Linha Internacional (PCP, 1988)

Nota do blog: O que segue é um extrato das “Teses Fundamentais” do I Congresso do Partido Comunista do Peru (PCP), celebrado entre 1988 e 1989. O documento “Teses…” é a compilação da Linha Política Geral, que é composta pelas linhas internacional, da revolução de Nova Democracia, linha militar, linha de massas e linha de construção dos três instrumentos da revolução. Junto à definição da ideologia e do Programa, compõem a Base de Unidade Partidária, aprovada no referido Congresso.

Tradução não-oficial Servir ao Povo

LINHA INTERNACIONAL

INTRODUÇÃO

O presidente Gonzalo estabeleceu a linha internacional do Partido Comunista do Peru e nos ensina que, como internacionalistas proletários, devemos desenvolver a revolução peruana como parte e a serviço da revolução proletária mundial por meio da guerra popular, marchando em direção a nossa meta inalterável, o comunismo, tendo em mente que toda revolução se desenvolve dentro dos ziguezagues da política mundial.

O Presidente Gonzalo parte da tese de Lênin para avaliar a situação mundial: “As relações econômicas do imperialismo formam a base da situação internacional existente hoje. Ao longo de todo o século XX, essa nova fase do capitalismo, sua fase mais alta e última, foi completamente definida”, e que a distinção entre países opressores e oprimidos é uma característica distintiva do imperialismo. Portanto, para ver a situação atual, não podemos começar pela contradição fundamental do capitalismo, pois estamos em sua fase mais alta e última, o imperialismo.

Além disso, ao defender o ensinamento do Presidente Mao de que o imperialismo e todos os reacionários são tigres de papel e que o povo é quem possui o verdadeiro poder, e que: “O revisionismo soviético e o imperialismo norte-americano, em conluio um com o outro, cometeram tantos males e infâmias que os povos revolucionários de todo o mundo não os deixarão impunes. Os povos de todos os países estão se levantando. Começou um novo período histórico de luta contra o imperialismo americano e o revisionismo soviético”, ele diz que a destruição do imperialismo e da reação mundial levada adiante pelos Partidos Comunistas, liderando o proletariado e os povos do mundo, será uma realidade incontestável, ele nos conclama a lutar contra as duas superpotências imperialistas, o imperialismo americano e o social-imperialismo russo, contra as potências imperialistas e a reação mundial, especificando as condições de cada revolução para determinar o inimigo principal e definir a próximas ações.

  1. A NOVA ERA

O triunfo da Revolução de Outubro de 1917 é um marco extraordinário na história mundial, o fim da revolução burguesa e o início da revolução proletária mundial. Essa nova era, marcada pela intensificação da violência, expressa o fim da era de revoluções lideradas pela burguesia e a maturidade do proletariado para tomar, liderar e manter o poder da ditadura do proletariado, dentro da qual também se enquadram as revoluções das nações oprimidas.

Em meio a um complexo sistema de guerras de todos os tipos, o imperialismo e a reação mundial entrarão em colapso e o socialismo emergirá; consequentemente, a revolução e a contrarrevolução estão cientes de que somente por meio da guerra a mudança política pode ser definida. Como a guerra tem um caráter de classe, há guerras imperialistas, como a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, que são guerras de rapina para a partilha do mundo; ou guerras de agressão imperialista contra uma nação oprimida, como a guerra da Grã-Bretanha contra as Malvinas, a guerra do imperialismo norte-americano contra o Vietnã, a guerra do social-imperialismo contra o Afeganistão; Guerras de libertação nacional, como as da Ásia, África e América Latina. E a guerra popular no Peru, sendo marxista-leninista-maoista, pensamento Gonzalo, que, por seu caráter justo e sua direção correta, sem estar sujeita às superpotências ou às potências imperialistas, está na vanguarda, é uma realidade que nos mostra que os comunistas devem enfatizar o aspecto principal do desenvolvimento da guerra popular como a principal forma de luta no mundo para servir à revolução.

Diante dessa situação em que somente as guerras podem transformar o mundo, defendemos a onipotência da guerra revolucionária, ou seja, a guerra popular, como a mais elevada teoria militar, a teoria militar do proletariado, conforme delineada pelo Presidente Mao ela deve ser especificada para cada tipo de país, seja ele imperialista ou atrasado. Assim, a guerra popular mundial é a resposta apropriada para evitar a guerra imperialista ou, se a guerra imperialista ocorrer, para transformá-la em guerra popular. Mas, como comunistas, guerreamos para destruir a guerra por meio da guerra e para estabelecer uma “paz duradoura”; somos os únicos que lutam pela paz, e não como Reagan e Gorbachev, que falam cada vez mais sobre a paz e fazem a guerra.

Observando o mundo nesta era, vemos que quatro contradições fundamentais são expressas:

1) contradição entre capitalismo e socialismo, refere-se à contradição entre dois sistemas radicalmente diferentes, abrangerá toda esta época e será uma das últimas a ser resolvida, persistirá mesmo após a tomada do poder;

2) contradição entre burguesia e proletariado, é a contradição entre duas classes opostas e também persistirá após a tomada do poder, manifestando-se em múltiplas formas ideológicas, políticas e econômicas até sua solução quando o comunismo for alcançado; 3) contradições interimperialistas, que é a contradição entre os imperialistas pela hegemonia no mundo e ocorre entre as superpotências entre si, entre as superpotências e as potências imperialistas e entre as próprias potências imperialistas; essa contradição será resolvida na época de 50 a 100 anos;

4) a contradição nações oprimidas e imperialismo é a luta pela libertação das nações oprimidas a fim de destruir o imperialismo e a reação, cuja solução também está enquadrada no período de 50 a 100 anos, sendo durante esse tempo a contradição principal, embora qualquer uma das quatro contradições fundamentais possa ser principal de acordo com a circunstância específica da luta de classes, transitoriamente ou em determinados países.

