Noruega: Novamente em defesa da universalidade da guerra popular (Servir ao Povo – Liga Comunista)
Nota do blog: Publicamos artigo do site Tjen Folket, do autor Ard Konera, criticando um texto publicado por Jose Maria Sison, no qual critica indiretamente o artigo-resposta publicado pelos comunistas noruegueses (já publicado, de nome “Defender e aplicar a universalidade da guerra popular prolongada”).
Novamente em defesa da universalidade da guerra popular
No dia 5 de junho de 2019 o presidente fundador do Partido Comunista das Filipinas, José Maria Sison, apresentou um texto sobre a Guerra Popular no qual ele a define como …… (faltando palavras – NT) países capitalistas industrializados. No dia seguinte apresentamos publicamente uma resposta a seu artigo e Sison nos respondeu no dia 7 de junho.
A resposta é bastante interessante. Enquanto o primeiro texto deve ser lido como uma condenação à linha da Guerra Popular como sendo universalmente aplicável, seu segundo texto é uma espécie de recuo. Chega a ser até menos claro do que seu primeiro artigo sobre a questão da Guerra Popular. Embora a questão se coloque no âmbito do título, ela não é claramente respondida no próprio artigo, sem nenhuma sombra de dúvida. É impossível ler esses textos sem tomá-los como um ataque à aplicabilidade universal da Guerra Popular Prolongada, mas temos agora uma pequena abertura para discutirmos o assunto.
Sabemos da extrema flexibilidade de muitos oportunistas. São capazes de se mudar através de pequenas possibilidades e desta forma pretendem não haver contradição entre a declaração de Sison e a necessidade de se defender a Guerra Popular nos países imperialistas. Como sempre, alegam que ‘dois se fundem em um’ e querem sempre escapar da luta de duas linhas.
Sison ataca a universalidade da Guerra Popular Prolongada
É necessário deixar a porta trancada. Se Sison não o fizer nós o faremos. Em seu primeiro texto ele escreveu: “O termo ‘guerra popular’ pode ser usado de forma flexível para significar a revolução armada necessária feita pelo povo para derrotar o Estado burguês” e “o que deve ser prolongada é a preparação da revolução armada” e “a revolução não conseguirá êxito a menos que o sistema capitalista seja gravemente atingido pela crise que a classe dominante não pode mais suportar no velho sistema, e o povo esteja desejoso de uma mudança revolucionária; e o partido revolucionário do proletariado seja forte o suficiente para liderar a revolução” Embora tenhamos condensado seu texto, o que ele diz é bastante claro.
Uma vez que Sison não tem o hábito de resumir seus pensamentos somos forçados a fazê-lo por ele. Em sua opinião, a Guerra Popular nos países imperialistas nada mais é do que uma revolução armada e a guerra, por si, não pode ser prolongada, só sua preparação. Esta posição é contra a estratégia da Guerra Popular Prolongada, mas não deixa isto claro. Caso não tenhamos lido bem, e Sison afirma “colocar cada parte deste artigo em seu contexto claro”, ele pode a qualquer momento afirmar claramente sua posição de a síntese do Maoísmo sobre a GPP e o entendimento da GP serem universalmente aplicáveis. É impossível ler seu artigo sem depreciar essa doutrina, mas se não representa sua posição real ele pode corrigi-lo a qualquer momento.
Sabemos que não é a primeira vez que ele descarta a universalidade da Guerra Popular, mas quem sabe, pode ter mudado de opinião.
Método desonesto de trabalho
Em seu curto “Follow-up Note” de 7 de junho, José Maria Sison escreve uma “resposta” a nosso texto de 6 de junho. Novamente Sison não nomeia nem escreve para ninguém diretamente. Apenas escreve: “ Deflagrar uma guerra popular prolongada em qualquer país capitalista industrializado não é uma questão de impô-la dogmaticamente ou colocar cada parte de meu artigo fora de seu claro contexto”.
