Nota do blog: Por ocasião dos 90 anos da Conferência de Tsunyi, episódio de grande significado histórico e importância decisiva para o triunfo da Grande Revolução Chinesa (GRC), publicamos tradução do artigo “Contexto Histórico: A Grande Longa Marcha”, veiculado na revista Pequim Informa nº 44, em outubro de 1975. A Conferência de Tsunyi, reunião ampliada do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) realizada entre 15 e 17 de janeiro de 1935, representou a superação dos desvios oportunistas de “esquerda” na direção central do Partido e garantiu o triunfo da direção do Presidente Mao Tsetung, assim marcando o início da luta pelo estabelecimento do pensamento maotsetung – vitorioso no VII Congresso do PCCh (1945) – e alimentando a fornalha da forja de sua Chefatura.
Contexto Histórico
A Grande Longa Marcha
Pequim Informa nº 44, 31 de outubro de 1975
ESTE outubro marcou o 40º aniversário da vitória da Longa Marcha do Exército Vermelho de Operários e Camponeses da China, precursor do Exército Popular de Libertação da China. Começando no outono de 1934, o Exército Vermelho Central, ou a Primeira Frente do Exército Vermelho, partiu da Base de Apoio Revolucionária de Kiangsi, cobriu 25.000 li (12.500 km) por 11 províncias e chegou triunfante a Wuchichen, no norte de Shensi, em 19 de outubro de 1935, onde uniu forças com o Exército Vermelho do Norte de Shensi e o 25º Exército do Exército Vermelho, que haviam chegado antes. Em outubro de 1936, a Segunda e a Quarta Frentes do Exército Vermelho também alcançaram exitosamente o norte de Shensi. Este movimento estratégico sem precedentes tornou-se conhecido mundialmente como a Longa Marcha.
Depois que o Presidente Mao fundou pessoalmente o primeiro Exército Vermelho de Operários e Camponeses e estabeleceu a Base de Apoio Revolucionária das Montanhas Tchincam no outono de 1927, as bases de apoio se expandiram e o Exército Vermelho cresceu constantemente em força e número sob o guia da linha revolucionária do Presidente Mao, e as repetidas campanhas de “cerco e supressão” em larga escala dos reacionários do Kuomintang foram esmagadas uma após a outra. A situação revolucionária era excelente. Entretanto, o oportunista de “esquerda” Wang Ming e seus sequazes, com o dogmatismo como sua principal característica, excluíram o Presidente Mao da direção do Partido e do exército e rejeitaram completamente a sua linha política e linha militar marxistas-leninistas. Eles promoveram uma linha oportunista de “esquerda”, resultando em perdas extremamente sérias para o Partido e o Exército Vermelho e no fracasso em esmagar a quinta campanha de “cerco e supressão” do inimigo. O Exército Vermelho foi então compelido a mudar sua posição e lançar-se na Longa Marcha.
Em agosto de 1934, o Sexto Corpo de Exército do Exército Vermelho começou a se deslocar da Base de Apoio Revolucionária de Hunan-Kiangsi para a província oriental de Kueichau, onde uniu forças com o Segundo Corpo de Exército do Exército Vermelho e, juntos, formaram a Segunda Frente do Exército Vermelho. Em outubro daquele ano, a Primeira Frente do Exército Vermelho saiu da Base de Apoio Revolucionária Central, com Juichin como seu centro, e partiu para a Longa Marcha. O Exército Vermelho Central sofreu pesadas perdas após romper sucessivamente quatro linhas de bloqueio inimigas. Sob tais circunstâncias, os oportunistas de “esquerda” ainda defendiam a continuação da marcha ao oeste de Hunan para unir forças com o Segundo e o Sexto Corpos de Exército, ignorando o fato de que o inimigo havia reunido enormes forças ao longo do caminho de avanço do Exército Vermelho, expondo-o assim ao perigo da completa aniquilação. Graças à proposta oportuna e correta do Presidente Mao de desistir do plano de unir forças com o Segundo e o Sexto Corpos de Exército e marchar para a província de Kueichau, onde as forças inimigas eram fracas, o Exército Vermelho pegou o inimigo de surpresa e tomou a cidade de Tsunyi, em Kueichau, em janeiro de 1935.
