Viva o Triunfo da Guerra Popular! (Lin Piao, Setembro de 1965)
Nota do Blog: Reproduzimos abaixo a magistral obra “Viva o Triunfo da Guerra Popular”. É importante fazer a observação, contudo, que Lin Piao é um renegado do Movimento Comunista Internacional, foi um detrator e inimigo do Presidente Mao. Sua sinistra trajetória terminou num acidente aéreo que vitimou também sua família, logo após uma tentativa frustrada de golpe de Estado para restaurar o capitalismo na China, nos anos 1970. Este documento, contudo, expressa a posição do Presidente Mao e do PCCh à época, assinado com o nome de Lin Piao, pois este era então o Comandante do Exército Popular de Libertação e esta demarcação era em si uma resposta às chantagens nucleares do imperialismo ianque e do social-imperialismo soviético.
Viva o triunfo da Guerra Popular!
Marechal Lin Piao
(Intimo camarada de armas do Presidente Mao Tsetung)
Publicado no Renmin Ribao (Diário do Povo) Pequim, República Popular da China, em 3 de setembro de 1965
Completou-se já vinte anos desde nosso triunfo na Guerra de Resistência contra o Japão.
Faz vinte anos que o povo chinês, depois de sustentar uma prolongada e heroica luta sob a direção do Partido Comunista da China e do camarada Mao Tsetung, logrou a vitória final na guerra de Resistência contra o imperialismo japonês, que intentava subjugar a China e apoderar-se de toda a Ásia.
A guerra Antijaponesa do povo chinês foi parte importante da guerra mundial contra o fascismo alemão, japonês e italiano. O povo chinês desfrutou do apoio dos povos e das forças antifascistas do mundo inteiro e deu à sua vez, uma contribuição importante ao triunfo da guerra antifascista mundial.
Das inumeráveis guerras anti-imperialistas travadas pelo povo chinês nos últimos cem anos, a guerra de Resistência contra o Japão foi a primeira que culminou com uma vitória completa. Esta guerra ocupa um lugar de suma importância tanto nos anais das guerras revolucionárias do povo chinês, como na história das guerras travadas pelas nações oprimidas contra a agressão imperialista.
A guerra Antijaponesa foi uma guerra na qual um país débil, semicolonial e semifeudal, venceu a um poderoso país imperialista. Desde a invasão do imperialismo japonês ao nordeste da China, o Kuomintang seguiu durante longo tempo uma política de não resistência. No começo da guerra, valendo-se de sua superioridade militar, o imperialismo japonês, num impetuoso avanço, internou-se na China e ocupou a metade de seu território. Frente aos ataques em massa dos agressores japoneses e do auge da luta antijaponesa de todo o povo, o Kuomintang se viu obrigado a tomar parte na Guerra de Resistência, porém pouco depois adotou a política de resistência passiva ao Japão e de luta ativa contra o Partido Comunista.
Assim, pois, a pesada carga de combate aos imperialistas japoneses recaiu sobre os ombros do VIII Exército, o Novo 4º Corpo de Exército e a população das regiões liberadas, dirigidas todas pelo Partido Comunista da China. Nos começos da Guerra de Resistência, o VIII Exército e o Novo 4° Corpo de Exército só contavam com umas quantas dezenas de milhares de homens e um armamento e equipamentos muito inferiores. Ademais, estiveram durante longo tempo entre o fogo dos imperialistas japoneses e o das tropas do Kuomintang. Entretanto, no fragor da luta se tornaram cada vez mais forte até chegar a se tornar a força principal na derrota do imperialismo japonês.
Por que um país débil logrou ao final vencer a um país poderoso? Por que um exército aparentemente débil e pequeno pôde ser a força principal da guerra?
As razões fundamentais residem em que a Guerra Antijaponesa, dirigida pelo Partido Comunista da China e o camarada Mao Tsetung, foi uma verdadeira guerra popular na qual se puseram em prática uma justa linha política e uma justa linha militar marxista-leninista, e que o VIII Exército e o Novo 4° Corpo de Exército, constituíam uma autêntica força armada popular que aplicava todo o conjunto de princípios estratégicos e táticos formulados pelo camarada Mao Tsetung, para a guerra popular.
A teoria e os princípios políticos do camarada Mao Tsetung, acerca da guerra popular, enriqueceram e desenvolveram de maneira criadora o marxismo-leninismo. A vitória do povo chinês na guerra de Resistência contra o Japão foi uma vitória da guerra popular, do marxismo-leninismo e do pensamento de Mao Tsetung.
Antes da Guerra Antijaponesa, o Partido Comunista da China havia passado pela Primeira Guerra Civil Revolucionária de 1924-1927 e a Segunda Guerra Civil Revolucionária de 1927-1936. Haviam-se sintetizado as experiências e lições derivadas dos êxitos e fracassos dessas guerras e se havia estabelecido o papel dirigente do pensamento de Mao Tsetung no partido, o que constituiu a garantia fundamental para que o povo chinês lograsse a vitória na Guerra Antijaponesa, sob a direção do Partido Comunista da China.
A vitória do povo chinês na Guerra de Resistência contra o Japão criou as condições para a tomada do poder em todo o país. Em 1946, quando os reacionários do Kuomintang, apoiados pelo imperialismo norte-americano desencadearam a guerra civil de amplitude nacional, o Partido Comunista da China e o camarada Mao Tsetung desenvolveram em grau ainda maior a teoria da guerra popular, orientaram o povo chinês para empreender uma guerra popular de maior envergadura, e este, ao cabo de somente algo mais de três anos, logrou o grande triunfo na Guerra Popular de Libertação, terminando com o domínio do imperialismo, do feudalismo e do capitalismo burocrático na China e proclamando a República Popular da China.
A vitória da guerra revolucionária do povo chinês quebrando a frente oriental do imperialismo, mudou enormemente a correlação de forças mundiais e deu impulso ao movimento de libertação nacional da Ásia, África e América Latina que entrou num novo período histórico.
O imperialismo dos EUA, repete hoje a escala mundial o que o imperialismo japonês fez na China e outras partes da Ásia. Dominar a guerra popular e utilizá-la como arma na luta contra o imperialismo estadunidense e seus esbirros já se tornou uma necessidade premente para os povos de muitos países. Os imperialistas norte-americanos e seus lacaios estão acudindo a todos os meios imagináveis para apagar as abrasadoras chamas revolucionárias da guerra popular. Os revisionistas Kruschovistas, por sua parte, temem à guerra popular como à peste e lançam calúnias contra ela. Estes e aqueles atuam em contubérnio para impedi-la e torpedeá-la. Nestas circunstâncias, é de extraordinária significação prática repassar a experiência histórica do grande triunfo da guerra popular na China e a teoria do camarada Mao Tsetung sobre a guerra popular.
1 – A contradição principal no período da guerra de Resistência contra o Japão
e a linha do Partido Comunista da China
O Partido Comunista da China e o camarada Mao Tsetung puderam conduzir o povo chinês a vitória na Guerra de Resistência contra o Japão primordialmente porque traçaram e colocaram em prática uma linha marxista-leninista.
Apoiando-se nos princípios fundamentais do marxismo-leninismo e usando o método de análise de classes, o camarada Mao Tsetung analisou, primeiro, a transformação mútua das contradições principal e não principais existentes na China em razão da invasão do país pelo imperialismo japonês; segundo as seguintes mudanças nas relações de classes na China e nas relações internacionais, e, terceiro, a correlação de forças entre a China e o Japão proporcionando deste modo os fundamentos científicos para formular as linhas política e militar para a Guerra de Resistência contra o Japão.
Desde há muito já existia na China duas contradições fundamentais: a contradição entre o imperialismo e a nação chinesa e a contradição entre o feudalismo e as amplas massas populares. Antes do estalido da Guerra de Resistência contra Japão, a camarilha reacionária do Kuomintang, representantes dos interesses do imperialismo, dos grandes proprietários de terras e da grande burguesia, sustentou durante dez anos uma guerra civil contra o Partido Comunista da China e o Exército Vermelho de Operários e Camponeses dirigido por este, os quais representavam os interesses do povo chinês. Em 1931, o imperialismo japonês ocupou o nordeste da China. Subsequentemente, sobretudo depois de 1935, intensificou e ampliou sua agressão a China, adentrando-se cada vez mais em nosso território. A invasão do imperialismo japonês agudizou ao máximo sua contradição com a nação chinesa e produziu mudanças nas relações de classes de nosso país. Por fim uma guerra civil e unir-se para lutar contra o Japão, chegou a ser a exigência urgente de todo o povo.
Também se operaram mudanças de maior ou menor grau na atitude política da burguesia nacional e das diversas frações do Kuomintang. A melhor mostra disso foi o Incidente de Sian de 1936.
Como se devia apreciar as mudanças na situação política da China e que conclusões se devia tirar delas? Este era um problema de vida ou morte para a nação chinesa.
O período anterior ao estalido da Guerra Antijaponesa, os oportunistas de “esquerda” no Partido Comunista da China representados por Wang Ming fechavam os olhos ante às importantes mudanças que se operaram na vida política nacional devido à agressão japonesa desde 1931, negavam o ascenso ao primeiro plano da contradição nacional entre China e o Japão, desconheciam a exigência dos diversos setores da população para resistir aos agressores japoneses, enquanto afirmavam que todas as facções contrarrevolucionárias e as forças intermediárias formavam um bloco homogêneo, e que igual coisa ocorria com todos os países imperialistas. Persistiam em sua linha sectária de “portas fechadas” e continuavam advogando por derrubar a todos.
O camarada Mao Tsetung combateu resolutamente os erros do oportunismo de “esquerda” e fez uma análise penetrante da nova situação da revolução chinesa.
Assinalou que a contradição entre a China e o Japão havia passado a ser a contradição principal como consequência do intento do imperialismo japonês em converter a China em uma colônia sua; que se bem dentro da China mantinham sua vigência as contradições das grandes massas do povo com o feudalismo, do campesinato com a classe latifundiária, do proletariado com a burguesia, e do campesinato e a pequena burguesia urbana com a burguesia, todas elas haviam ficado relegadas a uma posição secundária ou subordinada frente à guerra de agressão desencadeada pelo Japão contra a China; e que combater o imperialismo japonês tornou-se a exigência comum das distintas classes e camadas de todo o país, somente com a exceção de um punhado de traidores nacionais tais como os setores pró-japoneses dos grandes proprietários de terra e a grande burguesia.
Em razão de que a contradição entre China e Japão se erigiu como a principal, as contradições da China com Inglaterra, Estados Unidos e outros países imperialistas também ficaram correlativamente relegadas a uma posição secundária ou subordinada. O intento do imperialismo japonês de converter a China em uma colônia exclusivamente sua, agravou suas contradições com ditos países imperialistas, o que tornou possível que a China se aproveitasse delas para isolar e combater o imperialismo japonês.
Frente à agressão do imperialismo japonês, devia o Partido prosseguir a guerra civil e a revolução agrária, ou devia desfraldar a bandeira da libertação nacional, unir-se a todas as forças possíveis para formar uma ampla frente única nacional e concentrar os esforços na luta contra os agressores japoneses? Assim se apresentava este agudo problema ante nosso Partido.
O Partido Comunista da China e o camarada Mao Tsetung elaboraram, sobre a base da análise da nova situação, a linha de frente única nacional antijaponesa. Mantendo em alto a bandeira da libertação nacional, nosso partido se pronunciou pela unidade nacional e a luta conjunta contra os agressores japoneses, o que encontrou cálido respaldo em todo o povo. Graças aos esforços conjugados de nosso Partido, das tropas e população patriotas de todo o país, a camarilha governante do Kuomintang se viu obrigada a suspender finalmente a guerra civil surgindo então uma situação nova de cooperação entre o Kuomintang e o Partido Comunista e de unidade na luta contra os agressores japoneses.
No verão de 1937, o imperialismo japonês desatou em escala geral sua guerra de agressão contra a China e assim estalou a Guerra de Resistência contra o Japão de magnitude nacional.
Era possível que esta guerra coroasse com a vitória? E a vitória, como se lograria? Estas eram as perguntas para as quais todo o povo chinês pedia uma resposta imediata.
Os derrotistas se apresentaram com a afirmação de que China não podia com o Japão e seria inevitavelmente escravizada. Os otimistas ingênuos, por sua parte, intervieram assegurando que a China obteria a vitória rapidamente sem necessidade de grandes esforços.
O camarada Mao Tsetung fez uma análise correta da nação chinesa e do imperialismo japonês, que formavam os dois aspectos da contradição principal, e assinalou que era errônea a “teoria da subjugação nacional” e insustentável a “teoria da vitória rápida” e que a Guerra de Resistência contra o Japão seria uma guerra prolongada na qual finalmente a China triunfaria.
Em sua famosa obra “Sobre a Guerra Prolongada” (1938), o camarada Mao Tsetung fez constar que China e Japão, como partes beligerantes tinham as seguintes características contraditórias: Japão era um poderoso país imperialista. No entanto, o imperialismo japonês se encontrava na época de sua agonia e decadência, e a guerra que sustentava era agressiva, retrógrada e bárbara; não tinha suficientes recursos humanos e materiais e não poderia suportar uma guerra prolongada; pelo fato de sustentar uma causa injusta, carecia de apoio internacional. China, por outro lado, era um país débil, semicolonial e semifeudal. Não obstante, encontrava-se na época de seu progresso histórico e a guerra que sustentava era uma guerra contra a agressão, progressista e justa; com os recursos humanos e materiais de que dispunha era capaz de sustentar uma guerra prolongada e contava com uma ampla solidariedade e apoio na arena internacional. Assim se apresentava a totalidade dos fatores básicos da guerra sino-japonesa.
