Nota do blog: Como parte das celebrações pelo 106o aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro (GRSO), disponibilizamos para download o livro completo “A Grande Conspiração”, de Michael Sayers e Albert E. Kahn. A obra é fundamental para compreender todo o combate da revolução russa, do partido bolchevique e do povo russo e soviético contra os inimigos internos e externos da ditadura do proletariado. Dentre todos eles, destaca-se Trotsky, como o mais contumaz inimigo da república soviética e o mais obstinado mentor e organizador da contrarrevolução contra a pátria do socialismo. Fica claro no livro que, além das divergências teóricas e políticas, Trotsky colaborou, por exemplo, com o regime nazista para derrubar a ditadura do proletariado, tão longe que fora sua sanha por poder e seu antagonismo com o socialismo científico de Marx, Engels, Lenin e Stalin. Abaixo destacamos alguns trechos.
Trechos de “A Grande Conspiração – A guerra secreta contra a Rússia soviética”, de Michael Sayers e Albert E. Kahn
CAPITULO XV
O ATALHO DA TRAIÇÃO
1. Rebelião entre os revolucionários
Desde o momento em que Hitler tomou o poder na Alemanha, a contra-revolução internacional passou a constituir parte integrante do plano nazista de conquista mundial. Em todos os países, Hitler mobilizou as forças contra-revolucionárias que durante os quinze anos anteriores vinham sendo organizadas pelo mundo. Essas fôrças converteram-se então em quinta-colunas nazistas da Alemanha, organizações de traição, espionagem e terror. Essas quinta-colunas constituíram as vanguardas secretas da Wehrmacht alemã.
Uma das mais poderosas e importantes dessas organizações operava na Rússia Soviética. Era encabeçada por um homem talvez dos mais notáveis renegados políticos da história. Seu nome era Leon Trotsky.
Quando nasceu o III Reich, Trotsky já era o líder de uma conspiração anti-soviética internacional com poderosas fôrças da União Soviética. Exilado, Trotsky estava conspirando para a derrubada do govêrno soviético, para seu regresso a Rússia e recuperação do poder pessoal que outrora detivera.
“Houve um tempo”, escreveu Winston Churchill em Grandes Contemporâneos, “em que Trotsky estêve intimamente ligado com o trono dos Romanovs.” Em 1919-1920, a imprensa mundial apelidou Trotsky de “Napoleão Vermelho” Trotsky era comissário de Guerra. Trajado num longo sobretudo espalhafatosamente militar; de altas botas reluzentes, pistola automática à cintura, percorria as frentes de batalha fazendo inflamadas alocuções aos soldados do Exército Vermelho. Converteu um trem blindado em seu Q. G. privado e protegeu-se pessoalmente com uma guarda armada especialmente uniformizada. Êle possuía a sua própria
facção no comando do Exército, no Partido Bolchevique e no govêrno soviético. O trem de Trotsky, a guarda de Trotsky, os discursos de Trotsky, as atitudes de Trotsky — seu vasto cabelo prêto e sua barbicha em ponta, seus olhos penetrantes atrás do pince-nez fulgurante — ficaram mundialmente famosos. Na Europa e nos E.U.A. as vitórias do Exército Vermelho eram tôdas creditadas ao “comando de Trotsky.”
Eis como Isaac F. Marcosson, correspondente americano no exterior, descrevia o comissário de Guerra Trotsky, dirigindo-se a uma de suas espetaculares assembléias de massas em Moscou: “Trotsky fez o que os artistas costumam chamar uma bela entrada… após uma demora, e no momento exatamente psicológico, emergiu dos bastidores e caminhou a passos rápidos,, para o púlpito que se coloca para os oradores em tôdas as assembleias russas. Mesmo antes de êle se dirigir para o estrado- houve um tremor antecipado em todo o auditório. Poder-se-ia ouvir um sussurros “Trotsky vem chegando.. No estrado, sua voz ora rica, profunda o eloqüente. Êle atraía e repelia; dominava e tiranizava. Êle era elementar, quase primitivo em sou fervor — uma máquina humana poderosíssima. Inundava os seus ouvintes com um Niágara de eloqüência, como eu Jamais ouvi. Transbordavam dêle a vaidade e a arrogância.”
