Viva os 160 anos da fundação da Associação Internacional dos Operários – AIO! Viva a Primeira Internacional!
Nota do blog: Por ocasião dos 160 anos da fundação da Associação Internacional dos Operários – AIO, a Primeira Internacional (1864-1872), publicamos a tradução de um editorial do periódico “Renmin Ribao” (Diário do Povo) de 24 de setembro de 1964, intitulado “Levantar alto a bandeira revolucionária do marxismo-leninismo: comemorando o centenário da Primeira Internacional”.
A AIO foi a primeira das três Internacionais materializadas na história do Movimento Comunista Internacional. Sua fundação, em 28 de setembro de 1864, durante um comício de operários em Londres, sob a direção pessoal do grande Karl Marx, foi produto do desenvolvimento da luta da classe operária no século XIX e correspondeu à constituição do Partido Comunista Mundial do proletariado. Na luta árdua e no esmagamento das posições pequeno-burguesas de Bakunin, a AIO estabeleceu que há apenas uma doutrina do proletariado: o marxismo. A AIO teve como tanto seu apogeu quanto seu limite histórico o estabelecimento da Comuna de Paris, em 1871, primeira experiência de assalto ao poder pelo proletariado e primeira experiência da ditadura do proletariado que, junto ao seu balanço feito por Marx e aprovado pela Conferência de Londres, representou o marco prático do salto qualitativo que elevou o pensamento marx ao marxismo.
O Congresso de Haia, em 1872, expulsou os anarquistas bakuninistas da AIO, expressando a vitória ideológica do socialismo científico e a derrota completa do anarquismo e do socialismo pequeno-burguês diante do marxismo. Nesta ocasião também decidiu-se pela transferência do Conselho Geral da AIO para Nova Iorque, pois era melhor encerrar suas atividades na Europa do que ser “assassinada pela unidade sem princípios”.
Em síntese, como destaca a Liga Comunista Internacional – LCI em sua “Declaração Política e de Princípios” (grifos nossos): “A Primeira Internacional (…) foi fundada por Marx e Engels em 1864, numa dura luta contra os anarquistas, os blanquistas e outras posições para estabelecer que a ideologia do proletariado era apenas uma – o marxismo – sólida e cientificamente fundada na natureza internacional do proletariado e do seu partido revolucionário, sentou a base ideológica da revolução proletária. Quando a Internacional foi infiltrada e rodeada por oportunistas que tentavam usurpá-la, Marx argumentou que seria melhor acabar com a AIO a vê-la morta por uma unidade sem princípios.”
Para um estudo aprofundado sobre o significado histórico e ideológico-político da AIO, recomendamos a leitura do documento “De Karl Marx ao marxismo – Luta de classes, luta de duas linhas e linha de massas”, de autoria do Núcleo de Estudos do Marxismo-Leninismo-Maoismo, em particular de suas partes 4 e 5.
“Fundada por Marx, a Primeira Internacional existiu de 1864 a 1872, e a derrota dos heroicos operários parisienses da célebre Comuna de Paris assinalou sua falência. Essa inesquecível Internacional se eternizou na história das lutas dos trabalhadores por sua libertação, pois lançou os alicerces da república socialista mundial que estamos tendo a honra de construir.”
V. I. Lenin, “A III Internacional, Comunista”, discurso em março de 1919
Levantar alto a bandeira revolucionária do marxismo-leninismo
– Comemorando o Centenário da Primeira Internacional –
Segue uma tradução do editorial de “Renmin Ribao” de 24 de setembro [de 1964].1
Cem anos atrás, em 28 de setembro de 1864, a primeira organização revolucionária internacional do proletariado, a Associação Internacional dos Operários, foi criada em Londres.
O movimento comunista internacional, desde então, superou todos os obstáculos e desenvolveu-se rapidamente com vitalidade inigualável. O brilho do comunismo iluminou o caminho do progresso da humanidade.
A Primeira Internacional é imortal
Sob a direção de Marx e Engels, a Primeira Internacional integrou estreitamente o socialismo científico com o movimento operário internacional e mapeou a linha correta para a revolução proletária. Influenciada pela Primeira Internacional, a classe operária de Paris organizou uma insurreição armada e estabeleceu a Comuna de Paris, o primeiro regime revolucionário do proletariado na história. Marx e Engels sintetizaram as experiências da Comuna de Paris e enriqueceram a teoria marxista sobre a revolução proletária e a ditadura do proletariado.
