A natureza reacionária do espírito de camarilha (Wenhui Bao, 1968)
Nota do blog: Publicamos tradução de um editorial do jornal “Wenhui Bao”, de 12 de janeiro 1968, publicado em Xangai à época da Grande Revolução Cultural Proletária (GRCP) na China (1966-1976). O último artigo que publicamos, Desacreditar absolutamente a mentalidade “deslumbrada”, repudia uma típica expressão do individualismo burguês e pequeno-burguês, a mentalidade de “holofotes”, que caminha lado a lado com a mentalidade do “eu primeiro” e com o espírito de camarilha (ou espírito de “pequeno grupo”). Neste artigo, A natureza reacionária do espírito de camarilha, demonstram-se os danos traiçoeiros do espírito de camarilha, perigo que ainda persiste no seio do movimento revolucionário e que deve ser combatido resolutamente.
A natureza reacionária do espírito de camarilha
Editorial de “Wenhui Bao”,1 12 de janeiro de 1968
O espírito de camarilha burguês e pequeno-burguês pode ser comparado a uma serpente venenosa cuja picada é terrível.
Esta serpente abraçou alguns e os infectou profundamente.
Portanto, é essencial, para despertar a vigilância de todos os revolucionários, enumerar os crimes do espírito de camarilha.
Não põe em prática nem aplica rigorosamente as diretrizes do camarada Mao Tsetung, não escuta a voz do quartel-general do proletariado. Não extrai as diretrizes que necessitamos, desviando assim o foco geral da luta, sacudindo as disposições estratégicas do quartel-general do camarada Mao Tsetung. Tal é o primeiro delito desse espírito. Rechaçar o interesse do povo, do Partido, do Estado, da totalidade, considerando só sua própria tendência. Tal é o segundo crime.
Elimina a linha demarcada entre o inimigo e nós, protege o inimigo de classe: todos aqueles que estão de acordo com “minha” perspectiva são “camaradas”, mesmo que sejam espiões ou traidores. Os que não estão de acordo com “ela”, sejam eles camaradas, são todos inimigos. Esse é o terceiro crime.
Quando se trata de pôr ordem em nossas fileiras (as fileiras da classe operária), se faz na organização oposta; sucede que quando se descobre alguns maus elementos, generalizam imediatamente, se alegram e aproveitam a oportunidade para negar a orientação geral de toda organização revolucionária. Por esse simples fato, não hesita em lutar, em iniciar uma “guerra civil”. Esse é o quarto crime do espírito de camarilha.
A natureza traiçoeira do espírito de camarilha desempenha plenamente seu papel ao mesmo tempo que os envenenados competem pelas “nomeações”, com o fim de ser o “núcleo”. “Eu como o núcleo” é seu slogan, slogan errôneo. A grande aliança revolucionária, não lhes importa, o que necessitam são as “nomeações”. Esse é o quinto crime desse espírito.
Aos seus olhos, o único critério válido para “libertar os quadros”, é: “É conforme os ‘meus’ interesses?” Esse “meus” subsiste, em comparação com o “meu”, que desaparece. É por isso que de repente podem gritar “libertar a todos”, e logo bruscamente declararem “desviar a todos”. Oscilam entre a “esquerda” e a direita, que vão mudando. Tal é o sexto crime.
Para alardear, dizem: “Eu fiz tudo, tudo me pertence”. Esse é o sétimo crime.
Lutar contra o espírito de camarilha pelo espírito de camarilha, isto é, desfrutar da luta contra o espírito de camarilha (dos demais) para aumentar a sua própria. Ao grito de “Abaixo o espírito de camarilha!”, enquanto por detrás: “xx (o nome da organização) vai ganhar!”. Esse é um exemplo e também o oitavo crime do espírito de camarilha.
Aqueles que estão fortemente impregnados do espírito de camarilha podem mudar de um dia para o outro, diante de você dizem uma coisa, por trás dizem outra, no cenário te dão a mão, nos bastidores te dão patadas. Têm um estilo de trabalho de políticos burgueses. Esse é o nono crime.
Aqueles que estão impregnados desse espírito fazem absolutamente tudo para servir os interesses de sua camarilha, aplicando o utilitarismo reacionário. Utilizam inclusive, fora de contexto, citações do camarada Mao Tsetung para atacar o lado oposto. Esse é um estilo de estudo muito ruim, absolutamente inaceitável. Esse é o décimo crime do espírito de camarilha.
Está claro que o espírito de camarilha burguês e pequeno-burguês é um inimigo muito perigoso, escondido nas fileiras revolucionárias; causa a divisão, impede a unidade e desmoraliza. Constitui um perigo para a revolução, sabota a produção, protege o inimigo e suscita as más ações, que têm causado muito dano. Tal inimigo deve ser abatido. O espírito de camarilha burguês e pequeno-burguês, após o início da revolução cultural proletária, é uma das principais armas utilizadas pela burguesia contra o proletariado. Não é uma coincidência.
O método utilizado pelo pequeno grupo para levar o Partido pelo caminho capitalista consiste em esconder-se no seio de uma organização, para tratar as massas revolucionárias como “contrarrevolucionários” em quebra; na economia, a conspiração do economicismo reacionário também foi descoberta; portanto, só lhes resta apoiar o espírito de camarilha burguês e pequeno-burguês: esse fantasma. Cavando aos poucos, foram entrando em nossas fileiras. Lenin já o disse: “os políticos do movimento operário pertencentes à tendência oportunista são melhores defensores da burguesia que os próprios burgueses”. O espírito de camarilha serve como força de choque para o pequeno grupo de autoridades que, no Partido, está comprometido com o caminho capitalista. Alguns de nossos camaradas são egoístas. O egoísmo e o espírito de camarilha são a mesma coisa: uma vez que apertam as mãos, eles se unem.
Tornaram-se prisioneiros da burguesia e da pequena-burguesia, nossos camaradas se deixam levar pelo inimigo de classe, pensando que sua “direção geral é justa”.
O espírito de camarilha burguês e pequeno-burguês é de natureza reacionária. Todo aquele que vai contra a corrente da revolução é reacionário. O fogo da revolução cultural proletária avança e o espírito de camarilha reacionária, de tendência ideológica reacionária, tende a impedi-lo, não é isso reacionário?
Por toda parte há oportunistas que tentam contê-la, mas não conseguem. “Tudo o que é reacionário será arrastado pelo curso da revolução”.
Ao mesmo tempo, o espírito de camarilha engana. Os camaradas que se deixam levar, não podem persistir, precisam tomar consciência o mais rápido possível, esfregar os olhos para ver e voltar a ser ponta de lança para denunciar esse espírito.
Nosso grande líder, o camarada Mao Tsetung, dirige a arma da revolução cultural proletária; a única tendência é a dos revolucionários proletários, o único espírito é o espírito proletário do Partido.
É por isso que apoiamos esse espírito, guia de todas as nossas ações, que nos ajuda a seguir o camarada Mao Tsetung e a avançar na tormenta.
Pôr abaixo o espírito de camarilha! Monstro de sinistros tentáculos! Revolucionários proletários, uni-vos!