Servir o Povo (Mao Tsetung, 1944) — Os “Três Artigos Permanentes” (Parte I)

Nota do blog: Dando continuidade à série de publicações iniciada com o documento Máximas para os Revolucionários — Os ‘Três Artigos Permanentes‘”, publicamos a magistral obra Servir o Povo do Presidente Mao Tsetung, seguida da tradução não oficial de um estudo originalmente veiculado no Diário do Exército Popular de Libertação da China (“Jiefangjun Bao”, 30 de novembro de 1966), republicado na revista Pequim Informa (“Peking Review”, Vol. 10, #2, 6 de janeiro de 1967, p. 9-13). Como já havíamos destacado, os “três artigos permanentes” do Presidente Mao Tsetung são obras de imensurável valor político-ideológico e máximas para os comunistas e revolucionários de todo o mundo, que devem lê-los e estudá-los constantemente e aplicá-los em sua prática revolucionária concreta. Em sequência, também serão publicadas as obras “À Memória de Norman Bethune” e “Como Yukong Removeu as Montanhas”.

Nós sempre estudaremos os “Três Artigos Permanentes”, 1967

Servir o Povo

Mao Tsetung

8 de setembro de 19441

Nosso Partido Comunista, assim como o VIII Exército e o Novo 4º Corpo de Exército dirigidos pelo Partido, são destacamentos da revolução. Estes destacamentos nossos estão dedicados por inteiro à libertação do povo e trabalham totalmente pelos interesses do povo. O camarada Chang Si-te2 era um dos combatentes destes destacamentos.

Todos os homens têm de morrer, porém a morte pode ter distintos significados. O antigo escritor chinês Sima Chien dizia: “Ainda que a morte chega a todos, pode ter mais peso que o monte Taishan ou menos que uma pena”3. Morrer pelos interesses do povo tem mais peso que o monte Taishan; servir aos fascistas e morrer pelos que exploram e oprimem o povo tem menos peso que uma pena. O camarada Chang Si-te morreu pelos interesses do povo, e sua morte tem mais peso que o monte Taishan.

Servimos o povo e por isso não tememos que nos apontem e critiquem os defeitos que tenhamos. Seja quem for, pode aponta-nos. Se tiver razão, os corrigiremos. Se o que propõe beneficia o povo, atuaremos de acordo com ele. A ideia de “menos tropas, porém melhores e uma administração mais simples”4 foi formulada pelo senhor Li Ting-ming5, que não é membro de nosso Partido. Fez uma boa sugestão, benéfica pro povo, e a adotamos. Se em prol dos interesses do povo, persistimos no que é justo e corrigimos o que haja de errado, nossos destacamentos prosperarão.

Viemos de todos os rincões do país e nos une um objetivo revolucionário comum. Devemos marchar junto com a vasta maioria do povo pelo caminho para este objetivo. Na atualidade dirigimos já bases de apoio com uma população de 91 milhões6, porém isto não é suficiente, se requer mais para libertar a toda nação. Em tempos difíceis, devemos ter presente nossos êxitos, ver nossa brilhante perspectiva e aumentar nossa coragem. O povo chinês está sofrendo; é nossa obrigação salvá-lo, e devemos lutar com energia. Ali donde há luta, há sacrifícios, e a morte é coisa frequente. Porém, para nós, que temos a mente posta nos interesses do povo e nos sofrimentos da imensa maioria, morrer pelo povo é a morte digna. Não obstante, devemos reduzir ao mínimo os sacrifícios não necessários. Nossos quadros devem preocupar-se por cada soldado, e nas fileiras revolucionárias todos devem cuidar entre si, ter afeto e ajudar-se mutuamente.

De agora em diante, quando morra alguém de nossas fileiras que tenha feito algo útil, seja cozinheiro ou soldado, celebraremos seus funerais e uma reunião para honrar sua memória. Isto deve converter-se em norma. Também há que introduzi-lo entre o povo. Quando morra alguém numa aldeia, que se celebre uma reunião em sua memória. Desta maneira expressamos nosso pesar e contribuímos com a unidade de todo o povo.