O camarada Mao Tsetung assinalou igualmente que estes fatores fariam sentir sua influência no curso da guerra. As vantagens do Japão eram de caráter temporário e iriam se debilitando gradualmente em razão de nossos esforços. Suas desvantagens em troca, eram fundamentais e insuperáveis e se ampliariam no transcurso da guerra. As desvantagens da China eram temporárias e se iriam superando passo a passo. Suas vantagens em troca, eram fundamentais e seu papel positivo colocar-se-ia cada vez mais em jogo no curso da guerra. As vantagens do Japão e as desvantagens da China determinavam a impossibilidade de uma vitória rápida da China. As vantagens da China e as desvantagens do Japão determinavam a inevitável derrota deste e a vitória final daquela.
Baseando-se nesta análise, o camarada Mao Tsetung formulou a estratégia da guerra prolongada. A Guerra de Resistência da China seria longa, e só fazendo esforços persistentes se poderia debilitar gradualmente o inimigo, convertendo-se de forte em débil e que nós nos transformaríamos de débeis em fortes e acumularíamos a força suficiente para derrotá-lo de forma definitiva. O camarada Mao Tsetung assinalou que, à medida que se debilitassem as forças do inimigo e que crescessem as nossas, a Guerra de Resistência contra o Japão percorreria três etapas, a saber: defensiva estratégica, equilíbrio estratégico e contraofensiva estratégica. O processo da guerra prolongada era o de mobilizar, organizar e armar o povo. Somente quando todo o povo se encontrava mobilizado para travar uma guerra popular, seria possível persistir na Guerra de Resistência e vencer aos agressores japoneses.
Para fazer da Guerra de Resistência contra o Japão uma verdadeira guerra popular, nosso Partido se apoiou firmemente nas mais amplas massas populares, uniu-se com todas as forças antijaponesas possíveis e consolidou e ampliou a Frente Única Nacional Antijaponesa. A linha fundamental de nosso Partido era a de mobilizar as massas com audácia e robustecer e engrossar as forças do povo para que estas, dirigidas por nosso Partido, derrotassem aos agressores e construíssem uma nova China.
A Guerra de Resistência contra o Japão constitui uma etapa histórica da revolução de nova democracia da China. A linha que seguiu nosso Partido nesta guerra não consistiu unicamente em coroá-la com a vitória, senão também em lançar os alicerces para a vitória em escala nacional da revolução de nova democracia, e daí podia-se proceder à revolução democrática e a socialista, o camarada Mao Tsetung, assinalou:
“Ao escrever um artigo, pode-se começar a segunda metade somente depois de terminada a primeira. Dirigir com decisão a revolução democrática é o requisito prévio para a vitória do socialismo”.
A análise concreta das condições concretas e a solução concreta das contradições concretas são a alma viva do marxismo-leninismo. O camarada Mao Tsetung sabe extrair, do emaranhado de intrincadas contradições, a contradição principal, analisar concretamente seus aspectos e resolver com êxito o problema de como apreciar e abordar as contradições de toda índole “examinando aos assuntos desde o alto” e “solucionando-os com grande facilidade”.
Precisamente baseando-se em tal análise científica, o camarada Mao Tsetung traçou corretamente as linhas política e militar da guerra popular para o período da Guerra de Resistência contra o Japão, deu novos passos no desenvolvimento de sua concepção sobre a criação de bases revolucionárias nas zonas rurais e o uso delas para cercar as cidades e finalmente tomá-las, e formulou toda uma série de princípios, política, estratégia e táticas para levar a cabo a guerra popular, assegurando assim a vitória da guerra de resistência e criando condições para a vitória da revolução de nova democracia em todo o país.
2 – Aplicar com acerto a linha e a política de Frente Única
Para ganhar uma guerra popular, é indispensável formar uma frente única a mais ampla possível e formular uma série de diretivas políticas que assegurem tanto a máxima mobilização das massas básicas com a unidade de todas as forças suscetíveis de ser unidas.
A Frente Única Antijaponesa abarcou a todas as classes e camadas sociais antijaponesas. Elas tinham interesses comuns na resistência ao Japão, que constituíam a base de sua unidade. No entanto, estas classes e camadas se diferenciavam uma da outra em seu grau de firmeza na resistência ao Japão e entre elas existiam contradições classistas e conflitos de interesses, coisa que tornava inevitável a luta de classes no seio da Frente Única. Ao elaborar a linha da Frente Única Nacional Antijaponesa do Partido, o camarada Mao Tsetung fez a seguinte análise das classes sociais de nosso país:
Os operários, os camponeses e os pequeno-burgueses urbanos exigiam firmemente que se levasse até o fim a Guerra de Resistência contra o Japão, eles constituíam a força principal na luta contra a agressão japonesa, e eram as massas básicas que reclamavam a unidade e o progresso.
A burguesia estava dividida em burguesia nacional e burguesia compradora. A burguesia nacional era majoritária. Era relativamente débil, vacilava com frequência e tinha contradições com os operários, porém, mostrava certo entusiasmo pela luta contra o imperialismo e foi nossa aliada durante a Guerra de Resistência. A burguesia compradora era a burguesia burocrática. Ainda que reduzida em número, ocupava a posição dominante na China. Seus integrantes se aderiam a diferentes potências imperialistas, sendo uns pró-japoneses e outros pró-ingleses e pró-norte-americanos. Os elementos pró-japoneses da burguesia compradora eram capitulacionistas, descarados ou encobertos traidores da pátria. Os elementos pró-anglo-norte-americanos desta classe aprovavam até certo ponto a resistência ao Japão, porém eram pouco firmes nisto, aspiravam chegar a um compromisso com o Japão e eram, por natureza, contrários ao Partido Comunista da China.
Os latifundiários se dividiam em grandes, médios e pequenos. Dos grandes, uns se converteram em traidores: outros aprovavam a resistência ao Japão, porém vacilavam muito. Grande número de latifundiários médios e pequenos manifestavam o desejo de resistir ao Japão, porém tinham contradições com os camponeses.
Frente a relações de classe tão complexas, nosso Partido adotou para seu trabalho no seio da frente única, a política de aliança e luta, quer dizer, aliar-se com todas as classes e camadas sociais antijaponesas e ganhar inclusive aos aliados vacilantes e transitórios, adotar uma política adequada para reajustar as relações entre as classes e camadas antijaponesas, de modo que se adaptassem à tarefa geral de resistir ao Japão e ao mesmo tempo, persistir no princípio de independência e autonomia do Partido, fazer da audaz mobilização das massas e do robustecimento das forças populares o centro de gravidade de nosso trabalho e travar uma luta necessária contra todas as ações que prejudicavam a Guerra de Resistência, a unidade e o progresso.
A política de Frente Única Antijaponesa de nosso partido se distinguia tanto da política oportunista de direita de Chen Tu-siu, de mera aliança sem luta, como da política oportunista de “esquerda” de Wang Ming, de mera luta sem aliança. Nosso Partido extraiu as lições destes erros e formulou a política de aliança e luta.
A fim de unir-nos na luta conjunta contra o Japão com todos os partidos e grupos antijaponeses, nosso Partido fez uma série de reajustes em suas diretivas. Declaramos que lutaríamos pela completa realização dos “Três Princípios Revolucionários do Povo de Sun Yat-sem”. O governo da Base Revolucionária de Xensi-Cansu-Ninsia da República da China e nosso Exército Vermelho de Operários e Camponeses tomaram o nome de VIII Exército e Novo 4º Corpo de Exército do Exército Revolucionário Nacional. Nossa política foi substituída pela redução dos arrendamentos e dos juros. Em nossas bases de apoio levamos a cabo o “sistema dos três terços”, incorporando a nossos órgãos de Poder àqueles representantes da pequena burguesia, da burguesia nacional e dos shensi sensatos e àqueles membros do Kuomintang que se pronunciavam pela resistência contra o Japão e não se opunham ao Partido Comunista. Em consequência com os princípios da Frente Única Nacional Antijaponesa, introduziram-se as mudanças necessárias e adequadas em nossa política a respeito à economia, os impostos, o trabalho e os salários, a antiespionagem,os direitos do povo, a cultura e a educação, etc.
Ao reajustar estas diretivas políticas, mantivemos a independência do Partido Comunista, do Exército Popular e das bases de apoio. Também insistimos em que o Kuomintang devia fazer a mobilização geral, reformar as instituições governamentais, praticar a democracia, melhorar a vida do povo, armar as massas populares e realizar uma guerra total de resistência. E lutamos resolutamente contra a política do Kuomintang de “Passividade na guerra de resistência e de atividade no anticomunismo”, contra sua repressão do movimento popular antijaponês e contra suas pérfidas atividades de compromisso e capitulação.
A experiência histórica nos demonstra que era mais provável que nosso Partido incorresse em erros de “esquerda” depois de corrigir os erros de direita, e em erros de direita depois de corrigir os de “esquerda”. Com facilidade cometíamos erros de “esquerda” quando rompíamos com a camarilha governante do Kuomintang e caíamos em erros de direita quando nos uníamos com ela.
Logo de superar o oportunismo de “esquerda” e de Formar a Frente Única Nacional Antijaponesa, o perigo principal de nosso Partido foi o oportunismo de direita, quer dizer, o capitulacionismo.
Wang Ming, representante do oportunismo de “esquerda” durante o período da Segunda Guerra Civil Revolucionária, passou ao outro extremo no começo da Guerra Antijaponesa, convertendo-se no representante do oportunismo de direita, ou seja, do capitulacionismo. Opunha sua linha completamente capitulacionista e sua política ultradireitista à linha e política acertadas do camarada Mao Tsetung. Renunciava voluntariamente à hegemonia do proletariado na Frente Única Antijaponesa e estava disposto a entregá-la ao Kuomintang. Ao preconizar “tudo através da Frente Única” e “obedecer à Frente Única em tudo”, preconizava na realidade tudo através de Tchiang Kai-chek e o Kuomintang e obedecer-lhes em tudo. Opunha-se a audaz mobilização das massas, à realização de reformas democráticas e ao melhoramento da vida dos operários e camponeses e tratava de socavar a aliança operário-camponesa, base da Frente Única. Queria renunciar às bases de apoio das forças revolucionárias populares dirigidas pelo Partido Comunista e tratava de suprimir as bases das forças revolucionárias populares. Ao renunciar ao exército popular dirigido pelo Partido Comunista, intentava entregar a Tchiang Kai-chek, as forças armadas populares, quer dizer, entregar tudo o que tinha o povo. Prescindia da direção do Partido e advogava pela aliança entre os jovens do Kuomintang e do Partido Comunista, o que faria realidade a intenção de Tchiang Kai-chek de dissolver o Partido Comunista. O mesmo Wang Ming “se vestiu de etiqueta e se apresentou à porta de Tchiang Kai-chek” com a esperança de conseguir alguma nomeação oficial. “Tudo isto era revisionismo puro e simples”. Se tivesse atuado de acordo com esta linha e política revisionistas, o povo chinês não poderia ganhar a Guerra de Resistência contra o Japão, e menos ainda a subsequente vitória em todo o país.
Por um certo tempo durante a Guerra Antijaponesa, a linha revisionista de Wang Ming ocasionou danos à causa revolucionária do povo chinês. No entanto, o papel dirigente do camarada Mao Tsetung já estava firmemente estabelecido no Comitê Central do nosso Partido. Sob a direção do camarada Mao Tsetung, todos os marxista-leninistas do Partido mantiveram uma luta resoluta contra os erros de Wang Ming e os corrigiram oportunamente de modo que a linha errônea deste não pode prejudicar a causa do Partido num alcance mais amplo e por tempo mais longo.
Tchiang Kai-chek, como mestre no exemplo pelo negativo, nos ajudou a corrigir os erros de Wang Ming. Deu-nos muitas lições com canhões e metralhadoras. A mais séria delas foi o “Incidente do Sul de Anguei”, que teve lugar em janeiro de 1941. Como consequência de alguns dirigentes do Novo 4º Corpo de Exército desobedeceram às instruções do Comitê Central do Partido e seguirem a linha revisionista de Wang Ming, suas unidades acantonadas no sul da província de Anguei sofreram gravíssimas perdas ante um ataque de surpresa lançado por Tchiang Kai-chek e muitos heroicos combatentes revolucionários caíram assassinados pelos reacionários do Kuomintang. Esta cruenta lição ajudou a que muitos de nossos camaradas aclarassem suas ideias e elevassem sua capacidade de discernir a linha correta da errônea.
O camarada Mao Tsetung sintetizou constantemente a experiência do Partido na aplicação da política de Frente Única Nacional Antijaponesa e elaborou oportunamente uma série de diretivas políticas. Temos aqui seus pontos essenciais:
Primeiro: Unir na Frente Única Nacional Antijaponesa a todos os partidários da resistência contra o Japão (operários, camponeses, soldados, estudantes e intelectuais e homens de negócios).
Segundo: Seguir uma política de independência e autonomia na frente única, mantendo tanto a unidade como a independência.
Terceiro: Em matéria de estratégia militar, travar independentemente e por iniciativa própria uma guerra de guerrilhas dentro dos marcos de uma estratégia unificada: desencadear guerra de guerrilhas como forma fundamental, sem deixar de fazer a guerra de movimentos quando as condições sejam favoráveis.
