Sobre a Tese do Presidente Mao “Delineiam-se Três Mundos” (Presidente Gonzalo, 1988)

Introdução

Apresentamos a nossos leitores uma importante intervenção do Presidente Gonzalo no I Congresso do Partido Comunista do Peru–PCP, celebrado entre 1988 e 1989 em meio às tormentas da guerra popular, em que discorre acerca da tese “delineiam-se três mundos” do Presidente Mao Tsetung. O I Congresso do PCP tem profundo significado ideológico-político e histórico, pois sancionou a Base de Unidade Partidária – em seus três elementos: 1) a ideologia, o marxismo-leninismo-maoismo, pensamento gonzalo, 2) o programa e 3) a linha política geral, com seu centro a linha militar – e os Documentos Fundamentais do PCP, sintetizando e definindo o conteúdo do maoismo.

Na intervenção que segue, o Presidente Gonzalo aponta a importância e justeza da tese “delineiam-se três mundos”, um instrumento de análise da situação política internacional, que nada tem a ver com a deturpação e falsificação feita por Teng Hsiao-ping ao imputar ao Presidente Mao a autoria da jamais existente “teoria dos três mundos”, com o podre objetivo de justificar seus ditames social-imperialistas: “Peso das massas, nações oprimidas, decomposição do imperialismo, para onde leva tudo isso? Delineiam-se três mundos. Sim, a tese do Presidente Mao Tsetung; não tem nada a ver com a teoria podre e revisionista dos três mundos de Teng, que é outra coisa porque é uma frente para servir ao imperialismo ou se pôr ao lado das superpotências, ou para querer ser potência por sua vez como ele já está sonhando”.

Nesta intervenção, o Presidente Gonzalo também aponta que o Presidente Mao lança as bases para desenvolver a estratégia e a tática da Revolução Mundial”: revolução como tendência principal histórica e politicamente, peso das massas, principalmente das nações oprimidas, crescente decomposição do imperialismo, período de 50 a 100 anos para que sejam varridos o imperialismo e toda a reação da face da Terra, necessidade de se opor à guerra imperialista com a guerra popular mundial; elementos estes que, combinados, enfatizam a importância da Revolução Proletária Mundial como uma unidade e a justeza da tese maoista “delineiam-se três mundos”. Assim aponta a chefatura do PCP: “(…) basta pois agarrar tais e quais elementos para que se veja que ele fala da revolução como uma unidade. Para que fala de comunismo, para que fala de 50 a 100 anos, para que se planteia um novo período, para que se planteia que há que se combater a guerra [N.T.: imperialista] com a guerra popular, para que se fala disso, para que se planteia o peso do terceiro mundo, as nações oprimidas, para que se planteia ‘delineiam-se três mundos’? (Aqui está a síntese maoista sobre a RM [N.T.: Revolução Mundial], nota nossa)”.

Quanto à tentativa de combatê-la, à época desta intervenção da chefatura do PCP, coube à podres revisionistas como Bob Avakian (PCR-USA) e sua linha no interior do MRI, justamente porque “entra em conflito e querem plantear uma estratégia totalmente descompassada do marxismo-leninismo, principalmente do maoismo, por isso”. Nesta contenda contra o revisionismo de Avakian, indaga pois o Presidente Gonzalo: “Por que não planteia melhor desenvolver a revolução democrática, a socialista, definir o maoismo, porque não panteia isso, por que não planteia se opor com a guerra popular e fazer guerra popular mundial diante da guerra mundial que tanto cacareja, ou será que espera que da guerra mundial derive a revolução? Não, camaradas, o que pode fazer a guerra mundial é atiçar a revolução, mas o triunfo não devém da terceira guerra mundial, devém da guerra popular, que nos liberta e que liberta os comunistas e os povos da Terra, daí se sucederá, em grandes períodos de décadas e ondas; quem não entende isso não leu a história, nem teve o prazer de passar pelo ensino médio”.

