Declaração internacional na ocasião do 200º Natalício de Friedrich Engels (novembro de 2020)

Tradução não-oficial.

Proletários de todos os países, uni-vos!

Declaração internacional na ocasião do 200º Natalício de Friedrich Engels

“Não se pode entender o Marxismo e não se pode expressá-lo de maneira completa sem usar todas as obras de Engels!”
Lênin

Há 200 anos, em 28 de novembro de 1820, nasceu o grande Friedrich Engels! Engels é um dos dois fundadores do marxismo, um dos clássicos do Marxismo-Leninismo-Maoismo e o companheiro de armas mais próximo do primeiro dos três titãs da ideologia todo-poderosa, porque é verdadeira: Karl Marx. Em seu 200º aniversário, queremos celebrar seu trabalho e especialmente seus méritos na criação, definição e desenvolvimento do Marxismo, que ele deu ao proletariado internacional sob a chefatura do grande Karl Marx. Friedrich Engels foi o segundo no comando da grande liderança de Marx no emergente Movimento Comunista Internacional (MCI), e suas contribuições foram essenciais para o desenvolvimento futuro do Marxismo, no Marxismo-Leninismo e no Marxismo-Leninismo-Maoismo.

Engels nasceu em Barmen (Wuppertal). A família de Engels era fabricante de têxteis, o que lhe permitiu estabelecer contato com os trabalhadores alemães e depois com o proletariado industrial inglês. Desde jovem, Engels se rebelou contra o filisteísmo da burguesia prussiana, criticando o regime monárquico e as condições da Prússia em poemas, cartas e pequenos artigos e foi um fervoroso revolucionário democrata. Durante seu serviço militar no início da década de 1840, Engels coletou experiências importantes, que mais tarde se tornaram muito úteis para ele, e despertou seu interesse contínuo pelas questões militares, razão pela qual Karl Marx sempre o chamou de General, em apreço a seus conhecimentos militares, e em amizade proletária. Na capital da Prússia, como parte do círculo de Hegelianos de esquerda, ele foi capaz de aprofundar suas críticas à ordem dominante antes de ir para a Inglaterra, que, então, era o país capitalista mais desenvolvido do mundo, para trabalhar lá. Na Inglaterra, ele foi confrontado pela primeira vez com a mais completa e madura forma social de produção capitalista. Cada vez mais, as contradições e a luta de classes pareciam se esclarecer para ele. Posteriormente, houveram também grandes convulsões políticas e numerosos movimentos de massa na Inglaterra, dos quais Friedrich Engels participou vivamente. Através destas experiências com o desenvolvimento da produção capitalista e as lutas políticas das massas, Engels deixou seu velho idealismo Hegeliano de esquerda de lado nestas disputas, e desenvolveu um afã de não só se interessar nas lutas da classe trabalhadora, mas de se unir fortemente a ela e tornar-se uma parte integral dela.



Sobre este período, Engels escreveu: “Eu queria vê-los em suas próprias casas, observá-los em sua vida cotidiana, conversar com vocês sobre suas condições e suas queixas, testemunhar suas lutas contra o poder social e político de seus opressores. Assim o fiz: Abandonei a empresa e os jantares, o vinho do porto e o champagne das classes-médias, e dediquei minhas horas de lazer quase exclusivamente às relações com os simples trabalhadores; estou feliz e orgulhoso de tê-lo feito”. (Engels)

Com isto o grande Friedrich Engels dá um exemplo incrível aos comunistas do mundo para se unirem às massas e tomarem uma posição firme do lado do proletariado, vivendo, trabalhando e lutando com as massas.

I. A unidade de luta entre Karl Marx e Friedrich Engels. A concepção marxista.

Os dois fundadores do marxismo, o brilhante Karl Marx e seu mais próximo companheiro de armas, Friedrich Engels, começaram a pesquisar e participar da luta de classes, independentemente um do outro. Eles alcançaram resultados semelhantes neste tempo e, com base nisso, foi construída a unidade destes dois líderes proletários, uma unidade que deveria mudar o curso do mundo, e na qual o titã Karl Marx tornou-se chefatura, por isto ele é o primeiro titã, e principal representante do primeiro dos três grandes saltos, como definiu o Presidente Gonzalo. Aquele primeiro momento na Inglaterra foi decisivo para a visão de mundo e o pensamento de Friedrich Engels, que é muito importante neste contexto, e o outro titã, Lênin diz sobre isso, ao dizer que Friedrich Engels “especialmente por causa de seus anos ingleses, tornou-se Marxista”.