Quarto: Na luta contra os anticomunistas recalcitrantes encabeçados por Tchiang Kai-chek, aproveitar as contradições, ganhar a maioria, combater à minoria e aplastar os inimigos um por um, lutar com razão, com vantagem e sem exceder-se.
Quinto: Nas zonas ocupadas pelo Japão ou controladas pelo Kuomintang, seguir, por uma parte, a política de desenvolver o mais possível o trabalho de frente única e, por outra, de manter clandestina a organização do Partido. Em matéria de formas de organização e de luta, seguir a política de manter clandestina a organização do Partido, por longo tempo, para acumular forças e esperar o momento oportuno.
Sexto: Aplicar, nas relações entre distintas classes do país, a política fundamental de desenvolver as forças progressistas, ganhar as forças intermediárias e isolar as forças anticomunistas recalcitrantes.
Sétimo: Com respeito aos anticomunistas recalcitrantes, seguir uma dupla política revolucionária, unir-se com eles enquanto se pronunciem, apesar do que são, pela resistência ao Japão e combatê-los e isolá-los enquanto persistirem no anticomunismo.
Oitavo: Fazer uma análise e estabelecer as diferenças no relativo aos latifundiários e à burguesia, e inclusive aos grandes latifundiários e a grande burguesia. Traçar linhas de conduta distintas partindo de suas diferenças, afim de lograr a unidade com todas as forças possíveis.
A linha da Frente Única Nacional Antijaponesa e as diversas diretivas traçadas pelo camarada Mao Tsetung, passaram pela prova da Guerra de Resistência contra o Japão, demonstrando ser completamente justas.
A história demonstra que, frente à feroz agressão imperialista o Partido Comunista deve manter em alto a bandeira nacional e, utilizando a frente única como arma, unir às massas populares e todas as pessoas patriotas e anti-imperialistas, que representam mais de 90% da população, para mobilizar ao máximo todos os fatores positivos, agrupar a todas as forças que possam ser agrupadas, e isolar ao máximo o inimigo comum da nação. Se o Partido abandona a bandeira nacional e adota a linha sectária de portas fechadas isolando-se a si mesmo, não poderá nem pensar na hegemonia, nem no desenvolvimento da causa revolucionária do povo, senão que ajudará na realidade ao inimigo e se condenará a si mesmo ao fracasso.
A história demonstra que na frente única, o Partido Comunista deve manter sua independência e autonomia e persistir firmemente em sua hegemonia. Devido às diferenças de classe existentes entre as distintas classes dentro da frente única, o Partido Comunista deve adotar uma política correta para desenvolver as forças progressistas, ganhar as forças intermediárias e combater as forças recalcitrantes. O centro de gravidade do trabalho do Partido deve situar-se no desenvolvimento das forças progressistas e o robustecimento das forças revolucionárias do povo. Somente desta maneira se pode manter e fortalecer a frente única. “Se a unidade se logra por meio da luta, viverá; se a unidade se logra a preço de concessões, morrerá.” Esta é a principal experiência obtida em nossa luta contra as forças recalcitrantes.
A história demonstra que na revolução democrática-nacional, a frente única deve estar formada por duas alianças: a aliança do povo trabalhador com a burguesia e outros setores não trabalhadores. A primeira é a aliança da classe operária com o campesinato e com todos os demais trabalhadores da cidade e do campo. Esta é a base da frente única. Para que a classe operária possa ou não manter a direção na revolução democrática-nacional depende de se ela é capaz de dirigir os camponeses para que se alcem à luta e de unir em torno de si as amplas massas camponesas.
Somente quando a classe operária tenha conseguido estabelecer sua direção sobre o campesinato e só sobre a base da aliança operário-camponesa, será possível formar a segunda aliança e uma ampla frente única e levar a cabo vitoriosamente a guerra popular. Atuar de outra maneira significaria construir castelos no ar, lançar palavras ao vento e, por conseguinte, edificar sobre areia.
3 – Apoiar-se nos camponeses e criar bases de apoio rurais
Na China semicolonial e semifeudal, os camponeses constituíam mais de 80%, da população total. Vítimas da tríplice opressão e exploração do imperialismo, do feudalismo e do capitalismo burocrático, exigiam ansiosamente a resistência à agressão japonesa e a revolução. Para conquistar a vitória numa guerra popular, era necessário apoiar-se principalmente neles.
Porém, no começo muitos camaradas de nosso Partido não compreenderam este problema. Como o demonstra a história de nosso Partido, no período da Primeira Guerra Civil Revolucionária, um dos erros principais dos oportunistas de direita, representados por Chen Tu-siu, consistiu em não compreender a importância do problema camponês, eles se opunham a mobilizar e armar os camponeses. No período da Segunda Guerra Civil Revolucionária, um dos erros principais dos oportunistas de “esquerda”, representados pelo Wang Ming, consistiu igualmente em não compreender a importância do problema camponês, eles não percebiam o importante que era realizar um trabalho longo e árduo entre os camponeses e criar bases revolucionárias no campo, e sonhavam com a rápida tomada das grandes cidades e a vitória imediata da revolução em todo país. Os erros tanto dos oportunistas de direita como de “esquerda”, causaram sérios reveses e derrotas à revolução chinesa.
Já no primeiro período da Primeira Guerra Civil Revolucionária, o camarada Mao Tsetung, assinalou que o problema camponês ocupava um lugar de suma importância na revolução chinesa, que a revolução democrática-burguesa, anti-imperialista e antifeudal era, em sua essência, uma revolução camponesa, e que a tarefa fundamental do proletariado chinês nesta revolução consistia em dirigir a luta camponesa.
No período da Guerra de resistência contra o Japão, o camarada Mao Tsetung voltou a sublinhar que o campesinato era o aliado mais seguro e mais numeroso do proletariado e constituía a força principal da Guerra de Resistência. Os camponeses eram a fonte principal de efetivos para os exércitos chineses. Os recursos financeiros e materiais necessários para sustentar uma guerra prolongada também procediam principalmente deles. Na guerra antijaponesa, era preciso apoiar-se principalmente nos camponeses e mobilizá-los para que participassem nela na mais ampla escala possível.
A Guerra de Resistência contra o Japão foi, em sua essência, uma guerra revolucionária camponesa dirigida por nosso Partido, mobilizando e organizando as massas camponesas, nosso Partido conseguiu unir o proletariado com o campesinato e criar uma força extremamente poderosa, capaz de derrotar a qualquer inimigo, por mais poderoso que fosse.
s Apoiar-se nos camponeses, criar bases rurais de apoio, utilizar o campo para cercar as cidades e finalmente tomá-las: eis aqui o vitorioso caminho que percorreu a revolução chinesa.
Baseando-se nos traços peculiares da revolução chinesa, o camarada Mao Tsetung fez constar a importância da criação das bases revolucionárias no campo. Disse:
“Como os poderosos imperialistas e seus aliados reacionários na China, vêm ocupando durante um longo tempo as cidades chaves da China, se as fileiras revolucionárias não querem chegar a um compromisso com o imperialismo e seus lacaios, senão que estão determinadas a seguir lutando, e se tratam de acumular e temperar suas forças e evitar as batalhas decisivas com o inimigo poderoso quando suas próprias forças são insuficientes, devem converter as aldeias atrasadas em base de apoio avançadas e sólidas em grandes bastiões militares, políticos, econômicos e culturais na revolução donde apoiar-se para lutar contra os ferozes inimigos que utilizam as cidades para atacar as regiões rurais, e deste modo conquistar, passo a passo, a vitória completa da revolução através de uma luta prolongada”
A experiência do período da Segunda Guerra Civil Revolucionária demonstra que, quando se aplicou este pensamento estratégico do camarada Mao Tsetung, as forças revolucionárias cresceram em grau considerável e se criou uma base vermelha atrás da outra e que pelo contrário, quando se atuou contra dito pensamento e se pôs em prática o sistema dos oportunistas de “esquerda”, as forças revolucionárias sofreram sérios danos perdendo quase que cem por cento delas nas cidades e uns 90% nas zonas rurais.
Durante a Guerra de Resistência contra o Japão, as tropas do imperialismo japonês ocuparam muitas grandes e importantes cidades, vias de comunicação da China, porém por sua insuficiência de efetivos, foram incapazes de ocupar as vastas zonas rurais que seguiam sendo um elo débil da dominação inimiga. Daí que existia uma possibilidade ainda maior de criar bases de apoio no campo. Pouco depois de iniciada a Guerra de Resistência, quando as tropas japonesas avançavam avassaladoramente sobre o interior de nosso país e as tropas Kuomintanguistas sofriam uma derrota atrás de outra e fugiam em debandada, o VIII Exército e o Novo 4° Corpo de Exército, dirigidos pelo nosso Partido, seguindo a sábia política traçada pelo camarada Mao Tsetung, penetraram valentemente na retaguarda inimiga em numerosos destacamentos pequenos e criaram bases de apoio em extensas zonas rurais. Durante os oito anos da Guerra de Resistência, se criaram sucessivamente 19 bases de apoio antijaponesas no norte, centro e sul da China. A exceção das grandes cidades e as vias de comunicação importantes, as vastas zonas da retaguarda inimiga se encontravam nas mãos do povo.
Nas bases de apoio antijaponesas, introduzimos reformas democráticas, melhoramos as condições de vida do povo e mobilizamos e organizamos as mais amplas massas camponesas. Estabeleceram-se ali órgãos de poder democráticos e começaram a administrar seus próprios assuntos. Ao mesmo tempo, aplicamos a política de “carga nacional” e “redução de arrendamentos e juros”, que debilitou o sistema de exploração feudal e melhorou as condições de vida do povo. Deste modo, elevamos grandemente o entusiasmo das massas camponesas, guardamos a devida consideração a todas as camadas sociais antijaponesas e nos unimos com elas. Ao elaborar os diversos princípios para as bases de apoio, também prestamos atenção a que estes favorecessem nosso trabalho nas regiões ocupadas pelo inimigo.
Nas cidades e zonas rurais ocupadas pelo inimigo, combinamos a luta legal com a ilegal, unimos às massas básicas e a todos os patriotas, dividimos e desintegramos os órgãos do poder títere e nos preparamos para atacar o inimigo desde adentro, em coordenação com nossas forças de fora, quando as condições estiveram maduras.
As bases de apoio criadas por nosso Partido se converteram no centro de gravidade da luta do povo chinês contra a agressão japonesa e pela salvação nacional. Apoiando-se nestas bases, nosso Partido desenvolveu e robusteceu as forças revolucionárias do povo, perseverou na guerra prolongada e logrou a vitória na Guerra de Resistência contra o Japão.
Todavia as bases revolucionárias não se desenvolviam de vento em popa. Como elas constituíam uma tremenda ameaça para o inimigo, estavam sujeitas a seus ataques. Daí que seu desenvolvimento não pudesse ser senão tortuoso processo de expansão, contração e nova expansão. Entre 1937 e 1940, a população total das bases antijaponesas ascendeu a 100 milhões de habitantes. Porém, nos anos de 1941 e 1942, o imperialismo japonês lançou a maior parte das suas forças invasoras em frenéticos ataques contra elas e as desbastou cruelmente. Ao mesmo tempo, o Kuomintang também as cercou e bloqueou e inclusive as atacou. Devido a isto, até 1942, as bases antijaponesas se reduziram até abarcar somente uma população de menos de 50 milhões de habitantes. Apoiando-se plenamente nas massas populares nosso Partido adotou com decisão uma série de acertados princípios políticos e medidas, graças às quais as bases de apoio puderam manter-se firmes sob as condições extremamente difíceis. Nosso exército e o povo das bases saíram ainda mais fortes e firmes desta prova. A partir de 1943, nossas bases se foram restaurando gradualmente e voltaram a ampliar-se, chegando em 1945 a abarcar uma população de 160 milhões de habitantes. Ao longo de todo o curso da revolução chinesa, nossas bases revolucionárias passaram, todavia por mais vicissitudes e provas com seu desenvolvimento gradual em ondas desenvolveram-se de bases pequenas e separadas em bases extensas e contíguas.
O processo de criação de bases revolucionárias era mesmo um grande ensaio para o que haveria de vir depois da vitória em todo o país. Nas bases de apoio, estabelecemos organismos do Partido e órgãos de poder, formamos forças armadas populares e organizações populares, nos dedicamos à produção industrial e agrícola e criamos as instituições culturais e educacionais e todas as demais empresas indispensáveis para a existência independente de uma região. Nossas bases de apoio eram, na realidade, o embrião de um Estado. Com o crescimento progressivo das bases de apoio nosso Partido forjou um poderoso exército popular, preparou quadros para diferentes tipos de trabalho, adquiriu experiências em diversos aspectos e acumulou forças materiais e espirituais, criando assim condições favoráveis para a vitória em todo o país.
As bases revolucionárias criadas durante a Guerra de Resistência contra o Japão se converteram depois em ponto de partida para a Guerra Popular de Libertação, na qual o povo chinês derrotou os reacionários kuomintanguistas. Durante a Guerra de Libertação, continuamos a política de utilizar o campo para cercar as cidades e tomá-las finalmente, e conquistamos assim a vitória em todo o país.
4 – Construir um Exército Popular de novo tipo
“Sem um exército popular não haverá nada para o povo”. Eis aqui a conclusão que o camarada Mao Tsetung extraiu à luz da experiência adquirida pelo povo chinês a custa de sangue em sua prolongada luta revolucionária. Esta é uma verdade universal marxista-leninista.
A revolução chinesa se caracterizou por ser uma “revolução armada contra a contrarrevolução armada”. Sua forma principal de luta foi a guerra e sua forma de organização, o exército sob a direção absoluta do Partido Comunista da China todas as demais organizações e lutas dirigidas por nosso Partido se coordenavam, direta ou indiretamente, com a guerra.