Estudar “Servir o Povo”

Este material foi publicado pelo “Jiefangjun Bao” (Diário do Exército Popular de Libertação) em 30 de novembro [de 1966] como um guia para auxiliar quadros e combatentes das companhias do EPL no estudo de “Servir o Povo” do Presidente Mao. – Ed.

Servir o Povo foi um discurso pronunciado pelo Presidente Mao num ato em memória do camarada Chang Si-te em 8 de setembro de 1944.

O camarada Chang Si-te nasceu em 1915 em Lujechang, distrito de Yilong, província [estado] de Sechuán. Sua família composta por quatro membros, era uma família de camponeses pobres. Tanto seu pai como seu irmão mais velho morreram por esgotamento, trabalhando para os latifundiários. Tinha somente sete meses quando sua mãe morreu em consequência de uma enfermidade e o foi levado a viver com uma tia chamada Liu Guang-you. A tia era muito pobre e Chang Si-te se viu obrigado a trabalhar para um latifundiário desde os 12 ou 13 anos de idade. Se incorporou ao Exército Vermelho em agosto de 1933 e nesse mesmo ano foi admitido na Liga da Juventude Comunista. Mais tarde ingressou ao Partido Comunista de China. Fez a Longa Marcha de 25.000 li [12.500 km] e foi ferido em combate. Ao morrer era combatente do Regimento de Guardas do Comitê Central do Partido Comunista de China. O camarada Chang Si-te foi sempre leal ao partido e ao povo, trabalhou diligentemente, nunca se esquivou dos rigores, do perigo ou as dificuldades, mostrando as boas qualidades de membro do Partido Comunista e de combatente revolucionário. O 5 de setembro de 1944, enquanto fazia carvão de lenha nas montanhas do distrito de Ansai, no norte de Shensí, morreu no súbito desmoronamento de um forno. Para honrar a memória do camarada Chang Si-te os organismos diretamente subordinados ao Comitê Central do Partido Comunista de China celebraram uma reunião. O Presidente Mao pessoalmente escreveu a inscrição “Saudamos o camarada Chang Si-te que morreu pelos interesses do povo” e pronunciou na reunião este famoso discurso Servir o Povo.

Servir o Povo é uma grande obra de elevado nível ideológico para a educação comunista altamente convincente; é a leitura obrigatória básica para os revolucionários na transformação de sua ideologia e no estabelecimento da concepção proletária de mundo. Breve e escrita num estilo popular, seu conteúdo é extremamente rico e penetrante. Por mais de 20 anos, os grandes conceitos incluídos neste artigo veio jogando e jogam um papel incomparavelmente grande na elevação da consciência de classe das grandes massas de quadros e combatentes e na mudança da fisionomia espiritual do povo. Pessoas destacadas tais como Lei Feng, Ouyang Jai, Wang Chie, Chiao Yu-lu, Mai Sien-te, Lin Ying-chun e Tsai Yong-siang e unidades móveis tais como a Boa Oitava Companhia, a Firme Sexta Companhia, a Nona Companhia Vermelha, a Equipe de Perfuração 32111, foram nutridos pelo conceito de servir o povo, desenvolvido neste artigo. As massas de mandos e combatentes do Exército Popular de Libertação e centenas de milhões de revolucionários tiraram deste artigo uma infinita força espiritual que se converteu numa formidável força material para transformar o mundo, dando assim um vigor enorme à construção do EPL e um poderoso impulso à causa da revolução e a construção socialista da China.

O conceito de servir inteira e totalmente o povo, contido nesta grandiosa obra é o núcleo da concepção comunista do mundo. Nós, os combatentes revolucionários, devemos estudar uma e outra vez Servir o Povo; a todo momento devemos examinarmo-nos e impulsionarmo-nos com o espírito de servir “inteiramente”, “totalmente” o povo, exposto neste artigo, e devemos transformarmo-nos nas novas pessoas do comunismo, sucessor da causa revolucionária proletária que serve de todo o coração o povo chinês e aos povos do mundo.