Marxistas-leninistas-maoistas, em perspectiva, para alcançar nosso objetivo final do comunismo, temos que realizar três tipos de revoluções: 1) revolução democrática, que é a revolução burguesa de um novo tipo dirigida pelo proletariado para os países atrasados, que estabelece a ditadura conjunta das classes proletárias, do campesinato, da pequena-burguesia e, sob certas condições, da média burguesia, sob a hegemonia do proletariado; 2) revolução socialista, nos países imperialistas e capitalistas, que estabelece a ditadura do proletariado; 3) revoluções culturais, que são feitas para continuar a revolução sob a ditadura do proletariado, para subjugar e eliminar cada geração do capitalismo e também para lutar com armas contra o desejo de restauração capitalista, para fortalecer a ditadura do proletariado e para marchar em direção ao comunismo.

Assim como nenhuma classe no mundo foi capaz de tomar o poder de uma só vez, mas por meio de um processo de restaurações e contrarrestaurações, quando o proletariado toma o poder e estabelece sua ditadura, o desejo da burguesia de restaurar o capitalismo é fortalecido e um processo histórico de luta começa entre o proletariado para manter e defender sua ditadura e impedir a restauração capitalista e a burguesia que quer recuperar o poder. Essa luta entre a restauração e a contrarrestauração é uma lei histórica inegável até que a ditadura do proletariado seja finalmente estabelecida. Na história mundial, quando a classe feudal estava avançada na China, foram necessários 250 anos para finalmente esmagar a restauração da escravidão; quando a burguesia no Ocidente lutou contra o feudalismo para esmagar as tentativas de restauração ou as restaurações do feudalismo, foram necessários 300 anos para finalmente se estabelecer no poder; e, no caso de uma revolução em que o proletariado se estabelece definitivamente no poder, a luta entre a restauração e a contrarrestauração é extremamente aguda e amarga e levará aproximadamente 200 anos, começando com a Comuna de Paris em 1871. As experiências da restauração na URSS e na China nos deixam grandes lições, tanto positivas quanto negativas; em particular, para enfatizar os passos gigantescos na formação do novo Estado e como a Grande Revolução Cultural Proletária é a solução para evitar a restauração.

Nós, marxistas-leninistas-maoistas, pensamento Gonzalo, reafirmamos a violência revolucionária como a lei universal para a tomada do poder e que ela é fundamental para a substituição de uma classe por outra. As revoluções democráticas são com violência revolucionária, as revoluções socialistas são com violência revolucionária e, diante das restaurações, recuperaremos o poder com violência revolucionária e manteremos a continuação da revolução sob a ditadura do proletariado com violência revolucionária por meio de revoluções culturais e, ao comunismo, só iremos com violência revolucionária e, enquanto houver um lugar na terra onde exista exploração, acabaremos com ela com violência revolucionária.

Assim, a nova era nos arma ricamente, e nós, comunistas, temos que nos capacitar ideologicamente, politicamente e organicamente para assumí-la adequadamente.

2. PROCESSO DA REVOLUÇÃO MUNDIAL

Há duas correntes operando no movimento comunista internacional: o movimento proletário internacional e o movimento de libertação nacional, sendo o primeiro a direção e o segundo a base.

O movimento de libertação nacional.

Ele é travado nas nações oprimidas contra o imperialismo e a reação. Na década de 1910, Lenin prestou muita atenção à luta na Índia, na China e na Pérsia e argumentou que a revolução socialista não seria única e exclusivamente dos proletários contra suas burguesias, mas também de todas as colônias contra seus opressores; ele diz que há uma fusão de duas forças, o movimento proletário internacional e o movimento de libertação nacional, e que o peso das massas nas nações oprimidas constitui a maioria da população do globo e será decisivo na revolução mundial. Ele conclui que a revolução se desloca para as nações oprimidas, mas não nega a revolução na Europa e mostra que um Estado socialista como a URSS poderia se desenvolver em meio ao cerco imperialista. Desenvolvendo Marx, ele estabelece a base para a estratégia da revolução mundial para minar o imperialismo, para unir a luta do movimento de libertação nacional com as lutas do movimento proletário internacional e para desenvolver a revolução, e, embora para os comunistas a consigna seja “Proletários de todos os países, uni-vos!”, ele propõe que a consigna que deve guiar a luta das duas forças deve ser “Proletários de todos os países e povos do mundo, uni-vos!”. O Presidente Mao Tsetung desenvolve a estratégia de Lênin, concentrando-se na grande importância do movimento de libertação nacional para a revolução mundial, pois o imperialismo está explorando cada vez mais as nações oprimidas, que se levantam em poderosas tempestades revolucionárias e devem ser lideradas por seus partidos comunistas. Assim, o movimento de libertação nacional se funde com o movimento proletário internacional e essas duas forças conduzem o desenvolvimento da história mundial. O Presidente Gonzalo nos ensina que a estratégia que nós, comunistas, devemos desenvolver deve se basear nos fundamentos estabelecidos por Lênin e desenvolvidos pelo Presidente Mao.

