Desacreditar completamente a mentalidade “deslumbrada” (Wenhui Bao, 1967)

Nota do blog: Apresentamos a nossos leitores a tradução de um artigo publicado no jornal “Wenhui Bao”, em 1967, na época da Comuna de Xangai, um dos pontos mais altos da Grande Revolução Cultural Proletária (GRCP), quando a tomada de poder contra os revisionistas e a restauração capitalista foi aplicada na prática, inclusive com luta armada, comprovando a justeza da linha vermelha do Presidente Mao Tsetung e dos seguidores do caminho socialista. Este documento foi republicado no capítulo 6 (“Espírito do Comunismo”) do livro China Popular: experimentação social, política, entrada no cenário mundial, 1966 a 1972, de David Milton, Nancy Milton e Franz Schumann, em 1974.

Após a Tempestade de Janeiro, os seguidores do caminho capitalista (zu zi pai) que haviam usurpado o Comitê Municipal de Xangai foram derrotados e a classe operária, sob direção dos grandes quadros maoistas Chang Chun-chao e Yao Wen-yuan, tomou do poder, assumindo a direção das fábricas, jornais, universidades, escolas e outras organizações. Nesse contexto, formou-se a Comuna de Xangai, composta por 38 organizações rebeldes – posteriormente, mais 20 se juntaram –, unidas pela magistral fórmula das grandes alianças entre organizações revolucionárias. Assim, a necessidade de tomar do poder contra os revisionistas que assaltaram o Partido foi posta na ordem do dia de toda a nação, mobilizando as amplas massas para continuar a revolução sob a ditadura do proletariado.

Em Xangai, o jornal “Wenhui Bao”, a partir de 4 de janeiro de 1967, passou a estar sob a orientação política do quartel-general maoista, particularmente de Chang Chun-chao, tornando-se um real jornal revolucionário proletário e publicando importantes artigos e editoriais de orientação ideológica e política aos quadros comunistas e revolucionários proletários. Este documento em particular, Desacreditar completamente a mentalidade “deslumbrada, repudia uma típica expressão do individualismo burguês e pequeno-burguês, da concepção de mundo da burguesia, na qual o indivíduo prevalece em relação ao coletivo. Não obstante, a mentalidade “deslumbrada, ou mentalidade de “holofotes” – que muitos confundem com heroísmo revolucionário, este sim com essência coletivista –, caminha lado a lado com a mentalidade do “eu primeiro” e o espírito de “pequeno grupo” (camarilha).

“Três reconciliações, uma redução. Três indivíduos, um contrato. Agremiação de três”. Pôster de 1967 que retrata Liu Shao-chi, Kruschov e Teng Siao-ping.

Desacreditar completamente a mentalidade “deslumbrada”

“Wenhui Bao”,1 6 de março de 1967
SCMP2 nº 3897

A mentalidade “deslumbrada” é outro inimigo que confronta os revolucionários proletários. Na atual e nova situação, esse inimigo perigoso deve ser derrubado para lograr grandes alianças de acordo com as unidades, departamentos e sistemas de trabalho.

A mentalidade “deslumbrada” encontra expressão em muitas formas. Exemplos:

  • A menos que eu assuma o comando da tarefa, não faremos grandes alianças3 nem tomaremos o poder.
  • Onde houver uma chance de impressionar, colocaremos nosso nome lá; onde houver holofotes, estaremos lá também.
  • Não falaremos a menos que possamos dizer algo sensacional.
  • Quanto menor o número de pessoas participando de determinado trabalho, melhor.
  • Se tomares uma fortaleza na montanha, eu tomarei uma ainda maior.

Aqueles que estão impregnados da mentalidade “deslumbrada” são invariavelmente obcecados com a mentalidade do “eu primeiro” e a mentalidade de “pequeno grupo” [camarilha], sendo uma típica expressão do individualismo. Numa crítica contundente àqueles dominados pela mentalidade “deslumbrada”, o Presidente Mao disse: “O que pretende essa gente? Procuram fama e posição e querem estar sempre no centro das atenções. Sempre que são colocadas no comando de um ramo do trabalho, elas afirmam sua independência. Com tal propósito, elas atraem algumas pessoas, rechaçam ou expulsam outras e recorrem à presunção, bajulação e confidências entre os camaradas, introduzindo assim o estilo vulgar dos partidos políticos burgueses no Partido Comunista”.

Aqueles que são obcecados com a mentalidade “deslumbrada” nada sabem sobre a Grande Revolução Cultural Proletária. Levantam-se em rebelião com fins exclusivamente egoístas, pois são a favor da concepção de mundo da burguesia.