A presente Grande Revolução Cultural Proletária é no fundamental uma grandiosa revolução destinada adestruir o conceito de “o privado” que tem sustentado todas as classes exploradoras nos últimos milênios e fomentar o conceito socialista de dedicação no interesse público, uma grande revolução destinada a remodelar a alma das pessoas. O conceito de servir inteira e totalmente o povo, exposto pelo Presidente Mao neste artigo, é a poderosa arma ideológica para erradicar o conceito do privado, promover o conceito do público e remodelar as pessoas até ao mais profundo de sua alma. Temos de estudar conscientemente esta grandiosa obra, tomar os conceitos contidos nela como arma para destruir radicalmente o conceito do interesse pessoal próprio de todas as classes exploradoras, fazer mais revolucionária nossa ideologia e cumprir resolutamente com a magna tarefa histórica da Grande Revolução Cultural Proletária.

Ao estudar este grande artigo devemos prestar especial atenção aos seguintes problemas:

1. Destruir o conceito do privado e promover o do público, servir o povo inteira e totalmente

O Presidente Mao tem dito: “Nosso Partido Comunista, assim como o VIII Exército e o Novo 4º Corpo de Exército dirigidos pelo Partido, são destacamentos da revolução. Estes destacamentos nossos estão dedicados por inteiro à libertação do povo e trabalham totalmente pelos interesses do povo”. (Servir o Povo. A menos que se especifique, todas as citações do Presidente Mao no presente artigo são tiradas de Servir o Povo).

Nosso Partido luta pela completa emancipação do proletariado. O proletariado não somente se emancipará a si mesmo, senão que emancipará a toda a humanidade. Se não pode emancipar a toda a humanidade, o proletariado não poderá alcançar sua libertação definitiva. O povo é a força motriz que faz a história mundial, o fator principal para a revolução e o dono da sociedade. Portanto, servir aos interesses do povo é o ponto de partida em todo o trabalho de nosso Partido. O Presidente Mao nos tem ensinado: “Servir de todo coração o povo, sem nos apartar das massas nem por um instante; partir em cada caso dos interesses do povo enão dos interesses de nenhum indivíduo ou pequeno grupo, e identificar nossa responsabilidade ante o povo com nossa responsabilidade ante os organismos dirigentes do Partido: tal é nosso ponto de partida”. (Sobre o governo de coalizão).

Nosso exército é um corpo armado destinado a realizar tarefas revolucionárias sob a direção absoluta do Partido; é um exército popular procedente do povo, para servir o povo. O Presidente Mao apontou: “O único propósito deste exército é manter-se firmemente junto ao povo chinês e servi-lo de todo coração”. (Sobre o governo de coalizão).

Servir inteira e totalmente o povo constitui a essência revolucionária de nosso Partido e nosso exército e também uma qualidade que todo revolucionário deve possuir. Para servir inteira e totalmente o povo, o problema fundamental radica em destruir o conceito do privado e promover o do público.

Trabalhar pelo privado significa pensar sempre em si mesmo, tomar somente em conta o “eu”, lutar pela fama, o lucro, o poder, pela posição e por brilhar, esquecendo o conjunto, a sociedade, aos 700 milhões de seres do povo chinês e aos milhares de milhões de seres dos povos do mundo. Trabalhar pelo público significa não buscar fama e lucro, não temer nem as penalidades nem a morte, dedicar-se totalmente aos demais sem a menor preocupação por si mesmo, trabalhar com alma e vida pela Revolução e o povo, e servir sinceramente o povo chinês e aos povos do mundo. Trabalhar pelo privado e trabalhar pelo público representam duas concepções do mundo diametralmente opostas: a concepção burguesa do mundo e a concepção proletária. Quando dois exércitos se trançam em batalha, um dos dois deve ganhar. Se um deles não pode vencer ao outro, cairá derrotado. A atual Grande Revolução Cultural Proletária é, essencialmente falando, uma luta aguda entre essas duas concepções do mundo; é uma grande revolução ideológica destinada a destruir o velho estabelecer o novo, a destruir o conceito de privado e promover o de público. Nesta grande revolução que chega à alma mesma das pessoas, cada um de nossos camaradas revolucionários deve passar exitosamente à prova, permanecer na vanguarda da luta, fazer conscientemente a revolução no profundo de sua alma, travar lutas resolutas para erradicar as ideias burguesas e fomentar as ideias proletárias e destruir o conceito de privado e promover o conceito de público, fazer com que o maoismo ocupe plenamente a mente de cada um deles, e varrer totalmente as ideias burguesas de trabalhar pelo privado.