O movimento proletário internacional é a teoria e a prática do proletariado internacional. O proletariado luta em três níveis: teórico, político e econômico, e desde o seu surgimento na história como a última classe, ele tem feito isso lutando, com destaque para os seguintes marcos: 1848, quando no Manifesto Comunista redigido por Marx e Engels são estabelecidos os fundamentos e o programa do proletariado; 1871, a Comuna de Paris, onde pela primeira vez o proletariado toma o poder; 1905, o Ensaio-Geral da revolução; 1917, triunfo da Revolução de Outubro na Rússia, a classe estabelece a ditadura do proletariado e abre uma Nova Era; 1949, triunfo da revolução chinesa, a ditadura conjunta liderada pelo proletariado é estabelecida e a transição para a revolução socialista é resolvida, mudando a correlação de forças no mundo; e na década de 1960, com a Grande Revolução Cultural Proletária dirigida pelo Presidente Mao Tsetung, a revolução continua sob a ditadura do proletariado na luta acirrada entre restauração e contra-restauração.

O proletariado em sua luta por demandas gera o sindicato e a greve, que não são apenas instrumentos para a luta econômica, mas que forjam a classe “para as grandes batalhas que virão”. A greve é o principal instrumento da luta econômica, e a greve geral é um complemento da insurreição, mas é errado o que Sorel, os anarquistas e outros dizem de que a greve geral é a maneira de tomar o poder. Nós desenvolvemos a luta por reivindicações como uma função do poder.

O proletariado gera um aparato político: um Partido Comunista totalmente oposto e distinto de outros partidos com o objetivo de tomar o poder político, como Marx o definiu. Lênin estabeleceu as características do partido de novo tipo ao combater a influência minadora do velho revisionismo que gerou partidos operários burgueses baseados na aristocracia trabalhista, na burocracia sindical, no cretinismo parlamentar e no conformismo com a ordem. O Presidente Mao Tsetung desenvolveu a construção do partido em torno do fuzil e apresentou a construção dos três instrumentos. O Presidente Gonzalo estabeleceu a tese da militarização dos partidos comunistas e a construção concêntrica dos três instrumentos.

O proletariado gera ideologia: marxismo-leninismo-maoismo, principalmente maoismo, para a revolução mundial, e marxismo-leninismo-maoismo, pensamento gonzalo, principalmente pensamento gonzalo, para a revolução peruana. O marxismo foi fundado por Marx. Marx e Engels aproveitaram o melhor que a humanidade havia produzido: a filosofia clássica alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês para fundar a ideologia do proletariado. O marxismo não deu um passo na vida sem lutar contra posições errôneas, por isso teve de se confrontar com Proudhon e o anarquismo, com os desvios de direita e os chamados desenvolvimentos criativos de Dühring, com as posições oportunistas que surgiram no Partido Social-Democrata Alemão. Mais tarde, o velho revisionismo se desenvolverá após a morte de Engels com Bernstein e Kautsky, e Lenin os derrotará. Em suma, o marxismo em sua primeira etapa estabelecerá a filosofia marxista, ou o materialismo dialético, a economia política marxista e o socialismo científico.

Lenin desenvolveu o marxismo e o elevou a uma segunda etapa, o marxismo-leninismo. Ele fez isso em uma luta feroz contra o velho revisionismo que negava a filosofia marxista, dizendo que ela tinha de se basear no neokantianismo, que é idealismo e não materialismo dialético. Na economia política, eles negavam a crescente pauperização, portanto o imperialismo, o capitalismo, satisfazia as demandas do proletariado; negavam a mais-valia e o imperialismo. No socialismo científico, eles se opuseram à luta de classes, à violência revolucionária e defenderam o pacifismo.

O revisionismo é a revisão dos princípios marxistas, invocando novas circunstâncias. Lênin disse que o revisionismo é o avanço da burguesia nas fileiras do proletariado e que, para lutar contra o imperialismo, devemos lutar contra o revisionismo, pois são dois lados da mesma moeda. Lênin enfatiza que o revisionismo tem como objetivo dividir o movimento sindical e político do proletariado e que ele gera a divisão do socialismo. Nessa luta precisa e implacável contra o revisionismo, Lênin também propõe, no contexto da Primeira Guerra Mundial, transformar a guerra imperialista em uma guerra revolucionária, desmascarando os velhos revisionistas como socialpatriotas; ele propõe que, em tempos de revolução, devemos construir novas organizações, porque a reação está derrotando as organizações legais e devemos criar aparatos clandestinos até mesmo para o trabalho de massa. Em seguida, ele encarna a Revolução de Outubro com o Partido Comunista e por meio da insurreição.

Stálin dará continuidade ao trabalho de Lênin e, no processo de construção do socialismo na URSS, lutará contra os desvios de Trotsky, Zinoviev e Kamenev, que terminaram em 1937; foi necessária uma luta de 13 anos e é falso que ele tenha resolvido as coisas de forma administrativa. Nós adotamos a posição do Presidente Mao sobre o papel do camarada Stalin, de que 70% é positivo. Nós, comunistas de hoje, temos a tarefa de fazer uma análise adequada da Segunda Guerra Mundial, do balanço da Internacional Comunista e, particularmente, de estudar bem seu Sétimo Congresso e, dentro dele, o papel do camarada Stálin, a ação do revisionismo na França, na Itália etc.

O desenvolvimento do marxismo-leninismo pelo Presidente Mao Tsetung elevou o marxismo ao seu ponto mais alto ao desenvolver a teoria do proletariado no marxismo-leninismo-maoismo. Ele realizou essa tarefa em meio a uma luta tenaz e persistente, esmagando as linhas oportunistas de direita dentro do Partido Comunista da China, com destaque para o esmagamento da linha revisionista de Liu Shao-chi e Teng Siao-ping; e, no plano internacional, liderou a luta e derrotou o revisionismo contemporâneo de Kruschov. Ele personificou a revolução democrática na China, a passagem para a revolução socialista e a Grande Revolução Cultural Proletária. O fundamental do maoismo é o poder, o poder para o proletariado, o poder para a ditadura do proletariado, com base em uma força armada dirigida pelo partido. O maoismo é a aplicação do marxismo-leninismo aos países atrasados, da ofensiva estratégica da revolução mundial e da continuação da revolução sob a ditadura do proletariado.

