O materialismo dialético e o anarquismo (V. Lenin)

Nota do blog: Publicamos a seguir documento escrito pelo camarada Lenin fundamentando cientificamente a crítica ao anarquismo e sua base ideológica – como de toda doutrina –, a filosofia e sua aplicação nos demais campos.

 


O materialismo dialético e o anarquismo

Lenin

Não somos dos que quando se menciona a palavra “anarquismo” viram com desdém as costas e, com um gesto de repulsa, dizem: “Tendes a liberdade de ocupar-vos disso; mas não vale sequer a pena falar no assunto!” Julgamos que semelhante “critica” barata é indigna e infecunda. Não somos tampouco dos que se consolam pensando que os anarquistas “não tem apoio de massa” e por isso não são, afinal, tão “perigosos”. Não se trata de saber quem a seguido por “massa” maior ou menor”, trata-se da substância da doutrina. Se a “doutrina” dos anarquistas exprimir a verdade é obvio então que ela necessariamente abrirá o caminho para si e reunirá em torno de si a massa. Se, pelo contrario, for inconsistente e alicerçada numa base falsa, não subsistirá por muito tempo ou ficará suspensa no ar. A inconsistência do anarquismo deve, portanto, ser demonstrada. Julgamos que os anarquista são verdadeiros inimigos do marxismo. Por conseguinte, reconhecemos também que, contra inimigos verdadeiros, é preciso travar uma luta verdadeira. E por isso é necessário examinar a “doutrina” dos anarquistas de alto a baixo e colocá-la à prova sistematicamente em todos os aspectos. Mas alem da critica dos anarquistas é necessária uma explicação da nossa posição e, portanto, uma exposição sumária da doutrina de Marx e Engels. Isso é tanto mais necessário quanto alguns anarquistas difundem uma falsa versão do marxismo e causam confusão na cabeça dos leitores.