A linha oportunista de “esquerda” de Wang Ming trouxe consequências desastrosas para o Partido e o Exército Vermelho e, portanto, despertou preocupação e indignação cada vez mais fortes entre as amplas massas de comandantes e combatentes, que ansiavam pelo retorno do Presidente Mao ao posto de direção. Em janeiro de 1935, o Comitê Central do Partido convocou uma reunião ampliada de seu Birô Político em Tsunyi, criticou o erro da linha de Wang Ming nas questões militares, encerrou o domínio dessa linha no Comitê Central do Partido, estabeleceu a posição dirigente do Presidente Mao em todo o Partido e pôs a linha do Partido na correta rota marxista, salvando assim o Partido e o Exército Vermelho no momento crítico da revolução. Este foi um grande ponto de viragem na história do nosso Partido, do nosso exército e da revolução chinesa.
Após a Conferência de Tsunyi, o Presidente Mao decidiu marchar ao norte para resistir à agressão japonesa. O Exército Vermelho Central, sob o magistral comando do Presidente Mao, adotou estratégia e táticas flexíveis, manipulou habilmente as forças inimigas e logo ganhou a iniciativa estratégica. Cruzou o Rio Chishui pela primeira vez no final de janeiro e chegou ao sul da província de Sichuan, preparando-se para um avanço ao norte através do Rio Yangtzé. Quando Chiang Kai-shek reuniu um grande número de tropas ao longo da fronteira Sichuan-Kueichau e fortaleceu as defesas ao longo do Yangtzé, numa tentativa de bloquear a marcha do Exército Vermelho ao norte através do rio, o Presidente Mao ordenou determinadamente que o Exército Vermelho se movesse ao leste. Cruzou o Chishui novamente em meados de fevereiro e rapidamente retomou Tsunyi, aniquilando e derrotando duas divisões e oito regimentos inimigos de uma só vez. Em mais um movimento para manipular as forças inimigas, o Exército Vermelho cruzou o Chishui pela terceira vez em meados de março e retornou ao sul de Sichuan. Chiang Kai-shek confundiu isso com uma nova tentativa de cruzar o Yangtzé e, portanto, fortificou rapidamente as defesas ao longo das fronteiras das províncias de Sichuan, Kueichau e Yunnan. Aproveitando-se disso, o Exército Vermelho moveu-se diretamente para Yunnan, onde as defesas inimigas estavam enfraquecidas, e engenhosamente cruzou o Rio Chinsha, em Chiaochehtu, no início de maio. A essa altura, o Exército Vermelho Central havia se libertado do cerco, perseguição, obstrução e interceptação por várias centenas de milhares de tropas inimigas e estrategicamente ganhou iniciativa completa para a Longa Marcha. As quatro operações através do Rio Chishui representaram uma grande vitória de importância decisiva para o Exército Vermelho Central em seu deslocamento estratégico de forças, e demonstraram cabalmente o esplêndido pensamento militar do Presidente Mao e a sua magnífica arte de comando militar.
No curso das quatro operações através do Rio Chishui, Lin Piao e Peng Teh-huai trabalharam lado a lado para se opor ao conceito de guerra móvel do Presidente Mao. Eles foram severamente criticados pelo Presidente Mao.
