Lenin e o Partido Comunista Militarizado (Partido Comunista do Brasil – Fração Vermelha)
Retirado da Revista O Maoista, nº 2 – outubro/novembro de 2018
Lenin e o Partido Comunista militarizado*
Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha)
“Pequeno grupo compacto, seguimos por um caminho escarpado e difícil, de mãos dadas firmemente. Estamos rodeados de inimigos por todos os lados e temos de marchar quase sempre debaixo do seu fogo. Unimo-nos em virtude de uma decisão livremente tomada, precisamente para lutar contra os inimigos e não cair no pântano vizinho, cujos habitantes, desde o início, nos censuram por nos termos separado num grupo à parte e por termos escolhido o caminho da luta e não o da conciliação.”
Lenin
Que fazer? 1902
I – INTRODUÇÃO
A questão do partido revolucionário do proletariado, desde o surgimento do marxismo, foi tomado como um problema chave para seus fundadores Marx e Engels, pois que, a meta do Comunismo, a emancipação humana, se realizará através da emancipação política da classe proletária, ou seja, a ditadura do proletariado como período de transição necessário à eliminação das classes sociais, condição para a passagem à sociedade sem classes, missão que demanda ao proletariado constituir-se em partido político. Marx estabeleceu que este partido deveria ser diferente e oposto a todos anteriormente existentes na história, essencialmente um partido da classe e internacionalista, em correspondência à natureza do proletariado, enquanto uma classe internacional única.
Reafirmando os princípios estabelecidos por Marx e Engels sobre o partido da classe, Lenin enfatizou:
“Em uma época de revolução social a unidade do proletariado só pode ser realizada pelo partido revolucionário extremo do marxismo, por meio de uma luta implacável contra todos os outros partidos”. (1)
O imperialismo, enquanto etapa superior e última do capitalismo, como capitalismo monopolista, parasitário, em decomposição, e agonizante é a época de seu varrimento completo da face da terra pela revolução proletária. Lenin afirmou: “deem-nos uma organização de revolucionários e removeremos a Rússia em seus alicerces!”.(2)
A Grande Revolução Socialista de Outubro de 1917, a qual celebramos seu centenário, marca o início de uma Nova Era, a da Revolução Proletária Mundial, da transição à sociedade sem classes, o luminoso Comunismo. Para este grandioso triunfo, o fator mais importante, mais decisivo foi a existência do Partido bolchevique. Especificamos: a existência de um partido de vanguarda do proletariado, como uma organização de combate, dotado de um pensamento guia sólido, uma linha política geral correta cujo centro se expressava numa linha militar correta e dotado de uma chefatura, o grande Lenin.
Sintetizando 100 anos da luta da classe operária e da revolução mundial em 1948, o Presidente Mao afirmou:
“Para realizar a revolução, se faz necessário um partido revolucionário. Sem um partido revolucionário, sem um partido revolucionário criado sobre a base da teoria revolucionária marxista-leninista e no estilo revolucionário marxista-leninista, é impossível conduzir a classe operária e as amplas massas populares à vitória na luta contra o imperialismo e seus lacaios. Em mais de 100 anos transcorridos desde o nascimento do marxismo, só graças ao exemplo que deram os bolcheviques russos ao dirigir a Revolução de Outubro e a construção socialista ao vencer a agressão do fascismo, se formaram e desenvolveram no mundo partidos revolucionários de novo tipo. Com o nascimento dos partidos revolucionários deste tipo, modificou-sea fisionomia da revolução mundial. A mudança foi tão grande que se produziram, em meio do fogo e do trovão, transformações de todo inconciliáveis para as pessoas da velha geração… Com o nascimento do Partido Comunista, a fisionomia da revolução chinesa tomou uma feição inteiramente nova. Não é, por acaso, suficientemente claro este fato?”(3)(itálico e sublinhado nossos).