O grande Lênin também ensina, através de sua análise das correspondências entre Karl Marx e Friedrich Engels, que “Marx e Engels são justamente nomeados lado a lado como os fundadores do socialismo moderno”. (Lênin) Como um dos dois fundadores do socialismo moderno, a ideologia dos comunistas, hoje Marxismo-Leninismo-Maoismo, principalmente Maoismo, Friedrich Engels contribuiu em estreita unidade de luta com Karl Marx para a fundação da ideologia científica da classe, realizando aportes e desenvolvimentos em todas as três partes componentes do Marxismo. Estas são as contribuições para o nascimento do Marxismo, as quais iremos destacar e enfatizar, por ocasião do 200º aniversário de seu nascimento.

Nossos fundadores, Karl Marx e Friedrich Engels, estavam unidos em seu trabalho com um vínculo indestrutível em seus pensamentos e ações, em sua luta conjunta pela emancipação do proletariado. Eles são os autores do Manifesto do Partido Comunista em 1848, o certificado de nascimento do Movimento Comunista Internacional. Sua publicação coincide com o grande surto revolucionário dos anos 1848-1849, que abalaria toda a Europa, da Inglaterra à Hungria, quando, pela primeira vez na história, ocorreu um confronto armado entre o proletariado e a burguesia. O marxismo foi forjado e temperado no fogo da luta de classes.

A luta de duas linhas iniciada por Engels e coroada com o trabalho de Marx foi fundamental para a importante vitória da Fração Vermelha Marxista no Segundo Congresso da Liga dos Justos, em novembro de 1847. Neste Congresso, liderado pessoalmente por Karl Marx e tendo Frederick Engels como secretário, foi aprovada a modificação do nome da Liga, que passará a se chamar Liga dos Comunistas, e seu antigo lema, “Todos os homens são irmãos”, foi mudado para o lema imortal: “Proletários de todos os países, uni-vos!”

Eles não “reinventaram” o mundo, mas superaram a interpretação limitada deste e a modificaram através de seu trabalho, em serviço à prática transformativa revolucionária do proletariado. Eles começaram do que era mais avançado encontrado na velha sociedade nos âmbitos da Economia Política, Socialismo e Filosofia. Desta forma, eles desenvolveram as três partes constituintes do Marxismo e se apropriaram das maiores conquistas da velha sociedade, desde a sua cabeça, as ultrapassando através da síntese materialista-dialética e, portanto, fora forjada, no fogo da luta de classes, a única ideologia científica e desmistificadora do proletariado. “Não na cabeça de um único homem sábio, mas na verdadeira luta revolucionária das massas oprimidas e exploradas do proletariado, no crescimento do seu grau de organização, que se dá através do desenvolvimento da luta, Marx e Engels compreenderam a garantia do triunfo do socialismo.”, tal como sustentou a Internacional Comunista em 1937, no meio da guerra contra o fascismo. Esta é a unidade de teoria e prática, não se trata somente de interpretar o mundo; a questão é transformá-lo (Tese XI sobre Feuerbach).

Outra característica da concepção Marxista de Friedrich Engels foi impregnada no trabalho de investigação política. Ele recebeu livros e estatísticas enviados de todo o mundo, os avaliou extensivamente, os estudou de forma exemplar e obteve material racional, além de realizar ampla investigação política, da qual seu trabalho “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra” é um excelente exemplo. Nela, é dito que as greves “são a escola de guerra na qual os trabalhadores se preparam para a grande luta, que se torna inevitável”. Lênin descreveu esta obra como “uma das maiores obras do Marxismo”, e essa característica foi uma que Lênin, um dos três gigantes entre gigantes do Marxismo, exaltou com alto reconhecimento, apontando-a como “o mérito principal de Friedrich Engels”: a luta pela união do socialismo com o movimento proletário, que hoje é o requisito e garantia da vitória do proletariado em sua revolução, atualmente em forma de Guerra Popular.