Para destruir o conceito de privado e promover o de público é necessário tratar corretamente as relaciones entre os interesses da revolução e os interesses pessoais. Esta é uma linha de demarcação para distinguir entre os camaradas que servem o povo inteira e totalmente e os que o servem com algumas reservas ou a meias. Para servir o povo inteira e totalmente devemos acima de tudo os interesses da revolução, do povo e da libertação de toda a humanidade. Os interesses pessoais devem estar incondicionalmente subordinados aos interesses da revolução. O Presidente Mao nos ensinou: “Em nenhum momento e sob nenhuma circunstância, pode o comunista por em primeiro lugar seus interesses pessoais; ao contrário, deve subordiná-los aos interesses da nação das massas populares”. (O papel do Partido Comunista da China na guerra nacional).Alguns camaradas escolhem entre diferentes trabalhos, desejam fazer o trabalho que lhes dá o maior salário e condições mais favoráveis, e rechaçam o que não oferece isto. Agrada-lhes fazer o trabalho que coincide com suas próprias aspirações, porém não o que vai contra elas. Gosta de fazer um trabalho que lhes traga fama, e não o que não lhe possa dá-lo. Em poucas palavras, colocam os interesses pessoais em primeiro lugar. Isto nada tem a ver com o conceito de servir inteira e totalmente o povo. A experiência adquirida por muitas pessoas demonstra que quando a pessoa pensa só em si mesma se torna mesquinha e de mente obtusa, e quando pensa totalmente na revolução se transforma em perspicaz e de mente ampla.

O Presidente Mao disse: “Todos nós, os quadros, em qualquer ponto que estivermos, somos servidores do povo e tudo o que fazemos é para servir o povo. Como, então, podemos estar relutantes em nos livrar de nossas deficiências?” (As tarefas para 1945). Entre as diferentes categorias de trabalho revolucionário, só existe uma divisão de trabalho. Não existem diferenças tais como altas ou baixas, nobres ou humilhantes. O trabalho, em todo ofício e profissão, é componente indispensável de toda a causa revolucionária. Ao tomar uma atitude correta para com nosso trabalho todos poderemos fazer contribuições valiosas ao povo e nosso trabalho terá significado e futuro. É um bom camarada aquele que está disposto a fazer o trabalho que o partido o peça, sem reparar na categoria, no cargo ou nas condições e o faz contente e com grande entusiasmo sempre que o trabalho seja necessário para o Partido e o povo. Mais de uma década depois de ter ingressado no exército, Chang Si-te sentia-se feliz de ser soldado e cumpria o trabalho de fazer carvão de lenha como uma importante tarefa encomendada pelo Partido. Merecia ser considerado como um servidor leal do povo. Lei Feng disse: “Toda tarefa dos comunistas consiste em servir de todo coração o povo”. Gostava de qualquer trabalho que lhe tocasse e nele especializava-se. Punha brilho em tudo o que fazia. Wang Chie disse: “Qual é o ideal? É levar a revolução até o fim. Qual é o futuro? É a causa revolucionária. O que é a felicidade? É servir o povo”. Cada um de nossos camaradas deve seguir seu exemplo, descartar as ideias egoístas, trabalhar com toda a alma e de forma diligente em qualquer posto, permanecer sempre no lugar que o Partido atribua e tornar-se um brilhante pedaço que nunca falha da máquina revolucionária.

2. Viver pelo povo, morrer pelo povo

O Presidente Mao disse: “Todo homem tem de morrer um dia, mas nem todas as mortes têm o mesmo significado. Sem-a Tsien, escritor da China antiga, dizia: Embora a morte colha a todos igualmente, a morte de alguns tem mais peso que o monte Taishan, enquanto que a de outros pesa menos que uma pena”. Disse também: “O povo chinês sofre é nosso dever arrancá-lo dessa situação, razão pela qual devemos lutar com todas as nossas forças. Onde há luta há sacrifício e a morte é coisa frequente. Mas nós trazemos no peito os interesses do povo, morrer por este é dar, pois, à morte toda a sua dignidade. Contudo, há que reduzir ao mínimo os sacrifícios desnecessários”. O Presidente Mao nos mostra aqui a atitude básica que deve tomar um revolucionário perante a questão da vida e da morte. Nosso Partido é um Partido revolucionário e o nosso exército um exército revolucionário. Para fazer a revolução, inevitavelmente, há que se pagar um preço e fazer sacrifícios.