Afirmaríamos que a questão da guerra popular ou qualquer outra questão chave em nossa ideologia não deveria ser uma questão de afirmações agressivas passivas que não enfoquem ou até citem os que você chama de dogmáticos. Não nos parece importante que Sison responda nosso texto diretamente, mas em nome da honestidade intelectual e, mais importante, honestidade revolucionária, em nome da clareza leninista, ele deveria pelo menos referir-se brevemente ao Partido Comunista do Peru, citar pelo menos alguns de seus documentos, ou referir-se a algum dos documentos e declarações feitas por outros Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas-Maoistas.
Ele não o faz e isto nos mostra realmente como são os métodos de Sison.
O que é velho e o que é novo?
Sison escreve:
“Durante muitas décadas tenho ouvido sobre o conceito ou sobre a ameaça em se deflagrar uma guerra popular em países imperialistas, mas até agora não vi nenhum partido Maoísta proclamar e realmente iniciar uma guerra popular em um país imperialista” e “E na realidade não tenho consciência de que nenhum partido Maoísta de um país capitalista industrialmente desenvolvido seja forte o suficiente para conduzir uma revolução armada com a participação de quaisquer massas proletárias consideráveis nos setores industrial e de serviço da economia ( … )”.
Isto poderia ser um argumento de peso não fosse pelo fato de que ele também não pode nos mostrar nenhum partido Maoísta que não faça sua adesão à estratégia da Guerra Popular, sendo da mesma quantidade e qualidade. Mesmo se expandirmos o período em até 100 anos, não há nenhum exemplo de um Partido Comunista que conduza uma revolução armada em países imperialistas e que não tenha aderido à estratégia da Guerra Popular. As únicas lutas levadas a cabo por Partidos Comunistas tomaram a forma de guerra de libertação nacional, e, em essência, Guerra Popular.
Sison está cansado da “conversa” e da “idéia” de se deflagrar a Guerra Popular já que ouviu a respeito dela durante décadas ( ousamos dizer que desde que o Partido Comunista do Peru estabeleceu isto como princípio, em 1980, como o único e primeiro Partido Maoísta do mundo). Mas ele parece ser um daqueles que nunca se cansa da acumulação de forças legais e prolongadas, na espera e querendo que o cataclismo da crise militar, política e econômica do capitalismo crie relações “maduras para a revolução”.
A estratégia da acumulação legal prolongada para a iminência da crise e da revolução é uma velha estratégia. Foi e ainda é a estratégia totalmente dominante de “a Esquerda” na Europa. De todos os partidos e organizações desviantes trotsquistas, hoxaistas e brechnevistas da Europa. Mesmo de todos, ou quase todos, os que aderiram ao “Pensamento Mao Tsetung”, da fauna aparentemente infindável e das variedades dos chamados revolucionários.
O princípio Maoísta, que defende a Guerra Popular Prolongada, eleva de forma assimétrica a guerra do Proletariado e de todas as massas oprimidas do nível tático para o estratégico, que estabelece em teoria a universalidade da Guerra Popular em cada país do mundo está apenas estabelecido com a somatória e síntese do Maoísmo fornecida pelo Presidente Gonzalo e pelo Partido Comunista do Peru. Foi somente parte da doutrina, desde 1980, e especialmente a partir da Linha Política Geral do Partido Comunista Peruano, em 1988. É, portanto, bastante nova. E na época era apenas um partido simples no mundo a aderir a esta linha.
Sison já está cansado desta “idéia”, mas isto não é uma especulação sem bases e que esta síntese estabelecida pelo PCP seja cansativa desde o início. Assumimos, e Sison fique à vontade para nos corrigir, que nunca entendeu a universalidade da Guerra Popular Prolongada como correta ou aplicável mesmo quando era nova para ele. Os anos passados não é o que há de mais importante, mas seu conteúdo, sim. E parece claro que é Sison que rejeita o novo e se atém ao velho.
Sison está pintando um retrato da estratégia da Guerra Popular como sendo velha nos países imperialistas, mas nós sabemos que não é desta forma. Desfraldar esta estratégia e tomá-la como parte da linha geral da revolução é muito novo nos países imperialistas. O Movimento Internacionalista Revolucionário (MRI) sancionou-a em sua declaração de 1993, mas não incondicionalmente. O revisionista Avakian nunca aderiu a ela de forma completa ou com o mesmo entendimento do PCP. É verdade que o PCP lutou por esta linha desde que a adotou, mas é falso retratá-la como velha no movimento revolucionário ocidental.