Esta grande síntese da experiência dos primeiros 100 anos da revolução proletária destaca a necessidade do Partido como questão fundamental, central e decisiva. Nos diz que para fazer a revolução é necessário um partido revolucionário, um partido revolucionário construído sobre sólidas bases ideológicas marxista-leninistas, forjado no “estilo de trabalho marxista-leninista”, ou seja, partido revolucionário de novo tipo, bolchevique, leninista, como uma organização de combate, de revolucionários profissionais.
Sobre a relação entre o partido comunista e o processo da revolução mundial, o Presidente Mao afirmou “… graças ao exemplo que deram os bolcheviques russos (…) se formaram e desenvolveram no mundo partidos revolucionários de novo tipo.Com o nascimento dos partidos revolucionários deste tipo, mudoua fisionomia da revolução mundial.”(4)(itálico e sublinhado nossos).
O Presidente Mao afirmou que: “… a frente única, a luta armada e a construção do partido, constituem as três questões fundamentais (…) Compreender corretamente estas três questões e sua interconexão equivale a dirigir de maneira acertada a revolução…”(5)
O Presidente Gonzalo no histórico discurso após sua captura, estabeleceu a necessidade de cumprir a tarefa pendente e atrasada de constituir ou reconstituir partidos comunistas, marxista-leninista-maoístas, principalmente maoístas, militarizados, para que iniciem e dirijam a guerra popular, onde ela ainda não desatou-se, inclusive que se transformem as atuais lutas armadas de libertação nacional em guerra popular, tudo como parte e a serviço da revolução mundial, como guerra popular mundial.
Na luta entre marxismo e revisionismo ressaltam-se os seguintes princípios fundamentais do marxismo: Luta de classes, ditadura do proletariado, necessidade do partido revolucionário do proletariado (partido comunista), violência revolucionária, socialismo científico e a própria luta contra o revisionismo. Estes, em todo processo prático e teórico do movimento do proletariado revolucionário em seus quase 170 anos foram o que distinguiram marxistas de revisionistas e demais oportunistas, cuja luta mais acentuada e aguda precedeu os momentos de grandes saltos, as grandes revoluções. Dois destes pilares sempre se ressaltaram mais na luta entre marxistas e revisionistas, a questão da ditadura do proletariado e questão da necessidade e caráter de classe do partido revolucionário do proletariado.
Portanto abordarmos o tema do partido revolucionário do proletariado, remarcamos e repisamos, é questão central que concentra em si todos os problemas sobre a revolução em um país e no mundo. Tais problemas que também são objeto de outros artigos publicados nesta mesma revista, os quais aqui são abordados apenas como parte do problema principal.
Como parte da contrarrevolução mundial o revisionismo está em crise porque fracassou em sua sinistra e podre tarefa: salvar a velha ordem e derrotar a Revolução. O revisionismo está em crise, porém não morto e segue sendo o perigo principal para o MCI e a Revolução Proletária Mundial. Cumpriram e cumprem seu sujo e sinistro papel de embelezar o capitalismo e dividir as massas, difundindo por todos os meios a ilusão de “democracia como valor universal” e o cretinismo parlamentar como caminho para traficar com os interesses e necessidades das massas. Assim atuam, com maior ou menor influência, por todos os países do mundo e no caso da América Latina se alçaram à frente do velho Estado de grandes burgueses e latifundiários, presidindo a repressão e exploração das massas, difundindo ideologia burguesa. Agora se afundam em crise ainda mais profunda, mas por si só não desaparecerão, seguem pululando com novas formas, oferecendo-se como auxiliares de luxo das classes dominantes, empenhados na podre tarefa de desviar as massas do caminho revolucionário.
Portanto, devemos repelir energicamente os seus cinco ataques: ao partido, à ditadura do proletariado, à violência revolucionária, ao socialismo e ao marxismo. É necessário e devem ser varridos também pela guerra popular, parte por parte, junto com toda a reação.