Assim, nós, comunistas, temos três grandes espadas: nosso fundador Marx, o grande Lenin e o Presidente Mao Tsetung, sendo nossa grande tarefa desfraldar, defender e aplicar o marxismo-leninismo-maoismo, principalmente o maoismo, colocando-o como mando e guia da revolução mundial.

Dando continuidade ao desenvolvimento do marxismo-leninismo-maoismo, o presidente Gonzalo desfralda, defende e aplica essa nossa ideologia invencível e imperecível, fazendo do marxismo-leninismo-maoismo, o Pensamento Gonzalo, a base da unidade do partido, desenvolvendo a revolução peruana e contribuindo para a revolução mundial. O Pensamento Gonzalo é a principal coisa que temos de incorporar porque é a garantia da vitória que nos leva à revolução democrática, à revolução socialista, às revoluções culturais até o comunismo.

Por outro lado, o Presidente Gonzalo afirma que, no processo da revolução mundial para varrer o imperialismo e a reação da face da Terra, há três momentos: 1º defensiva estratégica; 2º equilíbrio estratégico; e 3º ofensiva estratégica da revolução mundial. Ele faz isso aplicando a lei da contradição à revolução, pois a contradição governa tudo e toda contradição tem dois aspectos em luta, neste caso, revolução e contrarrevolução. A defensiva estratégica da revolução mundial em oposição à ofensiva da contrarrevolução começa em 1871 com a Comuna de Paris e termina na Segunda Guerra Mundial; o equilíbrio estratégico se dá em torno do triunfo da revolução chinesa, da Grande Revolução Cultural Proletária e do desenvolvimento do poderoso movimento de libertação nacional. Mais tarde a revolução entra na ofensiva estratégica, esse momento pode ser situado por volta da década de 1980, quando vemos sinais como a guerra Irã-Iraque, o Afeganistão, a Nicarágua, o início da guerra popular no Peru, uma época inscrita nos “próximos 50 a 100 anos”; a partir de então, a contradição entre o capitalismo e o socialismo se desenvolverá, cuja solução nos levará ao comunismo. Prevemos um processo longo e não curto, com a convicção de entrar no comunismo, mesmo que tenhamos de passar por uma série de reviravoltas e retrocessos, pelos quais necessariamente teremos de passar. Além disso, não é estranho que apliquemos os três momentos à revolução mundial, assim como o Presidente Mao os aplicou ao processo da prolongada guerra popular. E, como comunistas, devemos olhar não apenas para o momento, mas para os longos anos à frente.

3. SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS

Na situação e na perspectiva atuais, entramos na ofensiva estratégica da revolução mundial dentro dos “50 a 100 anos” em que o imperialismo e a reação mundial entrarão em colapso e entraremos no período em que o proletariado se estabelecerá definitivamente no poder e estabelecerá sua ditadura; a partir daí, a contradição será entre o socialismo e o capitalismo na marcha para o comunismo. O fato de ter havido restaurações na URSS e na China não nega o processo de desenvolvimento vigoroso do proletariado internacional, mas mostra como ocorre a luta entre restauração e contrarestauração, da qual nós, comunistas, tiramos lições para impedir a restauração e estabelecer a ditadura do proletariado de uma vez por todas.

Reafirmamos a tese do Presidente Mao Tsetung de que se iniciou um período de luta contra o imperialismo norte-americano e o social-imperialismo russo; os dois principais inimigos em nível mundial estão assim definidos, tanto para aqueles que fazem a revolução democrática ou a revolução socialista, como para aqueles que fazem movimentos nacionalistas, e o que corresponde a cada revolução ou movimento é especificar seu principal inimigo e impedir a dominação da outra superpotência ou das outras potências. No Peru, somos dominados pelo imperialismo ianque em conluio com a grande burguesia e os latifundiários. No entanto, em nível mundial, há uma luta entre as duas superpotências pela hegemonia mundial, estamos lutando contra o imperialismo americano, contra o feudalismo e o capitalismo burocrático, mas não podemos permitir que ele seja substituído pela dominação do social-imperialismo ou de qualquer outra potência. No Afeganistão, a agressão direta é do social-imperialismo russo, que está lutando pela hegemonia com o imperialismo ianque e outras potências do Ocidente e da China. Lá, a luta deve ser travada contra o social-imperialismo como a principal e não permitir que a dominação do imperialismo americano e de outras potências entre; o problema é que a luta não está sendo realizada corretamente por causa da falta de direção política do Partido Comunista. Em suma, há duas superpotências que são os principais inimigos, sendo uma delas o principal inimigo em cada caso, e não isentamos a ação das potências.