O amargo sacrifício fortalece a determinação audaz e ela se atreve a fazer com que o sol e a lua iluminem novos céus”. (Do poema Visitar de novo Shaoshan, do Presidente Mao).

O Presidente Mao também disse: “Por acaso, acovardar-se-iam os chineses diante as dificuldades, quando não temem nem a morte?” (Adeus a Leighton Stuart). Ao não temer a morte, nada existe no mundo que possa nos intimidar, pelo contrário, seremos nós que varreremos a todos os monstros e demônios do mundo. Os revisionistas contemporâneos, partindo de seu temor à morte e seu desejo de sobreviver a qualquer preço, têm anulado a revolução, traindo totalmente a causa revolucionária do proletariado. É necessário superar muitas provas para demonstrar se uma pessoa é autenticamente ou falsamente revolucionária, se trabalha verdadeira ou falsamente para o povo. E, de todas as provas, a mais rigorosa, a mais severa e dura é a se pode ou não morrer valentemente quando o exija os interesses do povo.

Nossos incontáveis mártires revolucionários, que têm ofertado satisfeitos as suas vidas pelos interesses do povo, constituem brilhantes exemplos para nós. Suas mortes têm significado a vida para muitas pessoas e a libertação para as grandes massas populares. Suas mortes têm mais peso do que o monte Taishan, eles viverão eternamente no coração do povo. Liu Ju-Ian não cedeu diante das dificuldades ou perigos e morreu gloriosamente frente ao feroz inimigo pela causa da libertação do povo. O Presidente Mao escreveu uma inscrição para ela que diz: “Sua vida foi grandiosa, sua morte plena de glória”. Este foi um pleno chamamento para que cada um de nossos camaradas siga o exemplo de Liu Ju-Ian: viver e morrer pelo povo. É a melhor máxima para que todos nossos camaradas tratem corretamente da questão da vida e morte.

Somente quando se é abnegado pode-se ser intrépido. Só quando se serve de todo coração o povo se pode chegar a ter a maior coragem. Foi precisamente por causa de sua entrega total à revolução, ao povo e ao interesse público que nossos incontáveis mártires revolucionários foram capazes de chegar a ser intrépidos, valorosos e destemidos diante da morte. Ouyang Jai se expressou assim: “Se se quer que cada um de nós ofereça sua vida pelos ideais comunistas, devemos e podemos fazer sem ficar pálidos e sem que que nosso coração palpite de medo”. Wang Chie disse: “Pelo povo que sofre eu morreria satisfeito e, ainda que tenha de escalar uma montanha de espadas e atravessar um mar de fogo, jamais mudarei meu modo de pensar”. E Tsai Yong-siang manifestou-se da seguinte maneira: “Igual ao camarada Norman Bethune, é preciso dedicar todas suas energias e entregar sua vida a causa da libertação da humanidade e do comunismo”. Estas afirmações demonstram que não foi acidentalmente que eles tiveram o espírito de entregarem suas vidas valentemente. A razão é porque se armaram incessantemente com o Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo] e estabeleceram em si mesmos a concepção proletária do mundo em condições normais. Como uma pessoa que só vive para si mesmo e em cada caso teme antes de tudo por si mesmo, poderia oferecer a sua vida e derramar o seu sangue pelo bem do povo? Esta gente, quando se encontra em dificuldades na luta revolucionária veem a escuridão ao seu redor, tornam-se pessimistas, titubeiam e, inclusive, traem a revolução. Somente as pessoas armadas com o Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo], que possuem sólida convicção de que a vitória pertence definitivamente ao povo e que servem a este de corpo e alma podem, em qualquer momento difícil, ver o êxito e a brilhante perspectiva, lutar contra as dificuldades com uma ousadia ilimitada e oferecer valorosamente suas vidas, atrevendo-se a escalar as montanhas farpadas de espadas e atravessar mares de fogo quando os interesses do povo o exijam. Em uma palavra, só aqueles que superam com valentia as provas em momentos normais, podem permanecer firmes diante às dificuldades em momentos críticos.

