludir o povo. Pois em seus oito anos de mandato aplicou, em essência, a mesma política do PSDB. A propaganda governista, repetida pelos monopólios de comunicação (inclusive Rede Globo), é de que a economia vai bem, que aumentou a classe média, que os brasileiros estão comprando mais, que a dívida externa foi paga etc. Estes são os motivos apresentados por Lula para pedir votos a sua candidata Dilma Rousseff. A direção do PCR, além de não desmentir estas falsidades, que tem enganado tanta gente, vai mais longe em sua argumentação oportunista afirmando que votar em Dilma é “votar contra as privatizações e pelo socialismo” (Editorial A Verdade – agosto de 2010).
É de fato curioso acompanhar os malabarismos da direção do PCR na defesa de sua política reformista. Como atraem principalmente jovens estudantes com o discurso da revolução e do socialismo, fica mais difícil convencer as bases na hora das eleições. Precisam dar uma volta danada… É o que podemos ver nos artigos publicados em agosto e setembro no jornal A Verdade. Centram seus ataques ao PSDB, a Serra e FHC, até porque isto é muito fácil para qualquer colegial, como gostava Lenin de ironizar o “heroísmo” dos oportunistas. Porque difícil mesmo é demonstrar as diferenças entre FHC e Lula e entre Dilma e Serra. É aí que eles se embananam e acabam recorrendo À Mentira.
Participar ou não da farsa eleitoral?
Obviamente, antes de defenderem a candidatura de Dilma precisavam justificar a participação na farsa eleitoral montada pela burguesia. No artigo de agosto, o dirigente do PCR, Luiz Falcão, faz a seguinte afirmação:
“Devido a essa contradição, as eleições na chamada democracia burguesa são profundamente antidemocráticas. Com efeito, as classes ricas, donas das riquezas produzidas pelos trabalhadores, apoiam e lançam candidatos que dispõem de gráficas e de enormes recursos financeiros […]. Não bastasse, os candidatos dos ricos têm muito mais tempo de propaganda na TV […].”
Certo, até aí não estão mentindo. E ele continua:
“O resultado dessa desigualdade é que na democracia burguesa os ricos elegem a imensa maioria dos governantes e dominam o parlamento. […] Eleitos, os políticos dos ricos tratam de pagar em dobro o dinheiro que receberam para suas campanhas: entregam obras públicas às empresas que o financiaram, elevam os juros para aumentar os lucros dos bancos – o país paga por ano cerca de R$ 160 bilhões de juros aos banqueiros – superfaturam obras, fraudam licitações e privatizam empresas públicas.”
Já aqui, ao traçar o perfil dos governos, espertamente, omite nominá-los! Pois é, a farsa eleitoral é assim mesmo e é o retrato de todos esses governos seja o de FHC, de Lula e os demais antecessores. Mas como o cara consegue dizer isto tudo e ainda ter coragem de pedir voto para Dilma? Pois vejamos, vamos seguir o raciocínio dele: 1º) as candidaturas dos ricos arrecadam mais dinheiro para suas campanhas; 2º) não bastasse isto, “os candidatos dos ricos têm muito mais tempo de propaganda na TV”. Logo, podemos concluir que as candidaturas dos ricos são as mais caras e as que têm mais tempo na TV? Então vejamos, qual é a candidatura mais cara e a que tem mais tempo na TV? É a da Dilma Rousseff, ora bolas. Assim fica difícil Luiz Falcão…
Mas apesar disto continuemos acompanhando os raciocínios do ex-vice-presidente da UNE:
“Diante dessa realidade, alguns creem que o mais correto é não apoiar ou lançar candidatos e pregam o voto nulo. É um equivoco […] porque desprezam a principal lei de uma revolução: a melhor maneira das massas desenvolverem sua consciência e desacreditarem na democracia burguesa é por meio de sua própria experiência política ou, como ensina a sabedoria popular, vivendo e aprendendo.”
Muito interessante este raciocínio… Vamos ver se entendemos: a vanguarda revolucionária sabe que as eleições não mudam nada, mas como o povo acredita que muda, os revolucionários devem conclamar o povo a votar, para que votando “aprenda pela sua própria experiência” que votar não adianta. Difícil, não!? O líder da revolução chinesa, Mao Tsetung, de maneira mais clara afirmou que: “Se aprende a lutar, lutando”, de forma bem mais confusa a direção do PCR está tentando dizer que: “Se aprende a lutar, votando…”.