Metamos, pois, mão à obra. No mundo tudo se move… transforma-se a vida, crescem as forcas produtivas, as velhas relações sociais são destruídas… O eterno movimento e a eterna destruição-criação: tal é a essência da vida. Karl Marx (Miséria da filosofia). O marxismo não é só a teoria do socialismo; é uma concepção completa do mundo, um sistema filosófico do qual emana logicamente o socialismo proletário de Marx. Esse sistema filosófico chama-se materialismo dialético. Por que esse sistema se chama materialismo dialético ? Porque o seu método é dialético e a sua teoria materialista. Que é o método dialético? Que é a teoria materialista? Diz-se que a vida consiste num incessante crescimento e desenvolvimento, e isso é verdadeiro: a vida social não é algo de imutável e cristalizado, não se detém nunca no mesmo nível, está em eterno movimento, num eterno processo de destruição e de criação. Não era por acaso que Marx dizia que o eterno movimento e a eterna destruição-criação são a substância da vida. Por isso na vida existe sempre o ‘novo’ e o ‘velho’, o que cresce e o que morre e, ao mesmo tempo, incessantemente, sempre, algo nasce… O método dialético diz que é preciso considerar a vida como ela é na realidade. A vida encontra-se em incessante movimento, por conseguinte devemos também considerar a vida no seu movimento, na sua destruição e criação. para onde vai a vida, que é que morre, que é que nasce na vida, que é que se destrói, que é que se cria, eis que espécie de questões devem antes de mais nada interessar-nos. Tal é a primeira conclusão do método dialético. O que na vida nasce e cresce dia a dia é invencível; deter seu movimento para a frente é impossível; sua vitoria é inelutável. isto é, se, por exemplo, na vida, o proletariado nasce e cresce dia a dia, então, por mais débil e pouco numeroso que seja hoje, acabará vencendo afinal. Ao contrario, o que na vida morre e vai em direção ao túmulo, deve ser inevitavelmente derrotado, isto é, se, por exemplo, a burguesia sente faltar-lhe o chão debaixo dos pés e recua dia a dia, então por mais forte e numerosa que ela seja hoje, acabará sendo afinal derrotada e baixará ao túmulo. Surge daí a conhecida tese da dialética: tudo o que é real, isto é, tudo o que de dia para dia se desenvolve, é racional. Tal é a segunda conclusão do método dialético. No penúltimo decênio do século passado, entre os intelectuais revolucionários russos travou-se uma polêmica importante. Os populistas diziam que a forca principal que pode executar a tarefa da “libertação da Rússia” são os camponeses pobres. Por que? – perguntavam os marxistas. Porque, diziam eles, os camponeses são os mais numerosos de todos e, ao mesmo tempo, os mais pobres de todos na sociedade russa. Os marxistas respondiam: é verdade que os camponeses, hoje, constituem a maioria e são muito pobres, mas será acaso esse o problema? Já de há muito constituem os camponeses a maioria, mas até agora, sem o auxilio do proletariado, eles não tomaram nenhuma iniciativa na luta pela “liberdade”. E por que? Porque o campesinato, como camada social, ‘desagrega-se dia a dia’, subdividem-se em proletariado e burguesia, ao passo que o proletariado, como classe, “dia a dia se desenvolve” e se fortalece. E aqui neste caso a pobreza não tem uma importância decisiva: os “vagabundos” são mais pobres que os camponeses, mas ninguém dirá que possam executar a tarefa da “libertação da Rússia”. A questão é somente ver quem cresce e quem envelhece na vida. E uma vez que o proletário é a única classe que cresce e se fortalece ininterruptamente, é nosso dever colocarmo-nos a seu lado e reconhecê-lo como força principal na revolução russa; assim respondiam os marxistas. Como vedes, os marxistas consideravam a questão de um ponto de vista dialético, ao passo que os populistas raciocinavam metafisicamente, porque consideravam os fenômenos da vida “imutáveis, cristalizados de uma vez para sempre” (vide Engels, ‘Filosofia, economia política, socialismo’). Assim o método dialético considera o movimento da vida. Mas há movimento e movimento. Havia um movimento social nas “jornadas de dezembro”, quando o proletariado ergueu a cabeça, assaltou os depósitos de armas e atacou a reação. Mas, se deve chamar movimento social também o movimento dos anos anteriores, quando o proletariado, num período de desenvolvimento “pacifico”, limitava-se a greves parciais e à fundação de pequenos sindicatos. É evidente que o movimento possui diversas formas. E o método dialético diz que o movimento tem uma forma dupla: evolução e revolução. O movimento tem a forma de evolução quando os elementos progressistas continuam espontaneamente seu trabalho cotidiano e introduzem na velha ordem pequenas modificações “quantitativas”. O movimento é revolucionário quando esses mesmos elementos, dominados por uma só idéia, unem-se e lançam-se contra o campo inimigo, para destruir pela raiz a velha ordem com as suas caraterísticas “qualitativas” e instaurar uma nova ordem. A evolução prepara a revolução e cria o terreno para esta, e a revolução coroa a evolução e contribui para o seu trabalho ulterior.

O mesmos processos ocorrem também na vida da natureza. A história da ciência demonstra que o método dialético é um método efetivamente cientifico: por toda a parte – da astronomia à sociologia – encontra confirmação a idéia de que no mundo não há nada de eterno, que tudo se modifica, tudo se desenvolve. Por conseguinte, na natureza, tudo deve ser considerado do ponto de vista do movimento, do desenvolvimento. E isso significa que o espirito da dialética penetra toda a ciência moderna. No que diz respeito às formas do movimento, no que diz respeito ao fato de que, de conformidade com a dialética, as pequenas mudanças “quantitativas” conduzem no final a grandes mudanças “qualitativas”, essa lei possui igual valor também na história natural. O “sistema periódico dos elementos” de Mendeleiev demonstra claramente a grande importância que tem na historia natural o fato de surgirem das mudanças quantitativas, mudanças qualitativas. Na biologia, a teoria do neolamarckismo, a que cede lugar o neodarwinismo, atesta a mesma coisa.