A experiência histórica da revolução proletária confirma de modo irrefutável a necessidade da luta contra o revisionismo para varrer sua influência nociva dentro da Classe e do Povo, combatendo-o como perigo principal para a revolução e que, através da luta de duas linhas no fogo da luta de classes e de forma inseparável do combate ao imperialismo, seus lacaios e toda a reação, podemos manter a cor vermelha do partido e fazer avançar o processo revolucionário de cada país e o MCI, em especial, impulsionar e levantar alto sua Nova Grande Onda, no caminho da Guerra Popular Mundial, para varrer o imperialismo e toda reação da face da terra.
Contudo se faz necessário ressaltar e remarcar que na luta contra o revisionismo, a qual deve ser levada de forma implacável e inseparável do combate ao imperialismo, seus lacaios e toda a reação, devemos arvorar com toda contundência o que afirmou o Presidente Gonzalo, de que, por sua natureza putrefata, o revisionismo já nasceu derrotado e morto. Ou seja, que estrategicamente são como o imperialismo e toda a reação, estão condenados à tumba escura da história.
E há de fazê-lo partindo das questões ideológico-políticas centrais da revolução mundial hoje, destacadamente os problemas relacionados à constituição ou reconstituição de partidos maoístas militarizados para iniciar e desenvolver a Guerra Popular, para levar a revolução proletária ao seu triunfo à escala mundial varrendo o imperialismo e a toda reação da face da terra, e mediante sucessivas revoluções culturais assegurar que todo o mundo adentre ao Comunismo.
Este processo passa, necessariamente, pela compreensão e tomada de posição sobre as diferentes experiências de Guerra Popular no mundo. Sobre a Guerra Popular no Nepal, por exemplo, experiência de grande importância no MCI, em que alguns chegaram mesmo a erguê-la como um alto cume do maoísmo e a Prachanda como grande dirigente da Revolução Mundial. Muitos que rechaçaram publicamente a traição prachandista ainda alimentam em segredo a adesão à concepção de partido e revolução apregoada pelo prachandismo, tal como a necessidade de um novo tipo de partido maoísta proposto por Battharai, ademais das revisionistas “teoria da fusão”, a tese do “estado imperialista globalizado”, do “socialismo do século XXI”esua“Competição multipartidária.”
Na imensa maioria dos países (que não estão em Guerra Popular) reconstituir/constituir partidos comunistas militarizados para iniciar a Guerra Popular é a tarefa principal. Nos países onde já se desenvolvem Guerras Populares a compreensão sobre o partido comunista militarizado é questão decisiva para desenvolvê-las até a vitória. Ou seja, sobre esta questão se concentram a maioria dos problemas para o desenvolvimento da Revolução Mundial e seu triunfo. Por isso, a compreensão sobre o partido comunista militarizado se apresenta como questão decisiva para todos aqueles que enfrentam processos de reconstituição/constituição e desencadeamento da Guerra Popular.
O desenvolvimento da luta de duas linhas nesta questão é condição necessária para a reunificação dos comunistas no mundo e cumprir a tarefa assumida pelo V Encontro de Partidos e Organizações MLM da América Latina de combater a dispersão no MCI e realizar a Conferência Internacional Maoísta Unificada, servindo a elevar o maoísmo como mando e guia da revolução proletária mundial.
II – LENIN E O PARTIDO BOLCHEVIQUE
A concepção sobre o Partido Comunista militarizado tem início de sua formulação com o Presidente Mao, desenvolvendo-se e completando-se com o Presidente Gonzalo, entretanto sua necessidade e realização já se colocara e ocorrera embrionariamente com Lenin. Por isso e para destacar a importância da celebração dos 100 anos da Grande Revolução Socialista de Outubro, passaremos a ressaltar o desenvolvido por Lenin quanto aos princípios do partido de Novo Tipo, partido comunista, para demonstrar sua plena vigência no Partido Comunista Militarizado.