Durante a Primeira Guerra Civil Revolucionária, muitos dos melhores camaradas do Partido Comunista da China tomaram parte ativa na luta armada revolucionária. Porém nosso Partido se encontrava em sua infância e não tinha consciência clara desta característica da revolução chinesa. Somente depois dessa guerra, quando o Kuomintang havia traído a revolução, massacrando a grandes quantidades de comunistas e destruído todas as organizações revolucionárias de massas, nosso Partido adquiriu uma compreensão mais clara da suma importância de organizar uma força armada revolucionária e estudar a estratégia e a tática da guerra revolucionária, e criou o Exército Vermelho de Operários e Camponeses: o primeiro exército popular dirigido pelo Partido Comunista da China.
O Exército Vermelho de Operários e Camponeses, criado pelo camarada Mao Tsetung, cresceu consideravelmente no período da Segunda Guerra Civil Revolucionária, chegando a um total de 300 mil homens. Porém posteriormente perdeu as nove décimas partes de seus efetivos em consequência das errôneas linhas política e militar seguidas pela direção oportunista de “esquerda”.
Quando se iniciou a Guerra de Resistência contra o Japão, o exército popular dirigido pelo Partido Comunista da China tinha somente pouco mais de 40 mil homens, e os reacionários kuomintanguistas faziam o impossível para restringi-lo, debilitá-lo e destruí-lo. Nestas circunstâncias, o camarada Mao Tsetung indicou que, para perseverar na Guerra de Resistência e derrotar os agressores japoneses, era preciso ampliar e consolidar enormemente o VIII Exército, o Novo 4° Corpo de Exército e todos os destacamentos guerrilheiros dirigidos pelo Partido, que todo o Partido devia concentrar sua atenção na guerra e estudar os assuntos militares, e que todos seus militantes deviam estar preparados para empunhar as armas e marchar à linha de frente a qualquer momento.
O camarada Mao Tsetung também pontuou com a maior seriedade que os comunistas não pretendiam o poder pessoal sobre o exército, porém lutavam pelo poder do Partido e do povo sobre o exército.
Guiados pela correta linha do Partido de engrossar as forças armadas revolucionárias, o VIII Exército, o Novo 4º Corpo de Exército e os destacamentos guerrilheiros antijaponeses dirigidos por nosso Partido, desde o próprio começo da guerra, dirigiram-se rapidamente à primeira linha de fogo disseminando as sementes das forças armadas populares pelas vastas zonas da retaguarda inimiga e acendendo por todas as partes as chamas da guerra de guerrilhas. No curso da luta nosso exército popular foi desenvolvendo-se e crescendo de tal maneira que ao término da guerra, já era um grande exército de um milhão de homens, contando-se ademais com mais de dois milhões de milicianos. Assim se explica que pudéssemos resistir e conter 64% das forças invasoras japonesas e 95% das forças títeres e pudéssemos converter-nos na Força principal da Guerra de Resistência contra o Japão. Ao mesmo tempo que resistíamos e contínhamos as forças invasoras japonesas, rechaçávamos as três campanhas anticomunistas desencadeadas pelos reacionários Kuomintanguistas em 1939, 1941 e 1943 e desbaratávamos as inumeráveis “refregas” provocadas por eles.
Por que o VIII Exército e o Novo 4° Corpo de Exército puderam converter-se de pequenos em grandes e de débeis em poderosos, e lograr tão grandes vitórias na Guerra de Resistência contra o Japão?
A razão fundamental estriba em que o VIII Exército e o Novo 4° Corpo de Exército foram formados de acordo com o pensamento do camarada Mao Tsetung sobre a construção do exército. Tratava-se de um exército de novo tipo, de um exército popular que servia de coração ao povo.
Guiado pelo pensamento do camarada Mao Tsetung sobre a construção do exército popular, nosso exército atuava sob a direção absoluta do Partido Comunista da China e executava com toda fidelidade a linha e a política marxista-leninistas do Partido. Tinha uma disciplina altamente consciente e um espírito heroico que lhe permitia aplastar a todos os inimigos e desafiar qualquer dificuldade. Em suas fileiras reinava completa unidade entre os quadros e os combatentes, entre os níveis superiores e os níveis inferiores, entre os distintos departamentos e entre as unidades irmãs. No externo também existia uma unidade completa entre o exército e o povo e entre o exército e o governo local.
Durante a Guerra de Resistência contra o Japão, nosso exército cumpria resolutamente as três importantes tarefas assinaladas pelo camarada Mao Tsetung: combater, trabalhar entre as massas e dedicar-se à produção. Era ao mesmo tempo um destacamento de combate, de trabalho e de produção. Por todas as partes, faziam propaganda entre as massas, as organizava e armava e as ajudava a estabelecer o Poder revolucionário. Os homens do exército observavam estritamente as Três Regras Cardinais de Disciplina e as Oito Advertências, organizavam campanhas para apoiar o Poder Popular e preocupar-se com o povo, e donde estivessem faziam coisas em benefício das massas, também aproveitavam quantas possibilidades tivessem para dedicar-se à produção a fim de superar as dificuldades econômicas, melhorar suas condições de vida e aliviar a carga do povo. Com sua conduta exemplar, grangeou-se o sincero apoio das massas populares, que lhes chamavam com afeto “nossos próprios soldados”.
Nosso exército não só se compunha de forças principais, senão também das forças locais, e dedicava grandes energias ao estabelecimento e desenvolvimento das organizações milicianas, praticando assim o princípio de organização de nossas forças armadas: a integração das forças principais, as locais e a milícia.
Nosso exército se guia, ademais, pela política correta de ganhar os oficiais e soldados inimigos e tratar com clemência os prisioneiros de guerra. Durante a guerra antijaponesa, junto com lograr que grandes contingentes das tropas títeres se renderam voluntariamente ou se sublevaram, conseguimos também reeducar a não poucos prisioneiros japoneses, envenenados pela ideologia fascista. Depois de seu despertar político, estes formaram diversas organizações como a Liga pela Libertação do Povo Japonês. A Liga dos japoneses na China contra a guerra agressiva e a Liga Consciente, cooperaram em nosso trabalho encaminhado a desintegrar o exército japonês e se uniram a nós na luta contra o militarismo do Japão. O camarada Sanzo Nosaka, dirigente do Partido Comunista do Japão, que naquela ocasião se encontrava em Ienan, prestou-nos uma grande ajuda a este respeito.
A essência do pensamento do camarada Mao Tsetung sobre a construção do exército radica em que, ao formar um exército popular é necessário pôr em primeiro plano a política, quer dizer, primeiro e antes de tudo é indispensável formá-lo politicamente. A política é o mando e a alma. O trabalho político é a coluna vertebral de nosso exército. É verdade que o exército popular também deve prestar séria atenção ao aperfeiçoamento constante de suas armas e equipamentos e à elevação de sua habilidade militar. Porém nos combates não se apoia puramente nas armas e na técnica, senão também, e isto é o mais importante, na política, na consciência revolucionária e no valor proletário dos mandos e dos combatentes e no respaldo e apoio das massas populares.
Aplicando a linha da construção do exército traçada pelo camarada Mao Tsetung, nosso exército sempre mantém um alto grau de consciência política proletária, um profundo interesse pelo estudo do pensamento Mao Tsetung, uma excelente moral de combate, uma magnífica unidade e um profundo ódio para com o inimigo, com o qual gera uma enorme força moral. Nos combates não teme nem as penalidades nem a morte. É invencível tanto no ataque como na defesa. Um só homem pode desempenhar o papel de vários, de dezenas e inclusive de centenas. Um exército assim é capaz de fazer milagres.
Tudo isso faz com que o exército popular dirigido pelo Partido Comunista da China difira fundamentalmente de todo exército burguês, de todos os exércitos do passado servidores das classes exploradoras, controlados e utilizados por um punhado de pessoas. A experiência da guerra popular da China comprovou que o exército popular criado conforme o pensamento do camarada Mao Tsetung sobre a construção do exército é incomparavelmente forte, e invencível.
5 – Aplicar a estratégia e a tática da guerra popular
Engels dizia: “A emancipação do proletariado, por sua vez, encontrará sua expressão específica nos assuntos militares e criará seu método de combate específico e novo”. Esta grande predição se tornou realidade nas guerras revolucionárias do povo chinês dirigidas pelo Partido Comunista da China. No curso de sua prolongada luta armada, o exército popular criou uma estratégia e tática para a guerra popular que permitiu aproveitar suas próprias vantagens e os pontos vulneráveis do inimigo.
Durante a Guerra de Resistência contra o Japão, o camarada Mao Tsetung, baseando-se em sua análise da situação do inimigo e nós mesmos, estabeleceu para o VIII Exército e o Novo 4° Corpo de Exército, dirigidos pelo Partido Comunista da China a seguinte estratégia: “sustentar no fundamental a guerra de guerrilhas, porém não deixar escapar nenhuma oportunidade para empreender a guerra de movimentos se se apresentam condições favoráveis”. O camarada Mao Tsetung elevou a guerra de guerrilhas ao plano de estratégia, a razão disto é que, quando existe uma grande disparidade entre as forças inimigas e a nossa, as forças armadas revolucionárias não devem travar batalhas de desgaste se quer vencer a um inimigo poderoso. Em caso contrário, sofrerão graves perdas e acarretarão sérios reveses a revolução. Só mediante a guerra de guerrilhas é possível mobilizar completamente e pôr em pleno jogo a força de todo o povo para a luta contra o inimigo, robustecer e desenvolver nossas próprias forças no curso da guerra, desgastar e debilitar o inimigo, alterar paulatinamente a correlação de forças entre este e nós, passar da guerra de guerrilhas à guerra de movimentos e terminar por vencer completamente o adversário.
Já no período inicial da Segunda Guerra Civil Revolucionária, o camarada Mao Tsetung estabeleceu a tática básica da guerra de guerrilhas, que se expressa em uma fórmula de dezesseis caracteres chineses “quando o inimigo avança, retrocedemos; quando o inimigo se detém, o fustigamos; quando o inimigo se fadiga, o atacamos; quando o inimigo se retira, o perseguimos”. Durante a Guerra de Resistência contra o Japão, a tática da guerra de guerrilhas obteve um novo desenvolvimento. Nas bases de apoio da retaguarda inimiga combatiam o exército e a população, os homens e mulheres, os anciãos e as crianças, numa palavra combatia todo mundo e todas as aldeias. Inventaram-se diversos e engenhosos métodos de combate, a “guerra de pardais”, a guerra de minas, a guerra de túneis, a guerra de sabotagens e a guerra de guerrilhas em lagos e rios.
No último período da Guerra de Resistência e durante a Terceira Guerra Civil Revolucionária, devido às mudanças operadas na correlação de forças entre o inimigo e nós, nossa estratégia passou da guerra de guerrilhas à guerra de movimentos como forma principal de combate. Em meados e, sobretudo, ao fim da Terceira Guerra Civil Revolucionária, nossas operações militares haviam se desenvolvido até alcançar a forma de guerra de movimentos de grande envergadura, incluída a tomada por assalto de grandes cidades poderosamente fortificadas.
A ideia fundamental que rege nossas operações militares é a guerra de aniquilamento. Esta ideia reitora deve levar a efeito independentemente de que a guerra de movimentos ou a guerra de guerrilhas seja a forma principal de combate. É certo que na guerra de guerrilhas se deve realizar numerosas atividades de sabotagem e de fustigamento; no entanto, também é indispensável propugnar e travar energicamente batalhas de aniquilamento quando as condições são favoráveis. Numa guerra de movimentos há que concentrar em cada batalha uma força superior para aniquilar as unidades inimigas uma por uma. O camarada Mao Tsetung disse:
“Nunca guerra contra um inimigo poderoso, as operações destinadas só a derrotar o inimigo não podem decidir radicalmente o desenlace da guerra. Em troca uma batalha de aniquilamento produz de imediato um grande impacto sobre o inimigo, seja qual for. Numa rinha, é melhor cortar um dedo do adversário do que ferir a dez; numa guerra, é melhor aniquilar uma divisão inimiga que derrotar a dez”.
Somente a batalha de aniquilamento pode golpear o inimigo com a maior eficácia, já quando liquidamos um regimento, o inimigo tem um regimento a menos, e quando liquidamos uma brigada, tem uma brigada a menos, de maneira que o exército inimigo se desmoraliza e se desintegra. Dando batalhas de aniquilamento nosso exército pode capturar prisioneiros de guerra e armas em cada uma delas, e sua moral se torna cada vez mais elevada, suas unidades cada vez maiores, suas armas cada vez melhores e sua capacidade combativa cada vez mais alta.
Em seus dez princípios militares fundamentais, o camarada Mao Tsetung indica:
“…em cada batalha, concentrar forças absolutamente superiores (duas, três, quatro e em ocasiões até cinco ou seis vezes as forças do inimigo), cercar totalmente as forças inimigas, procurar aniquilá-las por completo, sem deixar que ninguém escape da rede. Em circunstâncias especiais, usar o método de assestar golpes demolidores no inimigo, isto é, concentrar todas nossas forças para fazer um ataque frontal e alguns ataque sobre um ou ambos flancos do inimigo, com o propósito de aniquilar uma parte de suas tropas e desbaratar a outra, de modo que nosso exército possa deslocar rapidamente suas forças para aplastar outras tropas inimigas. Fazer o possível para evitar as batalhas de desgaste, nas que o ganho não compensa o perda ou só resulta equivalente. Deste modo, ainda que somos inferiores no conjunto (falando em termos numéricos), somos absolutamente superiores em cada caso e em cada batalha concreta, e isto nos assegura a vitória nas batalhas. Com o tempo, chegaremos a ser superiores no conjunto e finalmente liquidaremos a todas as forças inimigas”.