O novo nasceu frágil
Entre os partidos do MRI e entre os marxistas-leninistas que apóiam as Guerras Populares, e no próprio PCP, havia linhas, nos anos de 1990, que competiam, não existindo propriamente uma supremacia do Maoísmo. Quando as verdadeiras organizações e partidos Marxistas-leninistas-maoístas, principalmente Maoístas, emergiram nos países imperialistas, foi com as características de algo que estava nascendo. Em sua juventude ele tinha todas as características do novo: pequeno, não tendo uma longa trajetória, nem a massa quantitativa, o que impressiona os oportunistas, mas com algo muito mais importante que é o seu desenvolvimento, seu crescimento, o futuro à sua frente, enquanto o revisionismo é velho, carcomido e somente servindo para a lixeira.
Quando falamos do Maoísmo e da estratégia da Guerra Popular nos países imperialistas, devemos ter em mente as palavras do Presidente Gonzalo quando se pronuncia sobre o Novo Poder da Linha de Construção do PCP:
“Camaradas, ele nascerá frágil, fraco porque é novo, mas seu destino é se desenvolver através da mudança, através da variação, através da fragilidade como uma tenra plantinha.”
Sison pinta seu retrato da realidade de cabeça para baixo e confunde a tênue luz do alvorecer com as sombras do crepúsculo. Ele pode estar sentado na primeira fila, a ouvir os primeiros acordes dos instrumentos e acha que o espetáculo terminou mesmo antes de a orquestra iniciar o prelúdio.
Sobre a preparação política da Guerra Popular
Sison afirma: “ Não há guerra popular prolongada de qualquer tipo acontecendo em qualquer país capitalista. ( … ) Nenhuma preparação séria para isto está sendo feita. ( … ) São necessários muitos anos para se preparar uma guerra popular prolongada e realizar uma revolução armada do povo”.
Não podemos realmente aceitar a afirmação de que nenhuma preparação foi feita. Isto pode ser verdade, ou não pode. Mas a afirmação de Sison mostra claramente que se alguém fizer tal preparação, nunca deve participar a Sison uma vez que ele se sente obrigado a informar o mundo todo a respeito e da seriedade dela. Com as outras duas afirmações, pelo menos, nós concordamos em sua maior parte. Nenhum Partido Comunista Maoísta está liderando a Guerra Popular Prolongada hoje em dia em países imperialistas e esta Guerra Popular deveria ter sido preparada com “pelo menos alguns anos de antecedência”.
No conteúdo de tais preparações da guerra o autor deste texto se referia àquelas feitas pelo Partido Comunista do Peru, que, em forma resumida, são apresentadas pela Linha Militar do Partido. Nós nos referimos novamente ao excelente artigo da redação da revista alemã Klassenstandpunkt, Guerra Popular – O único caminho para a libertação. Gostaríamos de nos referir a alguns textos de Lenin, entre eles o artigo Guerra de Guerrilha , onde ele escreve:
“ No período da guerra civil o partido ideal do proletariado é um partido que combate. Isto é absolutamente incontestável” e “Toda ação militar em qualquer guerra em certa medida desorganiza as fileiras de lutadores. Mas isto não significa que não se deve lutar. Significa que se deve aprender a lutar. Isto é tudo”.
Este artigo de Lenin tem limitações claras. A ideologia do Marxismo-Leninismo-Maoismo tem se modificado desde 1906. Mas enfatizamos no ponto em que se deve aprender a lutar. E na citação de Mao Tsetung afirmando que se deve aprender a luta deflagrando a guerra.
O Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha) escreveu um novo artigo sobre a militarização dos Partidos Comunistas; este artigo foi traduzido e publicado pelo Dem Volke Dienen. Eles também fizeram público outros importantes artigos sobre o tópico.