Após a sua dramática deportação da Rússia Soviética em 1929, os elementos anti-soviéticos do mundo forjaram um mito em tôrno de seu nome e da sua personalidade. De acôrdo com êsse mito, Trotsky era “o excepcional líder da revolução russa” e “inspirador de Lénin, seu mais íntimo camarada e lógico sucessor.”
Mas em fevereiro de 1917, um mês antes do colapso do czarismo, o próprio Lénin escreveu: “O nome de Trotsky significava: Fraseologia de esquerda e bloco com a direita contra as aspirações da esquerda.”
Lénin chamou Trotsky o “Judas” da revolução russa1. Os traidores fazem-se, não nascem. Como Benito Mussolini, Pierre Lavai, Paul Joseph Goebbels, Jacques Doriot, Wang Ching-wei e outros notórios aventureiros dos tempos modernos, Leon Trotsky começou a sua carreira como elemento dissidente da extrema esquerda dentro do movimento revolucionário de sua terra natal. Trotsky era pseudônimo. Lev Davidóvitch Bronstein, filho de pais prósperos da classe média, nasceu em Yanovka, pequena aldeia rural perto de Kherson na Rússia meridional, em 1879. Sua primeira ambição foi ser ator. O jovem Trotsky começou trabalhando numa peça e surgiu nos salões literários de Odessa com suas botas de tacão alto, vestido de blusão azul de artista, uma palheta redonda na cabeça e trazendo uma bengala preta. Ainda quando estudante, associou-se a um grupo de radicais boêmios. Aos 18 anos, foi prêso pela polícia czarista por estar ‘distribuindo literatura subversiva e foi exilado para a Sibéria juntamente com centenas do outros estudantes revolucionários. Escapou da Sibéria no verão de 1902 o foi viver no estrangeiro, onde levaria a maior parte de sua vida como agitador e conspirador entre os emigrados russos e socialistas cosmopolitas nas capitais européias.
Durante os primeiros meses de 1903 Trotsky foi membro da redação de Iskra, órgão marxista que Lenin editava no exílio em Londres. Em seguida à divisão bolchevique-menchevique que foi efetuada no movimento marxista russo nesse verão, Trotsky filiou-se aos adversários políticos de Lénin, os mencheviques. O talento literário de Trotsky, sua oratória inflamada, sua personalidade dominadora e seu talento dramático granjearam-lhe a reputação de ser o mais brilhante e jovem agitador menchevique. Ele percorreu as colônias de estudantes radicais russos de Bruxelas, Paris, Liège, Suíça e Alemanha, atacando Lénin e os demais bolcheviques, que apelavam para um partido revolucionário disciplinado e altamente organizado para a luta contra o czarismo. Num panfleto intitulado ‘Nossas Tarefas Políticas” publicado em 1904, Trotsky acusou Lénin de tentar impor um “regime de caserna” aos radicais, russos. Numa linguagem surpreendentemente semelhante à que êle usaria mais tarde em seus ataques contra Stálin, o jovem Trotsky denunciou Lénin como “‘líder da ala reacionária de nosso partido.”
Em 1905, após a derrota czarista na guerra russo-japonêsa, os trabalhadores e camponeses insurgiram-se na primeira e fracassada revolução russa. Trotsky correu para a Rússia e tornou-se membro influente do Soviete de S. Petersburgo controlado pelos mencheviques. Na atmosfera febril de intriga, de intenso conflito político e de sensação do poder iminente, Trotsky achou o seu elemento. Aos 26 anos, êle saiu da experiência convencido de que estava destinado a ser o líder da revolução russa. Já falava de seu “destino” e de sua “intuição revolucionária. Anos depois, em Minha Vida, escreveu:
“Vim à Rússia em fevereiro de 1905; os outros líderes emigrados não chegaram antes de outubro e novembro. Entro os camaradas russos, não havia um de quem cu pudesse aprender alguma coisa. Ao contrário, cu tivo de assumir o pôsto do meu próprio mestre.,. Em outubro, participei-me na gigantesca voragem quo, pessoalmente falando, era o maior teste para a minha capacidade. Tivo de tomar decisões sob o fogo. Não ó necessário observar que as decisões mo ocorriam do modo totalmente óbvio… Senti orgânicamente que tinham passado os meus anos de aprendizado… nos anos seguintes eu iria aprendendo como um mestre aprende, não como aprende um discípulo… Nenhum grande trabalho é possível sem intuição… Os acontecimentos de 1905 revelaram em mim, creio eu, ossa intuição revolucionária e habilitaram-mo a confiar nela durante a minha vida posterior… Conscientemente não posso, na apreciação da situação política, como um todo e em suas perspectivas revolucionárias, acusar-me de graves erros do julgamento.”