Ao mesmo tempo, o camarada Mao Tsetung pontuou que devemos assestar golpes primeiro nas forças inimigas dispersas e isoladas, e logo nas forças inimigas concentradas e poderosas, e esforçarmo-nos por aniquilar o inimigo em operações de manobras; que não devemos dar nenhuma batalha sem preparação nem dar nenhuma batalha sem ter a segurança de ganha-la; e que nos combates devemos desenvolver os pontos fortes de nosso exército e seu bom estilo de combate. Tudo isto constituem os princípios fundamentais da guerra de aniquilamento.
A fim de aniquilar o inimigo, é necessário adotar a política de atraí-lo para que penetre profundamente: abandonar conforme nosso plano, algumas cidades e territórios por nossa própria iniciativa para deixá-lo entrar e logo combatê-lo. Somente depois de deixar o inimigo entrar pode o povo participar na guerra em diversas formas e fazer sentir ao máximo o poderio da guerra popular. Somente depois de deixar o inimigo entrar, podemos obrigá-lo a dispersar suas forças, a tomar sobre suas costas as cargas e a cometer erros. Em outras palavras, devemos deixar que o inimigo se regozije, estenda seus dez dedos e afunde seus dois pés no pântano. Desta maneira, podemos concentrar uma força superior para aniquilar as unidades inimigas uma por uma, ou seja, comê-las bocado por bocado. Unicamente aniquilando a força viva do inimigo podemos manter ou conquistar definitivamente as cidades e territórios. Opomo-nos resolutamente a dispersar nossas forças para defender todas as posições e oferecer resistência em todos os lugares por medo a que se perca nosso território e se “quebrem as panelas e troços de nossas casas”, porque em tal forma não poderemos aniquilar o inimigo, nem manter as cidades e territórios.
O camarada Mao Tsetung resumiu de maneira brilhante a estratégia e a tática da guerra popular nas seguintes Bases:
“Vocês combatem à sua maneira e nós à nossa; combatemos quando podemos vencer e nos retiramos quando não podemos”.
Em outras palavras, vocês se apóiam no armamento moderno e nós nas massas populares com uma alta consciência revolucionária; vocês põem em pleno jogo sua superioridade e nós a nossa; vocês têm seus métodos de combate e nós os nossos. Quando vocês querem nos atacar, não lhes permitimos fazê-lo e nem sequer encontrar-nos. Porém quando nós atacamos vocês, damos no alvo, assestamo-lhes golpes certeiros e os aniquilamos. Quando podemos aniquilá-los, fazemo-lo com toda decisão, quando não podemos aniquilá-lo, tampouco nos deixamos aniquilar por vocês. Não combater quando há possibilidade de vencer é oportunismo. Obstinar-se em combater quando não há possibilidade de vencer é aventureirismo. Todas nossas orientações estratégicas e táticas se baseiam na vontade de combater. Nosso reconhecimento da necessidade de retirar-nos se baseia antes de tudo em nosso reconhecimento da necessidade de combater. Quando nos retiramos, fazemo-lo sempre com objetivo de combater e aniquilar final e completamente o inimigo. Somente apoiando-nos nas amplas massas populares, podemos levar à prática esta estratégia e tática. E aplicando-as, podemos pôr em pleno jogo a superioridade da guerra popular e obrigar o inimigo à posição passiva de ser golpeado por superior que seja em equipamentos e sejam quais forem os meios que empregue, conservando sempre a iniciativa em nossas mãos.
Convertemo-nos de pequenos em grandes e de débeis em poderosos e derrotamos a nossos poderosos inimigos tanto de dentro como de fora do país, porque pusemos em prática a estratégia e as táticas da guerra popular. Durante os oito anos da Guerra de Resistência contra o Japão, o exército popular dirigido pelo Partido Comunista da China teve mais de 125.000 encontros com o inimigo e pôs fora de combate mais de 1.700.000 homens das tropas japonesas e títeres. Durante os três anos da Guerra de Libertação, liquidou a oito milhões de efetivos das tropas reacionárias do Kuomintang e conquistou a vitória da grande revolução popular.
6 – Aplicar com perseverança a política de apoiar nas próprias forças
A Guerra de Resistência do povo chinês contra o Japão foi parte importante da Guerra Mundial Antifascista e, seu conjunto foi o resultado da luta comum de todos os povos do mundo. Com sua participação na guerra contra o Japão na etapa final, o Exército Soviético dirigido pelo P.C.U.S. com Stalin à cabeça, desempenhou um papel importante na derrota do imperialismo japonês. Grandes contribuições fizeram os povos e Coreia, Vietnam, Mongólia, Laos, Camboja, Indonésia, Birmânia, Índia, Paquistão, Malásia, Filipinas, Tailândia e alguns outros países asiáticos. Os povos da América, Oceania, Europa e África também contribuíram com sua parte.
E o Partido Comunista e o povo revolucionário do Japão perseveraram, sob condições sumamente difíceis, numa luta heroica e tenaz, aportando suas forças à derrota do fascismo japonês.
Os povos ganharam a vitória comum, apoiando-se e estimulando-se uns aos outros. Mas, a libertação de cada país se deveu, antes de tudo, aos esforços de seu próprio povo.
O povo chinês teve o apoio de outros povos na conquista da vitória na Guerra de Resistência contra o Japão e logo na Guerra Popular de Libertação, porém, esta vitória foi principalmente o resultado dos próprios esforços do povo chinês, algumas pessoas afirmam que a vitória da China na Guerra de Resistência se deveu inteiramente à ajuda exterior. Esta afirmação absurda toca a mesma corda que os militaristas japoneses.
As massas populares se liberam por si mesmas. Este é um princípio fundamental do marxismo-leninismo. A revolução ou a guerra popular de um país é obra das massas populares deste país, e deve e somente pode realizar-se principalmente mediante suas próprias forças.
Durante a Guerra de Resistência contra o Japão, nosso Partido sustentava que China devia apoiar-se principalmente em suas próprias forças, e ao mesmo tempo, procurar uma ajuda exterior maior possível. Opunhamo-nos resolutamente à política da camarilha dominante do Kuomintang e Tchiang Kai-chek, de que a China não tinha nada que pudesse servir: nem a indústria, nem a agricultura, nem o armamento; por isso, diziam, ao querer derrotar o Japão, há que depender de outros países e, sobretudo, do imperialismo anglo-americano. Essa é uma mentalidade servil cem por cento. Nossa política era diametralmente oposta à do Kuomintang. Nosso Partido sustentava que de nenhuma maneira devíamos apoiar-nos nos imperialistas norte-americanos e ingleses, ainda que podíamos aproveitar de suas contradições com os imperialistas japoneses. Com efeito, os imperialistas norte-americanos e ingleses maquinaram em repetidas oportunidades um “Munique oriental”, com a intenção de chegar a algum compromisso com o imperialismo japonês às expensas da China e adernais aos agressores japoneses. Ao prestar ajuda a China durante esse período, os imperialistas norte-americanos perseguiam o sinistro propósito de converter a China em uma colônia sua.
O camarada Mao Tsetung assinalou:
“A China tem que apoiar-se principalmente em suas próprias forças na Guerra de Resistência”. Acrescentou: “Desejamos obter ajuda estrangeira, porém não devemos depender dela; confiamos em nossos próprios esforços, no poder criador de todo o exército e o povo”.
A política de apoiar-se nas próprias forças tinha particular importância para as forças armadas populares e as regiões libertadas e dirigidas por nosso Partido.
Se no período inicial da guerra de Resistência, o governo do Kuomintang proporcionava, todavia, abastecimentos muito limitados ao VIII Exército e o Novo 4° Corpo de Exército, mais tarde as suspendeu totalmente. As regiões libertadas tropeçaram com sérias dificuldades motivadas pelos frenéticos ataques e as brutais campanhas de “limpeza” dos imperialistas japoneses, pelo cerco militar e bloqueio econômico do Kuomintang e pelas calamidades naturais. As dificuldades foram particularmente grandes em 1941 e 1942, quando quase não tínhamos com que vestirmos e alimentarmos.
Que fazer? O camarada Mao Tsetung perguntou nesse momento:
“Como tem feito para resolvê-los a humanidade desde tempos imemoriais! por acaso a humanidade não tem vivido trabalhando com suas próprias mãos? Por que nós, seus descendentes de hoje, não assimilamos sequer uma porção dessa sabedoria? Por que não podemos valer-nos de nossas próprias mãos?”
O Comitê Central do Partido Comunista da China e o camarada Mao Tsetung formularam a política de “alcançar a abundância de alimentos e vestuário mediante as próprias forças” e de “desenvolver a economia e assegurar os abastecimentos”, e o exército e o povo das regiões libertadas desencadearam, conforme esta política, uma grande campanha pela produção, principalmente na agricultura.
As dificuldades não são monstros invencíveis. Se todos trabalham juntos e as combatem, serão superadas. A reação kuomintanguista acreditava que, ao suspender seus abastecimentos e impor um bloqueio econômico, nos levaria à ruína, porém na realidade nos ajudou: nos empurrou a apoiar-nos em nossas próprias forças para vencer as dificuldades. Ao mesmo tempo que desencadeamos a grande campanha pela produção, aplicamos com rigor a política de “menos tropas porém melhores e uma administração mais simples” e empregamos com mesura os recursos humanos e materiais. Deste modo, não só vencemos as sérias dificuldades materiais, saímos airosos da crise, senão que também aliviamos a carga do povo, melhoramos sua condições de vida e sentamos a base material para a vitória da Guerra Antijaponesa.
Solucionamos o problema dos equipamentos militares contando principalmente como as armas capturadas do inimigo, ainda que também fabricássemos certa quantidade de armas. Tchiang Kai-chek e os imperialistas japoneses e norte-americanos foram cada um a seus tempo nossos “chefes de abastecimentos”. Os arsenais dos imperialistas sempre proporcionam armas aos povos e nações oprimidos.
Tanto durante os oito anos da Guerra Antijaponesa como durante os três anos da Guerra Popular de Libertação, as forças armadas populares dirigidas por nosso Partido, sem receber nenhuma ajuda exterior, sustentaram de forma independente uma guerra popular de grande envergadura e lograram grandes vitórias.
O camarada Mao Tsetung assinalou que nossa política fundamental deve descansar sobre a base de nossa própria força. Unicamente apoiando-nos em nossas próprias forças, seguiremos invencíveis sob qualquer circunstância.
Os povos do mundo se respaldam uns nos outros em sua luta contra o imperialismo e seus lacaios. Os países que tem conquistado a vitória têm o dever de apoiar e ajudar os povos que todavia não o lograram. Porém a ajuda exterior, seja qual for, somente pode desempenhar um papel suplementar.
Todos os que queiram realizar a revolução, sustentar uma guerra popular e lograr a vitória, têm que seguir firmemente a política de apoiar-se em suas próprias forças, confiar na força das massas populares de seu próprio país e preparar-se para lutar de maneira independente ainda quando toda a ajuda material do exterior seja cortada. Se eles mesmos não fazem esforços, se não refletem de maneira independente sobre os problemas da revolução de seu próprio país, nem os resolvem por sua própria conta, e se não se apoiam na força das massas populares de seu próprio país, senão que confiam inteiramente na ajuda exterior, ainda que se trate da ajuda dos países socialistas que persistem na revolução, não poderão lograr a vitória, nem inclusive se a logrou, consolidá-la.
7 – O significado internacional da teoria do
camarada Mao Tsetung sobre a guerra popular
A revolução chinesa é a continuação da grande Revolução de Outubro. O caminho da Revolução de Outubro é o caminho comum da revolução dos povos do mundo. A revolução chinesa e a Revolução de Outubro têm em comum os seguintes traços fundamentais: 1) ambas foram dirigidas pela classe operária com um partido marxista-leninista como seu núcleo; 2) ambas tiveram como base a aliança operário-camponesa; 3) em ambos casos se tomou o Poder por meio da revolução violenta e se estabeleceu a ditadura do proletariado; 4) em ambos casos se implantou o socialismo depois do triunfo na revolução; e 5) ambas são parte integrante da revolução proletária mundial.
Entretanto, a revolução chinesa teve suas próprias características. A Revolução de Outubro se produziu na Rússia imperialista, e a revolução chinesa, em um país semicolonial e semifeudal. Enquanto a primeira nasceu como uma revolução socialista proletária, a segunda passou a ser socialista depois da vitória definitiva da revolução de nova democracia. Se a Revolução de Outubro começou pelo levantamento armado nas cidades e logo se estendeu ao campo, a revolução chinesa utilizou o campo para cercar as cidades e as tomou posteriormente, conquistando assim a vitória em todo o país.
O grande mérito do camarada Mao Tsetung radica em que integrou a verdade universal do marxismo-leninismo com a prática concreta da revolução chinesa e, sobre a base de uma profunda síntese e resumo da experiência acumulada pelo povo chinês em sua prolongada luta revolucionária, enriqueceu e desenvolveu o marxismo-leninismo.
A longa prática da revolução chinesa demonstra que a teoria do camarada Mao Tsetung sobre a guerra popular está de acordo com as leis objetivas de dita guerra e conduz invariavelmente à vitória. Esta teoria não só e aplicável à China, senão que também constitui uma grande contribuição à luta revolucionária do proletariado das nações e povos oprimidos do unindo inteiro.