Nós tomamos conhecimento desses textos e trechos que não são suficientes, mas é um começo; e há muito mais a ser lido e dito sobre a questão, e, mais importante, há mais a ser feito. O total da Linha Política Geral do PCP e o trabalho completo do Presidente Gonzalo deveriam ser estudados pelos revolucionários de hoje em dia. Afirma-se que a estratégia da Guerra Popular foi estabelecida principalmente por Mao Tsetung e que suas obras devem ser estudadas. E como o PCP afirmou as experiências da luta armada na Europa deveriam ser estudadas, analisadas e sintetizadas. Gostaríamos de chamar a atenção, entre outras coisas, para a guerra prolongada pela independência feita na Irlanda. Esta guerra em sua forma moderna foi deflagrada sem interrupção por mais de cem anos, com seus altos e baixos, com suas marés altas e baixas, com suas vitórias e derrotas, mas nunca parando. Os traidores da liderança do Sinn Fein tentaram uma vez liquidá-la nos anos de 1990, mas a guerra ainda continua! Em um país industrializado, avançado e capitalista, subjugado pelos mais poderosos imperialistas do mundo.
Nós defendemos que a universalidade da Guerra Popular foi estabelecida pela Guerra Popular do Peru e que esta questão dos países imperialistas não está estabelecida pela doutrina, mas em aplicá-la criativamente nas condições específicas dos países específicos. A teoria não pode dar saltos mais significativos unicamente no âmbito da ciência teórica, mas deve fazê-lo em meio à Guerra Popular.
É muito comum debater um método que encontramos com freqüência, exigir questões menores mesmo as mais remotas e hipotéticas para serem respondidas antes que possamos ativar a informação que já temos. Já não encontramos um sem número de questões semelhantes em cada aspecto da vida a ser organizada na futura sociedade comunista? Como se a burguesia tivesse a questão do capitalismo resolvida antes de liderar a tomada da Bastilha! Sison tem tais exigências e distorce toda a problemática. É colocada como se houvesse alguma coisa completamente diferente para deflagrar a guerra nos países imperialistas do que nos países oprimidos. Como se a guerra não tivesse leis universais, e como se uma arma funcionasse de forma diferente na Europa e na Ásia.
Claro que se tem de enfatizar nas condições específicas dos países específicos. Há diferenças qualitativas entre um país como a Inglaterra e outro como as Filipinas. Sison poderia ter realmente mostrado algumas delas já que são óbvias.
Sobre a preparação prática da Guerra Popular
Sison escreve:
“Uma Guerra Popular de qualquer duração e escala é possível nos países industriais capitalistas apenas após um período de preparação de trabalho ideológico, educação política e trabalho de massa, acumulação clandestina de armas, treinamento político-militar e estilo de penetração bolchevique das forças armadas reacionárias. Esta preparação ou sugestões não deverão ser, além disto, ignoradas ou negadas”.
Afirmaríamos que ninguém desdenhou ou cobiçou a preparação desta singularidade, pelo menos não nós mesmos. Embora não aceitemos cegamente a “acumulação clandestina de armas”, sugerida por Sison, A Guerra Popular de Peru e as Guerras Populares em outros países não foram precedidas por isto e nem pela “ penetração das forças armadas reacionárias”. A apreensão de armas tem sido principalmente parte da Guerra Popular em sua iniciação e desenvolvimento e não em sua preparação.
O mesmo pode ser dito da penetração das forças armadas. Mas devemos também chamar a atenção quanto à situação concreta das forças armadas russas durante a I Guerra Mundial que foi completamente diferente dos exércitos imperialistas da Europa e da América do Norte hoje em dia; assim a linha militar de penetração não pode ser aplicada no “estilo bolchevique”, pelo menos não sem bastante ajuste nas condições concretas.
A quanto a esta questão deve-se aplicar a doutrina do PCP quando afirmam o organismo geral como principal e a penetração de outras organizações como sendo secundária. A penetração das forças armadas reacionárias é secundária para gerar o Exército Popular sob a única liderança do Partido Comunista Militarizado.