De novo no estrangeiro, após a derrota da revolução do 1905, Trotsky montou o seu Q. G. político em Viena e, atacando Lenin como “candidato ao pôsto de ditador”, lançou uma campanha de propaganda para edificar o seu próprio movimento e promover-se a si mesmo como “internacionalista revolucionário.” De Viena, Trotsky locomoveu-se incansavelmente para a Rumânia, Suíça, França, Turquia, recrutando companheiros e formando ligações valiosas com socialistas e radicais esquerdistas europeus. Gradual e persistentemente, entre os mencheviques emigrados russos, social-revolucionários e intelectuais boêmios, Trotsky construiu uma reputação de principal rival de Lénin no movimento revolucionário russo.
“Tôda a construção do Leninismo”, escreveu Trotsky numa carta confidencial ao líder menchevique russo Tscheiaze, aos 23 de fevereiro de 1913, “está atualmente edificada sôbre mentiras e contém os germes peçonhentos de sua própria desintegração.” Trotsky continuava dizendo ao seu companheiro menchevique que, na sua opinião, Lénin não passava de “um explorador profissional de todo o atraso do movimento do trabalhador russo.”
O colapso do regime do czar cm março de 1917 encontrou Trotsky em Nova Iorque, editando um jornal radical russo, Novy Mir (Novo Mundo) em colaboração com seu amigo o adversário de Lénin, Nicolai Bukharin, um político ultra-esquerdista, emigrado russo que um observador descreveu como “um louro Machiavelli em Jaqueta do couro.”2 Depressa Trotsky obteve passagem para a Rússia. Sua viagem foi interrompida quando as autoridades canadenses o detiveram em Ilalifax. Detido sob custódia por um môs, foi sôlto por solicitação do govôrno provisório russo o embarcou para Petrogrado.
O governo britânico decidira mo deixar Trotsky voltar à Rússia. Conforme as memórias do agente britânico Bruce Lockhart, o serviço secreto britânico acreditava que seria possível utilizar-se das “dissensões entro Trotsky e Lenin.. (48.) Trotsky chegou a Petrogrado em maio. A princípio tentou criar um partido revolucionário seu — um bloco composto de antigos emigrados e elementos da extrema esquerda de vários partidos radicais. Mas logo se viu claramente que não havia futuro algum para o movimento de Trotsky. O Partido Bolchevique tinha o apoio das massas revolucionarias. Em agôsto de 1917, Trotsky deu uma sensacional reviravolta política. Depois de o 14 anos de oposição a Lénin e aos bolcheviques, solicitou sou ingresso como membro do Partido Bolchevique.
Lénin prevenira-se reiteradamente contra Trotsky o suas ambições pessoais; mas agora, na luta crucial para estabelecer o governo soviético, a política do Lénin apelava para uma fronte única do tôdas as facções revolucionárias de todos os grupos e partidos. Trotsky era o intérprete de um grupo considerável. Fora da Rússia o seu nome era mais conhecido do que nenhum outro revolucionário russo, exceto Lénin. Além do quo, os raros talentos de Trotsky como orador, agitador e organizador poderiam ser utilizados com grande proveito poios bolcheviques. A inscrição de Trotsky tomo membro do Partido Bolchevique foi concedida.
Caracteristicamente, Trotsky fez uma entrada espetacular no Partido Bolchevique. Trouxe consigo para o Partido todo o seu séquito colorido de esquerdistas dissidentes. Como Lénin humoristicamente observou, “ora como se chegassem a termos com uma grande potência.”
