O que a Liga da Juventude deve ter presente em seu trabalho e as características próprias dos jovens (Presidente Mao, 1953)
O que a Liga da Juventude deve ter presente em seu trabalho e as características próprias dos jovens (Presidente Mao, 1953)
30 de junho de 1953
Já pertence ao passado o problema das pretensões independentistas da Liga da Juventude em relação ao Partido. O problema atual da Liga não é que tenha pretensões independentistas e sim que carece de atividades independentes.
A Liga da Juventude deve colocar seu trabalho em consonância com a tarefa central do Partido, porém dentro deste contexto deve ter suas atividades independentes e levar em conta as características próprias da juventude. Em 1952, em uma conversação com camaradas do Comitê Central da Liga, submeti dois temas ao estudo deste organismo. Um, como devia o Partido dirigir o trabalho da Liga e o outro, como esta devia realizar seu trabalho. Ambos os temas dizem respeito ao problema de como levar em consideração as características próprias dos jovens. Os comitês do Partido em diversos lugares manifestaram sua satisfação com o trabalho da Liga, e isto se deve a que puseram seu trabalho em consonância com a tarefa central do Partido. Agora coloquemos sobre o tapete um motivo de insatisfação, e é que no seu trabalho a Liga não tem organizado atividades independentes de conformidade com as características próprias da juventude. Os organismos dirigentes, tanto do Partido como da Liga, devem aprender a conduzir o trabalho da Liga e tornar-se peritos em organizar e educar as grandes massas juvenis tendo como eixo a tarefa central do Partido e levando em consideração as características dos jovens.
Sob a direção do Partido, a Liga tem-se desempenhado ativamente no trabalho revolucionário em todos os terrenos e obteve grandes êxitos. Sem a juventude, não poderia triunfar a causa revolucionária, em as fábricas, em as zonas rurais, em o exército, em os centros docentes. A juventude chinesa é muito disciplinada, e cumpriu todas as tarefas que lhe designou o Partido. Agora, com o término da guerra da Coréia e a conclusão da reforma agrária, o centro de gravidade de nosso trabalho no país está transladando-se para as transformações socialistas e para a construção socialista. Dai a necessidade de aprender. A Liga deve aprender a dirigir os jovens para que estes, juntos com os mais velhos, promovam com êxito a agricultura no campo, a indústria na cidade, o estudo nos centros docentes e o trabalho de oficinas nas entidades oficiais, assim como o treinamento nas unidades militares na busca da modernização de nosso exército de defesa nacional.
Os jovens que andam entre quatorze e os vinte cinco anos, devem estudar e trabalhar; porém, sendo a juventude um período de desenvolvimento físico, seria muito perigoso deixar de atender este aspecto. Os jovens têm mais necessidade de estudar do que os mais velhos, pois devem aprender muitas coisas já aprendidas por estes. Entretanto, não se deve lançar-lhes cargas demasiado pesadas de estudo e trabalho. Aos jovens que estão entre quatorze e os dezoito anos, em particular, não se deve exigir que trabalhem com a mesma intensidade que os mais velhos. Os jovens necessitam mais de recreações, de diversões e gostam de saltar e brincar; se não lhes é permitido fazê-lo, ficarão descontentes. Com o tempo, se enamorarão e quererão casar-se. em tudo isto se diferem dos mais velhos.
Queria dirigir algumas palavras aos jovens: Primeiro, faço votos de que tenham boa saúde; Segundo, de que estudem bem, e terceiro, de que trabalhem bem.
Proponho que aos estudantes seja concedida uma hora mais de sono. Até agora se destinou oito horas; porém, na realidade, os estudantes só dormem seis ou sete horas, o que explica esta sensação de sonolência que se percebe como um fenômeno geral. Já que os jovens estudantes são propensos à debilidade nervosa, é comum lhes custar a conciliar o sono e também lhes custa acordar. É imprescindível estabelecer um regime de nove horas de sono, ditar uma ordem a respeito e impor seu cumprimento, sem discussões. Os jovens devem dormir bem e os mestres, por sua vez, dormir o suficiente.
A revolução trouxe muitas vantagens, porém também uma desvantagem, que é de que todos se tornaram tão entusiastas e trabalhadores em suas atividades que se cansam demasiado. Agora é preciso garantir que todos, operários, camponeses, soldados, estudantes e quadros, tenham boa saúde. A princípio, ter boa saúde não garante necessariamente o logro de êxitos no estudo, pois para o estudo se requerem, além disso, determinados métodos.
Atualmente é um pouco longo o horário de estudo para os alunos de primeiro ciclo do ensino secundário, e é recomendável encurtá-lo de maneira apropriada. Os ativistas têm demasiadas reuniões, e aqui também se impõe uma redução. É necessário dar plena consideração tanto ao estudo quanto às diversões, o descanso e o sono. Os jovens operários, camponeses e soldados estudam ao mesmo tempo que trabalham; neste caso também é necessário tomar plenamente em conta cada um dos dois aspectos; o trabalho e o estudo, por um lado, e as recreações, o repouso e o sono, por outro.