Consideramos a tese do Presidente Mao Tsetung de que três mundos delineam-se como justa e correta e está de acordo com a tese de Lenin sobre a distribuição de forças no mundo com base na análise de classes e contradições. Rejeitamos a deturpação oportunista e revisionista de Teng Siao-ping da Teoria dos Três Mundos que leva a seguir os EUA e a vender a revolução. A partir disso, o presidente Gonzalo analisa a situação atual dos três mundos e mostra que ela é uma realidade, já que, no primeiro mundo, são as duas superpotências, os EUA e a URSS, que lutam pela hegemonia mundial e podem desencadear uma guerra imperialista, são superpotências porque são mais poderosas econômica, política e militarmente do que as outras potências; os EUA têm uma economia centrada no monopólio da propriedade não-estatal, politicamente desenvolvem uma democracia burguesa de restrição crescente de direitos, é um liberalismo reacionário, militarmente são os mais poderosos do Ocidente e têm um processo de desenvolvimento mais prolongado. A URSS é economicamente centrada no monopólio estatal, politicamente uma ditadura fascista de uma burguesia burocrática e militarmente uma potência de alto nível, embora seu processo de desenvolvimento seja mais curto. Os EUA buscam manter seu domínio e também expandi-lo. A URSS visa mais à expansão porque é uma nova superpotência e, economicamente, é de seu interesse conquistar a Europa para ficar em uma posição melhor. Em suma, são duas superpotências que não constituem um bloco, mas têm contradições, diferenças claras entre si e se movem dentro da lei do conluio e da pugna pela partilha do mundo. O segundo mundo são as potências imperialistas que não são superpotências, ou seja, aquelas com menos poder econômico, político e militar, como Japão, Alemanha, França, Itália etc., que têm contradições com as superpotências porque têm de suportar, por exemplo, a desvalorização do dólar, restrições militares e imposições políticas; essas potências imperialistas querem aproveitar a luta entre as superpotências para emergir como novas superpotências, também travam guerras de agressão contra as nações oprimidas e também há contradições agudas entre elas. O Terceiro Mundo é composto pelas nações oprimidas da Ásia, África e América Latina, são colônias ou semicolônias onde o feudalismo não foi destruído e, com base nisso, está se desenvolvendo um capitalismo burocrático, estão sujeitas a uma ou outra superpotência ou potência imperialista, têm contradições com o imperialismo, além de lutarem contra suas próprias grandes burguesias e latifundiários, ambos a serviço do imperialismo e em conluio com ele, especialmente com as superpotências.

Tudo isso nos dá uma base para que os comunistas estabeleçam a estratégia e a tática da revolução mundial. O presidente Mao Tsetung veio para estabelecer a estratégia e a tática da revolução mundial, mas os revisionistas chineses a ocultam, portanto, cabe a nós extraí-la de suas próprias ideias, principalmente se houver novas situações, especialmente em perspectiva.

Nosso partido sustenta que há três contradições fundamentais no mundo atual:

1) A contradição entre as nações oprimidas, por um lado, e as superpotências imperialistas e as potências imperialistas, por outro lado, que é a tese dos três mundos delineados, e nós a formulamos dessa forma porque o núcleo dessa contradição está com as superpotências imperialistas, mas também há contradição com as potências imperialistas. Essa é a principal contradição e sua solução é o desenvolvimento e o triunfo de novas revoluções democráticas.

2) A contradição entre o proletariado e a burguesia, cuja solução é a revolução socialista e, em perspectiva, a revolução cultural proletária.

3) A contradição interimperialista: entre as superpotências, as superpotências e as potências imperialistas e as potências imperialistas entre si, o que leva à guerra pela hegemonia mundial e às guerras de rapina, às quais o proletariado deve contrapor com a guerra popular e, em perspectiva, a guerra popular mundial. A contradição socialismo-capitalismo não existe hoje porque existe apenas em nível ideológico e político, porque o socialismo não existe como um Estado, não existe um sistema socialista hoje, afirmar que ele existe hoje é essencialmente afirmar que a URSS é socialista, o que é revisionismo.

A necessidade de enxergar as contradições serve para analisar a situação mundial e definir sua estratégia e tática e, dentro dela, as zonas estratégicas e de conflito. Atualmente, os pontos de maiores conflitos são o Sudeste Asiático, onde a luta no Vietnã, no Laos e no Camboja é um ponto focal da imensa região estratégica da Ásia, uma região de grande concentração de massas, por exemplo, a Índia, que, se tivesse partidos comunistas suficientemente desenvolvidos, serviria poderosamente para o avanço da revolução. O Oriente Médio, o grande centro petrolífero, onde também há uma forte luta entre as superpotências e as potências ligadas à questão do Oriente Próximo e aos movimentos nacionalistas e até mesmo reacionários. África do Sul, onde há movimentos guerrilheiros que são usurpados pelas superpotências ou pelas potências para transformá-los em forças de ocupação e dominá-los. Na América Latina, as lutas na América Central (Nicarágua e El Salvador) e a explosividade das Índias Ocidentais (Haiti, etc.) são importantes. E a guerra popular no Peru, marxista-leninista-maoista, pensamento Gonzalo, que luta por uma autêntica revolução democrática sem se submeter a nenhuma superpotência ou poder. E a Europa, onde estão ocorrendo ações militares anti-imperialistas persistentes, onde é necessário estudar a ideologia e a política que as sustentam, a classe a que servem, seu vínculo com a ideologia do proletariado e seu papel dentro da revolução proletária mundial, bem como sua posição diante do revisionismo contemporâneo; movimentos que expressam a existência de uma situação revolucionária em desenvolvimento desigual no Velho Continente. Em qualquer um desses pontos de conflito a faísca pode acender uma guerra mundial imperialista, situação que ocorrerá quando se definir a superioridade estratégica de uma das superpotências, razão pela qual é cada vez mais urgente e peremptória a existência de partidos comunistas baseados no marxismo-leninismo-maoismo e treinados para e na guerra popular por meio de sua militarização. Definir estrategicamente as áreas de importância primária e secundária para fazer a revolução mundial é fundamental para estabelecer o papel a ser desempenhado por cada região e cada partido na revolução mundial.

