Equador: Pachakutik, o monturo do eleitoralismo nas fileiras do movimento indígena-camponês (Frente de Defesa das Lutas do Povo, 2024)

Nota do blog: Publicamos a seguir tradução não oficial de uma declaração da Frente de Defesa das Lutas do Povo – FDLP, organização democrático-revolucionária do Equador, condenando o oportunismo do partido indigenista da falsa “esquerda” eleitoreira Pachakutik (Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik – Novo País), as ilusões e falsas promessas propagandeadas aos camponeses e indígenas, assim como o endosso do oportunismo à próxima edição da farsa eleitoral do velho Estado burocrático-latifundiário do Equador, marcada para o início de 2025.


PACHAKUTIK, O MONTURO DO ELEITORALISMO NAS FILEIRAS DO MOVIMENTO INDÍGENA-CAMPONÊS

O Pachakutik confirmou Leónidas Iza como seu pré-candidato à presidência da república.

O Pachakutik, apesar de aglutinar em seu seio as organizações indígenas e camponesas do país, desde suas origens, tem sido o vórtice onde o turbilhão do revisionismo e do oportunismo liquefez as expectativas das massas mais empobrecidas e oprimidas do país.

Neste partido eleitoreiro, recriaram-se todos os vícios da democracia burguês-latifundiária. Muitos dos seus líderes souberam cavalgar as massas, as suas lutas, as suas reivindicações, as suas dores, esperanças e até o seu sangue, para usá-las como plataformas eleitorais. Não são estranhos a esta história sombria Luis Macas, a inefável Lourdes Tibán, hoje prefeita do GAD [Nota do Tradutor (N.T.): Governo Autônomo Descentralizado] de Tungurahua; Salvador Quishpe, Patricio Zambrano, Claver Jiménez, Carlos Pérez Guartambel, também conhecido como “Yaku Pérez”, Marlon Santi, Guillermo Churuchumbi e, recentemente, Leónidas Iza.

Há ainda outros, muitos mais, que, a partir desse monturo do oportunismo, negociaram o esforço vital entregue por muitos lutadores populares que batalharam contra vários governos.

Agora, entre bênçãos evangélicas que desmerecem seu histórico e indomável espírito guerreiro; com cânticos e louvores à “pacha mama”, anunciam, uma vez mais, a pré-candidatura de Leónidas Iza que, sem hesitar, aceita e emite um discurso complacente fazendo apelos à esquerda, sim, em geral, à esquerda, em geral, na qual se inclui todo aquele redil eleitoreiro que não conhece dignidade, princípio ou ideologia, todos eles, juntos, como em um cesto; e claro, também era necessário mostrar-se combativo, então, muito oportuno mesclar o processo eleitoral sem renunciar à mobilização. Patranhas!

Já na campanha eleitoral anterior, Iza era pré-candidato, e se recusou a participar do circo eleitoral, não por um ato de consciência, mas porque as contas não eram suficientes, e sabia que ia perder. Hoje, ao que parece, decidiu seguir o mesmo caminho. Estudar, estabelecer uma correlação de forças, fazer números com calculadora na mão, aí, ele dirá, não me basta, e de repente se retira da “contenda”; se for o caso. Mas, o importante é que, com sua aceitação da pré-candidatura presidencial, já fortaleceu o vício eleitoreiro dos seus correligionários, dos militantes, sobretudo, dirigentes do seu partido, da sua organização; já contribuiu para a corporativização das massas com os instrumentos “democráticos” do velho Estado; já respaldou as eleições como mecanismo de representação e decisão popular, já respaldou o velho Estado e, com ele, tudo o que o velho Poder da ditadura de grandes burgueses e latifundiários representa de forma institucionalizada.

Para aqueles que creem que no Equador há “ponchos vermelhos”, pois bem, estão equivocados, há uma horda de aproveitadores que não perdem a oportunidade de lançarem-se ao vazio eleitoral pra consolidar os seus jardins de Poder.

Nem Iza, Noboa, Granja, nem ninguém, as eleições são ferramentas de alienação e domesticação das massas, são um instrumento de dominação do velho Poder burocrático. O Estado, a democracia, as eleições, a cultura, a educação… têm caráter de classe; portanto, cabe ao elemento consciente da classe e do povo combatê-la e destruir todas estas expressões que são espelho da semifeudalidade e semicolonialidade subsistentes, do capitalismo burocrático, viciado, corrompido, ineficaz e em bancarrota.

NÃO VOTAR! É a consigna do povo. NÃO VOTAR! É o caminho do povo. VOTAR! É o caminho burocrático, o do constitucionalismo rasteiro, o do oportunismo, o dos canalhas.