A mentalidade “deslumbrada” desfere golpes diretos à grande aliança de revolucionários proletários. Aqueles interessados apenas em dar proeminência aos seus pequenos grupos inevitavelmente rejeitarão outras organizações revolucionárias. Se eles abraçarem a doutrina do “eu primeiro”, naturalmente atacarão os outros. Querem apenas fazer as coisas que lhes darão crédito e insistem em lidar com os trabalhos que os colocam no centro das atenções. Assim, estão fadados a ignorar os interesses revolucionários do proletariado e se colocar em oposição a outras organizações revolucionárias. Quando a mentalidade “deslumbrada” é encontrada numa organização revolucionária, os seus membros, por assim dizer, ficam com os olhos cheios de grãos de areia. Se isso não for corrigido, pessoas com grãos de areia nos olhos podem perder a visão, eventualmente se encontrando no mesmo transe que um cego montado na sela de um cavalo cego aproximando-se de um profundo pântano no meio da noite.

Não conhecemos casos em que algumas organizações seriamente obcecadas pela “mentalidade deslumbrada” não hesitaram em se envolver em especulações políticas? Para surpreender os outros, no calor do momento, algumas pessoas chegaram a bombardear o Grupo da Revolução Cultural do Comitê Central do Partido Comunista da China e os quartéis-generais do proletariado, cometendo assim graves erros. Não deveríamos ser sérios em apreender com essa dolorosa lição?

Ao defender sua mentalidade “deslumbrada”, algumas pessoas frequentemente confundem essa forma de mentalidade com heroísmo revolucionário. Na verdade, não há nada em comum entre ambos, pois a essência do primeiro é o individualismo, enquanto a do último é o coletivismo. Em benefício dos seus próprios interesses pessoais, aqueles que são dominados pela mentalidade “deslumbrada” estendem suas mãos tanto quanto podem. Mas quando a revolução lhes exige que renunciem às suas ambições pessoais, tornam-se tão tímidos que, por vezes, até convertem-se em desertores.

Por outro lado, o heroísmo revolucionário promove o espírito de atacar e tomar fortalezas inimigas para a revolução e gera grande coragem quando os interesses do Partido estão em jogo, a ponto de sacrificar tudo o que se tem. Aqueles que defendem o heroísmo revolucionário tornam-se autênticos revolucionários proletários, enquanto aqueles impregnados da mentalidade “deslumbrada” jamais compreenderão o que significa heroísmo revolucionário.

Em unidades de trabalho que concluíram a tomada do poder, os revolucionários que exercem o poder devem se proteger ainda mais contra o surgimento da mentalidade “deslumbrada”. Isso porque o povo nos aclamará em nosso momento de vitória, o que fornece às ideias burguesas uma boa oportunidade para nos influenciar e corromper. Em tal momento, jamais devemos nos sentir exultantes nem permitir que o egoísmo inche nossas cabeças. Pois se formos atingidos pela bomba da mentalidade “deslumbrada”, afundaremos em meio ao monte de elogios que são lançados por aqueles com segundas intenções, ou seguiremos inconscientemente os passos dos burgueses detentores do poder e trilharemos ladeira abaixo pelo caminho errado.

A pequena burguesia e a burguesia constituem a base social da mentalidade “deslumbrada”. Isso ocorre porque a velha China era densamente povoada e, nesse sentido, dominada pela pequena burguesia. Portanto, para desacreditar por completo a mentalidade “deslumbrada”, temos que travar uma árdua luta. Na atual Grande Revolução Cultural, nosso objetivo definitivo é varrer completamente todos os “ismos” burgueses e pequeno-burgueses. Já que a mentalidade “deslumbrada” veio à tona durante este grande período revolucionário, devemos aproveitar a oportunidade para unir todos os revolucionários proletários e extirpá-la de uma vez por todas.

Atualmente, muitas organizações revolucionárias de Xangai estão tomando medidas para se retificar. Um vasto número de camaradas está considerando maneiras de se conformar às necessidades da nova situação e energicamente colocando as organizações revolucionárias em boa ordem. Estão estudando os meios de reagrupar as fileiras revolucionárias de baixo para cima, de acordo com as unidades, departamentos e sistemas de trabalho – dessa forma, forjando mais amplamente grandes alianças tomando a esquerda como núcleo. Como essas organizações de caráter municipal em breve cumprirão suas tarefas históricas, os seus responsáveis devem proceder, com ardor e energia, a forjar novas grandes alianças sob a nova situação.

Será muito perigoso para essas pessoas continuarem acalentando a mentalidade “deslumbrada” e se entrincheirarem em suas “fortalezas de montanhas” originais sem qualquer pensamento de desistir de suas posições. Esperamos que todos os nossos camaradas de armas que estão nas fileiras dos proletários revolucionários se examinem para descobrir se a mentalidade “deslumbrada” é encontrada nas organizações revolucionárias. Se for, devemos desacreditá-la resolutamente!