Dispensamo-nos de referir outros fatos esclarecidos de maneira assaz exaustiva por F. Engels no seu “Anti-Duhring”. Assim, conhecemos agora o método dialético. Sabemos que, segundo esse método, o mundo se encontra em perpétuo movimento, num perpétuo processo de destruição e de criação e que, por conseguinte, todo fenômeno, seja na natureza como na sociedade, deve ser considerado no seu movimento, no processo de destruição e de criação e não como algo cristalizado e imóvel. Sabemos também que esse mesmo movimento possui uma forma dupla: evolução e revolução… Como consideram, porem, os anarquistas, o método dialético.

O fundador do método dialético, como se sabe, foi Hegel. Marx somente depurou e melhorou esse método. Essa circunstancia também é conhecida pelos anarquistas; sabem eles também que Hegel era conservador e, aproveitando a “ocasião”, atacam furiosamente Hegel, arrastam-no na lama como reacionário e partidário da “restauração”; demonstram com ardor que “Hegel é… o filosofo da restauração… que ele exalta o constitucionalismo burocrático na sua forma absoluta, que a idéia geral da sua filosofia da historia serve à tendência filosófica da época da restauração e é subordinada a esta” e assim por diante (vide Nobati, n. 6, artigo de V. Tcheerkezichvili). Para dizer a verdade, neste ponto ninguém diverge deles, antes todos convém em que Hegel não era um revolucionário, mas partidário da monarquia, porem os anarquistas, apesar disso, “demonstram” e julgam necessário “demonstrar” interminavelmente que Hegel era partidário da “restauração”. Com que objetivo? Provavelmente, com o objetivo de desacreditar Hegel com tudo isso e dar a entender ao leitor que também o método do “reacionário” Hegel é reprovável e não cientifico. Se assim se passam efetivamente as coisas, se os senhores anarquistas pensam refutar por esse meio o método dialético, devo dizer que eles por esse meio não demonstram outra coisa senão a sua própria ignorância. Pascal e Leibnitz não eram revolucionários, mas o método matemático descoberto por eles é agora reconhecido como método cientifico; Mayer e Helmholtz não eram revolucionários, mas suas descobertas no campo da física tornaram-se uma base da ciência; nem tampouco Lamarck e Darwin eram revolucionários, mas seu método evolucionista criou o fundamento da ciência biológica. Sim, por esse meio os anarquistas demonstraram somente sua própria ignorância. Continuemos. Segundo os anarquistas, “a dialética é metafísica” (vide Nobati, n. 9 Ch. G.) e uma vez que “desejam libertar a ciência da metafísica, a filosofia da teologia” (vide Nobati, n. 3, Ch. G.), repelem também o método dialético. Ah, os anarquistas! Como se costuma dizer, confundem alhos com bugalhos. A dialética amadureceu na luta contra a metafísica, nessa luta cobriu-se de gloria, e segundo os anarquistas segue-se daí que “a dialética é metafísica”!

Proudhon, “pai” do anarquismo, acreditava que no mundo existisse uma “justiça imutável” estabelecida de uma vez para sempre (vide o Anarquismo de Eltzbcher, pags. 64-68, edição estrangeira) e por isso Proudhon era chamado de metafísico. Marx lutou contra Proudhon valendo-se do método dialético e demonstrou que se no mundo tudo muda, deve mudar também a “justiça”, e por conseguinte a “justiça imutável” uma fantasia metafísica (vide Miséria da Filosofia, de Marx). E os discípulos georgianos do metafísico Proudhon tomam posição e “demonstram” que “a dialética é metafísica”, que a metafísica admite o “incognoscível” e a “coisa em si” e, em última análise, não passa de uma teologia privada de conteúdo. Em contraposição a Proudhon e a Spencer, Engels, valendo-se do método dialético, lutou quer contra a metafísica quer contra a teologia (vide Ludwig Feuerbach e Anti-Duhring de Engels) e demonstrou a ridícula vacuidade delas. Ao contrario, nossos anarquistas “demonstram” que Proudhon e Spencer eram cientistas e Marx e Engels metafísicos.