Depois deste período de batalhas intensas na luta de classes, Marx passou a se dedicar à tarefa imprescindível de desenvolver o Socialismo Científico teoricamente, completando a Crítica da Economia Política Burguesa, durante a década de 1850 e 1860, para a elaboração de O Capital, em 1867, que ocorre somente três anos após a fundação da Associação Internacional de Trabalhadores. Neste período, o grande Engels cumprirá, com enorme dedicação, a tarefa revolucionária de assegurar o apoio organizativo de Marx, dirigente profissional do proletariado.

Durante todo esse período, manteve intensa correspondência com Marx, discutindo atentamente todos os progressos da luta revolucionária e proletária na Europa e mundialmente. Marx, em sua carta de 7 de maio de 1867, pouco após entregar os manuscritos do Volume I de O Capital à Editora, escreveu: “Sem você, eu nunca teria sido capaz de levar esta obra à sua conclusão, e posso te assegurar que o fato de você permitir suas boas energias serem esmagadas e enferrujadas no [trabalho de] comércio, especialmente por mim, pesava tal como um pesadelo, e ademais, que você teve, também, que partilhar de minhas pequenas misérias.”.

A completa genialidade dos companheiros de armas, Karl Marx e Friedrich Engels, fora descrita numa carta de Paul Lafargue, a qual também demonstra o papel que tiveram os aportes de Friedrich Engels:

“Marx não cansava de se assombrar com a universalidade do conhecimento de Friedrich Engels, assim como sua elasticidade, a qual o permitia passar de um tema para outro com facilidade, e Engels estava sempre pronto para reconhecer os poderes de análise e síntese de Marx.”. Então foi sempre claro que Friedrich Engels foi essencial para a forja do Marxismo, e sobretudo pode ser decisivo, pois a síntese mais elevada estava presente em Marx. A síntese, como nos ensina o Presidente Gonzalo, é decisiva. Exatamente por isso, Friedrich Engels pode cumprir seu papel como um dos fundadores do Marxismo de maneira exemplar, completa e genial, pois reconheceu o “poder da síntese” de Marx, porque se colocou voluntariamente sob sua Chefatura, defendendo a Chefatura de Karl Marx com forte compromisso. É por isso que, em relação ao movimento do proletariado internacional de seu tempo, disse: “Marx é superior a todos com seu gênio, precisão científica e sabedoria”, e mais: “Sem ele [Marx] a teoria dificilmente teria alcançado os marcos que alcançou atualmente. Portanto, ela, corretamente, leva o seu nome [Marxismo]”. E esse nome representa a eterna unidade de luta Marx-Engels!

II. A Obra de Friedrich Engels como um dos Fundadores do Marxismo

O grande Friedrich Engels era famoso no movimento do proletariado internacional por sua defesa enérgica dos princípios comunistas, e o poderoso Lênin, líder da Grande Revolução Socialista de Outubro, declarou energicamente que Engels “em toda a sua vida foi um inimigo incansável contra a introdução do filisteísmo ao comunismo”.

Uma grande expressão desta postura de Friedrich Engels foi sua luta contra Proudhon, que ele liderou mesmo antes da publicação do livro “A Filosofia da Miséria”, e que foi uma base importante para a obra devastadora e elementar de Marx, “A Miséria da Filosofia”. Nesta luta contra Proudhon, Engels assinalou fortemente que “o principal era demonstrar a necessidade de uma revolução violenta” (Engels). E contra todas aquelas forças que querem dividir Friedrich Engels de Marx e estão tentando desesperadamente criar divisão em seu trabalho indivisível, contra todos aqueles que posteriormente tentaram falsificar o trabalho de Friedrich Engels e colocá-lo nas mãos dos revisionistas, foi também Friedrich Engels que, nesta luta precoce contra Proudhon, já no ano de 1846, definiu a revolução violenta como um dos três critérios gerais e como o meio geral do comunismo.

Esta definição de “revolução violenta” como princípio do comunismo resultou da intensa ocupação de Friedrich Engels com questões de ciência militar, sendo ele o primeiro a colocar a ciência militar diretamente a serviço do proletariado.