Por tudo isso, pois, esta magistral intervenção do Presidente Gonzalo, chefatura do PCP e da Nova Grande Onda da Revolução Proletária Mundial, que legou aportes de validez universal ao marxismo-leninismo-maoismo, consiste numa poderosa e contundente defesa da síntese maoista da Revolução Mundial na luta implacável contra o revisionismo, de forma inseparável da luta contra o imperialismo e toda a reação, portanto, material de grande interesse ao movimento comunista brasileiro.

[Tradução do inglês por Kota, tradução do espanhol e revisão por Servir ao Povo, com base no texto disponibilizado pelo Movimento Popular Peru e publicado no blog VND Peru].

Os redatores de Servir ao Povo.

“Desenvolver a Guerra Popular servindo à Revolução Mundial”

Sobre a Tese do Presidente Mao “Delineiam-se Três Mundos”

A Revolução Mundial – Estratégia e tática

“O Presidente Mao enfatiza novamente a importância da revolução mundial como uma unidade.”

“Peso das massas, nações oprimidas, decomposição do imperialismo, para onde leva tudo isso? Delineiam-se três mundos. Sim, a tese do Presidente Mao Tsetung; não tem nada a ver com a teoria podre e revisionista dos três mundos de Teng.”

Por quê? Marx já nos apontou esse problema, que a revolução mundial deve ser concebida como uma unidade; mais ainda, ele insistiu que se adentra ao comunismo em conjunto, o que implica que tem que ser uma revolução que todos levemos adiante — não quero dizer com isso que ele disse em uníssono. Penso que há muitas coisas sobre que podemos imaginar sobre isto, mas são situações, aquelas relacionadas ao comunismo, que não podemos especificar. Por quê? Devemos sempre ter em mente o que Engels disse, quando falou no “Anti-Dühring”, ele nos disse “podemos pensar muitas coisas sobre como será o comunismo e dizer que tal coisa será ‘a’, tal coisa será ‘b’, tal coisa será ‘c’, mas tenha certeza de que quando o comunismo chegar, plasmará suas realidades e não lhe importará nada do que pensamos”, foi assim que ele nos disse. Sobre isso temos que refletir muito sobre o que disse Engels, por quê? Porque [N.T.: o comunismo] é um mundo sem classes e nós nos movemos em um mundo de classes, entendem no que isso implica? Nossa mente está organizada em função de classes e pensa em classes, não nos cabe, não entendemos, não precisamos, não podemos especificar como será um mundo sem classes. Nossas grandes bandeiras nos têm indicado sinais, elementos, situações, são justas e corretas, porém coisas concretas, muito difícil.

Lenin teve que agir numa situação em que só se poderia fazer a revolução em um país e em apenas um, a URSS. É uma grandeza nele ter estabelecido essa tese, ter lançado as bases para que o momento se cumprisse, e é mérito do camarada Stalin por tê-lo plasmado. Não há que ser mesquinhos, camaradas, devemos reconhecer; muito se diz, uma vez mais, sobre o camarada Stalin, mas pouco se entende o que ele fez, não se vê?

Por acaso Lenin não estava disposto a ir e comandar a revolução na Alemanha, sabendo ele que ali não se havia nenhum chefe capaz de dirigi-la? Claro que ele sabia perfeitamente. Porém ele compreendeu que a revolução não poderia se dar senão na URSS e que não havia outra maneira senão fazer isso; mas ele nunca abandonou a revolução mundial, pelo contrário, concebeu a revolução bolchevique, soviética, como parte da [N.T.: revolução] mundial e que deveria servir à [N.T.: revolução] mundial e a viu como um elo, portanto, para levantar as nações oprimidas e unificar os dois grandes movimentos [N.T.: movimento comunista e movimento de libertação nacional], assim ele pensou.