Devemos agarrar firmemente um e outro aspecto, tanto o estudo e o trabalho como o sono, o descanso e as recreações. No passado só se agarrava firmemente um deles, enquanto o outro se agarrava, porém sem firmeza ou simplesmente era deixado de lado. Agora se propõe a necessidade de agarrar com firmeza também este último aspecto, organizando algumas atividades recreativas, que requerem tempo e facilidades. O Comitê Central do Partido tomou a decisão de diminuir o número de reuniões e as horas de estudo, e a vocês corresponde supervisionar seu cumprimento. Podem exigir explicações a quem não a cumpra.
Em resumo, é necessário procurar que os jovens tenham boa saúde, estudem bem e trabalhem bem. Em caso de que um ou outro camarada dirigente só exija aos jovens trabalhar, sem preocupar-se de sua saúde, podem vocês encará-lo apoiando-se no que acabo de dizer. O argumento está bem embasado, pois o que se busca é proteger as novas gerações de modo que se desenvolvam melhor. A nós os da velha geração, nos tocou a pior parte, a que os mais velhos não se preocupavam com as crianças. Os mais velhos tinham uma mesa onde comer enquanto os menores não. As crianças não tinham direito a opinar na família e, se choravam, apanhavam. Agora, na nova China, há que modificar esta linha de conduta e pensar mais nos jovens e adolescentes.
É indispensável eleger quadros jovens como membros do Comitê Central da Liga. Na época dos Três Reinos, Tsao empreendeu uma expedição ao Sul do Yang-tsé, no comando de um grande exército, para atacar o reino de Wu Oriental. Então, Chou Yu, “membro da Liga da Juventude”, foi nomeado comandante em chefe das forças desse reino. A princípio, Cheng Pu e outros generais veteranos manifestaram-se em desacordo com esta designação. Porém, mais tarde foram convencidos e Chou Yu permaneceu em seu posto. Graças a isto, o dito reino ganhou a batalha. E hoje, quando se quer que os Chou Yu sejam membros do Comitê Central da Liga, quanta gente não o desaprova! Está bem que se eleja para esse organismo o maior número possível de pessoas de idade madura, deixando muito poucos lugares aos jovens? Folga dizer que não devemos fixar-nos exclusivamente na idade, mas também na capacidade. No começo, na lista de candidatos a membros do Comitê Central da Liga, só figuravam nove com menos de 30 anos de idade e, agora, como resultado de uma discussão do Comitê Central do Partido, esse número aumentou para mais de sessenta, e ainda assim, esta cifra só representa pouco mais de uma quarta parte. Apesar de que os maiores de 30 anos ocupam uns ¾, ainda há camaradas que afirmam que são poucos. Porém eu diria que não. Alguns camaradas dizem não estar seguros de que os sessenta e tantos jovens possuam todos a capacidade requerida. Devemos ter plena confiança nestes jovens, a imensa maioria dos quais alcançará esse nível. Possivelmente um ou outro não esteja à altura, e pode ser substituído em uma próxima eleição. A maneira de proceder assinalada não pode ser errada em sua orientação fundamental. Os jovens não são inferiores a nós. Nós velhos temos experiência, e isso, a princípio é uma vantagem; porém fisicamente estamos declinando: Nossa vista e nosso ouvido já não são tão agudos como antes, nem nossas extremidades tão ágeis como as dos jovens. Esta é uma lei da natureza. Há que fazer um trabalho de persuasão com aqueles camaradas que não compartilham desse nosso critério.
As organizações da Liga da Juventude devem levar em consideração as características dos jovens e realizar o trabalho próprio ao mesmo tempo que se submetem à direção dos Comitês do Partido aos níveis correspondentes. Esta não é uma invenção, e sim algo que existe desde há muito tempo, e assim o apontou sempre o marxismo. Isto emana da realidade. Os jovens são jovens. De não, para criar a Liga da Juventude? Os jovens diferem dos mais velhos, e as garotas, dos garotos. Se passamos por essas diferenças, nos separaremos das massas. Vocês têm agora nove milhões de membros. Se não prestam atenção às características dos jovens, o resultado será que talvez só um milhão deles os apoiem, enquanto os restantes oito milhões lhes neguem seu respaldo.
Sem deixar de prestar atenção aos jovens avançados, em seu trabalho a liga deve colocar os olhos na maioria. Ao proceder assim, e possível que alguns elementos avançados não se sintam muito a gosto, pois eles quererão que a liga exija ainda mais a todos seus membros. Porém isto não seria muito conveniente, e por isso deve-se dissuadi-los. No projeto de Estatutos da Liga se estipularam demasiados deveres e poucos direitos; é necessário afrouxar um pouco para que a maioria possa manter o passo. Vocês devem por o acento na maioria em vez de fixar-se só em um pequeno número.