Conversa fiada! Segundo Lenin em sua obra Que fazer?, a vanguarda revolucionária tem por objetivo esclarecer os operários e camponeses, revelar o caráter burguês do Estado e do governo de plantão, de que pretender combater o imperialismo de forma separada do combate ao oportunismo não passa de fraseologia oca, de educar o partido, o proletariado e as massas na violência revolucionária e no combate ao oportunismo e de em cada luta demonstrar ao povo que “Afora o poder tudo é ilusão!”.
A vanguarda não pode atuar como mero espectador e utilizar o baixo nível de consciência de classe do povo como justificativa para suas posições medrosas e reformistas. Povo, aliás, que em suas lutas tem demonstrado consciência muito maior do que estes que se intitulam sua vanguarda, povo que tem demonstrado, pois aprendeu “por sua própria experiência”, que eleições não mudam nada a seu favor. Ou será que as 34 milhões de pessoas que votaram branco, nulo ou se abstiveram no 1º turno destas eleições não fazem parte do povo?
Apelando para fraseologia “revolucionária”, Luiz Falcão conclui assim sua justificativa de participação da farsa eleitoral:
“O erro, portanto, não está em participar das eleições e de utilizá-las para derrotar parcialmente as classes dominantes, mas em ter a ilusão de que é possível conquistar o poder sem uma revolução e sem a formação de um exército revolucionário.”
Palavras jogadas ao vento, simplesmente para agradar e iludir a militância combativa, a juventude revolucionária. Mas como avançar para a conquista do poder semeando ilusões no governo Lula e na candidatura de Dilma? Como avançar para a conformação de um exército revolucionário defendendo um governo que envia tropas de seu exército reacionário para massacrar a resistência popular no Haiti, para reprimir seu povo pobre como laboratório da repressão das massas nas favelas de nosso país? Nenhum malabarismo oportunista pode esconder estas contradições.
Dilma ou Serra?
O centro da argumentação dos dois artigos é a comparação entre Dilma e Serra, entre os oito anos do gerenciamento do PT e os oito anos do PSDB. O artigo de agosto parece mais tímido na defesa de Dilma e é quase um pedido envergonhado de voto na petista:
“Sem dúvida, apesar das semelhanças entre os dois principais candidatos à presidência da República Dilma Rousseff e José Serra – ambos, por exemplo, defendem a manutenção da propriedade privada dos meios de produção, o desenvolvimento do capitalismo, a continuidade do pagamento dos juros aos banqueiros e o crescimento do capital estrangeiro no país – há também diferenças entre eles […]”.
Já o artigo de setembro, assinado pelo PCR, procura corrigir as vacilações do texto de Luiz Falcão e pede, abertamente, o voto em Dilma Rousseff:
“Por essas razões, o Partido Comunista Revolucionário (PCR), partido fundado pelo revolucionário Manoel Lisboa – covardemente assassinado pela ditadura militar em 1973 – convoca os trabalhadores e a juventude a derrotarem o candidato do PSDB e eleger Dilma Rousseff, do PT, presidente da República.”
Antes de tratarmos do significado político desta conclamação somos obrigados a abrir um pequeno parêntese. É simplesmente absurdo que a direção do atual PCR utilize o nome de Manoel Lisboa, grande revolucionário brasileiro, para pedir votos à Dilma Rousseff. Este é um grande desrespeito! Manoel Lisboa foi assassinado pelo regime militar porque dirigia a resistência armada contra os militares. E mais. O senhor Edval Nunes Cajá, que gosta de repetir solenemente uma máxima defendida em teoria e prática por Manoel Lisboa como regra de ouro dos comunistas de que “delação é traição”, esconde que sua candidata a presidente é uma dedo-duro confessa. Em reportagem da Folha de S. Paulo, de 5 de abril de 2009, são citados depoimentos e relatórios arquivados no Superior Tribunal Militar que Dilma “indicou endereços e acompanhou [a polícia] a ao menos uma casa de militantes”. Na mesma reportagem, ao ser questionada por que entregou seus companheiros, Dilma respondeu de forma cínica e vulgar: “para parar de apanhar”. Ora senhores, peçam votos em nome de vocês e não em nome de revolucionários que infelizmente não estão mais presentes para se defenderem!