A importância de combater a guerra de desentendimento e de entendimento como “ a política com derramamento de sangue”
A questão da preparação anterior à Guerra Popular e o primeiro estágio dela são facilmente confundidos com ou sem má vontade. Negando-se ou não levando em consideração o prolongamento da Guerra Popular, pode-se “postergá-la” para um futuro distante quando todas as condições objetivas estejam “maduras”. Se não se entende o derramamento de sangue de guerras, se não fica claro o aspecto militar, pode-se negar as preparações da guerra prolongada sem nenhuma perspectiva de deflagrá-la. Pode-se até – como fizemos na Noruega e também foi feito na Itália –desenvolver uma linha oportunista correta que retrate a preparação prolongada como parte da própria Guerra Popular. É semelhante às experiências em vários países europeus onde os seguidores do Pensamento Mao Tsetung ou mesmo do Maoísmo tenham abordado atividades políticas no vocabulário de guerra. Isso não constitui um erro, mas se torna um enorme equívoco se nega o derramamento de sangue e torna confuso o próprio conceito de guerra com a simples política.
Partes da guerra de guerrilha poderiam ser aplicadas no âmbito da política. Podemos encontrar semelhanças em relação a isto quando o trabalho eterno de Sun Tzu, “A Arte da Guerra”, foi reescrito e adotado pelos corretores de Bolsa e homens de negócio. Isto também acontece com a Estratégia Militar Proletária. Muitas das regras e conceitos podem ser aplicados também na política estratégica. No entanto, devemos enfatizar a tese de Clausewitz de que a guerra é a continuação da política por outros meios e a verdade de Mao Tsetung de que a política é a guerra sem derramamento de sangue, enquanto a guerra é a política com derramamento de sangue. O trabalho político é parte da preparação da Guerra Popular, não é a guerra, é simplesmente política.
A estratégia da universalidade da Guerra Popular não é simplesmente a mudança das definições e das palavras enquanto se continua a velha prática da acumulação de forças legal prolongada. A questão da Guerra Popular é uma questão de se aceitar isto em todos os países; a revolução tomará a forma de Guerra Popular Prolongada, desenvolvida desde seu início limitado, subdesenvolvido e não avançado, mas ainda desenvolvido como a guerra mesmo e não simplesmente como uma infindável “preparação” através de trabalho político legal, primeiramente; como temos visto na prática através de eleições, de trabalho de sindicatos e de ONGs.
No preparo da Guerra Popular, tudo deve ser feito para a Guerra Popular. Conhecemos a prática dos Partidos e das Organizações com as mesmas posições das de Sison. Sabemos que o discurso da revolução armada fica só no discurso. Sabemos que nem mesmo estudam a teoria militar. Sabemos que falam da boca para fora sobre a revolução. Sabemos que tudo isto é verdade embora muitos deles não tenham má vontade, uma agenda tenebrosa; estão apenas “encurralados” na estrutura ideológica do revisionismo e especialmente do revisionismo-dogmático. Eles conseguem fazer o discurso, mas não a caminhada. Sison é como um juiz bronco quando afirma que os “conceitos” foram defendidos por décadas sem nenhuma preparação, mas o que merece um julgamento crasso é o registro histórico dos acumulacionistas. Não aderem ao Maoísmo como definido pela primeira vez, não têm a resposta certa de como fazer revoluções e são capazes apenas de voltar à prática centenária da luta legal prolongada nos marcos do parlamentarismo e do sindicalismo.
Além disso, nenhuma guerra de massas poderá ser travada sem propaganda ou sem ensinamento ideológico ou político. A questão da linha é o mais importante e, segundo, a questão de uma sólida organização para colocar a linha em prática sendo a chave disto a questão dos quadros. A questão da propaganda é essencial para levantar a opinião popular e acarrear mais pessoas para as organizações. Mas isto não pode ser apenas propaganda contra o imperialismo e o capitalismo. Deve ser também propaganda da Guerra Popular. E não acontecerá se a questão for confusa para os revolucionários que acharão que podem deixar a porta semi-aberta para cada possibilidade imaginável ou que sempre se protele a questão da guerra, ou seja, da revolução.
Sison advoga o etapismo oportunista de direita contrário ao Manifesto Comunista
Sison escreve:
“É apenas um oportunista de “esquerda”, um falso Maoísta ou até um agente provocador aquele que desdenha, como última admoestação do Manifesto Comunista, ganhar a batalha pela democracia contra a ditadura da classe burguesa, e que quer proclamar e iniciar a guerra popular em um país industrial capitalista sem a preparação necessária das forças subjetivas e as condições objetivas favoráveis que já mencionei”.