Por isso neste capítulo não realizaremos uma análise e síntese completa da história do Partido Comunista bolchevique na preparação da revolução proletária na Rússia, durante seus percalços na Revolução democrática de 1905, na ofensiva da contrarrevolução e seu triunfo em outubro de 1917 e na construção do socialismo, balanço para o qual o marxismo conta com o “Compêndio da História do Partido Comunista (bolchevique) da U.R.S.S., elaborado sob a direção pessoal do camarada Stalin, como muito bem definiu o Presidente Mao: a “mais alta síntese e balanço do movimento comunista mundial dos últimos cem anos, é um modelo de integração da teoria com a prática, até hoje o único acabado em todo o mundo”.(6) Centraremos, portanto, nossa exposição em demonstrar alguns elementos essenciais do partido de Novo Tipo, necessários a compreensão sobre Partido Comunista Militarizado e seus fundamentos e de como ele já estava sendo gestado no processo que viria a ser a Grande Revolução Socialista de Outubro.
Na Revolução de 1905 o planteamento da questão da tomada do Poder trouxe o problema militar e da guerra para primeiro plano. A partir de então a questão militar passaria ter presença central no trabalho teórico e formulação política de Lenin e da sua luta por levá-los à prática, como programa e linha militar da revolução proletária. Isto são fatos irrefutáveis da revolução proletária na Rússia, fonte principal donde o Presidente Mao e posteriormente o Presidente Gonzalo tomaram para desenvolver e estabelecer a necessária e correta formulação acerca desses problemas cruciais da revolução proletária: respectivamente, sobre a necessidade dos Três Instrumentos Fundamentais da Revolução (Partido Comunista, Exército Popular e Frente Única) e sobre o Partido Militarizado, principalmente.
Entre os anos de 1890 e 1900, quando o marxismo expandiu sua influência na Rússia, os intelectuais burgueses se aproximaram do marxismo, rejeitando seu caráter revolucionário e criando o que Lenin chamou de “marxismo legal”, infiltração ideológica da burguesia no movimento operário. Estas diferentes tendências oportunistas não eram mais do que expressão do revisionismo surgido no interior da II Internacional. A luta de Lenin contra estas diferentes correntes oportunistas na Rússia (o economicismo era o correspondente russo do revisionismo socialdemocrata bernsteiniano) era ao mesmo tempo a luta contra o revisionismo do ocidente, ao nível internacional.
Stalin, em seu magistral Fundamentos do Leninismo, ao sistematizar a teoria leninista do partido, afirmou:
“No período pré-revolucionário (…) no período de evolução mais ou menos pacífica, (…) os partidos da II Internacional eram a força predominante no movimento operário e as formas parlamentares de luta eram consideradas como as fundamental (…)(7)
Na Rússia os mencheviques representavam a mesma tendência oportunista dos partidos socialdemocratas da Europa ocidental, membros da II Internacional, que depois da morte de Engels (1895) passaram a degenerar em partidos das “reformas sociais” tendo se transformado, cada um deles, em um verdadeiro apêndice de sua fração parlamentar.
“O partido fortalece-se ao depurar-se dos elementos oportunistas: eis uma das consignas do partido bolchevique, como partido de novo tipo, diferente por princípio dos partidos socialdemocratas da II Internacional”. (8)reafirmava Stalin o velho ensinamento que Marx e Engels predicaram desde o advento do Manifesto do Partido Comunista e em suas lutas por plasmar o partido revolucionário do proletariado.