É tempo ainda de esclarecer aos incautos de que o atual PCR, muito ao contrário do que alardeiam Edval Cajá e Luiz Falcão, nada tem a ver com o PCR fundado por Amaro Luiz de Carvalho (o Capivara) e Manoel Lisboa. O PCR foi fundado em 1966, seus principais dirigentes foram assassinados em 1971 e 1973. Em 1979, parte do antigo PCR, apesar das discordâncias da companheira de Manoel Lisboa, a dirigente Selma Bandeira, se funde com o MR-8 e deixa de existir formalmente. O atual PCR se formou em 1998 quando realizaram seu II Congresso (sic); propositalmente chamaram de II Congresso tentando estabelecer, formalmente, um vínculo com o PCR de Manoel Lisboa. Mas até nisto são ridículos, pois o PCR de Capivara e Lisboa não chegou a realizar seu I Congresso…
Mas prossigamos a análise. O artigo de setembro, que orgulhosamente convoca o voto em Dilma, é intitulado: “Programa do PSDB para o Brasil é privatização, repressão aos trabalhadores e arrocho dos salários”. O texto inicia com um retrospecto do governo FHC que muito bem poderia sintetizar a gerência petista. Comecemos pelas privatizações. O governo Lula não só não apurou a roubalheira feita por FHC com a negociata das estatais como seguiu o mesmo processo, claro que à sua maneira, fazendo o mesmo só que às escondidas. A diferença aqui, é que FHC defendia, fazia e assumia e Lula faz o mesmo e diz que faz outra coisa. A direção do PCR sabe que durante o governo Lula houve o processo de privatização da Petrobras e que hoje mais de 50% das ações da empresa encontram-se nas mãos de especuladores. Sabe também que neste momento o governo Lula está fazendo o maior processo de “capitalização” (leia-se privatização) da Petrobras para explorar o petróleo da camada do pré-sal. Onde a direção do PCR meteu a consigna “O pré-sal é nosso!”? Parece que em época de eleições esta palavra de ordem do populismo patrioteiro pode não ser muito conveniente…
No artigo, onde mais se procura revelar a diferença entre Lula e FHC é no quesito repressão ao movimento popular. Vejamos na própria letra:
“É verdade que o governo Lula frustrou os trabalhadores ao não reestatizar as estatais privatizadas, continuar pagando juros bilionários da chamada dívida pública, manter privilégios para o agronegócio e cumprir um triste papel na intervenção do Haiti. Mas é verdade também que não reprimiu os trabalhadores […].”
Repressão aos trabalhadores no governo Lula
Argumentação malandra típica de sofistas… Dizer meias verdades não é dizer a verdade, senhores materialistas dialéticos de prosa! Enumeram uma série de verdades para logo depois querer nos enfiar goela a baixo uma mentira gigantesca. Aonde, senhores revisionistas, que o governo Lula “não reprimiu os trabalhadores”? Vamos refrescar a memória cansada destes velhos reformistas. Luiz Falcão, o senhor se lembra do Jornal A Verdade de 2006 onde anunciaram o apoio à candidatura de Heloísa Helena? Pois bem, nesta mesma edição há um artigo assinado pelo senhor denunciando a repressão covarde do governo Lula aos manifestantes do MLST no Congresso Nacional. Aquela onde centenas de camponeses foram presos a mando do presidente da Câmara, o também revisionista Aldo Rebelo (PCdoB) e que depois foram confinados no estádio de Brasília. Pois é, naquela época quando vocês eram oposição comportada ao governo denunciaram esta repressão, agora colocam isto para debaixo do tapete.