Durante todo o período da Primeira Internacional, Marx e Engels travaram uma luta baseada em princípios e intransigente contra o oportunismo e o divisionismo de todos os tons e matizes. Como resultado do sucesso dessa luta, o marxismo tornou-se predominante no movimento operário internacional.
Avaliando a Primeira Internacional, Lenin disse: “Ela não será esquecida, entrará para a história da luta dos operários por sua própria emancipação.” “A Primeira Internacional lançou as bases da luta proletária internacional pelo socialismo.”2
A Segunda Internacional foi fundada em 1889. Durante sua existência, o marxismo foi propagado em uma escala maior e o movimento operário internacional fez maior progresso. Ao mesmo tempo, entretanto, o oportunismo, seduzido pela via legal e parlamentar, alastrou-se dentro dos Partidos de vários países. Engels combateu-o firmemente. Após sua morte, os revisionistas gradualmente usurparam a direção da Segunda Internacional. Como Lenin apontou: “A Segunda Internacional marcou a época da preparação do terreno para uma ampla extensão do movimento entre as massas em uma série de países.”3 “Mas os dirigentes operários na maioria dos Partidos, acomodados aos tempos de paz, perderam a aptidão para a luta revolucionária.” “Eles traíram os operários… tornaram-se inimigos do socialismo, passaram para o lado dos capitalistas.”4
Após a traição dos dirigentes da Segunda Internacional, a importante responsabilidade de defender o proletariado caiu sobre os ombros de Lenin que, herdando as tradições revolucionárias marxistas da Primeira Internacional, demoliu completamente as falácias revisionistas e defendeu e desenvolveu o marxismo com relação a uma série que questões fundamentais quanto à revolução proletária e à ditadura do proletariado.
Mantendo alto a bandeira revolucionária do marxismo, Lenin dirigiu o proletariado russo à vitória da Grande Revolução de Outubro e fundou o primeiro país socialista do mundo. Em março de 1919, marxistas de vários países se reuniram sob a direção de Lenin e fundaram a Terceira Internacional, a saber, a Internacional Comunista, que continuou o trabalho positivo da Segunda Internacional, limpou-a do monturo oportunista, social-chauvinista, burguês e pequeno-burguês, começou a concretizar a ditadura do proletariado e inaugurou uma nova era na história mundial.
Desenvolvendo as tradições revolucionárias da Primeira Internacional e combatendo as tradições reacionárias do revisionismo
A história do movimento comunista internacional nos últimos cem anos prova que o marxismo-leninismo é incompatível com o oportunismo e o revisionismo, e que é no curso da luta constante e vitoriosa do marxismo-leninismo contra todos os tipos de oportunismo e revisionismo que o movimento comunista internacional avança.
A experiência histórica do movimento operário internacional nos diz que reconhecer ou não a revolução violenta como a lei universal da revolução proletária, reconhecer ou não a necessidade de esmagar a velha máquina estatal e substituir a ditadura da burguesia pela ditadura do proletariado, em suma, fazer ou não a revolução e até mesmo se opor à revolução sempre foi o divisor de águas entre o marxismo e todos os tipos de oportunismo e revisionismo e entre os revolucionários proletários e todos os renegados do proletariado.
Quais são as tradições da Primeira Internacional fundada por Marx? Claramente, são as tradições da revolução, as tradições dos operários revolucionários da Comuna de Paris.
Em seu discurso “No Sétimo Aniversário da Internacional”, Marx destacou que “o último movimento foi a Comuna, o maior que já foi feito, e não pode haver duas opiniões sobre isso – a Comuna foi a conquista do poder político pela classe operária.” Ele acrescentou: “Mas antes que tal mudança (a transferência de todos os meios de trabalho para os produtores – editor) pudesse ser efetuada, tornar-se-ia indispensável uma ditadura do proletariado, e a primeira condição para isso era um exército proletário. A classe operária deveria conquistar o direito de se emancipar no campo de batalha. A tarefa da Internacional era organizar e combinar as forças da classe operária para a luta que se aproximava.”5
Quem são os sucessores das tradições revolucionárias da Primeira Internacional e da Comuna de Paris? Sem dúvida, são Lenin, Stalin e todos os outros marxistas-leninistas.