O fato de defendermos a coragem e o espírito de não temer sacrifícios definitivamente não significa que não devemos valorizar nossas vidas. Pelo contrário, para lutar pelos interesses do povo, devemos prestar atenção à segurança e à saúde e tentar nosso máximo para evitar sacrifícios sem sentido. Isso é absolutamente diferente do medo da morte ou da falta de coragem.

3. Pelos interesses do povo, persistir no justo e corrigir o errado

O Presidente Mao disse: “Servimos o povo e por isso não tememos que nos assinalem e critiquem os defeitos que tenhamos. Qualquer um, seja quem for, pode apontar nossos defeitos. Se tens razão, os corrigiremos. Se o que propõe beneficia ao povo, atuaremos de acordo com isso… Se, nos interesses do povo, persistirmos no que é justo e corrigirmos o que está errado, nossos destacamentos prosperarão”. O Presidente Mao demonstra aqui a atitude básica de um combatente revolucionário proletário diante a crítica e a autocrítica, isto é, em benefício dos interesses do povo, perseverar no que é justo e corrigir o que está errado.

A prática conscienciosa da autocrítica é um dos traços notáveis que diferenciam o nosso Partido dos demais partidos políticos. O correto e consequente estilo de trabalho de nosso Partido consiste em realizar, conscientemente, a crítica e a autocrítica. Por meio da crítica e da autocrítica o nosso Partido é capaz de superar constantemente todos os defeitos e erros que não correspondam aos interesses do povo, resistir a corrupção proveniente das ideais burguesas e lograr uma unidade e consolidação verdadeiras. Assim, podemos obter o respaldo e apoio das amplas massas e fazer avançar constantemente nossa causa revolucionária.

A capacidade de nós comunistas em apresentar conscientemente a crítica e autocrítica tem como base ideológica servir o povo de todo coração. Como há 20 anos demonstrou o Presidente Mao: “Os comunistas chineses, quem em todas nossas ações partimos dos interesses supremos das grandes massas do povo chinês, estamos convencidos da completa justeza de nossa causa, não nos deteremos ante nenhum sacrifício pessoal e estamos dispostos em todo momento a dar nossas vidas por esta causa, como poderíamos então ser refratários em nos desprendermos de ideias, pontos de vista, opiniões ou métodos que não correspondem as ideais do povo? Como poderíamos alegrarmos de que a poeira e micróbios políticos encubram nossos rostos limpos e infectem nossos corpos sadios?” (Sobre o governo de coalizão). Se queremos cumprir esta importante instrução do Presidente Mao e desenvolver conscientemente a crítica e a autocrítica devemos levar sempre no coração a causa revolucionária e os interesses do Partido e do povo e descartar todas as considerações de lucro ou perdas pessoais. Deste modo, possuiremos uma mente ampla e perspicaz e realmente perseveraremos no que é justo e corrigiremos o errôneo na defesa dos interesses do povo.