Das duas uma: ou os senhores anarquistas enganam a si mesmos ou não compreendem o que é a metafísica. Em todo o caso, o método dialético aí não desempenha nenhum papel. Que outra acusação movem os senhores anarquistas contra o método dialético? Dizem eles que o método dialético eh um “artificio”, um “método de sofismas”, um “salto mortal mental e lógico” (vide Nobati, n. 8, Ch. G.), “mediante o qual é igualmente fácil demonstrar o verdadeiro e o falso” (vide nobati, n. 4, V. Tcherkezichvili). À primeira vista, pode parecer que a acusação lançada pelos anarquistas seja justa. Escutai o que diz Engels sobre o adepto do método metafísico:

“O seu discurso é se sim, sim, se não, não; tudo quanto ultrapassa isso pertence ao diabo”. Para ele uma coisa existe ou não existe; igualmente é impossível que uma coisa ao mesmo tempo ser boa e má?! Isso, na verdade, é uma “sofisma”, um “jogo de palavras”; isso significa que “desejais com igual facilidade demonstrar o verdadeiro e o falso…” Consideremos contudo a essência da questão. hoje reivindicamos a republica democrática; e a republica democrática reforça a propriedade burguesa; pode-se dizer que a republica burguesa é boa sempre e por toda a parte? Não, não se pode. Por quê? Porque a republica democrática é boa somente “hoje”, enquanto destruímos a propriedade feudal, mas “amanha”, quando iniciarmos a destruição da propriedade burguesa e a instauração da propriedade socialista, a republica democrática já não será mais boa; pelo contrário, se transformará num impecilho que despedaçaremos e repeliremos; e uma vez que a vida está em continuo movimento, uma vez que não se pode operar uma ruptura entre o passado e o presente, uma vez que lutamos simultaneamente não só contra os elementos feudais, como também contra a burguesia, dizemos: na medida em que destrói a propriedade feudal, a republica democrática é boa e nos apoiamos; mas na medida em que reforça a propriedade burguesa, ela é má e por isso a criticamos. Segue-se daí que a republica democrática é ao mesmo tempo “boa” e “má” e por isso, à pergunta feita, pode-se responder “sim” e “não”. Justamente a esses fatos referia-se Engels quando, com as palavras acima, demonstrava a validade do método dialético. Os anarquistas, porem, não compreenderam isso e tomaram-no po um “sofisma”! Por certo, os anarquistas podem ressaltar ou não ressaltar esses fatos. podem também não notar a areia em uma praia arenosa: é direito seu. mas o fato é que aqui entra o método dialético que, diferentemente dos anarquistas, não olha a vida com os olhos fechados, escuta o pulsar da vida e diz explicitamente: uma vez que a vida muda, uma vez que a vida está em movimento, todo fenômeno vital tem dois aspectos: positivo e negativo. devemos sustentar o primeiro e rejeitar o segundo? Que estranha gente os anarquistas: invocam continuamente a “justiça”, porém com o método dialético comportam-se de modo muito diferente do justo! Prossigamos. Segundo os nossos anarquistas, “o desenvolvimento dialético é um desenvolvimento catastrófico, através do qual, em primeiro lugar, se destrói completamente o passado, e depois, de maneira completamente isolada, constrói-se o futuro… Os cataclismas de Cuvier eram gerados por causas desconhecidas, as catástrofes de Marx e de Engels são, ao invés, geradas pela dialética” (vide Nobati, n. 8, Ch. G.). Mas, noutro trecho, o mesmo autor diz que “o marxismo se apoia no darwinismo e tem para este uma atitude acrítica (vide Nobati, n. 6). Atentai bem nisso, leitor! Cuvier nega a evolução