É de conhecimento geral que o leninismo é o marxismo na época do imperialismo e da revolução proletária. A quintessência do leninismo é a revolução proletária e a ditadura do proletariado. Lenin apontou explicitamente: “Só é marxista aquele que estende o reconhecimento da luta de classes ao reconhecimento da ditadura do proletariado.”6
Este princípio avançado por Lenin continua sendo uma verdade incontestável. Agora, como sempre, apenas aqueles que aderem à revolução proletária e à ditadura do proletariado são marxistas-leninistas e combatentes que seguem as tradições revolucionárias da Primeira Internacional.
No período da Primeira Internacional, todos os grupos antimarxistas, os proudhonistas, os bakuninistas, os sindicalistas e os lassallianos, não entenderam nada e nem quiseram entender a experiência e as lições da Comuna de Paris, e todos eles se recusaram a reconhecer a necessidade da classe operária substituir a velha e já esmagada máquina estatal por uma nova. Todos eles afundaram no oportunismo, se tornaram renegados do proletariado e lacaios a serviço dos reacionários burgueses.
Portanto, opondo-se às tradições revolucionárias marxistas da Primeira Internacional, está a tradição oportunista, a tradição de se opor e liquidar a revolução, a tradição dos renegados e a tradição de ser escravo dos reacionários burgueses.
Quem herdou essas tradições? Os revisionistas da velha guarda, como Bernstein, Kautsky e seus semelhantes, e os revisionistas modernos encabeçados por Kruschov.
A traição desses revisionistas ao marxismo e ao proletariado encontra sua expressão concentrada em sua oposição à revolução violenta, à ditadura do proletariado, e em suas súplicas pela transição pacífica do capitalismo para o socialismo. Eles se entregam à ilusão do caminho parlamentar e renunciam à tarefa revolucionária de tomar o poder, transformando o partido proletário em um partido eleitoreiro, um partido parlamentar, um apêndice da burguesia e um instrumento para apoiar a ditadura da burguesia. Os revisionistas modernos também querem liquidar a ditadura do proletariado nos países socialistas e transformar a ditadura do proletariado na ditadura da burguesia.
Ao comemorar o centenário da fundação da Primeira Internacional, devemos levar adiante resolutamente as tradições revolucionárias do marxismo-leninismo e opor-nos às tradições reacionárias do oportunismo e do revisionismo.
Luta entre manter a unidade e criar uma divisão
Desde a fundação da Primeira Internacional, a luta entre a manutenção da unidade e a criação de uma divisão nunca cessou no movimento comunista internacional. Em essência, esta é uma luta entre o marxismo e o oportunismo, entre a adesão ao marxismo e sua traição.
A unidade do movimento comunista internacional é construída com base no marxismo-leninismo e nos princípios revolucionários. A perseverança nos princípios está inseparavelmente ligada à manutenção da unidade. Renunciar aos princípios e conspirar com o oportunismo é uma traição ao marxismo-leninismo.
A história mostra que cada divisão no movimento comunista foi invariavelmente causada pela oposição e traição ao marxismo pelos oportunistas e revisionistas, e por eles abandonarem o espírito do internacionalismo proletário e praticarem o chauvinismo nacional. O divisionismo que condenamos é a ruptura com o marxismo-leninismo, com o partido revolucionário do proletariado, com o proletariado revolucionário e as amplas massas do povo trabalhador.
Os grupos oportunistas no período da Primeira Internacional, e os bakuninistas em particular, eram divisionistas, precisamente porque atacaram violentamente a teoria revolucionária de Marx, tentaram forçar suas próprias pregações fracionistas e conduziram atividades cisionistas contra os marxistas na Internacional. Os revisionistas da Segunda Internacional também eram divisionistas porque enfiaram seu próprio programa revisionista goela abaixo dos partidos operários, usurparam a direção da Internacional e se opuseram aos marxistas-leninistas e às lutas revolucionárias que estes dirigiam. Os revisionistas modernos traíram o marxismo-leninismo e os interesses fundamentais do proletariado e do povo trabalhador. Eles estão empenhados em seguir adiante com sua linha revisionista e estão fazendo tudo o que podem para dividir e desintegrar o campo socialista e interromper a unidade entre os Partidos fraternos. O chefe dos revisionistas modernos é o principal, o divisionista absoluto.