Para os Partidos Comunistas, o problema não é concentrar a atenção na guerra mundial imperialista, mas na guerra popular, pois somente da guerra poopular derivará o poder dirigido pelo proletariado. Acreditamos que, enquanto houver imperialismo, haverá espaço para guerras mundiais imperialistas, e é verdade o que o Presidente Mao disse: ou a revolução conjura a guerra ou a guerra mundial atiça a revolução. Para que ocorra uma guerra mundial imperialista, a superioridade estratégica de uma das superpotências deve ser definida e, de acordo com os teóricos militares reacionários, ela se desenvolverá com um primeiro momento de uso de armas nucleares, um forte bombardeio atômico de ambos os lados, e um segundo momento em que grandes contingentes de milhões de pessoas participarão e a guerra convencional será travada para ocupar territórios, já que o objetivo é a partilha do botim, especialmente das nações oprimidas; e ocorrerá um massacre feroz e em grande escala, que, por sua vez, será um tiro pela culatra contra os imperialistas e os motivos para as nações oprimidas, os povos e a classe se levantarem na guerra popular serão maiores. Portanto, se a guerra mundial imperialista vier, em primeiro lugar, somos contra ela; em segundo lugar, não temos medo dela e nos concentramos na revolução; em terceiro lugar, concentrar-se na revolução é travar a guerra popular liderada pelo proletariado por meio de seus partidos comunistas; e, em quarto lugar, essa guerra popular deve ser especificada em cada tipo de país de acordo com o tipo de revolução. A guerra popular mundial é, portanto, a ordem do dia.

4. O MOVIMENTO COMUNISTA INTERNACIONAL.

O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO INTERNACIONALISTA

A história do movimento comunista internacional é um glorioso processo de luta por meio do qual os comunistas do mundo se esforçaram e estão se esforçando para se unir a fim de alcançar seu objetivo inalterável, a sociedade comunista. Nessa luta heróica, três internacionais existiram.

A Associação Internacional dos Trabalhadores, ou Primeira Internacional, foi fundada por Marx e Engels em 1864 e, na luta árdua e no esmagamento das posições anarquistas de Bakunin, estabeleceu que há apenas uma doutrina do proletariado: o marxismo. Lenin diz que o papel da Primeira Internacional era estabelecer os fundamentos ideológicos da doutrina do proletariado. A Internacional se dividiu e Marx e Engels foram culpados pela divisão, mas eles responderam que, se essa divisão não tivesse ocorrido, a Internacional teria morrido de qualquer maneira, morta pela unidade ao deixar os princípios de lado. A Segunda Internacional foi fundada por Engels em 1889, para servir à multiplicação de organizações e partidos; quando Engels morreu, o velho revisionismo se espalhou, o que seria combatido e esmagado por Lenin; essa Internacional faliu na Primeira Guerra Mundial, quando seus líderes, como Kautsky e Berstein, em vez de lutar contra a guerra imperialista e transformá-la em revolução, apoiaram essa guerra de rapina e seus burgueses, tornando-se social-patriotas. Em 1919, Lenin formou a Terceira Internacional, a Internacional Comunista, e a concebeu como uma máquina de combate que deve assumir a revolução mundial e a construção da ditadura do proletariado. Na década de 1920, dois problemas de grande impacto surgiram na IC: o problema da Alemanha, ou seja, a revolução em um país avançado, e o problema da China, ou seja, a revolução em um país atrasado. Posteriormente, a situação se tornou mais aguda com a ascensão e o triunfo do fascismo e como conceber a Frente; havia critérios revisionistas de Togliatti e Thorez que buscavam manter a ordem e não derrubá-la, e se concentravam apenas na luta contra o fascismo. Para os comunistas e para o nosso partido, é uma tarefa urgente fazer um balanço da Internacional Comunista, especialmente de seu VII Congresso, que estava ligado à guerra mundial e ao papel do camarada Stalin. Em 1943, a Internacional foi dissolvida e um Comitê de Informação permaneceu.

A luta dos comunistas para se unificarem em nível internacional é difícil e complexa e ocorre após a Segunda Guerra Mundial contra o revisionismo contemporâneo. Em 1948, Tito foi condenado. As ideias de Browder também tiveram um papel desastroso. Em 1957 e 1960, os partidos comunistas e dos trabalhadores se reuniram em Moscou. Esses eventos ocorreram após o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), no ano de 56, quando Kruschov já havia usurpado a ditadura do proletariado na URSS e a atacou sob o pretexto de combater o camarada Stalin. O peso da URSS era muito grande no mundo e, nessas circunstâncias, as reuniões de 1957 e 1960 concordaram com posições ambíguas, apesar da firme posição de princípio assumida pelo PCCh, especialmente pelo Presidente Mao, e pelo Partido do Trabalho da Albânia. A posição do Presidente Mao mudou algumas posições do PCUS. Em 1961, foi realizado o XXII Congresso do PCUS, no qual as posições do revisionismo contemporâneo foram sistematizadas.