Pode-se dizer que o “gato está escondido com o rabo de fora”. Sison insiste na questão e difama os outros como “falso Maoísta” e até “agente provocador”, tudo isto sem nenhuma base. Novamente seu palavreado é sinistro. Fala de “declaração falsa” em seu primeiro parágrafo, mas claramente todos os que leram seu artigo anterior não viram nenhuma afirmação de que a Guerra Popular deveria iniciar “sem a preparação necessária” (!) Ao contrário, suas afirmações que desdenham do Manifesto Comunista são também tenebrosas.
Sison escreve em seu primeiro texto:
“Embora a fundação material pelo socialismo exista no capitalismo, o proletariado deverá primeiro derrotar o fascismo ganhando, assim, a batalha pela democracia antes que o socialismo possa triunfar”.
Neste contexto, pode-se entender isto como Sison advogando uma forma de etapismo. Havendo a tese – e nós conhecemos isto muito bem dos muitos oportunistas de direita, mas também de honestos revolucionários –, de que, a fim de impedir a revolução, a burguesia aplicará o fascismo e em seguida haverá o primeiro estágio da luta, a luta democrática contra o fascismo, e ganhando esta, entra-se no estágio da revolução socialista. Mas isto não tem nada a ver com o Manifesto Comunista em que Marx e Engels afirmam:
“Vimos acima que o primeiro passo da revolução dado pela classe operária é o de levar o proletariado à posição de classe dominante para ganhar a batalha de democracia”
Marx e Engels afirmam assim a necessidade de se estabelecer a ditadura do proletariado como precondição de se ganhar a “batalha da democracia”. Para elevar o proletariado à posição de classe dominante e estabelecer o socialismo e isto será ganhar a batalha da democracia. Penetrando mais nesta questão fica revelado como Sison chegou ao etapismo do tipo não-Marxista. É similar à estratégia de coalizão anti-monopólio proposta pelos revisionistas de Moscou e seus satélites na Europa. Esta estratégia é simplesmente resumida como o primeiro estágio sendo a coalizão contra o capital monopolista e a luta pelo poder retirada de suas mãos (!) e, em seguida, no segundo estágio, travar a revolução socialista contra o capitalismo. Esta é a linha programática do “Partido Comunista” revisionista da Noruega e não é diferente em essência da linha de Sison de primeiro ganhar a batalha da democracia (derrotando o fascismo) e, segundo, “o socialismo poderá triunfar”.
Nossa posição é de que o fascismo só poderá ser derrotado em meio à Guerra Popular, ganhando a batalha da democracia e, assim, ganhando a batalha do poder do Estado que pode ser feita pela e através da revolução socialista, ou seja, da Guerra Popular; e não em algum pré-estágio a isto. E mais, com a necessidade de Partidos Comunistas Maoístas Militarizados e da Guerra Popular Prolongada.
Concordamos, e cada revolucionário deveria fazê-lo, que a Guerra Popular deva ser preparada através de um trabalho organizacional, político e ideológico e de treinamento político-militar. Da mesma forma que concordamos que os revolucionários devam aplicar formas de luta e métodos de se desenvolver a luta revolucionária tanto aberta e legal como clandestina e não-legal. Mas guiados pelo Maoísmo, aderimos à doutrina da guerra revolucionária como a mais alta forma de luta de classe e a única maneira de tomar o poder. Isto demandará atenção total dos comunistas à questão militar e à preparação e desenvolvimento da Guerra Popular. Isto não pode ser tratado – como cada oportunista de direita na verdade o faz – como o último ponto da agenda, o último pensamento a acrescentar, como se estivesse sido quase esquecido.