Acerca desta questão, Engels deu indicações decisivas sobre questões de táticas e métodos militares ao proletariado internacional, colocando a linha militar em forte relação com o desenvolvimento do proletariado e da sociedade capitalista, declarando que a luta de barricadas era uma tática antiga e inútil, e que o proletariado e seu partido com o desenvolvimento histórico tinha que encontrar novas formas de guerra na revolução. Ele apontou para a necessidade do prolongamento de novas formas de revolução, quando advertiu que “não devemos ver a revolução como algo que se resolve da noite pro dia. De fato, ela é um processo de muitos anos de desenvolvimento das massas em circunstâncias aceleradas“. Além disso, ele apontou que o proletariado deve unir o povo contra a burguesia, a fim de levar sua revolução à vitória. As “novas formas” mencionadas por Engels foram dadas ao proletariado, através do caminho da Grande Revolução Socialista de Outubro e encontram seu maior desenvolvimento na teoria militar do proletariado, a Guerra Popular Prolongada, um aporte de outro dos três grandes titãs de nossa classe, o Presidente Mao Tsetung, Chefe da Revolução Chinesa e da Revolução Mundial.

Na luta contra o podre e detestável Proudhon, também foi Friedrich Engels quem fez contribuições decisivas ao lançar as bases para aquele contingente do qual se formaria o Partido Social-Democrata da Alemanha (posteriormente o Partido Comunista da Alemanha), pois foi ele quem liderou a reunião na qual este grupo foi libertado da influência dos anarquistas e de Proudhon, e colocado sob a liderança do Marxismo. Com isto, Engels se afirmou como um pioneiro do partido proletário, cuja criação foi, desde o início, um grande objetivo na grande amizade de luta de Marx e Engels. Quando falamos de Friedrich Engels e do partido do proletariado, então falamos também do internacionalismo proletário. Isto é essencial! As contribuições de Engels para o movimento do proletariado internacional através da Primeira Associação Internacional de Trabalhadores e a Segunda Internacional são imensuráveis.

A luta a qual ele liderou pela formação dos comunistas e pela constituição do Partido Comunista na época da Primeira Internacional foi honrada, com grande respeito, por Karl Marx, e a intensa correspondência entre os fundadores do Marxismo nesta questão nos mostra precisamente que agiram de forma sistemática, em estreito acordo e forte unidade de ação. É por isso que Karl Marx confiou o esboço do Manifesto do Partido Comunista a Engels [Princípios Básicos do Comunismo – N.T.]. Após a morte de Marx, foi Friedrich Engels quem continuou seu trabalho, e compreendeu de forma excelente a necessidade de liderar a Segunda Internacional como um instrumento de luta contra o oportunismo e o revisionismo. Utilizando a Segunda Internacional como órgão e instrumento, Friedrich Engels pessoalmente iniciou o Primeiro de Maio como Dia Internacional da Luta do Proletariado, onde ele enfatizou o significado da “Ação Internacional”. Precisamente na luta contra as falsas concepções de Kautsky, o grande Friedrich Engels declarou, dentro da Segunda Internacional, a importância cada vez maior das lutas anticoloniais e da questão campesina — como definido por Lênin e declarado pelo Presidente Mao, dando orientação — da segunda grande força do Movimento Comunista Internacional (as duas grandes forças do movimento revolucionário: o movimento do proletariado internacional que se dá mundialmente, e o movimento de libertação nacional que se dá nas nações oprimidas), se ocupando intensivamente com as questões da revolução em Irlanda, Argélia, Índia e outros países coloniais.

Em relação às lutas anticoloniais, é necessário relembrar a importância dada por Marx e Engels à luta do campesinato para culminar na revolução burguesa na Alemanha, a tese Marxista da necessidade da aliança do proletariado com o campesinato e da revolução democrática, que seria desenvolvida por Lênin e o Presidente Mao, através da Revolução de Nova Democracia.

Um marco importante para a compreensão do peso da luta campesina para a revolução proletária foi a obra A Guerra Camponesa na Alemanha, escrita por Engels. Engels representou a concepção de que as lutas anticoloniais estavam se tornando cada vez mais importantes, e que sua significância em relação ao movimento revolucionário do proletariado nos países capitalistas iria aumentar consideravelmente.