Lenin diz que a revolução não será pura e simplesmente a revolução nos países avançados, isso é insensato, deve ser em conjunto com a revolução nos países atrasados, porque assim afundará o imperialismo; ele estabeleceu linhas, linhas concretas a longo prazo, magistrais. Se alguém lê Lenin cuidadosamente, vê que ele volta seus olhos aos países atrasados, não porque não queira a revolução no seio do imperialismo, não, esse não é o problema, mas sim porque ele vê a realidade e a perspectiva do mundo

O Presidente Mao, em outra circunstância onde já se desenvolvia a revolução, passou, em nossa opinião – é o que pensamos – ao problema do equilíbrio e de que se entrou, na questão da estratégia da revolução mundial, na ofensiva estratégica da revolução mundial, isso é o que pensamos.

Então o Presidente [N.T.: Mao]1 já prevê todas essas coisas, penso então que volta a pensar na revolução como uma unidade; daí que chega a plantear que a China é base para servir à revolução mundial, daí seu grandioso esforço por formar quadros para fazer a guerra popular, principalmente nos países atrasados. E ele volta a reiterar que “ao comunismo entramos todos ou não entra ninguém”, é uma citação do Presidente, ele a reafirma; mas na reafirmação, nele já é uma realidade que palpita, é uma perspectiva concreta que se dá, que se abre, isso é o que tem o Presidente.

A revolução é a tendência principal à medida que a decomposição do imperialismo é maior a cada dia

Para isso, de que parte o Presidente Mao?: “A revolução é a tendência principal à medida que a decomposição do imperialismo é maior a cada dia, o papel das mais imensas massas ano após ano que fazem e farão sentir sua incontrolável força transformadora e na grande verdade, por ele reiterada, de que todos entramos no comunismo ou ninguém entra”; é por isso que ele centra novamente em ver a revolução mundial como uma unidade, mas eu insisto, já factível, como perspectiva concreta.

Em Marx é como princípio e em Lenin como necessidade de impulsioná-la: já para o Presidente, o problema é que se abriu essa situação e é nela que vamos nos desenvolver.

A revolução, tendência principal da história, sim. É a tendência principal no mundo, histórica e politicamente; isso é o que devemos ressaltar, não que seja simplesmente a perspectiva histórica senão que é política, já está na ordem do dia, quero dizer, e por isso que há que brigar. Isso se compagina com os 50 a 100 anos, senão por que nos planteou o Presidente? Um cálculo magistral: 50 a 100 anos, porque nesse período devem ser varridos o imperialismo e a reação da face da terra e isso é então a revolução mundial.

“Guerra atômica”: o que opor à guerra atômica? Opô-la com a guerra popular

É “o período que se abre de luta contra o imperialismo ianque e o social-imperialismo soviético, tigres de papel que disputam a hegemonia mundial”, claro, outra questão-chave para o Presidente.

Está bem compaginado, o princípio militar está bem compaginado: revolução mundial, tendência, peso das massas, 50 a 100 anos, período; está especificando e isso é magistral, é lamentável que não se o veja assim. Hegemonia, claro, dois pois, existem dois que podem desenvolver ou desencadear uma guerra mundial – imperialismo ianque ou social-imperialismo soviético – tigres de papel! Diz o Presidente; não há que temê-los se lhes pode perfurar! Assim ele ensinou, é uma citação do Presidente.

“Guerra atômica”. O que opor à guerra atômica?: “Primeiro há que condená-la e logo preparar-se antecipadamente para opô-la com a guerra popular”. Está tudo compaginado o que o Presidente planteou.

