Declaração conjunta em condenação à intervenção direta do imperialismo ianque na Venezuela (Partidos e Organizações maoistas, 2019)

Tradução não-oficial enviada por leitor

Proletários de todos os países, uni-vos!

Rechaçamos com profundo ódio de classe a intervenção direta e descarada do imperialismo ianque contra o povo da Venezuela

Dirigimo-nos à nossa classe, ao proletariado internacional e aos povos do mundo para condenar, esmagar, marcar com fogo e rechaçar com profundo ódio de classe a intervenção direta e desavergonhada do imperialismo ianque, superpotência hegemônica única, grande gendarme contrarrevolucionário mundial e principal inimigo dos povos do mundo, contra a nação, contra o povo da Venezuela.

Nesta nova agressão direta, o imperialismo ianque aplica um golpe para impor um governo fantoche na Venezuela. É um plano do imperialismo ianque, encenado com a autoproclamação como presidente interino de seu fantoche, o presidente da Assembléia Legislativa suspensa, Juan Guaidó, que foi imediatamente reconhecido pelo arquirreacionário e genocida governo de Trump-Pence como o “legítimo” presidente do país e dando um ultimato ao governo em exercício de Nicolás Maduro, para que ele entregue o comando ao governo fantoche; intimidando-o, que em caso de não seguir os ditames imperialistas, será usado todo o poder e violência da superpotência, estabelecendo como “causas belium” a capitulação do atual governo de Maduro em favor de seu fantoche. Ou seja, a capitulação da nação oprimida ou a guerra de agressão imperialista, qualquer que seja a forma que adote a intervenção militar.

Essa agressão direta do imperialismo ianque, liderado por Trump-Pence, para mudar o governo da Venezuela por um dos fantoches ianques, implicaria a mudança da situação semicolonial da Venezuela para a colonial. Esses imperialistas, em nome da luta contra a “ditadura” e a “democracia e liberdade”, tentam sujeitar o povo venezuelano à escravidão colonial. Constitui a mais flagrante intimidação, interferência, controle e agressão do Estados Unidos contra uma nação oprimida do Terceiro Mundo, violando a independência nacional, a soberania e a dignidade nacional do país e o próprio ordenamento jurídico internacional que é uma expressão da sua hegemonia global, sua Carta da ONU, da OEA, etc.

O imperialismo permite-se agir de maneira tão arrogante e descarada contra um país formalmente independente, em sua condição de superpotência hegemônica única e gendarme mundial, porque é o imperialismo principal que exerce seu domínio semicolonial sobre a Venezuela, como em outros países da América Latina, base principal de seu domínio sobre o mundo (sendo seu quintal). Situação esta que se aprofundou durante todos os anos do atual regime de Chavez-Maduro que, como representantes da burguesia burocrática de seu país, apesar de seus discursos e contradições secundárias com os sucessivos governos norte-americanos, submeteram cada vez mais o país ao domínio econômico do imperialismo ianque: por meio de seu principal e quase o único produto de exportação, o petróleo, associado ao seu investimento estrangeiro direto e aumentando sua dependência financeira com Walt Street. Além disso, abriram mais o país à penetração de outras potências imperialistas, não rompeu com o imperialismo ianque, procurando assim “cavalgar em dois cavalos”. Com isso, fez aumentar a contenda imperialista pela exploração do país e tornando a Venezuela cada vez mais uma arena do conflito interimperialista mais aguda.

A revolução de nova democracia que ponha fim à dominação do imperialismo, da semifeudalidade e do capitalismo burocrático, isto é, que derrube as três montanhas que oprimem o povo, agora mais do que nunca pede sua concretização através da guerra popular dirigida pelo proletariado, através do seu Partido Comunista, marxista-leninista-maoista, militarizado.

O atual regime na Venezuela foi estabelecido em 2 de fevereiro de 1999, cavalgando na luta das massas contra a chamada privatização e os “paquetazos”, que os governos anteriores da facção compradora tentaram impor. A fúria das massas expressa no “Caracazo” (1989) varreu naquele momento os desejos da fração compradora, principalmente ligados ao USA, de tirar tudo o que o Estado latifundiário-burocrático havia acumulado durante décadas.

Agora, com o aprofundamento da crise do país, os imperialistas ianques e lacaios a seu serviço vêm chegado o momento, através da imposição de um governo fantoche, de apropriar-se ainda mais das grandes riquezas do país, visando o petróleo da Venezuela em primeiro lugar, a maior reserva do mundo, e aproveitar as condições imbatíveis oferecidas por este país para exploração do capital financeiro imperialista, tudo isto em benefício da oligarquia financeira ianque sobre seus concorrentes imperialistas. Estabelecendo sua escravidão colonial através de um governo fantoche, os imperialistas ianques não mais compartilharão o monopólio econômico com vários outros países imperialistas sobre a Venezuela (caráter semicolonial), mas estabeleceriam seu monopólio econômico imperialista exclusivo sobre o país (caráter colonial).