Nesta obra, Engels estabeleceu a impossibilidade da burguesia Alemã de liderar sua própria revolução; portanto, caberia ao proletariado e ao seu Partido liderar a Revolução Democrática na Alemanha; que o aliado principal do proletariado na revolução democrática seria o campesinato; e, do ponto de vista militar, mostrou os limites do caminho insurrecionário. Em Revolução e Contrarrevolução, Engels estabelece o modelo de análise Marxista para o estudo de um dado país. Primeiramente, ele apresenta o estudo da sociedade Alemã, depois o caráter de classe de seu Estado, e, finalmente, a dissertação acerca da revolução necessária. Esse modelo de análise foi aplicado criativamente pelo Presidente Mao em sua apresentação da revista O Comunista, e pelo Presidente Gonzalo, na Base de Unidade Partidária do Partido Comunista do Peru.

A análise de Engels acerca da terceira insurreição em Viena, em Outubro de 1848, foi um pilar importantíssimo para a questão nacional. Em sua análise, encontramos a fundação da solução Marxista completa para a questão das nacionalidades, que fora realizada pelo grande Stalin em 1906, ou, nas palavras de Lênin, o gênio Georgiano.

Os artigos de Marx e Engels na Nova Gazeta Renana sobre a questão nacional e camponesa são de grande atualidade. Analisando a luta de libertação nacional polonesa, Marx observa: “Os poloneses já então entendiam que sua independência era inseparável da derrubada da aristocracia no exterior, e dependia da reforma agrária em seu interior”. Ele lança as bases da questão camponesa para os países semicoloniais ao afirmar que: “Os grandes países agrícolas aninhados entre o Báltico e o Mar Negro só podem emergir da barbárie patriarcal-feudal por meio de uma revolução que transforma os camponeses que são servos, ou sujeitos a benefícios pessoais, em possuidores livres de suas terras, uma revolução que se dá no campo, a mesma que foi realizada pelos franceses em 1789. A nação polonesa merece crédito por ser a primeira a proclamar isto entre todas as cidades agrícolas vizinhas”. E ele conclui, fazendo a ligação entre a luta polonesa e a revolução alemã: “O estabelecimento de uma Polônia democrática é a primeira condição para que possamos estabelecer uma Alemanha democrática”. (O debate sobre a Polônia na Assembléia de Frankfurt).

Nestes pontos, estão assentadas questões-chave do Marxismo-Leninismo-Maoismo.

Vemos como Marx e Engels lançaram as bases para o que o camarada Stalin resumiria melhor quando diz que “a questão colonial e semicolonial é essencialmente a questão camponesa”. Vemos também no Marxismo, os fundamentos da linha Marxista-Leninista que, na Grande Revolução Socialista de Outubro, combinou o slogan da nacionalização da terra com o apelo de Lênin aos camponeses para “ir e tomar a terra!”. Há também a questão fundamental para a relação entre a Revolução Proletária nos países imperialistas e o Movimento de Libertação Nacional. Como Marx voltaria a afirmar: “Enquanto a Inglaterra é o baluarte dos grandes latifundiários e do capitalismo europeu, o único lugar onde a Inglaterra oficial pode sofrer um duro golpe é a Irlanda”. (Marx, trecho de uma comunicação confidencial).

Engels declarou que estas revoluções não eram questões abstratas e formais de igualdade, mas que tinham um significado decisivo para a luta de classes. Não apenas a luta contra os desvios iniciais de Kautsky, mas também as críticas a Bernstein foram poderosas, e os oportunistas só ousaram mostrar suas teorias burguesas e sujas após a morte de Engels.

Assim como Friedrich Engels lutou inabalavelmente e por princípio contra o anarquismo e o proudhonismo nos dias da Primeira Associação Internacional de Trabalhadores, onde flagelou o oportunismo “esquerdista”, o sectarismo e o encapsulamento das massas, agora liderando a Segunda Internacional colocou o oportunismo de direita em sua linha de fogo e deu golpes solitários no cretinismo e legalismo parlamentar.

Com o desaparecimento físico de Karl Marx em 14 de março de 1883, Engels não apenas defendeu, mas também desenvolveu o Marxismo. Em 1885, ele se preparou para imprimir o Volume II de O Capital, que Marx deixou praticamente pronto para publicação, e teve um papel fundamental na conclusão do Volume III. Com esta publicação, Engels completou o mais importante trabalho científico do Marxismo, que não pode ser compreendido separadamente, e foi Engels quem garantiu a apresentação abrangente da economia política Marxista, o que ele chamou de “o projeto mais temível já lançado à frente da burguesia e dos latifundiários”.