Se alguém põe sempre o “eu” acima de todas as coisas e se preocupa pelo lucro ou percas pessoais, é incapaz de conhecer bem os seus próprios defeitos e erros e de tomar uma atitude correta para com todo tipo de críticas e sugestões. Com relação aos seus defeitos, não atua da forma que corresponde a “não temer que nos apontem e critiquem os defeitos que tenhamos”, mas, pelo contrário, teme uma infinidade de coisas: teme perder “fama” e “prestígio”, teme suportar responsabilidades, colocar em risco os seus interesses, etc. Como resultado, não supera seus defeitos, não corrige os seus erros e, portanto, prejudica o Partido, o povo e a si mesmo. Esta pessoa não trata os demais como iguais e, perante os seus próprios defeitos, não age conforme o ensinamento “qualquer um, seja quem for, pode apontar nossos defeitos”, no lugar disso, sua atitude diante à crítica varia de acordo com as pessoas que as formula: aceita satisfeito a critica daqueles que ocupam altos postos, mas se sente aborrecido pela dos que estão abaixo dele; aceita satisfeito a crítica daqueles cuja opinião concorda com a sua e rechaça a dos que discordam dele; aceita satisfeito a crítica dos camaradas avançados e recusa ser criticado pelos camaradas novos avançados ou dos que incorreram algumas vezes em erros, etc. Como consequência, bloqueia a via para se falar livremente e se divorcia, cada vez mais, das massas. Ao escutar as opiniões dos outros não adota a atitude “se tens razão os corrigiremos”, mas sim nega as opiniões corretas dos demais sob o pretexto de que a “atitude” deles é imprópria e que a crítica não está de acordo com os fatos em aspectos secundários. Ao escutar as opiniões menos corretas de outros, sua atitude não é “se tiveres cometido erros corrige-os, mas se não tiveres cometido, guarda-se de vir a cometê-los”, mas considera a si mesmo sábio e esperto e considera as massas ignorantes e incapazes; não crê na sabedoria das massas, rechaça suas proposições razoáveis, corroendo assim o entusiasmo destas e trabalha em um frio e quieto isolamento, colocando-se numa situação cada vez mais difícil. Portanto, se realmente queremos persistir no que é justo e corrigir o que está errado pelos interesses do povo, devemos ter a coragem de nos fazermos cada vez mais revolucionários e superar todas as ideais individualistas e egoístas.

O camarada Lin Piao7 disse que devemos nos considerar uma parte da força da revolução e, ao mesmo tempo, constantemente nos tornarmos alvos da revolução. Devemos revolucionar nós mesmos na revolução. Sem fazer isso, é impossível tornar a revolução um sucesso. De acordo com as instruções do camarada Lin Piao, devemos usar o Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo] como uma arma para realizar a autocrítica consciente, nos revolucionarmos nas profundezas de nossas almas e nunca deixar de travar luta implacável contra o “eu” e nos libertarmos do “eu”. Devemos estabelecer a ideia de devoção sincera ao povo e ser um membro do Partido Comunista no sentido completo, um combatente revolucionário proletário que é abnegado e que defende a verdade e corrige os erros.

4. Unir-se aos camaradas, unir-se ao povo para realizar o objetivo revolucionário comum

O Presidente Mao disse: “Viemos de todos os rincões do país e nos une um objetivo revolucionário comum. Devemos marchar junto com a ampla maioria do povo seguindo este objetivo”. Continua: “nossos quadros devem preocupar-se por cada soldado e nas fileiras revolucionárias todos devem cuidar-se entre si, ter afeto e ajudar-se mutuamente”. O Presidente Mao planteia aqui uma questão muito importante, a questão da unidade revolucionária.

Com o fim de servir o povo e cumprir as tarefas da revolução, nossas filas revolucionárias devem resolver a questão da unidade interna e externa. A união é a força. Só quando se alcance a unidade dentro das fileiras revolucionárias e a unidade entre as fileiras revolucionárias e as massas do povo sob a grande bandeira vermelha do Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo] para gerar uma entidade combativa sólida, poderemos alcançar uma força gigantesca para derrotar o inimigo, poderemos superar as dificuldades e conquistar a vitória da causa da revolução e construção socialistas. O Presidente Mao afirma: “A unificação de nosso país, a unidade de nosso povo e a unidade de todas as nossas nacionalidades, constituem as garantias fundamentais para a vitória segura de nossa causa”. (Sobre o correto tratamento das contradições no seio do povo). Nós, combatentes revolucionários proletários, devemos prestar muitíssima atenção ao grande significado da unidade revolucionária.