Com o advento do imperialismo estas organizações se converteram de socialpacifistas a socialtraidoras, socialchauvinistas, passando abertamente ao campo da reação como definiu Lenin:
“Os partidos socialistas não são clubes de debates, senão organizações do proletariado em luta, e quando vários batalhões se passam ao inimigo, se lhes deve tachar de traidores, sem ‘cair’ no laço dos discursos hipócritas acerca de que ‘não todos’ compreendem ‘de igual maneira’ o imperialismo, de que, por exemplo, o chauvinista Kautsky e o chauvinista Cunow são capazes de escrever sobre isto tomos inteiros, de que o problema ‘não foi suficientemente analisado’,” etc., etc. (9)
O camarada Stalin ao sintetizar a crítica de Lenin aos partidos da II Internacional afirmara categoricamente:
“Significa que os partidos da II Internacional são inservíveis para a luta revolucionária do proletariado, que não são partidos combativos do proletariado e que conduzam os operários ao Poder, senão máquinas eleitorais, apropriadas para as eleições ao parlamento e para a luta parlamentar. Isto, precisamente, explica que, durante o período de predomínio dos oportunistas da II Internacional, a organização política fundamental do proletariado não fosse o Partido, senão a minoria parlamentar. É sabido que nesse período o Partido era, na realidade, um apêndice da minoria parlamentar e um elemento posto a seu serviço.” (10)
Após o triunfo da Revolução de Outubro, o grande Lenin, ao falar da atitude e papel contrarrevolucionários do oportunismo, afirmou a necessidade de se levar a luta armada contra ele:
“A cisão internacional de todo o movimento operário mostra-se agora com inteira nitidez (II e III Internacionais). A luta armada e a guerra civil entre as duas tendências é também um fato evidente: na Rússia, apoio a Koltchak e Deníkin pelos mencheviques e pelos ‘socialistas-revolucionários’ contra os bolcheviques; na Alemanha, os partidários de Sheidmann, Noske e Cª ao lado da burguesia contra os spartakistas; e o mesmo na Finlândia, na Polônia, na Hungria, etc.” (11)
Concluindo sob a caracterização dos partidos da II Internacional o camarada Stalin afirmou:
“Daqui a necessidade de um novo partido, de um partido combativo, de um partido revolucionário, suficientemente corajoso para conduzir os proletários na luta pelo poder, suficientemente experiente para se orientar nas condições complexas da situação revolucionária e suficientemente flexível para contornar todo o tipo de escolhos no caminho para o objetivo. Sem um tal partido não se pode sequer pensar no derrubamento do imperialismo, na conquista da ditadura do proletariado. Este novo partido é o partido do leninismo. ” (12)
Lenin tomara parte na unificação dos grupos marxistas, em 1898, na criação do POSDR, porém foi no II Congresso, em 1903, à cabeça da fração vermelha em luta contra os revisionistas (mencheviques), que suas teses venceram, constituindo-se o POSDR enquanto partido marxista. Daí em diante, como fração Bolchevique, através de intenso labor teórico-político, lutou por plasmá-lo organicamente.
Ao contrário dos partidos do Ocidente, em especial Europa e América do Norte, a fração vermelha leninista se desenvolveu sob as condições da mais absoluta clandestinidade, acossada permanentemente pela reação czarista. Guiados por Lenin, a fração vermelha leninista forjou-se através de sua atividade revolucionária direta, combinando novas e variadas formas de luta tais como as ações armadas, guerra de guerrilhas, greves políticas de massas e insurreições.
Lenin afirma que a forja deste partido não é um problema fácil: “que não se pode resolver da noite à manhã”, e que estas “organizações devem estar educadas, devem ser reformadas sobre a base das lições dadas pela experiência a fim de estar à altura de sua missão.” (13)
A luta de Lenin contra o economicismo e o liberalismo ocupou o centro de toda a polêmica no início do século XX, onde as questões de organização ganharam relevo e se revelavam ser a pedra de toque do problema da revolução. A este problema Lenin consagrou obras imortais do marxismo tais como: Carta a Um Camarada Sobre os Problemas de Organização, Por onde começar, Um Passo a Frente, Dois Passos Atrás e destacadamente Que Fazer? (1902) dentre outras.
Apesar de que no I Congresso realizado de 1898 proclamou-se a criação do partido, este não tinha sido constituído de fato. No primeiro Congresso não foram estabelecidos Estatutos e nem Programa, todo Comitê Central eleito no Congresso foi preso e este não voltou a reorganizar-se. O Partido Operário Socialdemocrata, cuja ala esquerda era liderada por Lenin, foi efetivamente fundado no II Congresso em 1903, e constituído enquanto partido marxista como resultado do aplastamento ideológico do oportunismo, na unificação ideológica da luta contra os economicistas. A luta de duas linhas neste Congresso se deu sobre a questão fundamental do Centralismo Democrático no partido, opondo a concepção proletária revolucionária de Lenin à linha oportunista de direita do então menchevique Trotsky.