As nações oprimidas

Agora, o problema das nações oprimidas. Elas são ou não aquelas que abrigam as imensas massas da Terra? Dois terços ou sessenta por cento, massas imensas, quantidade mais, quantidade menos. Ao fim e ao cabo, acredito que esse não seja o problema porque algumas situações podem mudar, sim, porque a revolução não é reta, é em zigue-zagues, mas isso não nega que as nações oprimidas tenham a imensa massa da Terra; mais ainda, o crescimento das massas é imensamente maior que o crescimento dos opressores nas nações opressoras, dos países opressores, dos imperialismos, inclusive considerando que eles mesmos oprimem a seus próprios povos; basta ver as taxas de crescimento, que são de 70% das novas crianças nascidas no mundo atrasado e isso vai seguir aumentando mais e mais. Para mim, em boa hora, claro, porque começou a se expressar mais e mais o peso das massas na história e isso é fundamental; se as massas fazem a história e esta é uma grande verdade, então o peso das massas decidirá a revolução no mundo, e onde está esse peso, então? Nas nações oprimidas. Aí não creio que haja muito o que discutir, se são realidades materiais, fatos. Fechar os olhos? Isso seria tolice.

As relações econômicas e políticas que estão se desenvolvendo pelo processo de decomposição do imperialismo

“Assim como das relações econômicas e políticas que estão se desenvolvendo pelo processo de decomposição do imperialismo”. Muito importante. Um dos problemas que temos tido é como definir este momento, este período em que estamos nos desenvolvendo. Onde encontramos a questão? No próprio Presidente – a decomposição do imperialismo é maior a cada dia –, com suas próprias posições, ele planteia isso. Quem pode negar a decomposição maior a cada dia do imperialismo, ele não está se afundando mais e mais? Está se decompondo, está apodrecendo. Sim, alguns podem afirmar que produzem mais, e que diabos isso importa, esse é o problema? Pelo contrário, se produzem mais, o que estão mostrando é que há todos os meios para satisfazer as necessidades elementares.

Já na segunda guerra [N.T.: mundial], o que foi dito no final dela? Bastaria trabalhar quatro horas e se poderia satisfazer todas as necessidades fundamentais da humanidade. Pois bem, o salto que se deu de 50 a 75 [N.T.: de 1950 a 1975] dobrou a produção de 900 a 50 [N.T.: de 1900 a 1950] e a produção de 900 a 50 equivale a de toda a humanidade desde o seu início, você pode imaginar? Isso está nos demonstrando que os temos da expropriação dos exploradores estão se aproximando e eles vão ser destruídos, é por isso que estão se decompondo.

Alguns dizem que Lenin se equivocou porque vemos que eles têm mais foguetes, mais armas, mas isso não é expressão de debilidade em todo o mundo? Em toda a história sempre há sido uma expressão de debilidade. O que o marxismo diz é que o imperialismo freia toda a capacidade que têm os meios de produção existentes, não diz que eles não produzem; isso é o que Hoxha nunca entendeu em sua miserável vida. Há se confundido e alguns repetem, não entendem o problema, creio que seja isso. Isso é decomposição do imperialismo e sua artilharia cada vez maior, sinal de debilidade e não de força; revise qualquer história ou observe qualquer história a fundo e isso será entendido, qualquer história militar demonstra isso.

Peso das massas, nações oprimidas, decomposição do imperialismo, para onde leva tudo isso? Delineiam-se três mundos. Sim, a tese do Presidente Mao Tsetung; não tem nada a ver com a teoria podre e revisionista dos três mundos de Teng, que é outra coisa porque é uma frente para servir ao imperialismo ou se pôr ao lado das superpotências, ou para querer ser potência por sua vez como ele já está sonhando.

Por que (a China revisionista) quer se armar até os dentes, por que quer ser uma potência militar? Já se pode ver, o mesmo caminho! Não sendo capaz de desenvolver e potencializar a força econômica porque estão restaurando mais e mais o capitalismo, agora querem usar as imensas massas, de bilhões de homens, como bucha de canhão, querem usá-las potencializando o poder militar para ser potência e disputar pela dominação mundial, também maquinando como outros como a Alemanha, como o Japão, que do choque das duas superpotências [N.T.: USA e URSS] deve devenir outra potência ou outra superpotência dominante; não era esse o sonho bastardo do nefasto Japão dos anos 1930, não é o sonho sinistro da Alemanha, não é o sonho sinistro de Teng?