O Presidente Mao, enquanto dirigia o Partido Comunista da China (PCCh), colocou a essência do novo revisionismo sistematizada nas “três pacíficas” e nos “dois todos”. Coexistência pacífica: Kruschov distorceu a tese de Lenin, que diferenciava as relações entre os Estados e as relações dentro dos Estados, e passou a afirmar que a linha geral do movimento comunista internacional era a “coexistência pacífica”; para Kruschov, o problema era evitar a guerra porque, segundo ele, as armas atômicas não faziam distinção entre exploradores e explorados e que as pessoas deveriam se confraternizar para evitar o desaparecimento da humanidade. A “transição pacífica” postula que a revolução não precisava mais da violência revolucionária, mas que um sistema social poderia ser trocado por outro por meio da “via pacífica”, por meio de eleições, por meio do parlamentarismo. A “emulação pacífica” argumentava que, para destruir o sistema imperialista, o sistema socialista tinha de imitar o sistema imperialista para mostrar aos imperialistas que o sistema socialista é superior e, assim, os imperialistas mudariam para o socialismo. A tese revisionista do “Estado de todo o povo”, com a qual Kruschov pretendia negar o caráter de classe do estado e visava concretamente à ditadura do proletariado, e o “partido de todo o povo” é outra monstruosidade que negava o caráter de classe do partido como o partido do proletariado. Assim, Kruschov afirmou que o XXII Congresso do PCUS era o novo programa dos comunistas e substituiu o Manifesto Comunista pela consigna burguesa de “liberdade”, “igualdade” e “fraternidade”. O Manifesto é o programa dos comunistas, e sua negação aguçou e intensificou a luta entre o marxismo e o revisionismo.

Em 14 de junho de 1963, a “Proposta sobre a Linha Geral do Movimento Comunista Internacional”, também conhecida como “A Carta Chinesa”, foi publicada e seguida pela disseminação dos “9 Comentários”, nos quais o Presidente Mao e o PCCh brilhantemente desmascararam e esmagaram o revisionismo contemporâneo em todas as suas facetas.

Entendemos que o presidente Mao e o PCCh consideravam que, nessas circunstâncias, não era conveniente formar uma nova Internacional Comunista porque a base político ideológica não estava definida, deveria ser o marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung, mas especialmente o Partido do Trabalho da Albânia, dirigido por Hoxha, não aceitava o pensamento Mao Tsetung e pretendia uma Internacional baseada apenas no marxismo-leninismo, sem considerar o novo desenvolvimento que tinha, porque, em essência, Hoxha se opunha ao pensamento Mao Tsetung.

Com a Grande Revolução Cultural Proletária, a crescente influência do Presidente Mao no mundo se desdobrou, o PCCh se concentrou em problemas muito urgentes, como recuperar o poder na República Popular da China da usurpação revisionista de Liu Siao-chi e Teng Siao-ping e como continuar a revolução sob a ditadura do proletariado. Assim, o Presidente Mao, na luta de classes em nível nacional e internacional contra o revisionismo, tornou-se o grande mestre do proletariado e o chefe da revolução mundial, e seu pensamento tornou-se a terceira etapa do marxismo, que naquela época nós, comunistas, chamávamos de marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung. O Partido Comunista do Peru, na VI Conferência Nacional, em janeiro de 1969, adotou o marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung como base da unidade do partido, como produto da luta do Presidente Gonzalo e da fração vermelha do partido que, desde 1966, já havia aderido ao marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung, embora o Presidente Gonzalo já tivesse aderido, em 1962, às posições do Presidente Mao e, nessa concepção, forjou a facção vermelha. Nós, comunistas genuínos, esperávamos que o PCCh fosse o único a definir o maoismo como a terceira etapa do marxismo, mas quando o Presidente Mao morreu em setembro de 1976, os revisionistas chineses que realizaram um golpe contrarrevolucionário atacaram o Presidente Mao e seu pensamento. Assim, a unidade dos marxistas passou a ter problemas sérios e complexos, mas o Partido Comunista do Peru permaneceu firme e inabalável na defesa do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung e desmascarou o golpe contrarrevolucionário e a usurpação revisionista na China, e foi então que o Birô Político Ampliado de outubro de 1976 concordou que “ser marxista é aderir ao marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung”.

Com a morte do Presidente Mao e a usurpação revisionista da China por Teng e seus comparsas, nós, comunistas, fomos deixados espalhados pelo mundo sem um centro ou base da revolução mundial; a contrarrevolução arrancou suas garras para negar o Presidente Mao e a validade do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung, e o ataque revisionista triplo de Teng Siao-ping (revisionismo chinês), Hoxha (revisionismo albanês) e Brejnev (revisionismo russo) foi desencadeado. Diante disso, o Presidente Gonzalo, na I Conferência Nacional, em novembro de 1979, conclamou todo o Partido a desfraldar, defender e aplicar o marxismo-leninismo pensamento Mao Tsetung contra o triplo ataque revisionista. Nessas posições, o Partido se manteve firme e assumiu uma posição de princípio inalterável. Em 1980, o PCP iniciou a guerra popular com base no marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung e foi aplicando e desenvolvendo a guerra popular que avançou ainda mais na compreensão do maoismo como o terceira etapa do marxismo, de modo que, na II Conferência Nacional, em maio de 1982, concordou que o marxismo-leninismo-maoismo era a terceira etapa do marxismo, Assim, o PCP foi o único partido no mundo que esteve na vanguarda da defesa do maoismo e assumiu a luta pela unidade dos marxistas-leninistas-maoistas do mundo para que essa ideologia fosse o mando e o guia da revolução peruana e mundial.

A aplicação do marxismo-leninismo-maoismo deve ser especificada para cada revolução a fim de não cair em uma aplicação mecânica, e é por essa razão que a revolução peruana gerou o Presidente Gonzalo e o Pensamento Gonzalo, que é a base principal da unidade do partido. Assim, cada revolução deve especificar seu pensamento-guia, caso contrário, não há aplicação do marxismo-leninismo-maoismo e não há desenvolvimento de uma revolução.