Lenin no artigo Por onde começar? (1901) estabeleceu a necessidade de enfrentar três problemas: “1) o conteúdo principal de nossa agitação política; 2) as nossas tarefas de organização; 3) o plano para a criação de uma organização de combate em toda a Rússia.” (14)(sublinhado nosso)Em sua genial obra Que fazer? (1902), Lenin estabelece os fundamentos ideológicos e políticos do partido do proletariado segundo o qual “somente um partido guiado por uma teoria de vanguarda, o marxismo, pode desempenhar o papel de combatente de vanguarda”(15) na luta pelo poder. (sublinhado nosso)
Lenin combate o espontaneísmo que adapta oportunistamente o partido à realidade e demonstrou que o movimento espontâneo não é senão uma forma embrionária do movimento consciente, mas “nada mais do que embriões”, uma vez que a luta consciente, uma vez que esta somente poderia ser introduzida desde fora, como resultado da aplicação da ideologia cientifica do proletariado no movimento espontâneo, através de seu partido de vanguarda.
Não foi de pretender marcar a data da revolução que Mártov acusava Lenin? Vejamos, qual o contrário de movimento espontâneo? O movimento consciente. O que é contrário à espontaneidade? O plano. O plano é a expressão superior da compreensão das leis do movimento e do desenvolvimento da luta de classes em geral e da guerra revolucionária em um país em particular, para a conquista e defesa do novo poder. Ou seja, como nos ensina o Presidente Gonzalo, “todo plano é uma ideologia”. Como em Que fazer? Lenin sustentou a necessidade de um partido único e centralizado da Classe, capaz de colocar-se a frente do movimento revolucionário. Lenin já destacara a importância da passagem de Engels em “Guerras Camponesas na Alemanha”, na qual afirmava:
“Há que fazer justiça aos operários alemães por haver aproveitado com rara inteligência as vantagens de sua situação. Pela primeira vez desde que existe o movimento operário, a luta se desenvolve em forma metódica em suas três direções concertadas, relacionadas entre si: teórica, política e econômico-prática (resistência aos capitalistas). Neste ataque concêntrico, por assim dizer, reside precisamente a força e a invencibilidade do movimento alemão”. (16)
Lenin combateu as posições de Axelrod e Mártov, que haviam marchado junto com ele até o II Congresso do PSODR, mas que se alinharam às posições pequeno-burguesas sobre questões de organização. Mártov defendia que podiam ser membros do partido todos aqueles, que mesmo não pertencendo a uma de suas organizações, apenas porque prestavam apoio a ele ou por serem grevistas ativos, abrindo espaço para o oportunismo de intelectuais pequeno-burgueses e demais oportunistas, que não aceitavam a disciplina revolucionária do partido.
Lenin denunciou a natureza oportunista desta posição, sustentando que apenas podiam ser membros do partido aqueles que fossem membros de uma de suas organizações sujeitando-se a seu programa, estatutos, disciplina, participando da luta revolucionária ativa.
Combatendo essas tendências oportunistas que buscavam utilizar o movimento operário para os interesses da burguesia e transformar a organização de vanguarda do proletariado em um apêndice do movimento espontâneo, Lenin estabeleceu, pela primeira vez, a necessidade de um partido comunista de vanguarda como uma organização de revolucionários profissionais, dotados de uma unidade de aço, ideológico-político-orgânica, de vontade e de ação, uma organização de combate para dirigir a classe pela tomada do poder, e por sua natureza mesma, clandestina.
Na mesma obra Que fazer? Lenin define e estabelece os princípios do partido clandestino:
“Eu afirmo: 1) Que não pode haver nenhum movimento revolucionário sólido sem uma estável organização de dirigentes que mantenham a continuidade; 2) Que quanto mais numerosa seja a massa arrastada espontaneamente para a luta, constituindo sua base e participando nela, mais indispensável é esta organização e mais sólida deve ser, pois de outro modo seria fácil aos demagogos arrastar as camadas atrasadas das massas; 3) Que essa organização deve compor-se principalmente de revolucionários profissionais; 4) Que, em um país autocrático quanto mais reduzamos os efetivos desta organização, até o ponto de não aceitar nela mais do que alguns revolucionários profissionais iniciados na luta contra a polícia política, tanto mais difícil será ‘cooptá-la’; 5) Mais numerosos serão os operários e os elementos das demais classes que poderão militar no movimento e atuar nele ativamente”. (17)(Sublinhado nosso).