E não é um problema de tática, inclusive chega a dizer [N.T.: Bob] Avakian, “acho que é uma situação que envolve o uso da tática”, me parece uma estupidez. É uma estratégia, é uma compreensão global de onde está o peso da massa na Terra, é o problema das relações que há entre imperialismo e nações oprimidas, esse é o problema, é o problema de que somente se pode compreender a situação internacional atual partindo das relações econômicas internacionais do imperialismo, essa é a tese de Lenin. Mas – quando ele planteia e diz: “qual é a essência de minha posição?”. É que há nações opressoras, ou ele diz: “povos opressores, povos oprimidos”, bem, alguns não gostam que seja povos, vão discutir com Lenin, ele colocou dessa forma, ele apresentou assim – mas então ele mesmo especifica e já permaneceu como imperialistas e nações oprimidas.

Também me parece que seria um erro dizer que Lenin se equivocou, por que, sabemos o que ele quis dizer? Eu creio que muitas coisas, camaradas, em Marx, em Lenin, no Presidente, não as entendemos, creio. É preciso ser sincero, cada vez que se volta e pega um texto de qualquer um desses grandes, se encontram coisas novas, ou não é assim? Parece-me uma vaidade estúpida crer que já entendemos tudo. Eu me pergunto, entendemos tudo o que Lenin disse? Eu não acho. Tudo o que o Presidente disse? Parece-me que não há que se ter uma soberba bastarda, é a soberba dos cavalos alados, das pessoas que acreditam que o gênio vem do céu; temos que entender muitas coisas, há muitas coisas para compreender.

O Presidente Mao lança as bases para desenvolver a estratégia e a tática da Revolução Mundial

Nos parece que o Presidente está assim lançando as bases para desenvolver a estratégia e a tática da Revolução Mundial e isto é necessário, obviamente. Mas aqui temos um problema: por acaso conhecemos tudo o que o Presidente disse, todos seus escritos? Poderiam ser transmitidos e publicados os debates do Presidente sobre como conceber e fazer a revolução? Se poderia proclamá-los, vocês creem que se poderia? Como se vai plantear? O que se poderia plantear são os critérios políticos de orientação, outros debates teriam que ficar reservados por um tempo, parece-me que isso é de fundamental compreensão.

Quanto ao resto, há testemunhas? Creio que há e elas existem porque há uma citação do Presidente com japoneses onde lhes diz: “Há um primeiro mundo que é os Estados Unidos e a União Soviética, há um segundo mundo, o Japão, por exemplo, e há um terceiro onde está a China”; esses homens existem, não foram mortos, são testemunhas do que disse o Presidente; por que então vir a dizer que não é uma tese do Presidente e que é uma tese errônea, puderam demonstrá-lo?

O PCR [N.T.: refere-se ao PCR-USA de Bob Avakian] se atreveu há anos a lançar-se contra os três mundos, e o que teve que fazer? Primeiro, lançar-se contra o Presidente Mao num suposto critério avakiano – de Avakian. Teve que se lançar contra o quê? Contra a tese do Presidente de que no ano de 1946 entre URSS e Estados Unidos há uma faixa intermediária, faixa intermediária na qual estavam países capitalistas, até mesmo países imperialistas, e nações oprimidas, teve que se lançar contra isso; poderia se negar que havia em 46, ao término da guerra e com a hegemonia dos Estados Unidos, que havia uma faixa intermediária?

Isso é estúpido, e não ver a realidade, isso é não conhecer a história, não se pode julgar 1946 por 1988, e não se pode ver que é isso que se dava? Claro que se dava assim pois havia uma faixa. Se ele tanto fala de que a guerra se aproxima, a [N.T.: guerra] mundial, precisamente, a que isso se deve? Porque essa faixa está coberta, já está ocupada, e aí está o risco que eles têm de enfrentar.