Como sempre, é o povo que tem que defender o país. O povo venezuelano tem que se mobilizar amplamente para conjurar o perigo de capitulação, expresso por parte dos representantes do governo Maduro, como a tendência a se comprometer com o imperialismo, tendência que tem sido expressa aberta ou veladamente por aqueles que temem o poder do imperialismo e propõem como conseqüência a inevitável subjugação da nação, porque não confiam no poder do povo e na solidariedade dos povos do mundo.

Para os revolucionários, o imperialismo é um colosso com pés de barro, tigre de papel e as armas não são decisivas, mas o homem, a massa. Outros depositam suas esperanças de superar a ameaça de subjugação colonial do país principalmente na ajuda externa da outra superpotência, da Rússia (o cão magro) ou dos social-imperialistas chineses, através de ajuda econômica, armas, etc. ou de sua mediação diplomática. Neste último caso, deve-se a que duvidam se o inimigo irá atacar de fato: alguns consideram uma probabilidade, outros dizem que não o fará de forma alguma.

Por seu lado, os imperialistas ianques, através dos seus representantes, declararam que a política dos USA com respeito à Venezuela está estabelecido. Aqueles que imaginam que um compromisso com os USA é possível sem que isso implique na capitulação do governo do país e na rendição da independência e soberania da Venezuela só podem viver de ilusões. O conselheiro de segurança nacional de Trump, Bolton, mostrou que estão sendo mobilizadas tropas para uma agressão militar direta: “Levar 5 mil soldados para a Colômbia”. Além disso, como nas guerras do Oriente Médio, as potências imperialistas agem em conluio e pugna com os ianques para levar Maduro à capitulação. O governo alemão exigiu a realização imediata de eleições “livres e justas” e indicou que está disposta a reconhecer provisoriamente Guaidó como chefe do Estado interino se as eleições estão forem realizadas. Da mesma maneira Inglaterra, França, Espanha, etc.

O governo venezuelano tem que rejeitar a capitulação e pôr de lado qualquer política de compromisso, a situação política entrou na fase de preparação para a resistência nacional contra a agressão imperialista, tem que assumir o desafio e mobilizar e armar o povo, bem como às forças armadas, a fim de salvaguardar a independência nacional, a soberania nacional e a integridade territorial para aplicá-las em uma dura guerra de resistência nacional contra a agressão estrangeira.

O governo de Maduro, mostrando falta de visão política, demorou-se a reconhecer que estava enfrentando um golpe de Estado aplicado pelo imperialismo por meio de seus lacaios, tentando centralizar a principal responsabilidade na “oposição” como se fosse um assunto interno, isto é, nos funcionários e não no imperador. Antes da ação do governo Trump para impor o governo fantoche através do reconhecimento de Guairó como “presidente interino”, Maduro anunciou o colapso das relações diplomáticas com o USA. etc, o que ele disse não significar uma ruptura com o USA, mas “apenas com seu governo”. Maduro não organizou a mobilização de todas as forças da nação para enfrentar a agressão do imperialismo, como deveria ser a mobilização militar de suas forças e das massas, e tampouco aplicou imediatamente as medidas punitivas contra os lacaios que cometeram todo tipo de crimes contra o povo venezuelano a serviço do imperialismo ianque.

Apesar da mudança na situação interna e externa determinada pela agressão imperialista direta, Maduro pretende continuar manobrando sem a energia, decisão e integridade, falando de “diálogo”, de “paz”. Em situações semelhantes, apesar de terem as mesmas limitações de classe que Maduro, outros ousaram e escolheram o caminho da resistência.

Cabe ao proletariado e ao povo pôr fim a todo o palavreado que impede um rechaço mais vigoroso ao ultimato imperialista e a adequada preparação para a resistência, para opor à agressão militar com a invencível Guerra de Resistência contra o Imperialismo ianque.

O proletariado e o povo da Venezuela, combativos como sempre, estão levantando com grande sentimento patriótico e ódio profundo do imperialismo e todos os seus lacaios do país e do exterior, exigindo que o governo de Nicolás Maduro rechace a capitulação, que cumpre sua obrigações e abandone qualquer esperança de que o USA abandonará o seu plano em marcha através do diálogo com os lacaios ou nos acordos diplomáticos com os imperialistas.