Como líder do proletariado internacional, Engels continuou a desenvolver o marxismo, e é a partir deste período que obras clássicas como A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, em 1884, na qual Engels estabelece as bases científicas para o desenvolvimento da linha marxista acerca da questão feminina; e também desenvolve a teoria marxista acerca do Estado.

Em 1886, é publicada a obra Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã, na qual Engels distingue, de maneira científica, a diferença entre o materialismo e o idealismo, entre dialética e metafísica; ademais, estabelece quais são as questões centrais da filosofia Marxista: a teoria do conhecimento e a lógica dialética. Estas são questões magistralmente desenvolvidas por Lenin em Materialismo e Empirio-crítica e nos Cadernos Filosóficos; e brilhantemente completadas pelo Presidente Mao em Sobre a Prática e Sobre a Contradição.

Quando em outubro de 1878, o governo Junker de Bismarck aprovou a Lei Anti-Socialista que tornou o Partido Social-Democrata da Alemanha ilegal, Engels lutou contra asposições liquidacionistas de direita, apontando que Lei Anti-Socialista não podia destruir o partido, dizendo que: “O movimento socialista não pode ser sufocado ou amordaçado. Pelo contrário, a Lei Anti-Socialista… completará a educação revolucionária dos trabalhadores Alemanha” (A lei de exceção contra os socialistas alemães).

Combatendo a linha oportunista de direita, Engels produziu a Carta Circular, endereçada à liderança do Partido Social-Democrata na Alemanha, que também é assinada por Marx, mas foi inteiramente escrita por Engels. Na carta, é reafirmado que nos estatutos da Internacional: “Formulamos o grito de guerra: a libertação da classe trabalhadora deve ser o trabalho da própria classe trabalhadora”. Combatendo as posições eleitoral e economicistas, Engels revela que a linha oportunista de direita defende que o Partido “ao invés de dar peso a objetivos que vão longe, que assustam a burguesia, porém, serão inacessíveis em nossa geração, […] deve primeiro empregar toda sua força e energia naquelas reformas mesquinhas e burguesas que conferem novo apoio à velha ordem da sociedade”. Podemos ver, nessa passagem, o desenvolvimento da concepção Marxista de Partido, que mais tarde seria completamente desenvolvida por Lênin em sua teoria do Partido de novo tipo, na luta contra a tese de Bernstein, de que o movimento é tudo, e os objetivos não são nada. Finalmente, Engels sustenta a necessidade da cisão com o oportunismo, afirmando que: “Há quase 40 anos, colocamos a luta de classes como o poder motor da história em evidência e, especialmente, a luta de classes entre a burguesia e o proletariado, como a grande alavanca da revolução social moderna; é impossível, portanto, nos unirmos com as pessoas que querem excluir esta luta de classes do movimento”.

Foi assim que Engels defendeu e desenvolveu o legado de Marx, foi assim que ele impôs o Marxismo na Segunda Internacional. Poucos anos após a morte do grande Friedrich Engels, Lênin, fundador e chefe da Internacional Comunista, esteve à frente do Movimento Comunista Internacional, defendeu o legado de Karl Marx e Friedrich Engels, e o desenvolveu sob as circunstâncias do momento para um grande salto à fase do Leninismo, para o qual o grande Lênin se destaca, especialmente entre os grandes.

O grande Lênin se empenhou muito nesta obra, e a venerava em particular, porque muitas das previsões que Friedrich Engels havia deixado para o proletariado internacional foram cumpridas exatamente como ele havia previsto, o que mostra a enorme força ideológica e o profundo entendimento de Friedrich Engels.

Mas o magnífico Lenin não só construiu sobre o legado político de Frederick Engels; também em questões de economia política, a relação ideológica do grande Friedrich Engels com a chefatura da Grande Revolução Socialista de Outubro, V.I. Lênin, foi de significado decisivo, já que foram as notas escritas por Engels, no fim de sua vida, sobre o desenvolvimento dos monopólios e seu significado econômico, que serviram de inspiração e fundamento da obra transcendental “Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”. As explicações de Friedrich Engels sobre o desenvolvimento inicial dos monopólios correspondem ao seu sentido aguçado e seu entendimento profundo das mudanças econômicas, suas questões e leis, qualidades que ele mostrou desde cedo, em 1844, com seu livro Esboço para a Crítica da Economia Nacional, o qual foi valorizado por Karl Marx como sendo “o primeiro esboço brilhante para a crítica das categorias econômicas”.