darwiniana, admite somente os cataclismos, e o cataclismo é uma explosão inesperada, “gerada por causas desconhecidas”. os anarquistas nos dizem que os marxistas se acusam a Cuvier e por conseguinte rejeitam o darwinismo. Darwin rejeita os cataclismos de Cuvier; admite a evolução gradual. E eis aqueles mesmos anarquistas a afirmar que “o marxismo apóia-se no darwinismo e tem uma atitude acrítica para com este”: por conseguinte, os marxistas não são partidários dos cataclismos de Cuvier. Eis o que é o anarquismo! Isso significa, como se costuma dizer, bater com o martelo no próprio dedo! É claro que o Ch. G. do número oito do Nobati esqueceu-se do que havia dito o Ch. G. do número seis. Qual dos dois tem razão? O do sexto ou o do oitavo número? Ou mentem ambos? Consideremos os fatos. Marx diz: “Num determinado grau de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, isto é, com as relações de propriedade (o que é o equivalente jurídico de tal expressão)…, então sobrevem uma época de revolução social”. Mas “uma formação social não perece enquanto não estejam desenvolvidas todas as forças produtivas que nela se contém…” (vide K. Marx, Contribuição à critica da economia política, Prefácio). Se aplicarmos essa idéia de Marx à vida social contemporânea, veremos que entre as modernas forcas produtivas, que tem caráter social, e a apropriação dos produtos, que tem caráter privado, existe um conflito fundamental que deve resolver-se com a revolução socialista (vide F. Engels, Anti-Duhring, segundo capitulo da terceira parte). Como vedes, segundo Marx e Engels, a “revolução” (a “catástrofe”) não é gerada pelas “causas desconhecidas” de Cuvier, mas por causas sociais totalmente determinadas, que operam na vida e chamadas “desenvolvimento das forcas produtivas”. como vedes, segundo Marx e Engels, a revolução se efetua somente quando as forças produtivas estão bastante maduras e não inesperadamente, como parecia a Cuvier. É claro que entre os cataclismos de Cuvier, como também a concepção dialética da revolução, a mudança quantitativa e a qualitativa são duas formas necessárias de um só e mesmo movimento. É evidente que não se pode sequer dizer de maneira alguma que “o marxismo”… tem uma atitude acrítica para com o darwinismo”. Segue-se daí que o Nobati mente em ambos os casos, tanto no número seis quanto no número oito. E eis esses “críticos” mentirosos a repetir monotonamente e com insistência: queirais ou não, nossa mentira é melhor que vossa verdade. Eles, provavelmente, supõem que aos anarquistas tudo é perdoável. Uma outra coisa os senhores anarquistas não podem perdoar ao método dialético: “A dialética… não oferece a possibilidade nem de sair ou pular para fora de si, nem de saltar por cima de si mesmo” (vide Nobati, n. 8, Ch. G.).

Eis que, senhores, tendes totalmente razão: o método dialético não dá essa possibilidade. Mas por que não a dá? Porque “pular para fora de si mesmo e saltar por cima de si mesmo”, são ocupações próprias de cabras monteses, e o método dialético, ao invés, é feito para os homens. Eis onde está o segredo! Essas são, de modo geral, as opiniões dos nossos anarquistas sobre o método dialético. É claro que os anarquistas não compreendem o método dialético de Marx e de Engels; elaboraram uma dialética própria e justamente contra ela combatem tão implacavelmente. Não nos resta senão rir diante desse espetáculo, porque como não rir quando se vê um homem que luta contra as próprias fantasias, aniquila suas invenções e ao mesmo tempo afirma com ardor que derrotou o adversário?