Ao proletariado da Venezuela, aos mais avançados dentro dele – os maoístas – cabe levantar a palavra de ordem de forjar uma ampla frente nacional anti-imperialista, cabe se fundir com os operários, camponeses, pequena burguesa, burguesia nacional e membros de todas as outras classes que estão dispostos a enfrentar o agressor imperialista e seus lacaios, com exceção de um punhado de traidores. É necessário promover ativamente o armamento geral do povo no campo e na cidade para preparar uma ampla guerra de resistência, como uma luta armada, lutando para dirigi-la e, no curso da luta de massas, reconstituir seu Partido Comunista, como um Partido Comunista marxista-leninista-maoista militarizado, para transformar a luta armada de resistência em guerra popular de libertação nacional. Cabe aos maoístas preparar a aplicação de uma ampla guerra de guerrilhas que tome o campo como principal e as cidades como um complemento necessário.

Corresponde ao proletariado unir todos aqueles que não querem ser escravos dos Estados Unidos, todos aqueles que estão por conquistar a verdadeira independência, soberania e dignidade nacional do país, todos aqueles que se recusam a se submeter à intimidação, interferência, controle e agressão dos imperialistas ianques. Com todos eles, é necessário unir e mobilizar contra os pedidos de conciliação, por paz ou por privilegiar as negociações antes de agir resolutamente para esmagar a agressão imperialista ianque que se desenvolveu momentaneamente sob a forma de um golpe de Estado.

Os maoístas, como representantes do proletariado e da sua vanguarda emergente, são responsáveis, partindo do princípio da independência e da autodeterminação, a aplicar a unidade e a luta com as outras forças que conformam o povo na atual situação política, onde a contradição entre o imperialismo nacional está se tornando principal. É necessário exigir que se proceda conscientemente para reformar o sistema que rege o exército e o sistema político, expandindo a democracia, desenvolvendo o movimento de massas independente, reforçando a educação para a defesa nacional, reprimindo os lacaios e outros colaboradores, desenvolvendo a indústria de guerra e melhorar as condições de vida do povo.

Apresenta-se como de suma importância o levantamento do programa de resistência, que nas condições atuais é de natureza prolongada. A guerra de resistência do povo deve visar a construção de um verdadeiro Poder Revolucionário (o Novo Poder) e não as simulações do socialismo do século XXI que tanto tem frustrado o povo, mas, sim, o Poder da Nova Democracia em todos os cantos da resistência, expulsar o inimigo invasor e esmagar todos os seus vermes e lacaios, para seu estabelecimento em todo o país.

Os povos da América Latina, para salvaguardar a independência nacional e a soberania nacional, têm o imperativo de empreender uma luta “golpe por um golpe” contra o agressivo e genocida imperialismo ianque, o principal inimigo dos povos do mundo.

A intervenção direta do imperialismo ianque, que começou como um golpe de Estado acompanhado de um desdobramento e cerco de forças para levar a capitular o governo de Maduro e subjugar a nação, não vai parar aí se não atingir seus objetivos, vai escalando em todos os terrenos até alcançar seus objetivos e, por isso, desperta uma nova onda contra o imperialismo ianque entre os povos da América Latina e do mundo.

Cabe aos partidos e organizações signatários assumir o papel de dar expressão organizativa a essa nova onda anti-imperialista, lutando contra o imperialismo e seus serviçais e lacaios em cada país. Temos que desenvolver uma ampla e vigorosa campanha mundial em apoio ao povo venezuelano contra a agressão imperialista ianque.

Tu, heroico povo venezuelano, sem dúvida não está sozinho em sua luta. O proletariado e os povos oprimidos do mundo estão unidos ao povo da Venezuela. Tu desfruta do apoio do proletariado do Estados Unidos e do Canadá, do proletariado dos países imperialistas da Europa e da Ásia e de todos os povos da América Latina, Ásia e África, do apoio dos povos de todo o mundo.

Frente à agressão direta do imperialismo ianque contra a Venezuela e os povos da América Latina, cabe aos nossos povos levantar-se em revolução e enfrentar a guerra de agressão imperialista com mais Guerra Popular.

A Venezuela e toda a América Latina será o túmulo das hordas imperialistas ianques!

Povo venezuelano, rejeitar as ilusões e preparar-se para a resistência!

O imperialismo e todos os reacionários são tigres de papel!

A luta dos povos do mundo contra o imperialismo ianque vencerá!

Assinam:

Partido Comunista do Equador – Sol Vermelho

Movimento Popular Peru (Comitê de Reorganização)

Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha)

Fração Vermelha do Partido Comunista do Chile

Organização Maoista para a Reconstituição do Partido Comunista da Colômbia

Aderentes:

Comitê de Construção do Partido Comunista Maoista da Galiza

Comitê Bandeira Vermelha (Alemanha)

Partido Comunista Maoista – Itália

Núcleo Revolucionário pela Reconstituição do Partido Comunista do México

Partido Comunista Maoista da França