Integrando as verdades universais do marxismo-leninismo com a prática revolucionária
Todas as três Internacionais passaram por seus próprios processos de nascimento, crescimento e dissolução. Elas desempenharam diferentes papéis históricos sob diferentes condições históricas. Mas sob condições em que o movimento comunista internacional se desenvolveu em profundidade e escopo e onde a luta revolucionária em cada país se tornou cada vez mais complexa, tal forma organizacional como a Internacional Comunista, tal direção centralização para o movimento operário internacional, tornou-se desnecessária e impossível.7
Toda a história do movimento comunista internacional mostra que, no que diz respeito aos Partidos Comunistas, o mais importante é que sejam capazes de integrar as verdades universais do marxismo-leninismo com a prática concreta na revolução de seus próprios países, persistir na linha revolucionária do marxismo-leninismo e travar lutas revolucionárias de forma independente. Os Partidos que seguem esta linha serão capazes de dirigir a causa revolucionária do povo em seus próprios países, passo a passo, até a vitória, e de dar grandes contribuições à causa revolucionária do proletariado internacional. E os Partidos que não o fizerem e especialmente aqueles que apenas dançam sob a batuta do revisionismo, só encontrarão dificuldades e trarão retrocessos e derrotas à causa revolucionária.
Hoje, as relações entre os Partidos fraternos só podem ser de independência, igualdade completa, associação mútua e apoio mútuo com base no marxismo-leninismo e no internacionalismo proletário. Questões de interesse mútuo só podem ser resolvidas pela obtenção de um acordo unânime através de consultas com base na igualdade. Esses princípios que governam as relações entre Partidos fraternos foram claramente estipulados há muito tempo na Declaração de 1957 e na Declaração de 1960.8 Somente observando esses princípios a unidade entre os Partidos fraternos pode ser garantida e continuamente fortalecida. O perigo de uma divisão no movimento comunista internacional, provocada unicamente pelos revisionistas modernos, também se manifesta em sua violação grosseira dessas normas, sua imposição da linha revisionista em Partidos fraternos, sua interferência desenfreada nos assuntos internos de Partidos fraternos e suas várias atividades sabotadoras e subversivas contra eles. É imperativo lutar resolutamente contra o revisionismo e o divisionismo modernos se quisermos salvaguardar a unidade do movimento comunista internacional.
As faíscas da revolução acesas por Marx e Engels, os criadores da Primeira Internacional, transformaram-se agora numa conflagração mundial. O movimento comunista internacional tornou-se uma irresistível maré torrencial que promove o progresso constante da causa da emancipação da humanidade. Hoje, os países socialistas onde a classe operária obteve a vitória formaram o poderoso campo socialista, o marxismo-leninismo espalhou-se para todos os continentes e a maioria dos países do mundo tem Partidos Comunistas ou Operários. As forças revolucionárias marxistas-leninistas em vários países estão se fortalecendo e a luta dos povos em todo o mundo, especialmente os movimentos de libertação nacional dos povos da Ásia, África e América Latina, está avançando com o poder de um trovão. Em contraste, o bloco imperialista encabeçado pelos Estados Unidos está enfraquecendo rapidamente e as feições horrendas dos revisionistas modernos que se opõem à revolução estão totalmente expostas. Eles estão ficando cada vez mais isolados e encontrando um estado de coisas cada vez mais difícil conforme passam os dias. Olhando para o passado e para o futuro, vemos diante de nós uma situação formidável. Levantando alto a bandeira revolucionária do marxismo-leninismo e a bandeira da unidade internacionalista do proletariado, e dirigindo os povos revolucionários do mundo, a vanguarda revolucionária do proletariado, que se mantém na linha de frente da luta, está fadada a superar todos os obstáculos no caminho do progresso e levar adiante a causa revolucionária iniciada pela Primeira Internacional até que a vitória final seja alcançada.