Segundo o disposto no projeto de seus estatutos, todo membro da Liga que durante quatro meses não tenha tomado parte em sua vida orgânica será considerado automaticamente fora da Liga; esta estipulação é demasiado drástica. Se inclusive os Estatutos do Partido fixam-se seis meses como limite, não poderiam vocês colocar este mesmo termo? Não devem incluir nos Estatutos da Liga nada que seja inacessível, em nada que esteja ao alcance só de um milhão de seus membros porém não dos outros oito milhões. Os princípios devem ser aplicados com flexibilidade. Há certa distância entre o que deve ser uma coisa e o que é na realidade. Inclusive para alguns artigos de tal ou qual lei tenham efetiva aplicação se requerem uns anos. Por exemplo, muitos artigos da Lei do Matrimônio, que revestem um caráter programático, requerem pelo menos três quinquênios para sua total execução. “Não andar com intrigas pelas costas de outros” é um ponto correto como princípio, porém não é necessário consigná-lo nos Estatutos da Liga. A luta contra o liberalismo será prolongada, e até no Partido subsistem não poucas manifestações de liberalismo. De fato, é impossível proibir as pessoas que profiram uma única ofensa contra outros pelas costas. Não há que impor moldes demasiados estreitos, pois o primordial é traçar uma linha de demarcação entre nós é o inimigo.
O prestígio se adquire de maneira gradual. Em certo tempo houve gente no Exército que compunha trovas injuriosas. Nós não o proibimos nem o submetemos a investigação e nem por isso nosso Exército foi derrubado. O que fizemos foi colocar nosso empenho nas coisas importantes, tais como as Três Regras Cardeais de Disciplina e as Oito Advertências, e desta maneira alcançamos, pouco a pouco, dirigir nossas tropas por um rumo justo. A verdadeira admiração que as massas sentem pelos dirigentes nasce do conhecimento que adquirem deles na prática revolucionária. Só um verdadeiro conhecimento pode conduzir à confiança. O Comitê Central da Liga goza já de um prestígio bastante elevado. É certo que todavia há alguns que não o admiram, porém pouco a pouco chegarão a admirá-lo. A um garoto que recentemente tenha sido promovido à direção não deve inquietá-lo o fato de não gozar de muito prestígio, pois isto não poderá ser alcançado senão depois de haver recebido algumas críticas e injúrias. A existência da “pequena radiodifusão”( rumores, fofocas) deve-se que a “grande radiodifusão” não está bem desenvolvida. Sempre que a vida democrática seja suficiente e que as pessoas mostrem suas feridas em sua presença, ainda que se permitir fazer a “pequena radiodifusão”, as pessoas dirão que não lhes sobra tempo para isso e que quer descansar. Porém sempre existirão problemas e não se deve pensar que todos eles possam ser resolvidos de um só golpe. Há problemas hoje, e haverá no futuro.
A tarefa geral do Partido para o período de transição consiste em cumprir no fundamental, através de três planos qüinqüenais, a industrialização socialista e as transformações socialistas da agricultura, do artesanato e da industria e comércio capitalista. Três planos qüinqüenais pressupõem quinze anos. A cada ano se dá um passinho e a cada cinco anos um grande passo. Com três grandes passos que demos, culminaremos mais ou menos a dita tarefa. Cumpri-la no fundamental não quer dizer cumpri-la em sua totalidade. A expressão “cumpri-la no fundamental” é uma maneira prudente de falar. No manejo das coisas, mais vale ser prudente.
A agricultura chinesa, que em sua maior parte é ainda um economia individual, tem que passar por uma metódica transformação socialista. Ao promover o movimento de ajuda mútua e cooperação na agricultura, devemos ater-nos ao princípio de voluntariedade. Não levar adiante esse movimento equivaleria a seguir o caminho capitalista, e seria um desvio de direita. Tampouco se pode proceder com precipitação, pois isto seria um desvio de “esquerda”. Temos que realizar o movimento com preparação e de maneira metódica. Nunca empreendemos uma batalha sem preparação e sem ter a segurança de ganhá-la, ou com preparação porém sem a segurança de ganhá-la. Na guerra contra Chiang Kai-chek, no começo alguns cometeram erros de subjetivismo. Porém mais tarde, através da campanha de retificação, se superou o subjetivismo, e assim conquistamos a vitória. Agora livramos a batalha pelo socialismo, e nela nos propomos cumprir a industrialização socialista e as transformações socialistas da agricultura, do artesanato e da industria e comércio capitalistas. Esta é a tarefa geral de todo o povo. Quanto a Liga da Juventude há de levar adiante esta tarefa, vocês devem tomar apropriadas disposições que estejam de acordo com as características peculiares dos jovens.
NOTA:
*Palavras pronunciadas pelo camarada Mao Tsetung em audiência ao Presidium do II Congresso Nacional da Liga da Juventude da Nova Democracia da China.