Trotsky tornou-se dirigente do Soviete de Petrogrado, no qual fizera a sua estréia revolucionária em 1905. Manteve-se nesse pôsto durante os dias decisivos quo se seguiram. Quando o governo soviético so formou como uma coalizão de bolcheviques, social-revolucionários do esquerda e antigos mencheviques, Trotsky veio a sor o comissário do Exterior. Seu íntimo conhecimento de línguas estrangeiras e sua familiaridade com países estrangeiros indicaram-no para esse cargo.
[…]
CAPITULO XVII
TRAIÇÃO E TERROR
1. A diplomacia da traição
[…]
Em setembro de 1933, oito meses depois de Adolf Hitler ter-se tomado ditador da Alemanha, o diplomata trotskista e agente alemão Xicolai Krestinsky deteve-se em Berlim por poucos dias, a caminho de sua estância anual de cura num sanatório em Kissíngen. Krestinsky ocupava então o posto de comissário-assistente no Ministério soviético do Exterior.
Em Berlim, Krestinsky viu Sergei Bessonov, agente de ligação trotskista na embaixada soviética. Com grande excitação, Krestinsky informou Bessonov que “Alfredo Rosenberg, o líder do Departamento dos Negócios Exteriores do Partido Nacional-Socialista da Alemanha” tinha estado “em sondagem em nossos círculos sobre a questão de uma possível aliança secreta entre os nacional-socialistas na Alemanha e os trotskistas russos.”
Krestinsky disse a Bessonov que precisava ver Trotsky. Era preciso arranjar um encontro a todo custo. Krestinsky estaria no sanatório até o fon de setembro e depois iria a Merano no Tirol italiano. Trotsky poderia entrar em contacto com êle, com as devidas precauções, em qualquer dos dois lugares. O encontro foi providenciado. Na segunda semana de outubro de 1933, Leon Trotsky, acompanhado por seu filho Sedov, cruzou a fronteira franco-italiana com um passaporte falso e encontrou Krestinsky no Hotel Bavária em Merano.3
A conferência seguinte ocupou-se quase tôda das decisões referentes ao futuro desenvolvimento da conspiração dentro da Rússia Soviética. Trotsky começou afirmando categòricamente que “a tomada do poder na Rússia poderia consumar-se únicamente pela fôrça.” Mas o organismo conspirativo sozinho não era bastante forte para levar a cabo um golpe proveitoso e para manter-se no poder sem auxílio exterior. Por isso era essencial chegar a um acôrdo concreto com os estados estrangeiros interessados em auxiliar os trotskistas contra o govêrno soviético. “O embrião dêsse acôrdo”, disse Trotsky a Krestinsky, “foi nosso acôrdo com a Guarda do Reich; mas esse acôrdo de modo algum satisfez nem aos trotskistas nem aos alemães por duas razões: primeiro, uma parte nesse acôrdo era unicamente a Guarda do Reich e não o govêrno alemão como um todo… Segundo, qual era a substancia de nosso acôrdo com a Guarda do Reich? Nós recebíamos uma pequena soma de dinheiro e êles recebiam informações de espionagem de que necessitariam no caso de um ataque armado. Mas o govêrno alemão, Hitler particularmente, deseja colônias, territórios, e não apenas informações de espionagem. E está disposto a contentar-se com território soviético em vez das colônias pelas quais teria de lutar com a Inglaterra, a América e a França. Quanto a nós, imo precisamos de 250.000 marcos-ouro. Precisamos das forças armadas alemãs, para irmos ao poder com a ajuda delas. E é nesse sentido que tem de ser encaminhado o nosso trabalho.”
A primeira coisa, disse Trotsky eia conseguir um acordo com o governo alemão. “Mas os japoneses também são uma força com a qual é preciso nos entendermos”, acrescentou Trotsky. Seria necessário para os trotskistas russos iniciar “sondagens” com os representantes japoneses em Moscou.