A guerra popular dirigida pelo Partido Comunista da China, que compreendeu a Guerra de Resistência contra o Japão e a Segunda e Terceira Guerras Civis Revolucionárias, durou 22 longos anos. É a guerra popular mais prolongada, mais complexa e mais rica em experiências que se há desenvolvido sob a direção do proletariado no mundo contemporâneo.
A teoria marxista-leninista da revolução proletária é, em último termo, a teoria da tomada do Poder mediante a violência revolucionária, a teoria de opor a guerra popular à guerra antipopular. Marx o disse bem:
“A violência… é a parteira de toda velha sociedade que leva em suas entranhas outra nova”.
Baseando-se na experiência da guerra popular na China, o camarada Mao Tsetung formulou, na linguagem mais simples e expressiva, a famosa tese de que “O Poder nasce do fuzil”.
O camarada Mao Tsetung assinalou com toda clareza:
“A tarefa central e a forma mais alta de uma revolução é a tomada do Poder por meio da força armada, quer dizer, a solução do problema por meio da guerra. Este princípio marxista-leninista da revolução tem validez universal, tanto na China como nos demais países”.
A guerra é o produto do imperialismo e do sistema de exploração do homem pelo homem. Lenin disse: “As guerras as começam sempre e em todos os lugares as classes exploradoras, dominantes e opressoras”. Enquanto existam o imperialismo e o sistema de exploração do homem pelo homem, os imperialistas e os reacionários se apoiarão nas suas forças armadas para manter seu domínio reacionário e tratarão de impor a guerra às nações e povos oprimidos. Esta é uma lei objetiva, independente da vontade do homem.
No mundo de hoje, os imperialistas encabeçados pelos EUA e seus lacaios, estão reforçando, sem exceção alguma, sua máquina de Estado e sobretudo, suas forças armadas. O imperialismo norte-americano em particular, perpetra agressões e repressões armadas por todas as partes.
Que fazer as nações e povos oprimidos ante as guerras de agressão e as repressões armadas dos imperialistas e seus lacaios? Prostrar-se de joelhos e seguir como escravos para sempre?
Ou alçar-se em luta e conquistar sua libertação?
O camarada Mao Tsetung deu uma resposta expressiva a esta pergunta. Disse que após uma longa investigação e estudo o povo chinês viu que os imperialistas e seus lacaios:
“têm todos espadas em suas mãos e estão dispostos a matar. O povo chegou a compreende-lo e atua, portanto, da mesma maneira”
trata-os do mesmo modo como eles tratam os demais.
Atrever-se ou não a travar uma luta medida por medida e sustentar uma guerra popular frente às agressões e repressões armadas do imperialismo e seus lacaios é, em última instância, um problema de atrever-se ou não a fazer a revolução. Temos aqui a pedra de toque infalível para distinguir os verdadeiros revolucionários e marxista-leninistas dos falsos.
Em vista de que algumas pessoas tinham medo do imperialismo e dos reacionários, o camarada Mao Tsetung formulou teses de que “O imperialismo e todos os reacionários são tigres de papel”.
“Todos os reacionários são tigres de papel. Parecem temíveis, porém na realidade não são tão poderosos. Visto em perspectiva, não são os reacionários senão o povo quem é realmente poderoso”.
Como o prova em forma convincente a história das guerras populares dos povos da China e de outros países, as forças revolucionárias do povo crescem convertendo-se de débeis em poderosas e de pequenas em grandes: esta é uma lei universal do desenvolvimento da luta de classes, é uma lei universal do desenvolvimento da guerra popular. No curso de seu desenvolvimento, a guerra popular há de sofrer muitas dificuldades, altos e baixos e revezes, porém, nenhuma força é capaz de alterar sua tendência geral à vitória inevitável.
O camarada Mao Tsetung fez constar que é necessário depreciar o inimigo estrategicamente e tomá-lo em conta taticamente. Depreciar estrategicamente o inimigo é um requisito elementar para todo revolucionário. Sem o valor de depreciar o inimigo e de conquistar a vitória, não se pode falar de revolução, de guerra popular, nem muito menos de vitória.
É de muita importância também que os revolucionários tomem muito em conta o inimigo taticamente. Tampouco se pode triunfar numa guerra popular sem tomar em conta o inimigo taticamente e sem estudar as condições específicas, ser prudente, estudar e aperfeiçoar cuidadosamente a arte da luta e adotar formas de luta adequadas na prática concreta da revolução de cada país e em cada problema concreto da luta.
O materialismo dialético e o materialismo histórico nos ensina que o mais importante não é o que em determinado momento parece estável porém começa já a morrer, senão o que nasce e se desenvolve, ainda que num momento dado pareça pouco estável, já que o único insuperável é o que se encontra em estado de nascimento e de desenvolvimento.
Por que as forças nascentes, aparentemente débeis, podem vencer às forças decadentes, que parecem tão fortes? Porque com as forças nascentes estão a verdade e as massas populares, enquanto as classes reacionárias vivem divorciadas das massas populares e estão opostas a elas.
Isto foi comprovado pelo triunfo da revolução chinesa e também pela história de todas as revoluções, por toda a história da luta de classes e pela história da humanidade.
Os imperialistas têm um medo visceral à tese do camarada Mao Tsetung de que “o imperialismo e todos os reacionários são tigres de papel” e os revisionistas sentem um ódio inveterado para com ela. Ambos combatem e atacam esta tese. Os filisteus seguem seus passos ridicularizando-a. Entretanto, nada disto pode desvalorizá-la nem no mais mínimo. O brilho da verdade ninguém o pode obscurecer.
A teoria do camarada Mao Tsetung sobre a guerra popular não somente deu resposta à questão de “atrever-se ou não a sustentar semelhante guerra”, senão também resolveu o problema de como levá-la a cabo.
O camarada Mao Tsetung é um grande estadista e especialista militar que sabe como dirigir a guerra de acordo com as leis que a regem. Com a linha e a política, a estratégia e a tática que elaborou para a guerra popular, o camarada Mao Tsetung dirigiu o povo chinês e, sob condições extremamente complexas e difíceis, conduziu a nave da guerra popular à vitória, desviando-se todos e cada um dos rochedos que se interpunham em seu caminho de avanço.
É preciso sublinhar que a tese do camarada Mao Tsetung sobre o estabelecimento de bases revolucionárias no campo e a utilização do campo para cercar as cidades tem uma proeminente importância prática e universal para a luta revolucionária que travam hoje as nações e povos oprimidos do mundo, e em particular para a luta revolucionária das nações e povos oprimidos da Ásia, África e América Latina contra o imperialismo e seus lacaios.
Hoje em dia, muitos países e povos de Ásia, África e América Latina, são vítimas da intensa agressão e subjugação do imperialismo acaudilhado pelos EUA e de seus lacaios. As condições fundamentais políticas e econômicas de um bom número destes países têm muito em comum com as que prevaleciam na velha China. Neles, como na China de então, o problema camponês adquire extrema importância. São os camponeses quem constituem a força principal da revolução nacional-democrática, dirigida contra o imperialismo e seus lacaios. Ao agredir a esses países, os imperialistas sempre começam por ocupar as grandes cidades e as vias de comunicação importantes, porém não estão em condições de estabelecer seu controle total sobre as extensas zonas rurais. O campo, e somente o campo, é a vasta zona donde os revolucionários podem marchar para a vitória final. É por isso que a teoria do camarada Mao Tsetung sobre a criação de bases revolucionárias nas zonas rurais e a utilização do campo para cercar as cidades exerce uma força de atração cada vez maior sobre os povos destas zonas.
Tomado o mundo em seu conjunto, a América do Norte e a Europa Ocidental podem ser chamadas as “cidades do mundo” e Ásia, África e América Latina, suas “zonas rurais”. Depois da Segunda Guerra Mundial, por diversos motivos o movimento revolucionário proletário nos países capitalistas da América do Norte e da Europa Ocidental, se viu retardado temporariamente, enquanto que o movimento revolucionário popular na Ásia, África e América Latina se desenvolveu com todo vigor. De modo, pois que a revolução mundial de nossos dias também apresenta, em certo sentido, uma situação em que as cidades se veem cercadas pelo campo. A causa da revolução mundial dependerá, no final das contas, da luta revolucionária dos povos da Ásia, África e América Latina, que representam a maioria esmagadora da população mundial. Portanto, os países socialistas devem considerar como seu dever internacionalista apoiar a luta revolucionária popular na Ásia, África e América Latina.
A Revolução Outubro abriu uma nova era na revolução das nações oprimidas. Seu triunfo estendeu uma ponte entre a revolução socialista proletária no Ocidente e a revolução nacional-democrática nos países coloniais e semicoloniais do Oriente. E a revolução chinesa resolveu o problema de como enlaçar nos países coloniais e semicoloniais a revolução nacional-democrática com a revolução socialista.
O camarada Mao Tsetung assinalou que, na época iniciada pela Revolução de Outubro, a revolução anti-imperialista em qualquer país colonial e semicolonial já não é uma parte integrante da velha revolução mundial burguesa ou capitalista, senão uma parte integrante da nova revolução mundial, quer dizer, a revolução socialista proletária.
O camarada Mao Tsetung formulou uma teoria integral sobre a revolução de nova democracia. Assinalou que semelhante revolução não pode nem deve ser nenhuma outra que uma revolução das amplas massas populares, dirigidas pelo proletariado, contra o imperialismo, o feudalismo e o capitalismo burocrático.
Isto significa que a direção desta revolução não pode nem deve assumi-la nenhuma outra classe e nenhum outro partido que não seja o proletariado e o autêntico partido revolucionário, armado com o marxismo-leninismo.
Isto significa que nesta revolução tomam parte não somente os operários, os camponeses e os pequeno-burgueses urbanos, senão também a burguesia nacional e os demais democratas, patriotas e anti-imperialistas. Isto significa que os inimigos a que esta revolução se propõe derrocar são o imperialismo, o feudalismo e o capitalismo burocrático.
A revolução de nova democracia conduz ao socialismo, e não ao capitalismo.
A teoria do camarada Mao Tsetung da revolução de nova democracia é a teoria marxista-leninista do desenvolvimento por etapas e por sua vez, ininterrupto da revolução.
O camarada Mao Tsetung distinguiu corretamente a etapa da revolução nacional-democrática da etapa da revolução socialista, e ao mesmo tempo vinculou uma com a outra correta e estreitamente. A revolução nacional-democrática é a preparação necessária para a revolução socialista, enquanto esta última é a tendência inevitável do desenvolvimento da primeira. Entre estas duas etapas da revolução não se interpõe uma grande muralha. Porém, a revolução socialista é possível somente depois de consumada a revolução nacional-democrática. Quanto mais fundo se realiza esta, melhor se criam as condições prévias para aquela.
A experiência da revolução chinesa mostra que as tarefas da revolução nacional-democrática se cumprem somente através de uma luta dilatada e contínua. Nesta etapa da revolução, o imperialismo e seus lacaios são os inimigos principais e na luta contra eles, é necessário unir a todas as forças patrióticas e anti-imperialistas, incluindo a burguesia nacional e a todas as personalidades patrióticas. Todas as personalidades patrióticas da burguesia ou de outras classes exploradoras, ao incorporar-se à luta anti-imperialista, desempenham um papel progressista na história; o imperialismo não os tolera porém o proletariado os saúda.
É muito prejudicial confundir a etapa da revolução nacional-democrática com a etapa da revolução socialista. O camarada Mao Tsetung criticou a errônea ideia de “consumar ambas em uma batalha” e assinalou que semelhante ideia utópica só podia debilitar a luta contra o imperialismo e seus lacaios, que era a tarefa mais urgente daquela ocasião. Durante a Guerra de Resistência contra o Japão, os reacionários kuomintanguista e os trotskistas a soldo deles confundiram intencionalmente estas etapas da revolução chinesa, propagando a chamada “teoria de uma só revolução” e clamando pelo “socialismo” sem o Partido Comunista. Com esta teoria absurda trataram de tragar-se o Partido Comunista, liquidar na raiz toda revolução e impedir o avanço da revolução nacional-democrática; usaram esta teoria como pretexto para justificar sua não resistência ao imperialismo e sua capitulação ante ele. Esta teoria reacionária foi enterrada faz muito pela história da revolução chinesa.
Hoje os revisionistas Kruschovistas propagam a mais e melhor possibilidade de implantar o socialismo sem proletariado e sem um Partido verdadeiramente revolucionário e armado com a avançada ideologia proletária, lançando pela borda as teses fundamentais do marxismo-leninismo. Ao difundir semelhante afirmação não perseguem senão desviar a atenção das nações oprimidas da luta anti-imperialista, socavar a revolução nacional-democrática e servir ao imperialismo.
A revolução chinesa brindou a experiência do cumprimento exitoso e definitivo da revolução nacional-democrática sob a direção do proletariado e da transição exitosa e oportuna de dita revolução em socialista sob a direção do proletariado.
O pensamento de Mao Tsetung é o guia para a vitória da revolução chinesa, integrou a verdade universal do marxismo-leninismo com a prática concreta da revolução chinesa e desenvolveu de maneira criadora o marxismo-leninismo proporcionando novas armas ao arsenal geral do marxismo-leninismo.