A nossa unidade é uma unidade com o objetivo revolucionária comum, uma unidade de vontade e propósito comuns. Em nossa ação, durante todo o período atual, nosso objetivo revolucionário é o de realizar o socialismo e preparar as condições para a transição ao comunismo. Portanto, devemos nos unir com aqueles que queiram ir pelo caminho socialista. O Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo] é o farol de nossa persistência para seguir pelo caminho socialista e a garantia para que alcancemos nosso objetivo revolucionário comum. Daí que o Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo] e a linha e políticas do Partido traçadas sob a direção do Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo] sejam as bases ideológicas comuns para nossa unidade. Todos aqueles que apoiam verdadeiramente o Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo] e atuam segundo ele devem se unir estreitamente. Devemos travar uma luta resoluta contra o punhado de pessoas dentro do Partido que ocupam postos dirigentes e seguem o caminho capitalista, contra os direitistas burgueses e os revisionistas contrarrevolucionários que se opõe ao Partido, ao socialismo e ao Pensamento Mao Tsetung [hoje maoismo].

Como os camaradas de nossas fileiras provêm de todos os rincões do país, as diferenças de nível ideológico, experiência, características individuais, hábitos e demais são muito grande e suas opiniões e atitudes sobre uma mesma coisa podem variar enormemente. Como alcançar, em tais circunstancias, o entendimento mutuo e a unidade entre os camaradas de modo que façam bem o seu trabalho em um esforço concentrado? Isto envolve problemas de método e atitude, sendo este último o fundamental. A atitude se refere a trabalhar pelos interesses pessoais ou pelos interesses públicos. A unidade, naturalmente, não pode ser obtida se as relações entre os camaradas partem dos interesses pessoais, de afeições ou animosidades pessoais. Exclusivamente através de servir aos interesses do povo, servir a uma causa revolucionária comum, podem-se conseguir profundos sentimentos de classe para com os camaradas, um espirito grandioso e de unidade sã.

Os quadros podem mostrar grande preocupação por cada soldado somente quando possuem o grandioso espírito de servir o povo por inteiro, no interesse do público e profundo sentimento de classe pelos camaradas. O camarada Wang Yu-chang (um herói do EPL), que ama aos soldados, é um quadro modelo nisto. Quando um soldado caía ferido, ele também perdia o apetite e não podia dormir. Sofria tanto quanto o doente. Quando um soldado se encontrava com dificuldades, fazia o impossível para ajudá-lo a resolvê-las. Se os soldados mostravam defeitos, antes de tudo, fazia um exame sobre as responsabilidades que ele mesmo não havia cumprido bem. Wang Yu-chang dizia: “Preocupar-se com os soldados é preocupar-se com a revolução. Pelos interesses da revolução eu posso dar tudo”. Arriscou sua vida em cinco ocasiões para salvar a vida dos soldados.

Unicamente quando existe um grandioso espírito de servir por inteiro ao interesse púbico, quando existe um profundo sentimento de classe pelos camaradas, podem ser difundidos o amor de classe e o estilo comunista entre os camaradas revolucionários. Somente assim, podem-se tratar os problemas de princípio de maneira séria e responsável e saber fazer concessões nos problemas que não envolvem questões de princípio. Somente assim, pode-se demonstrar, em todos os casos, mais preocupação pelos outros do que por si mesmo e ser o primeiro a suportar as dificuldades e o último a desfrutar das comodidades. Somente assim, pode-se tomar sobre os seus ombros as dificuldades e desejar as comodidades aos outros, aprender dos avançados e ajudar aos menos avançados e estar disposto a suportar os riscos e deixar as honras a outros. Com tal espírito de coletivismo, nossas fileiras terão a solidez de aço e serão capazes de destruir qualquer fortaleza e de ser vitoriosas seja aonde forem.

Com o fim de servir inteira e totalmente o povo chinês e os povos de todo o mundo, os camaradas de nossas fileiras revolucionárias devem fortalecer a unidade no curso da luta revolucionária e devem também esforçar-se por unir-se com todos aqueles que são suscetíveis de serem unidos. Devemos certamente nos unir com a esmagadora maioria do povo de todo o país, lutar junto a ela, derrotar totalmente todos os inimigos de classe, levar a Grande Revolução Cultural Proletária até ao fim e alcançar a completa vitória da causa da revolução e construção socialistas na China. Devemos, sem dúvida, unirmo-nos com a esmagadora maioria dos povos do mundo, lutar junto a ela, derrotar totalmente o imperialismo, o revisionismo contemporâneo e os reacionários de todos os países e lutar pela realização do grande ideal do comunismo.

(Diário do Exército Popular de Libertação, 30 de novembro de 1966.)