O governo Lula iniciou a repressão aos trabalhadores logo em seu primeiro ano de mandato. Em 2003, durante a votação da reforma da previdência, o então presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha do PT, chamou a tropa de choque para reprimir os manifestantes. Nem durante o regime militar a tropa de choque da polícia militar entrou no Congresso Nacional. Foi no governo Lula que isto aconteceu pela primeira vez. Lula numa entrevista, bajulando a burguesia, declarou: “Aquele estudante que quebrou o vidro do Congresso tem que ser processado e tem de pagar o vidro quebrado”. (sic)
Foi também no primeiro ano do mandato de Lula quando ocorreu o maior número de assassinatos no campo. Governo este que ficou marcado pelo baixíssimo número de trabalhadores beneficiados por projetos de reforma agrária. Governo que juntamente com a gerência petista do Pará desencadeou, em 2007, uma gigantesca operação de repressão às 1.500 famílias organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres que tomaram o latifúndio Forkilha da família de Jairo Andrade, um dos fundadores da UDR – União Democrática Ruralista (organização criminosa de latifundiários). A repressão denominada de “Paz no campo”, saudada efusivamente pelos latifundiários do sul do Pará, contou com tropas de elite da polícia militar e do Exército. Centenas de camponeses foram presos e dezenas foram barbaramente torturados. Após a desocupação e ao longo do ano de 2008, bandos paramilitares assassinaram 13 lideranças e participantes desta luta, sendo o último o companheiro Luis Lopes, histórica liderança camponesa do sul do Pará. Como na imprensa burguesa, as páginas do Jornal A Verdade não dedicaram uma linha sequer para registrar estes crimes, pois, convenientemente, parecem estar mais preocupados em demonstrar que não houve repressão ao movimento popular durante o governo Lula.
E o que dizer da invasão ao Haiti? Como vocês têm coragem de dizer que o governo Lula “não reprimiu os trabalhadores”? Quer dizer que para vocês os operários, camponeses e estudantes do Haiti não são trabalhadores? Ou então, nas suas contas de repressão só são computados os crimes cometidos em território nacional? Senhores revisionistas: onde vocês guardaram o internacionalismo proletário que exibem em sua retórica? Vocês, de maneira bem suave e delicada, avaliam esta invasão do Exército Brasileiro a mando de Lula como “um triste papel na intervenção do Haiti”. Todos os dias, milhares de soldados brasileiros patrulham as ruas das favelas do Haiti, as tropas de Lula são acusadas de centenas de assassinatos e de repressão a manifestações populares. E quem mandou Lula enviar tropas ao Haiti? Uma rápida recapitulação: em 2004, o governo norte-americano patrocinou um golpe de Estado no Haiti, o presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide foi preso por fuzileiros navais ianques e extraditado no Congo. Uma força de paz da ONU foi montada para “estabilizar” o país e o Exército reacionário de Lula foi escalado para comandar as tropas invasoras. Quem era o presidente do EUA na época? George Bush, que atolado com sua invasão no Iraque não podia dispor de soldados para ocupar a ilha caribenha. Sem problemas: o senhor Lula deu uma mãozinha enviando tropas brasileiras, secundadas por tropas enviadas pelos “governos populares” da Bolívia, Paraguai, Uruguai, etc. Depois a direção do PCR vem dizer que Lula não é de direita, não apoia golpes, e não é serviçal do imperialismo…
E o que dizer da matança de pobres, principalmente de jovens, nas favelas e periferias das grandes cidades? As políticas fascistas de repressão e controle social executadas pelas gerências estaduais, em particular pelo governo do aliado Sérgio Cabral com suas pavorosas UPPs e massacres, como do Morro do Alemão na cidade do Rio de Janeiro, não por acaso patrocinada e estimuladas pelo senhor Luiz Inácio? Que diga o vídeo feito por um jovem negro que gravou ocultamente a visita de Lula e Cabral em sua Vila, Ali o senhor Lula e o senhor Cabral falaram sem fazer demagogia mostrando suas verdadeiras caras (Acesse no YouTube: Lula preocupado com prejuízo eleitoral e Sérgio Cabral xingando menino de 17 anos (na época)).
Não foram reprimidos no governo Lula aqueles que não lutaram! CUT, Une e Ubes, entidades governistas das quais o PCR participa, realmente não foram reprimidas. Ao contrário, receberam verbas milionárias do governo federal, exatamente porque atuaram como departamentos do Ministério do Trabalho e do Ministério da Educação no meio do movimento popular.
Reformistas confessos
Por fim, analisemos o último e “definitivo” argumento da direção do PCR em seu apoio à Dilma e ao governo Lula:
“Porém, não há dúvida de que se o governo fosse do PSDB, essa situação seria ainda pior. E nós, os comunistas revolucionários, lutamos para melhorar as condições de vida do povo e não para piorá-las.”