Como o Exército Vermelho implementou resolutamente a política do Presidente Mao para as minorias nacionais, recebeu apoio e assistência do povo da nacionalidade Yi e percorreu exitosamente a região da Montanha Taliang após ter se movido ao norte e cruzado o Rio Chinsha. Fez então uma travessia forçada do Rio Tatu, tomou a Ponte Luting, escalou a Montanha Chiachin, sempre coberta de neve, e chegou à área de Maokung, na província de Sichuan, onde uniu forças com a Quarta Frente. O Comitê Central do Partido convocou uma reunião do Birô Político em Lianghokou no final de junho. Na reunião, o Presidente Mao analisou corretamente a situação na China e no exterior e decidiu continuar o avanço ao norte para dirigir o movimento nacional contra a agressão japonesa e pela libertação nacional. Mas Chang Kuo-tau, que havia usurpado a direção da Quarta Frente, era pessimista e perdeu a fé no futuro da revolução chinesa. Ele se opôs à marcha ao norte e defendeu a fuga ao sul. O Presidente Mao e o Comitê Central do Partido criticaram sua linha errônea. Em julho, o Exército Vermelho cruzou sucessivamente várias outras montanhas cobertas de neve e chegou a Maoerhkai, onde o Comitê Central do Partido convocou uma reunião do Birô Político em agosto. Após a reunião, a Primeira e a Quarta Frentes avançaram ao norte pelas rotas à esquerda e à direita separadamente. O exército da rota à direita, sob a direção do Presidente Mao, superou o frio severo e a fome, cruzou pântanos desabitados e aniquilou uma divisão inimiga na região de Pahsi, na província de Sichuan. Depois que o exército da rota à esquerda chegou na região de Ahpa, na província de Sichuan, Chang Kuo-tau tomou abertamente o caminho de dividir o Partido e o Exército Vermelho. Ele enganou a Quarta Frente e forçou-a a fugir para a fronteira Sichuan-Sikang (Sikang era anteriormente uma província, mas esta foi abolida em 1955, com seu território a leste do Rio Chinsha incorporado à província de Sichuan e a oeste do rio à Região Autônoma do Tibete) e chegou ao ponto de montar um falso comitê central. O Presidente Mao e o Comitê Central travaram luta resoluta contra a intriga de Chang Kuo-tau e, agindo de acordo com o plano original, dirigiram as forças principais da Primeira Frente na continuação da marcha ao norte. Romperam o Passo Latzukou, uma barreira natural aparentemente intransponível no sul de Kansu, cruzaram a Montanha Liupan (na atual Ningsia) ao leste e chegaram a Wuchichen, no norte de Shensi, em 19 de outubro de 1935, assim triunfantemente unindo forças com o Exército Vermelho do Norte de Shensi e o 25º Exército do Exército Vermelho. Após isso, sob o comando pessoal do Presidente Mao, o Exército Vermelho eliminou uma divisão inimiga e um regimento inimigo em Chihlochen. Esta vitória estabeleceu a pedra angular à tarefa empreendida pelo Comitê Central do Partido em estabelecer a sede nacional da revolução no noroeste da China.
A Segunda Frente do Exército Vermelho, seguindo firmemente a linha do Presidente Mao de marchar ao norte para resistir à agressão japonesa, partiu da Base de Apoio de Hunan-Hupeh-Sichuan-Kueichau em novembro de 1935 e uniu forças com a Quarta Frente na região de Kantzé, na província de Sikang, em junho de 1936. Graças ao guia da linha revolucionária do Presidente Mao, à luta resoluta travada pelos comandantes e combatentes da Quarta Frente e ao apoio e ajuda da Segunda Frente, conquistou-se a vitória sobre a tendência à dúvida e o divisionismo de direita de Chang Kuo-tau, e a Segunda e a Quarta Frentes finalmente chegaram à região de Huining, na província de Kansu, em outubro e 1936, e vitoriosamente uniram forças com a Primeira Frente.
A vitória da Longa Marcha foi uma vitória para a linha revolucionária do Presidente Mao. Teve grande e abrangente significado estratégico e histórico. O Presidente Mao destacou: “A Longa Marcha é a primeira do gênero nos anais da história, …é um manifesto, uma força de propaganda, uma máquina de semear.” “A Longa Marcha terminou com vitória para nós e derrota para o inimigo.” “Uma nova situação surgiu assim que a Longa Marcha terminou.” Sob a sábia direção do Presidente Mao, nosso Partido, nosso exército e o povo de nosso país implementaram a linha revolucionária do Presidente Mao e, nos subsequentes anos de luta, superaram continuamente a interferência e sabotagem por linhas oportunistas, derrotaram fortes inimigos no país e no exterior, conquistaram vitórias na Guerra de Resistência Contra o Japão e na Guerra de Libertação, estabeleceram a República Popular da China sob a ditadura do proletariado e estão avançando bravamente e a largos passos no amplo caminho da revolução e construção socialistas.