No campo da filosofia, foi Friedrich Engels quem apresentou a concepção materialista do Marxismo, na qual pode-se resumir que “Não é a crítica, mas a revolução, que é a força motriz da história, incluindo a religião, filosofia e outras teorias. Ela mostra que a história não acaba […]”. Como resultado, ele continuou na luta de duas linhas até o fim de sua vida para avançar a revolução. É por isso que enfatizamos as duas últimas lutas de duas linhas lideradas pelo grande Engels: na Crítica ao Programa de Erfurt, 1891, na qual ele reconhece o desenvolvimento da esquerda na liderança do Partido Social-Democrata da Alemanha, mas identifica deficiências importantíssimas neste. Dentre elas: a falta de uma demanda democrática para uma única e indivisível república na Alemanha; e a falta da defesa da ditadura do proletariado, assim como a crítica do programa agrário e camponês nos Partidos Alemão e Francês em 1894 E, finalmente, a fortíssima defesa da violência revolucionária em Introdução à Luta de Classes na França, 1895.

É bem conhecido que Friedrich Engels, em estreita correspondência com o líder do proletariado internacional, Karl Marx, fez pela primeira vez uma abordagem sistemática à teoria marxista da violência. Ele o fez em Anti-Dühring, que é a primeira abordagem sistemática ao marxismo como uma ideologia, que encontrou a aprovação explícita do gigante Karl Marx.

A importância transcendental da obra Anti-Dühring é que ela contém, pela primeira vez, a sistematização do marxismo como doutrina integral do proletariado nas suas três partes constitutivas: A filosofia marxista, economia política marxista e socialismo científico.

Na seção Filosofia, Engels estabelece importantes sínteses filosóficas, evidenciando que a concepção filosófica marxista é materialista-dialética, afirmando que “o materialismo é essencialmente dialético” e que “o movimento é o modo de existência da matéria”. Em Anti-Dühring, este fundador do marxismo destrói o dualismo filosófico (metafísico) natural, lançando as bases para a crítica devastadora que Lênin fez posteriormente à evolução do dualismo filosófico (metafísico) natural para o monismo, através da sua obra “Materialismo e Empirocriticismo“. Ao demonstrar a universalidade da dialética, Engels lança as bases do que posteriormente seria desenvolvido pelo Presidente Mao: a universalidade da contradição. É por isso que ambas as obras são inseparáveis, e que Lênin desenvolveu o marxismo nesta questão, sob os desafios e questões de uma nova época. E foi o Presidente Mao Tsetung que, com a sua brilhante obra, Sobre a Contradição, trouxe as leis estabelecidas em Anti-Dühring sobre novos desenvolvimentos e nova sistematização para a nova, terceira e mais elevada fase do marxismo, o Maoismo, elevando assim a contradição como única lei da dialética.

Na seção Economia Política, Engels estabelece muito claramente a relação entre economia, política e guerra; além de introduzir aspectos importantes tratados por Marx no primeiro livro do Capital, tais como a teoria do valor e da mais-valia. Na seção Socialismo, Engels estabelece a distinção entre o socialismo científico, marxista e o socialismo utópico pequeno-burguês; diferenciando, no entanto, o que eram posições utópicas (mas avançadas no tempo em que foram criadas), a partir de posições oportunistas contemporâneas.

III. O legado de Friedrich Engels

É de profundo significado simbólico para o proletariado internacional que neste ano do 200º aniversário do nascimento de Friedrich Engels, celebramos também o 150º aniversário do nascimento do grande e brilhante Lênin, ambos chefes do proletariado mundial!

Os comunistas consideram esta coincidência simbólica como uma ocasião para aumentar os seus esforços na liderança das guerras populares, no seu desenvolvimento ou na preparação da sua iniciação. O que o grande Engels deu ao marxismo, vive nas guerras populares no Peru, Índia, Turquia e Filipinas, que são bases estratégicas para a revolução proletária mundial. As suas contribuições encontraram ali, a cada dia, geralmente expandidas e desenvolvidas para a nova fase do Maoismo, sua confirmação constante, e em cada momento, a onipotência do Marxismo-Leninismo-Maoismo, principalmente Maoismo, é demonstrada. Na coincidência dos natalícios de Lênin e Engels, os comunistas do mundo contam com as lições destes dois líderes do proletariado mundial, para reforçar ainda mais os seus esforços na luta pela reconstituição ou constituição dos seus partidos comunistas e para se confirmarem na lei universal, que é o partido que constitui o eixo, que conduz a sua própria construção e a construção concêntrica dos outros dois instrumentos da revolução.