No outono de 1980, treze partidos e organizações comunistas assinaram uma declaração: “Aos marxistas-leninistas, aos trabalhadores e aos oprimidos de todos os países”, na qual conclamam os comunistas a se unirem em torno do marxismo-leninismo e tomarem o Presidente Mao como uma nova etapa e que é universalmente válido, um trabalho liderado principalmente pelo Partido Comunista Revolucionário dos EUA. Em 1983, o PCR dos EUA se uniu ao PCP e o convidou a assinar a declaração de 1980, mas o PCP não concordou porque o pensamento de Mao Tsetung não foi considerado ali e, além disso, já estávamos baseados no marxismo-leninismo-maoismo. Em março de 1984, foi realizada a II Conferência dessas organizações, na qual concordaram com a formação do Movimento Revolucionário Internacionalista (MRI) e aprovaram uma declaração conjunta na qual falavam da união em torno do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung. Nossa posição sobre a incorporação do PCP ao MRI está condensada em uma carta escrita ao Comitê do Movimento Revolucionário Internacionalista, em outubro de 1986: “Gostaríamos de reiterar dois pontos sobre esse assunto. Em primeiro lugar, desde o início de nossos vínculos, o ponto de partida de nossas divergências foi o problema substancial e decisivo do marxismo-leninismo-maoismo como a única, verdadeira e nova etapa no desenvolvimento da ideologia do proletariado, de validez universal e, principalmente, do maoismo como a chave para a questão; e, consequentemente, nossa discordância com a nomeação do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsetung. No entanto, pensamos e achamos que a resolução desse ponto de partida, para nós indispensável, é complexa, requer tempo e, principalmente, o desenvolvimento da revolução”.

Em segundo lugar, ao subscrevermos a Declaração resultante do II Encontro que criou o MRI, fizemo-lo com observações e até contraposições claras, expressamente expostas de forma sintética, bem como reiteradas em encontros, relatórios ou comunicações, que manifestam obviamente divergências sobre a contradição principal, a situação revolucionária de desenvolvimento desigual, a guerra mundial e alguns critérios sobre o papel do Movimento e, pontos ainda mais importantes como a validez universal do marxismo-leninismo-maoismo e particularmente a validade geral da guerra popular, expressão da teoria militar do proletariado que só com o Presidente Mao Tsetung a classe encarnou plena e completamente, assim como a nossa insistência em levantar sempre a grande palavra de ordem “Proletários de todos os países, uni-vos!”. No entanto, pensamos e continuamos a pensar que a Declaração continha e continua a conter uma base de unidade relativa, cujo desenvolvimento e melhoria serão exigidos pelo avanço do próprio movimento, como os fatos já estão a mostrar claramente.

Hoje a Declaração foi tachada por alguns de oportunista, por outros de que não serve para resolver os problemas candentes que a revolução exige e que, portanto, uma nova declaração deve ser feita. O PCP considera que o MRI enfrenta problemas em diferentes níveis: Ideologicamente, avançar na compreensão do marxismo-leninismo-maoismo, esse avanço é o principal e dele depende inclusive o desenvolvimento político; politicamente, avançar na definição das contradições fundamentais e da principal contradição no mundo, a questão da terceira guerra mundial e que a revolução é a principal tendência e transformar a guerra imperialista em guerra popular; quanto à construção das diretrizes que devemos seguir para formar a Internacional de que precisamos, que deve ser uma continuação do glorioso Movimento Comunista Internacional; quanto ao trabalho de massa, partimos de nossos princípios “as massas fazem a história”, “a rebelião se justifica” e “o colossal montão de lixo”, e esse trabalho de massa é para iniciar ou desenvolver a guerra popular; quanto à liderança, ela é fundamental e requer tempo para sua formação, desenvolvimento e autoridade reconhecida; e quanto à luta de duas linhas, ela não é tratada adequadamente. Esses são problemas de desenvolvimento, mas se não forem tratados de forma justa e correta, podem se transformar em fenômenos de desarticulação e essas possibilidades negativas só podem ser motivo de preocupação. Consideramos que o Comitê do MRI tem como objetivo impor o nome “Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsetung”, para nos enquadrar na declaração e resolver os problemas da direção do Comitê que dão margem a pensar na existência de tendências hegemonistas.

Levando em conta essa situação, reafirmamos na IV Conferência Nacional do PCP, em outubro de 1986, que nos desenvolveremos como uma fração dentro do Movimento Comunista Internacional para que o marxismo-leninismo-maoismo, principalmente o maoismo, seja o mando e guia da revolução mundial e conclamamos a desfraldar, defender e aplicar o marxismo-leninismo-maoismo, principalmente o maoismo! Pois, somente assim o proletariado internacional, por meio de seus partidos comunistas, será capaz de dirigir a conquista do poder e emancipar os oprimidos para se emancipar como classe.

Defendemos a reconstituição da Internacional Comunista e consideramos o MRI como um passo nessa direção, que servirá enquanto for sustentado e seguir uma linha ideológico-política justa e correta.

A luta para impor o marxismo-leninismo-maoismo, principalmente o maoismo, como mando e guia da revolução mundial será longa, complexa e difícil, mas, no final, os marxistas-leninistas-maoístas da Terra o imporão porque o marxismo não deu um único passo na vida sem luta.

GLÓRIA AO PROLETARIADO INTERNACIONAL!

VIVA A REVOLUÇÃO PROLETÁRIA MUNDIAL!

DESFRALDAR, DEFENDER E APLICAR O MARXISMO-LENINISMO-MAOISMO, PENSAMENTO GONZALO, PRINCIPALMENTE O PENSAMENTO GONZALO!