Poemas: Guerra Popular no Peru
Nota do blog: Publicamos a seguir cinco poemas escritos e enviados por leitores de Servir ao Povo, intitulados “1980”, “Um se divide em dois”, “Prelúdio de uma nova era”, “Raios de sol” e “E a terra foi regada”, os quais todos tratam sobre a Guerra Popular no Peru, que no próximo 17 de maio completará 44 anos de seu Início (ILA80).
1980
Dos altos cumes do Andes
Um estrondoso grito se ouviu
Rugem com grandiosa fúria
Massas Todo-Poderosas
Declaram, incessantemente
Varrer toda velharia
Com fogo e pólvora
Criam nova era
A grande Chefatura, aponta o caminho
A classe com fuzil
O trilha bravamente
Um se divide em dois
Frente ao velho
Surge o novo
Contra sanguinária carnificina
Violência revolucionária
Diante do desespero burguês
Firme determinação proletária
Prelúdio de uma nova era
Da prolongada opressão surge,
como trovejar estrondos,
a revolta das massas.
Do escuro da noite
fogos queimam o latifúndio
e os céus se ascendem
incandescentes como um sol.
Nem mil dias e noites de chuvas,
apagarão o ardor da revolução.
Raios de sol
Vem olhar o céu, campesino!
No horizonte, um novo sol já se enxerga
O campo esverdeou como nunca,
A chuva trouxe tranquilo brilho às plantas
Na montanha, tremula a esperança
nos vilarejos vizinhos, incendeia-se a guerra
em lugares secretos, traçam-se planos de batalha
entre as famílias, se fala de novo poder
Quanto tempo esperava?
Séculos, anos, gerações
Decênios esquecidos, anos-luz
Desde Tupac Amaru a Rumi Maqui
Tocam-se sinos de esperança
Nas serras, nas selvas, na cidade
Figuras mascaradas, vultos vermelhos
Em mãos, o fuzil e grossas chaves
Chaves, da grossa porta de ferro, há milênios fechada
Mas já brilha atrás desta, poderosa luz
Pelos vãos penetram vermelhos raios de sol
E a porta do reino da liberdade, se abre
E a terra foi regada
Jovem, vem e ouve
Como se rega esta terra
Foi aqui que tua mãe
Caiu em bravo grito
Na fúria do gamonal
E a terra foi regada
Foi aqui que teu pai
Nas profundezas das minas
Súbito ruído, as pedras caem
E a terra foi regada
Foi aqui que teu irmão
Passo firme rumo às punas
Um passo em falso, a queda
E a terra foi regada
Foi aqui que tua irmã
Entre quatro vias, em Huanta
Os Sinchis, as balas, o sangue
E a terra foi regada
Foi aqui que tu, jovem
Tomou o fuzil em mãos
Assaltou o céu, tomou a terra
E um dia, a terra será regada