Mas camaradas, há anos que vem dizendo (usando) o MRI [N.T.: Movimento Revolucionário Internacionalista], há que se parar a guerra, bem, onde diabos está a guerra? A [N.T.: guerra] mundial, onde está? Por que não planteia melhor desenvolver a revolução democrática, a socialista, definir o maoismo, porque não panteia isso, por que não planteia se opor com a guerra popular e fazer guerra popular mundial diante da guerra mundial que tanto cacareja, ou será que espera que da guerra mundial derive a revolução? Não, camaradas, o que pode fazer a guerra mundial é atiçar a revolução, mas o triunfo não devém da terceira guerra mundial, devém da guerra popular, que nos liberta e que liberta os comunistas e os povos da Terra, daí se sucederá, em grandes períodos de décadas e ondas; quem não entende isso não leu a história, nem teve o prazer de passar pelo ensino médio.

Consideramos que tudo isso foi dito pelo Presidente Mao Tsetung, claro que ele teve que ver isso, inclusive para o terceiro mundo; o senhor Snow numa entrevista de 1970 perguntou ao Presidente: “O que pensa do terceiro mundo, Presidente?” E ele lhe responde com aquela maneira que ele tinha, sorrindo, “isso que tanto preocupa ao vosso presidente”, não lhe disse mais nada, parou aí, claro que parou, não foi mais longe; mas nas Nações Unidas, Chia Huau-jua informou que o Presidente planteava que “delineiam-se três mundos”, essas são as palavras textuais, entre aspas, ou seja, palavras do Presidente.

E há citações, a citação de 1957 sobre Suez também demonstra que o Presidente estava planteando e que havia aí essa situação de que os Estados Unidos eram diferentes de França e Inglaterra, que havia três interesses e duas contradições, isso era evidente: Egito, oprimido; Estados Unidos queria controlar o Canal de Suez; Inglaterra e França queriam defender seus interesses ali. Isso é evidente: poderia se comparar o poderio dos Estados Unidos com o de França e Inglaterra? Obviamente a Inglaterra está atrás dos Estados Unidos, a França é a que depois, hoje, está se desenvolvendo como uma potência com arma atômica própria, mas não era assim em 1957 e é um problema de De Gaulle.

Bem, o Presidente então nos deu uma visão completa da revolução mundial, levantou questões-chave, marcos, e planteou uma estratégia e tática da revolução mundial que lamentavelmente não são conhecidas. Pode-se dizer, então, como é afirmado, camaradas, basta pois agarrar tais e quais elementos para que se veja que ele fala da revolução como uma unidade. Para que fala de comunismo, para que fala de 50 a 100 anos, para que se planteia um novo período, para que se planteia que há que se combater a guerra [N.T.: imperialista] com a guerra popular, para que se fala disso, para que se planteia o peso do terceiro mundo, as nações oprimidas, para que se planteia “delineiam-se três mundos”? (Aqui está a síntese maoista sobre a RM [N.T.: Revolução Mundial], nota nossa). Creio que não se pode ser tão estúpido de se dizer simplesmente: vaso, cinzeiro, copo e pronto, deve-se dizer então objetos, admitindo; então tem-se que generalizar, pensar o que são então, para onde isso leva, instrumentos para uso de um ser humano, há então que se tirar a conclusão; por que não se quer tirá-la? Porque entra em conflito e querem plantear uma estratégia totalmente descompassada do marxismo-leninismo, principalmente do maoismo, por isso.

Preparado para a internet com base na intervenção do Presidente Gonzalo no I Congresso do PCP pelo Movimento Popular Peru para servir à reorganização do PCP no Peru e no exterior.

Setembro de 2020.

1 – Toda vez que o Presidente Gonzalo menciona “Presidente” está se referindo ao Presidente Mao Tsetung.