Vivemos uma época em que, em todo o mundo, o capitalismo e o imperialismo se precipitam para sua ruína e o socialismo e o comunismo marcham para a vitória. Ademais de ser produto da revolução chinesa, a teoria do camarada Mao Tsetung sobre a guerra popular implica as características de nossa época. As novas experiências adquiridas desde a Segunda Guerra Mundial nas lutas revolucionárias populares de diversos países têm corroborado continuamente ao fato de que o pensamento de Mao Tsetung se constitui um patrimônio comum dos povos revolucionários do mundo. Este é o grande significado internacional do pensamento de Mao Tsetung.
8 – Derrotar o imperialismo norte-americano e seus lacaios com a guerra popular
Depois da segunda Guerra Mundial, o imperialismo norte-americano ocupou o lugar do fascismo alemão, japonês e italiano e já veio tratando de dominar e escravizar o mundo inteiro e estabelecer o grande império dos Estados Unidos. Trabalha ativamente por reviver o militarismo japonês e germano-ocidental para que lhe sirvam de cúmplices principais no desencadeamento de uma guerra mundial. Qual um lobo faminto, anda atropelando e escravizando os povos de diversos países, explorando suas riquezas, violando sua soberania e intervindo em seus assuntos internos. É o agressor mais insolente que conheceu a história da humanidade e o mais feroz inimigo comum dos povos do mundo. “Todos os povos e países do mundo que estão pela revolução, a independência e a paz, têm que apontar o fim principal da sua luta contra o imperialismo norte-americano”.
Assim como a política do imperialismo japonês de subjugar a China fez possível com que nosso povo se agrupasse na frente única mais ampla possível para combatê-lo, assim a atual política do imperialismo norte-americano de pretender a hegemonia mundial também faz possível com que os povos do mundo inteiro unam todas as forças suscetíveis de serem unidas e formem uma frente única a mais ampla possível para lançar-lhe um ataque convergente.
Os principais campos de batalha na encarniçada luta entre todos os povos do mundo, de um lado, e o imperialismo norte-americano e seus lacaios, do outro, encontram-se agora nas vastas regiões da Ásia, África e América Latina. Desde um ponto de vista mundial, estas são as regiões em que os povos sofrem maior opressão do imperialismo e donde a dominação deste é a mais vulnerável. As crescentes tempestades revolucionárias que se converteram na força mais importante que golpeia hoje diretamente o imperialismo norte-americano. A contradição entre os povos revolucionários da Ásia, África e América Latina e o imperialismo encabeçado pelos EUA é a contradição principal do mundo contemporâneo. O desenvolvimento desta contradição promove a luta de todos os povos do mundo contra o imperialismo norte-americano e seus lacaios.
Logo da Segunda Guerra Mundial, a guerra popular veio demonstrando cada vez melhor seu poderio na Ásia, África e América Latina. Os povos da China, Coreia, Vietnam, Laos, Cuba, Indonésia, Argélia e outros países têm travado guerras populares contra o imperialismo e seus lacaios e conseguido grandes vitórias. Ainda que hajam diferido de um caso para outro, a amplitude e profundidade da mobilização das massas e ainda que haja variado o grau de seus triunfos, a vitória dessas guerras populares têm debilitado e mobilizado em grande medida a força do imperialismo, têm assestado duros golpes no plano do imperialismo norte-americano de desencadear uma nova guerra mundial e chegou a ser um poderoso fator na defesa da paz mundial.
As condições são, hoje em dia, mais favoráveis que nunca para as guerras populares dos povos revolucionários da Ásia, África e América Latina contra o imperialismo norte-americano e seus lacaios.
Através da Segunda Guerra Mundial e dos anos subsequentes de auge revolucionário no pós-guerra, elevou-se enormemente o nível de consciência política e o grau de organização dos povos de todos os países: aumentou-se consideravelmente os recursos a sua disposição para apoio e a ajuda mútuas. Todo o sistema capitalista imperialista tem-se visto muito debilitado e vive num processo de crescente convulsão e desintegração. Logo da Primeira Guerra Mundial, os imperialistas se viram impotentes para destruir a recém nascente União Soviética socialista, puderam aplastar os movimentos revolucionários e populares de alguns países naquela parte do mundo donde dominavam e conseguiram um curto período de estabilidade relativa. Depois da Segunda Guerra Mundial não só têm sido incapazes de impedir que uma série de países empreendesse o caminho do socialismo, senão que têm sido impotentes também para frear a impetuosa torrente dos movimentos revolucionários populares nas zonas sob sua dominação.
O imperialismo norte-americano é mais poderoso, porém ao mesmo tempo mais vulnerável que nenhum outro imperialismo que haja conhecido a história. Encontra-se oposto aos povos do mundo inteiro, incluído o povo norte-americano. Os recursos humanos, militares, materiais e financeiros do imperialismo norte-americano estão longe de ser suficientes para a realização de suas ambições de domínio universal. O imperialismo norte-americano se debilitou ao ocupar tantos lugares no mundo, ao estender tão longe suas garras e abrir tão separadamente seus dez dedos, ao manter tão dispersas suas forças, ao ter tão atrás sua retaguarda e tão estendida sua linha de transporte. Precisamente como tem dito o camarada Mao Tsetung,
“Cada vez que comete a agressão num lugar, junta-se um novo laço ao pescoço. Já se encontra apertadamente assediado pelos povos do mundo inteiro”.
Quando invade outro país, o imperialismo norte-americano só pode empregar uma porção de suas forças, enviando-as longe de suas fronteiras a fazer uma guerra injusta, com as consequentes baixa moral de seu pessoal e as numerosas dificuldades que encontra. Os povos vítimas da agressão, em troca, eles não fazem o julgamento da força do imperialismo norte-americano nem em Washington, nem em New York, nem em Honolulu, nem em Flórida, senão que combatem em seu próprio solo natal por sua independência e liberdade. Uma vez, mobilizados amplamente fazem sentir sua força inesgotável. Desta maneira, a superioridade não a tem os EUA, mas sim os povos vítimas da agressão. Estes aparentemente débeis e pequenos, são na realidade muito mais fortes que o imperialismo norte-americano.
As lutas dos povos de todos os países contra o imperialismo norte-americano se apoiam mutuamente e confluem numa caudalosa torrente mundial contra o inimigo comum. Quanto maior seja o desenvolvimento vitorioso da guerra popular em um ou outro lugar, mais forças do imperialismo norte-americano se verão sujeitas à imobilização e ao desgaste. Ao sentir-se pressionados em um lugar, os agressores ianques não terão mais remédio que afrouxar suas garras nos demais, com o qual as condições serão tanto mais favoráveis para que os povos de outros lugares travem sua luta contra o imperialismo norte-americano e seus lacaios.
Tudo é divisível. E também é esse colosso, o imperialismo norte-americano. Pode ser dividido e derrotado. Os povos da Ásia, África e América Latina e outras regiões estão em condição de destruí-lo por partes, golpeando um na cabeça, outros nos pés. Eis aqui porque o imperialismo norte-americano teme mais que tudo as guerras populares que travam os povos do mundo, particularmente os da Ásia, África e América Latina e vê nelas uma ameaça mortal.
O imperialismo norte-americano não conta mais que com suas armas nucleares para amedrontar os demais. Porém essas armas não podem salva-lo de sua ruína. As armas nucleares não podem ser usadas com ligeireza. Os povos do mundo inteiro têm condenado o imperialismo norte-americano por seu monstruoso crime de haver jogado bombas atômicas no Japão. Se voltar a empregar armas nucleares, ficará extremamente isolado. Ademais, faz tempo que seu monopólio das armas nucleares foi rompido. Ele as tem, e as têm outros. Se ameaça a outros países com suas armas nucleares, colocará seu próprio país sob essa mesma ameaça. Deste modo, será objeto de uma forte oposição não somente dos povos do mundo, senão também do povo de seu próprio país. Ainda quando o imperialismo norte-americano tenha o descaramento de empregar as armas nucleares, não poderá, contudo, dobrar os povos indomáveis.
Por mais desenvolvidos que sejam os armamentos e os equipamentos técnicos modernos e por mais complicados que sejam os métodos de combate nas guerras modernas, o resultado de uma guerra depende, no fim de contas, dos combates contínuos das tropas terrestres, dos encontros a curta distância no campo de batalha, da consciência política, da valentia e do espírito de sacrifício do homem. Aqui é donde as debilidades do imperialismo norte-americano ficam totalmente a nu, quando se põe em pleno jogo a superioridade dos povos revolucionários. As forças armadas reacionárias do imperialismo norte-americano são alheias à valentia e ao espírito de sacrifício dos povos revolucionários. A bomba atômica espiritual dos povos revolucionários é muito mais potente e útil que a bomba material.
É no Vietnam donde se assiste neste momento, ao exemplo mais convincente de que os povos vítimas da agressão podem derrotar o imperialismo norte-americano com uma guerra popular. Os Estados Unidos têm feito do Sul do Vietnam um polígono experimental para a repressão da guerra popular. Vem efetuando este experimento já faz anos, e agora é evidente para todo o mundo que os agressores norte-americanos não podem encontrar nenhum meio de fazer frente à guerra popular. O povo vietnamita, por sua parte, desencadeou com plenitude todo o poderio da guerra popular em sua luta contra os agressores norte-americanos. Estes se veem no perigo de perecer afogados na guerra popular do Vietnam. Dominados pelo temor a que sua derrota no Vietnam desate uma reação em cadeia, estão estendendo a guerra no intento de salvar-se da derrota. Não obstante, quanto mais estendam a guerra, maior será a reação em cadeia: quanto mais escalões suba o imperialismo ianque em sua guerra, mais estrondosa será sua queda e mais catastrófica sua derrota. Os povos de outras partes do mundo verão ainda mais claramente que o imperialismo norte-americano pode ser derrotado e que o que tem feito o povo do Vietnam, eles também o podem fazer.
A história tem comprovado e seguirá comprovando que a guerra popular é a arma mais eficaz para fazer frente ao imperialismo norte-americano e seus lacaios. E, a fim de combatê-los, todos os povos revolucionários do mundo aprenderão a guerra popular; empunharão as armas se todavia não as têm, saberão combater se todavia não o sabem e se tornarão mestres na guerra popular se todavia não o são. O imperialismo norte-americano, que, como um bisão enlouquecido, corre desesperado daqui para ali, será finalmente reduzido a cinzas nas chamas das guerras populares que o mesmo acendeu.
9 – Os revisionistas Kruschovistas são traidores da guerra popular
Os revisionistas Kruschovistas acodem em socorro do imperialismo norte-americano num momento em que este, como nunca, é presa do pânico em sua impotência frente à guerra popular, coordenando estreitamente suas ações com as do imperialismo norte-americano, não poupam esforços para lançar toda sorte de calúnias conta a guerra popular e por donde queira atiçam intrigas públicas ou sigilosamente destinadas a torpedeá-la.
A oposição dos revisionistas Kruschovistas à guerra popular se explica fundamentalmente por sua desconfiança para com as massas populares e por seu temor ao imperialismo norte-americano, à guerra e à revolução. O mesmo que todos os demais oportunistas, são cegos ante o poderio das massas populares e não creem que os povos revolucionários, são capazes de vencer o imperialismo. Cedem ante a chantagem nuclear do imperialismo norte-americano, por temor a que este se encolerize em caso de que se produza guerras populares dos povos e nações oprimidos ou réplicas dos povos dos países socialistas a sua agressão, e a que isto os implique numa confusão e ponha a perder seu sonho dourado de cooperação soviético-norte-americana para dominar o mundo.
Desde a grande Revolução de Outubro, dirigida por Lenin até agora, a experiência de inumeráveis guerras revolucionárias tem comprovado a verdade de que é o povo revolucionário o que, começando com os punhos desnudos, acaba por vencer as forças armadas imperialistas, dotadas das armas mais modernas como aviões, tanques, canhões e bombas atômicas. São as guerrilhas as que acabam por vencer os exércitos regulares. São os “rústicos”, que nunca cursaram estudos em escolas militares, os que acabam por vencer os “profissionais” graduados em academias militares assim sucessivamente. Como se fosse de intento, as coisas se desenvolvem em sentido inverso às afirmativas dos revisionistas, bofeteando-lhes em pleno rosto.
Os revisionistas Kruschovistas afirmam que uma nação sem armas nucleares, sejam quais forem os métodos de operação que adote, é incapaz de triunfar sobre um adversário que as possua. Isso equivale a dizer que quem não tenha armas nucleares merece estar condenado a se passar pessimamente, a ser atropelado e aniquilado, sem mais remédio que render-se ante as armas nucleares do adversário ou recorrer à “proteção” de alguma outra potência nuclear colocando-se a sua mercê. Não é isto a típica lei da selva? Não equivale a proibir abertamente a outros de fazer a revolução?
Os revisionistas Kruschovistas afirmam que as armas nucleares e as baterias de foguetes estratégicos decidem tudo, que as unidades convencionais não valem um cominho e que as milícias populares não passam de um monte de carne humana. Com argumentos tão absurdos como este, opõe-se que os países socialistas mobilizem as massas populares, apoiem-se nelas e se preparem para fazer frente à agressão imperialista com uma guerra popular. Apostam todo o destino da nação às armas nucleares, fazendo um jogo nuclear e uma negociata política com o imperialismo norte-americano. Sua teoria de estratégia militar é a teoria de que “as armas nucleares decidem tudo”. A sua linha para a construção do exército é uma linha burguesa que consiste em ver unicamente o fator material perdendo de vista o fator homem e em valorizar somente a técnica reduzindo a nada o fator político.