Estamos diante de uma pérola do economicismo, melhor da argumentação típica de um reformista orgulhoso: “os comunistas revolucionários, lutamos para melhorar as condições de vida do povo”! Não senhores, não usem em vão o nome dos comunistas. Os comunistas lutam sim pela transformação radical da sociedade, lutam pela emancipação da classe operária, pela libertação do campesinato e da nação do jugo imperialista. Será que por acaso Marx e Engels escreveram no Manifesto do Partido Comunista algo como: “Nós comunistas, propomos melhorar as condições de vida do povo, mesmo no capitalismo”?
Nada disto senhores! Deixemos que Marx e Engels, estes dois gigantes do proletariado, digam por suas próprias palavras: “Os comunistas não se rebaixam a ocultar suas posições e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda ordem social existente.” Ou como sintetiza Lenin em sua obra Nosso Programa:“A doutrina de Marx estabeleceu as verdadeiras tarefas de um partido socialista revolucionário: não formular planos de reorganização da sociedade nem ocupar-se na prédica aos capitalistas e a seus acólitos da necessidade de melhorar a situação dos operários, nem tampouco urdir conjurações, senão organizar a luta de classes do proletariado e dirigir esta luta que tem por objetivo final a conquista do poder político pelo proletariado e a organização da sociedade socialista.” (sublinhado nosso)
Quanta diferença, não?
Ah reformistas… que se alegram em comer as migalhas que caem das mesas da burguesia e ainda, sem se envergonhar, agitam suas bandeiras amareladas afirmando às massas que “as condições de vida do povo estão a melhorar”… Impossível não recordar Bertolt Brecht em a Canção do Remendo e do Casaco:
“Sempre que o nosso casaco se rasga,
vocês vem correndo dizer:
– Assim não pode ser! Isto vai acabar!
Custe o que custar!
Cheios de fé vão aos senhores,
cheios de frio nós esperamos.
E ao voltar, sempre triunfantes
exibem a grande conquista:
um pequeno remendo…
Mas onde está, o nosso casaco?”
Conclusão
A verdadeira libertação do povo brasileiro, a verdadeira melhoria das condições de vida de nosso povo será obra de nossa revolução. Somente destruindo este velho Estado genocida de grandes burgueses e latifundiários, serviçais do imperialismo, poderemos erguer uma nova ordem onde o povo, que hoje nada tem, seja dono de tudo. Mudar governo, eleger candidatos reformistas “comprometidos com a causa popular”, pode no máximo trazer pequenos ganhos temporários que facilmente são arrancados pelas classes dominantes. Não faltam exemplos na história de “governos populares” derrubados por golpes que terminaram em verdadeiros banhos de sangue para o povo, exatamente porque as massas não estavam organizadas e conscientes, senão iludidas, porque do contrário, não seria este o seu governo e sim um outro, erguido pela luta revolucionária.
Não cansaremos de citar Lenin: “Afora o poder, tudo é ilusão!” Esta é uma grande verdade histórica. E também é verdade que o oportunismo, o reformismo e o revisionismo, sempre tentaram apresentar ao povo a lorota de que apoiando um “líder reformista” ou um “bom burguês” poderemos criar condições melhores para a luta revolucionária. Mentira! O que se conseguem com isto é semear ilusões, é desarmar o povo e enfraquecer o espírito de luta. Não se enganem companheiros e companheiras: não se caminha para uma estratégia revolucionária através de táticas reformistas; quem hoje planta oportunismo colhe traição.
Todo este circo – onde até que enfim ganhou um palhaço de profissão – só existe porque o proletariado e as massas populares ainda estão muito desorganizados, exatamente devido a ação combinada da política exercida continuamente sobre eles pelos sucessivos governos e o trabalho realizado no seio das massas pelos oportunistas e reformistas. E depende, para quebrar tal dominação e esmagamento, que uma vanguarda autenticamente revolucionária realize o mais paciente e meticuloso trabalho de denúncia desta ação e de seus executores, revelando o seu caráter de classe e de como estes governos e ditos “movimentos e organizações populares” servem a estas classes para impedir a eclosão e desenvolvimento do movimento revolucionário.
E tal tarefa se inicia por denunciar a farsa eleitoral, organizar o boicote das eleições e propagandear a revolução. Eis a tática eleitoral dos revolucionários hoje.