Trotsky estava residindo então em S. Palais, aldeiazinha ao pé dos Pireneus no- sul da França. (Em julho, deixara Prinkipo transferindo-se logo com a sua comitiva de guarda-costas e secretários, para uma vila próxima de Paris.) Na época em que Trotsky veio à França, os reacionários e fascistas lutavam desesperadamente para impedir a aliança de segurança coletiva franco-soviética que tinha sido proposta.
O govêrno francês, que deu a Trotsky permissão para entrar na França e estabelecer o seu Q. G. anti-soviético no pais, era chefiado nessa ocasião por Eduardo Daladier, cuja política de apaziguamento consumada em Munique, deveria desempenhar um papel tão importante na entrega da França e de outras nações antifascistas da Europa às mãos dos nazistas. O deputado radical Henri Guernot advogou pessoalmente a solicitação de Trotsky para ser admitido na França. Os passos necessários foram dados pelo ministro do Interior, Camille Chautemps, duvidoso político francês que ajudou a abafar a investigação da conspiração fascista Cagoulard e posteriormente tornou-se “vice-premier”.
1Eis alguns dos comentários periódicos feitos por Lenin com respeito a Trotsky o às suas atividades no movimento revolucionário russo: 1911. “Em 1903, Trotsky era menchevique; deixou-os em 1904; voltou ao ninho antigo em 1905, enchendo o tempo com frases ultra-revolucionárias; e novamente deu as costas aos mencheviques em 1908… Trotsky plagia hoje as ideias de uma facção, amanhã as de outra, e depois olha ambas do cima, com ar superior… Tenho a declarar qito file representa unicamente a sua própria facção.”
1911. “Pessoas como Trotsky, com suas frases empoladas… são hoje muito comuns… Quem apoia o grupo de Trotsky apoia a política de mentira e decepção dos trabalhadores… é a principal tarefa de Trotsky jogar areia nos olhos dos trabalhadores… não é possível discutir coisas verdadeiramente essenciais com Trotsky pois que êle não tem visão… pós o consideramos apenas como um diplomata da mais modesta condição.”
1912. “Êsso bloco 6 composto do falta do princípios, hipocrisia e frases vazias… Trotsky acoberta tudo isso com a fraseologia revolucionária que nada custa e nada o compromete.”
1913. “Os velhos participantes do movimento marxista na Rússia conhecem muito bem a personalidade de Trotsky e nem é agora a ocasião adequada para falarmos disso. Mas a nova geração ae trabalhadores precisa conhecé-lo e precisamos falar dêle… Tipos como êsse são característicos como fragmentos da formação histórica de ontem, quando ainda dormia o movimento laborista de massas na Rússia.”
1914. “O camarada Trotsky nunca possuiu uma opinião definitiva sôbre uma única e séria questão marxista; sempre se insinuou nesta ou naquela brecha entre uma divergência ou outra, oscilando sempre de um para outro lado.”
1915. “Trotsky… como sempre; discorda em princípio dos social-chauvinistas, mas concorda com êles em tudo na prática”.
2Trotsky chegara aos E.U.A. apenas dois meses antes da queda do Czar, depois do ser expulso da França no fim do outono de 1910. Bukharin precedera-o nos E.U.A., vindo da Áustria.
3Nas suas memórias, o Agente Britânico, Bruno Lockhart acredita que o govôrno britftnico a princípio cometeu um grave êrro no modo do tratar Trotsky. Lockhart escreve: “Não tratamos Trotsky devidamente. No tempo da primeira rovoluçâo ele esteve exilado na América. Êle não era então nem menchovique nem bolchevique. Era aquilo que Lénin chamou: um trotskista — o que quer dizer, um individualista e um oportunista. Um revolucionário com temperamento de artista e indubitável coragem física e, como tal nunca fôra, nem seria, um bom homem de partido. Sua conduta anterior à primeira revolução incorrera na mais severa condenação de Lénin… Na primavera de 1917 Kerensky solicitou do governo britânico que facilitasse o regresso de Trotsky à Rússia… Como de costume em nossa atitude com a Rússia nós adotamos desastrosas meias-medidas. Trotsky foi tratado como criminoso. Em Halifax… foi internado num campo de concentração… Então, tendo despertado o seu ódio amargo, nós o autorizamos a regressar à Rússia.”