Os revisionistas Kruschovistas afirmam que qualquer “chispa” na terra pode provocar uma guerra nuclear mundial e destruir a humanidade. De ser certa esta asseveração, nosso planeta já teria sido destruído incontáveis vezes. Porém nos vinte anos do pós-guerra se travaram guerras de libertação nacional numa ininterrupta sucessão e, qual delas desembocou numa guerra mundial? Não são precisamente as guerras de libertação nacional da Ásia, África e América Latina as que têm frustrado os planos do imperialismo norte-americano de desencadear uma guerra mundial? Em troca, aqueles que tratavam por todos os meios de apagar a “chispa” da guerra popular têm encorajado de fato o imperialismo norte-americano em sua arrogância agressiva e belicosa.
Os revisionistas Kruschovistas afirmam que basta pôr em prática sua linha geral de “coexistência pacífica, transição pacífica e competição pacífica”, para que os oprimidos se vejam liberados e cheguem a “um mundo sem armas, sem exércitos e sem guerras”. Porém a inexorável realidade é que o imperialismo e a reação, encabeçados pelos Estados Unidos estão reforçando freneticamente sua máquina de guerra, estão reprimindo a sangue e fogo diariamente aos povos revolucionários, estão realizando diariamente agressões armadas e ameaças armadas e ameaças contra os países liberados. Semelhantes disparates do revisionismo Kruschovista têm causado grandes perdas de vidas em alguns países. Não são suficientes estas dolorosas lições pagas com sangue? A essência da linha geral do revisionismo Kruschovista não é outra coisa que o intento de fazer que os povos e nações oprimidas e os países liberados deponham as armas e se entreguem à voracidade do imperialismo norte-americano e seus lacaios, estes sim armados até os dentes.
“Os mandarins se permitem atear fogo às casas do povo, enquanto que a este o proíbe de acender suas lamparinas”. Tal é o modo de proceder dos imperialistas e reacionários. Fazendo sua esta filosofia imperialista, os revisionistas Kruschovistas gritam para o povo chinês: “Vocês são belicosos”. Senhores, esses insultos de vocês são para nós uma glória. A belicosidade nossa é proveitosa para impedir que os imperialistas desencadeiem uma guerra mundial. A “belicosidade” do povo tem por objeto sua defesa própria. São os imperialistas e reacionários os que têm imposto isto. Eles também são os que os têm ensinado. Não fazemos mais que opor a “belicosidade” revolucionária à belicosidade contrarrevolucionária. Como se poderia permitir aos imperialistas e seus lacaios que massacram sem descanso, e proibir aos povos que lhes respondam golpe por golpe em defesa própria e se ajudem mutuamente? Donde pode encontrar-se semelhante lógica no mundo? Ao qualificar de “sensatos” a imperialistas como Kennedy e Johnson e tachar de “belicosos” a nós e a todos os que têm a valentia de defender-se com as armas contra a agressão imperialista, os revisionistas Kruschovistas se desmascaram completamente como cúmplices dos bandoleiros imperialistas.
Sabemos que a guerra acarreta estragos, sacrifícios e sofrimentos ao povo. Porém se o povo não resiste à agressão armada dos imperialistas e se resigna a ser escravo, ver-se-á condenado a estragos, sacrifícios e sofrimentos maiores. Na guerra revolucionária, o sacrifício de um pequeno número de pessoas se recompensa com a segurança de toda a nação, de todo o país e até de toda a humanidade; e, a custa de sofrimentos temporários, se logrará uma paz e uma felicidade duradoura, perpétua inclusive. A guerra tempera o povo e faz avançar a história. Neste sentido, pode-se dizer que a guerra é uma grande escola.
Referindo-se à Primeira Guerra Mundial, Lenin disse:
“A guerra tem afundado em fome os países mais civilizados, mais desenvolvidos no aspecto cultural. Mas, de outra parte, a guerra, como um ingente processo histórico, acelerou de modo inaudito o desenvolvimento social”.
E disse também:
“Com seus inauditos horrores e sofrimentos, a guerra sacudiu as massas, despertou-as. A guerra impulsionou a história, que avança em nossos dias com a velocidade de uma locomotiva”.
De ser certa a afirmação dos revisionistas Kruschovistas, não teria sido Lenin o maior “belicoso”?
Em oposição aos pontos de vista dos revisionistas Kruschovistas, os marxista-leninistas e os povos revolucionários nunca miram a guerra do ponto de vista sentimental. Com respeito às guerras de agressão desencadeadas pelos imperialistas, nossa atitude sempre tem sido muito clara: primeiro, opomo-nos a elas, e segundo, não a tememos. Liquidaremos a quem nos ataque. Quanto às guerras revolucionárias sustentadas pelas nações e povos oprimidos, não somente não nos opomos a elas, senão que, ao contrário, brindamos-lhes sempre firme apoio e ajuda ativa. Assim o fizemos, assim o estamos fazendo e no futuro, com o crescimento de nossas forças, o faremos em medida ainda maior. Que miserável quimera acreditar que também nós vamos perder a vontade da luta revolucionária, a abandonar a causa revolucionária mundial e a lançar pela borda o marxismo-leninismo e o internacionalismo proletário em função da vitória de nossa revolução, do progresso de nossa construção nacional, do crescimento de nossa riqueza nacional e do melhoramento de nossas condições de vida! Desde logo, a revolução se produz quando já chega a ser exigência do povo de um determinado país. E é possível derrubar por meio da luta o domínio reacionário do imperialismo e seus lacaios somente quando o povo está consciente, mobilizado, organizado e armado. Ninguém do exterior pode substituí-lo para fazer a revolução. Neste sentido, a revolução não se importa. Porém isto não exclui a solidariedade e o apoio mútuo dos povos revolucionários em sua luta contra o imperialismo e seus lacaios. Nosso apoio e ajuda aos povos revolucionários contribui à luta que estes realizam apoiando-se em suas próprias forças.
A propaganda dos revisionistas Kruschovistas contra a guerra popular e a difusão que fazem do derrotismo e do capitulacionismo, tendem a desmoralizar e desarmar espiritualmente a todos os povos revolucionários do mundo. Estes revisionistas estão fazendo o que por si mesmo não podem fazer os imperialistas norte-americanos, prestando-lhes assim um grande serviço. Tem encorajado enormemente os imperialistas norte-americanos em suas aventuras bélicas. Tem renegado completamente da teoria revolucionária do marxismo-leninismo sobre a guerra, e degeneraram em traidores da guerra popular.
A fim de levar a cabo vitoriosamente a luta conta o imperialismo norte-americano e sustentar com êxito a guerra popular, os marxista-leninistas e os povos revolucionários de todo o mundo devem combater resolutamente o revisionismo Kruschovista.
Atualmente, o revisionismo Kruschovista vem reduzindo cada vez mais sua audiência com os povos revolucionários do mundo. Donde haja agressão e repressão armadas por parte dos imperialistas e seus lacaios, haverá guerra popular contra a agressão e a opressão. A guerra popular há de desenvolver-se vigorosamente. Esta é uma lei objetiva, independente da vontade tanto dos imperialistas norte-americanos como dos revisionistas Kruschovistas. Os povos revolucionários do mundo são capazes de varrer tudo o que se interponha em seu caminho de avanço. Kruschov já se veio abaixo, e os continuadores do revisionismo Kruschovista não correrão melhor sorte. Os imperialistas, os reacionários e os revisionistas Kruschovistas, que se opõem a guerra popular, serão varridos do cenário da história pela escova de ferro dos povos revolucionários.
***
Nos vinte anos transcorridos desde a vitória da Guerra de Resistência contra o Japão, operaram-se grandes mudanças na China e em todo o mundo, mudanças que tem feito a situação, todavia, mais favorável para os povos revolucionários e desfavoráveis para os imperialistas e seus lacaios.
Quando os imperialistas japoneses iniciaram a guerra de agressão contra China, o povo chinês somente contava com um pequeno exército popular e uma pequena base de apoio revolucionária, frente ao maior déspota militar do Oriente. Ainda então, o camarada Mao Tsetung disse que a guerra popular da China triunfaria e que o imperialismo japonês seria derrotado. Hoje em dia, as bases de apoio revolucionárias dos povos do mundo alcançaram proporções sem precedentes, e seus movimentos revolucionários experimentam um auge até agora desconhecido, enquanto que o imperialismo é mais débil que nunca e sua cabeça, o imperialismo norte-americano, vem sofrendo uma derrota atrás de outra. Podemos dizer com tanta maior confiança que as guerras populares em diversos países triunfarão e que o imperialismo norte-americano será derrotado.
Os povos do mundo têm a sua disposição as experiências da Revolução de Outubro, da Guerra Antifascista, da Guerra de Resistência contra o Japão e a Guerra de Libertação do povo chinês, da Guerra de Resistência do povo coreano contra os Estados Unidos, da Guerra de Libertação do povo vietnamita e sua guerra de Resistência contra os Estados Unidos e das lutas armadas revolucionárias dos povos de muitos países. Sempre que saiba estudar estas experiências e conjugá-las, de maneira criadora, com a prática concreta da revolução de seus respectivos países, os povos revolucionários representarão, sem lugar a dúvidas, epopeias ainda mais esplêndidas no cenário da guerra popular de seus respectivos países e enterrarão de uma vez para sempre o inimigo comum de todos os povos, o imperialismo ianque e seus lacaios.
A luta de salvação nacional do povo vietnamita contra a agressão norte-americana é o foco em que converge a atual luta de todos os povos do mundo contra o imperialismo norte-americano. O povo chinês está inflexivelmente determinado a apoiar esta luta do povo vietnamita. Recorram a que recorram os imperialistas norte-americanos para estender suas aventuras bélicas, o povo chinês não deixará de fazer tudo o que pode em apoio do povo vietnamita até que seja expulso do Vietnam o último dos agressores ianques.
Os imperialistas norte-americanos vêm alardeando de uma nova prova de força com o povo chinês e sobre uma nova guerra terrestre de grandes proporções no continente asiático. Se insistirem em seguir o caminho percorrido pelos fascistas japoneses, pois bens, que façam o que se lhes dá vontade. Ao povo chinês não faltam meios para fazer frente à guerra de agressão do imperialismo norte-americano. Nossos métodos não são nenhum segredo. O mais importante segue sendo o já bem sabido: mobilizar o povo, apoiar-nos nele, fazer de cada pessoa um soldado e empreender uma guerra popular.
Podemos dizer, uma vez mais, aos imperialistas norte-americanos: o grande oceano que formam centenas de milhões de chineses em armas será mais que suficiente para submergir a milhões de soldados agressores de vocês. Se vocês se atrevem a impor-nos a guerra, nos darão a liberdade de ação. Então, não dependerá de vocês como se faça a guerra. Lutaremos na forma que mais convenha para aniquilar o inimigo e daremos batalhas ali onde nos resulte mais fácil aniquilá-lo. Se o povo chinês pôde derrotar os agressores japoneses há vinte anos, tem agora ainda maior capacidade para acabar com os agressores norte-americanos. A superioridade naval e aérea de que tanto se jactam vocês não pode amedrontar o povo chinês, nem tampouco as bombas atômicas que vocês brandem. Se quiserem enviar tropas aqui, que venham, e quanto mais, melhor. Aniquilaremos a quantas venham, e podemos dar-lhes um recibo do que consumirmos. O povo chinês é um povo de grande valor e resolução. Temos a valentia para lançarmos no ombro a pesada carga de combater o imperialismo norte-americano e fazer os aportes que nos corresponde na luta por vencer definitivamente o inimigo mais feroz dos povos do mundo inteiro.
Há que assinalar com toda solenidade que em razão da vitória da Guerra de resistência contra o Japão, Taiwan foi reintegrada à China. O imperialismo norte-americano não tem nenhuma justificativa para ocupar Taiwan. A província de Taiwan é parte inalienável do território chinês. O imperialismo norte-americano deve retirar-se dali. O povo chinês libertará Taiwan.
Ao comemorar o vigésimo aniversário da vitória da Guerra de Resistência contra o Japão, temos que fazer constar também com toda solenidade que os militaristas japoneses, apoiados pelo imperialismo ianque sofrerão ineludivelmente castigos ainda mais severos se, a despeito da firme oposição do povo japonês e dos demais povos asiáticos, insistirem em acariciar seu antigo sonho de voltar ao velho caminho da agressão na Ásia.
O imperialismo norte-americano está preparando uma guerra mundial. Porém, acaso poderá com isso salvar-se de sua ruína? Em consequência da Primeira Guerra Mundial, nasceu a União Soviética socialista. Depois da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma série de países socialistas assim como muitos países nacionalmente independentes. Se atropelando tudo, os imperialistas norte-americanos, desencadeiam uma terceira guerra mundial, pode afirmar-se que, como resultado desta, sem falta passarão a viver no socialismo outras centenas de milhões de pessoas; aos imperialistas não restará espaço no mundo; e até possivelmente se derrubará todo o sistema imperialista.
Miramos com otimismo o porvir do mundo. Estamos firmemente convencidos de que os povos porão termo à época das guerras na história da humanidade. Já faz tempo o camarada Mao Tsetung assinalou:
“A guerra, este monstro de matança entre os homens, será liquidada ao fim e ao cabo num futuro não muito longínquo, pelo progresso da sociedade humana. Porém só há um meio para eliminá-la: opor a guerra à guerra, opor a guerra revolucionária à guerra contrarrevolucionária”.
Povos vítimas da agressão, opressão e saqueio do imperialismo ianque, uni-vos e mantenhais alta a justa bandeira da guerra popular para lutar pela causa da paz mundial, da libertação nacional, da democracia popular e do socialismo! A vitória será de todos os povos do mundo!
Viva o triunfo da guerra popular!