Além disto, demanda-se um Partido Comunista organizado com o único propósito de deflagrar a Guerra Popular. É impossível para um Partido organizado na total legalidade desenvolver quaisquer formas de luta clandestina e não-legal. Propor a esta organização legalista assumir formas de luta não-legais é na realidade o trabalho de um agente provocador. Sison está cuspindo tais palavras contra os maoístas, mas com sua política de não dar nomes nem se referir a documentos ele pode falar sobre “as ciladas” dos oportunistas da “esquerda” e da direita, sobre o falso maoísta ou o agente provocador em seu estilo escorregadio de não acusar ninguém. E nem ter de provar nada. É novamente uma forma de desonestidade intelectual que o expõe mais do que qualquer outra pessoa.
Para falar claro, ser Maoísta é aderir à universalidade da Luta Popular Prolongada. Significa defender e por em prática esta estratégia, principalmente aplicá-la. Para por em prática a Guerra Popular devem-se usadas as contribuições universalmente pertinentes do Presidente Gonzalo, especialmente o conceito do Partido Comunista Militarizado e a construção concêntrica do Partido, do Exército e do Estado da Nova Frente. O Partido Comunista é o coração e o centro, é a mais alta forma da organização da classe proletária e tem de ser militarizado para ser capaz de liderar a Guerra Popular.
O Partido Comunista do Peru escreve em sua Linha Militar:
“O terceiro momento, (1980 até o presente momento): o Partido começa a liderar a Guerra Popular. Sua linha militar é formada pela “Aplicação e desenvolvimento do Caminho”. O terceiro momento tem quatro etapas: 1. Definição. 2. Preparação. 3. Iniciação. E 4. Desenvolvimento da guerrilha”.
O mesmo é universal para cada Guerra Popular. Deve ser primeiro definida depois preparada, depois iniciada, depois desenvolvida. Para defini-la claramente deve-se deflagrar a luta de duas-linhas contra todo o oportunismo. Como o PCP se refere à tese de Engels na Linha de Massa do Partido:
“Em um país com um movimento político e de operários como este, há sempre uma enorme quantidade de lixo herdada pela tradição e que deve ser descartada pouco a pouco”.
A teoria da acumulação legal prolongada é parte da enorme quantidade de lixo e tem de ser varrida pela vassoura do Maoísmo. Como toda velha tradição, irá reaparecer sob formas novas mesmo sob a forma de “Maoísmo”. Isto tem sido uma característica do desenvolvimento da ideologia proletária ao longo do caminho. O revisionismo foi renomeado como Marxismo e mais tarde foi rebatizado de Marxismo-Leninismo. E hoje como Marxismo-Leninismo-Maoismo. Por que seria diferente hoje em dia?
Não deveria sê-lo e não poderia, tem de ser desta maneira. Não há nada do que temer ou que nos possa surpreender. Somos a favor da ativa luta ideológica, não a receamos, não temos medo do revisionismo. Mesmo quando ele tenta se contrabandear dentro do movimento ou quando os camaradas cegamente o introduzem por conta de não ter entendido seu conteúdo revisionista e estão hipnotizados por sua superfície brilhante e refinada.
Finalmente, nenhuma das organizações Maoístas mais jovens deverá ser arrogante quanto a estas questões. Já não estivemos lutando juntos contra elas? A atitude de um comunista deve ser destemida em relação à luta de duas-linhas, mas humilde, ao mesmo tempo. Ao alcançarmos as alturas devemos ser cuidadosos e não dizer “tirem as escadas depois de nós”. Não devemos condenar ou nos comportar arrogantemente contra os camaradas ou amigos ou as massas que estão agora onde estávamos há um tempo quando acreditávamos que avançaríamos.
Como o Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha) citou das palavras do Presidente Mao Tsetung temos duas possibilidades para lidar com estas questões. Por um lado, lutar contra as linhas incorretas e, por outro, desejar que todos os revolucionários honestos se juntem a nós caso queiram se livrar de seus erros.
O conhecimento precisa ser conquistado, a unidade deve ser conquistada, e para o recém-nascido cada respiração e batida do coração devem ser batalhadas. A vida é luta e assim o movimento de luta está vigorosamente persistindo. O movimento que se intimida com a luta para promover uma unidade sem princípios decairá e morrerá.
Avante com a unificação do Movimento Comunista Internacional sob o Maoísmo e pela Guerra Popular!
Definir, preparar, iniciar e desenvolver a Guerra Popular em cada país!
Guerra Popular até o Comunismo!