As contribuições do grande Friedrich Engels para o marxismo vivem nas lutas atuais dos comunistas, pelo que o trabalho de Engels não é apenas uma parte cronológica da nossa história, mas parte da nossa ação, dos nossos planos e dos nossos esforços, para nos unirmos mais às massas, para reconstituir ou constituir, desenvolver e defender os partidos comunistas militarizados, e para plantar cada vez mais alto a bandeira vermelha do proletariado internacional, do comunismo. Onde poderia isto ser melhor expresso do que com os comunistas, que hoje, com toda a determinação, coragem e audácia, lideram a luta pela sua unidade à escala mundial e se aproximam resolutamente da Conferência Internacional Maoísta Unificada e da Nova Organização Internacional do Proletariado, a caminho da reconstituição da Internacional Comunista com o desenvolvimento de novas guerras populares, e devolverá também, em nível mundial, o seu partido ao proletariado, a Internacional, pelo qual o grande Engels tinha dado a sua vida!

Engels é contemporâneo em nossas lutas. Seus ensinamentos, os quais contribuiu ao Marxismo sob a chefatura de Marx, como um dos clássicos, nos lembra constantemente que devemos compreender que a aplicação do Marxismo-Leninismo-Maoismo, principalmente o Maoismo, é o grande desafio e a questão para o desenvolvimento da revolução proletária em seus respectivos países; sem especificação como pensamento guia da ideologia todo-poderosa do proletariado, todo-poderosa pois é verdadeira, não pode haver progresso decisivo em cada revolução específica. Nos reafirmamos no fato de que a unificação de comunistas a nível mundial, na base do Marxismo-Leninismo-Maoismo, principalmente o Maoismo, irá servir sua aplicação concreta a cada revolução específica, e irá servir a Revolução Proletária Mundial, como Friedrich Engels ensinou pessoalmente aos comunistas. Devemos reconstituir a Internacional Comunista e, como Engels descreveu, ela será uma “Internacional de Ação”!

Karl Marx, Lênin e o Presidente Mao, os três picos entre os clássicos, enfatizaram a importância de Engels para o Marxismo, como um exemplo. Como disse o grande Lênin: “Não é possível compreender o Marxismo nem expressá-lo sem usar todas as obras de Engels!”. Na ocasião do 200º natalício de Friedrich Engels, queremos reafirmar e reconhecer, com todas as nossas forças, essa importantíssima declaração.

Consignas para a celebração do Bicentenário de Friedrich Engels:

VIVA O 200º ANIVERSÁRIO DE FRIEDRICH ENGELS!

PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS!

VIVA A OBRA DE MARX-ENGELS!

ABAIXO AO REVISIONISMO! VIVA O MAOISMO!

E GRITEMOS TODOS UNIDOS:

VIVA O MARXISMO-LENINISMO-MAOISMO, PRINCIPALMENTE MAOISMO!

VIVA A CONFERÊNCIA INTERNACIONAL MAOISTA UNIFICADA E A FORMAÇÃO DE UMA NOVA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO PROLETARIADO!

PELA RECONSTITUIÇÃO DA INTERNACIONAL COMUNISTA!

VIVA A REVOLUÇÃO PROLETÁRIA MUNDIAL!

Signatários:

Partido Comunista do Peru

Núcleo Revolucionário para a Reconstituição do Partido Comunista do México (NR-PCM)

Comitês para a Fundação do Partido Comunista (Maoista) na Áustria

Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha)

Fração Vermelha do Partido Comunista do Chile

Partido Comunista do Equador – Sol Vermelho

Servir ao Povo – Liga Comunista da Noruega

Partido Comunista da Colômbia (Fração Vermelha)

Comitê de Reconstituição do Partido Comunista do Estados Unidos – CPUSA (CR)

Comitê Bandeira Vermelha – República Federal da Alemanha

Comitê Maoista na Finlândia