Ao estabelecer os fundamentos organizativos, para a construção de uma organização capaz de guiar o proletariado na luta política pelo poder, em Um passo a frente, dois passos atrás, 1904, definiu o eixo fundamental da construção simultânea ideológico-política e orgânica, em meio da luta de classes e da luta contra o oportunismo.
“O proletariado, na sua luta pelo poder, não tem outra arma senão a organização. (…) o proletariado só pode tornar-se, e tornar-se-á inevitavelmente, uma força invencível quando a sua unidade ideológica, baseada nos princípios do marxismo, é cimentada pela unidade material da organização que reúne milhões de trabalhadores num exército da classe operária. A esse exército não poderão resistir nem o poder decrépito da autocracia russa, nem o poder decrépito do capital internacional. Esse exército cerrará cada vez mais as suas fileiras, apesar de todos os ziguezagues e passos atrás, apesar das frases oportunistas dos girondinos da socialdemocracia contemporânea, apesar dos louvores presunçosos do espírito de círculo atrasado, apesar do falso brilho e do palavreado anárquico próprio de intelectuais.” (18)
Em verdade, Lenin ao fundar, em 1900, o jornal Iskra, no propósito de servir à tarefa da “criação” do genuíno partido revolucionário do proletariado que superasse todo o atraso das concepções que pululavam sobre a questão a partir da criação do POSDR, em 1898, dava início à sua formulação do partido de novo tipo, a qual completaria com o Que Fazer?, em 1902. E neste extraordinário documento em que estabelece os fundamentos e princípios do partido de novo tipo, advoga um “jornal pra toda a Rússia” como “organizador coletivo”. Porém neste momento ele está se batendo pela concepção e fundamentos científicos do partido revolucionário do proletariado, partindo dos princípios gerais estabelecidos pelos fundadores Marx e Engels e os colocando em correspondência com o desenvolvimento do capitalismo, que passava ao seu estágio superior do imperialismo, bem como com o desenvolvimento da luta de classes e da luta no movimento proletário internacional sobre o problema de organização do partido de vanguarda da classe, luta na qual prevalecia a concepção do partido segundo a experiência dos partidos operários socialistas da II Internacional, que se transformaram num “apêndice da minoria parlamentar”, como expusera mais tarde o camarada Stalin em Fundamentos do Leninismo.
Os mencheviques se opunham desde o princípio à subordinação das organizações locais à direção central e de todos militantes à disciplina do partido, que qualificavam de “disciplina cega” e “seguidismo”. Lenin desmascara as concepções oportunistas no terreno organizativo, que se opunham ao centralismo na organização partidária, resumindo assim a essência das concepções oportunistas no terreno organizativo (questão plenamente válida e útil para a luta de duas linhas no MCI na atualidade):
“Em essência, toda a posição dos oportunistas em matéria de organização começou a revelar-se já na discussão do parágrafo primeiro; na sua defesa de uma organização do partido difusa e não fortemente cimentada; na sua hostilidade à ideia (à ideia ‘burocrática’) da edificação do partido de cima para baixo, a partir do congresso do partido e dos organismos por ele criados; na sua tendência para atuar de baixo para cima, permitindo a qualquer professor, a qualquer estudante do liceu e a ‘qualquer grevista’ declarar-se membro do partido; na sua hostilidade ao ‘formalismo’, que exige a um membro do partido que pertença a uma organização reconhecida pelo partido; na sua tendência para uma mentalidade de intelectual burguês, pronto apenas a ‘reconhecer platonicamente as relações de organização’; na sua inclinação para essa sutileza do espírito oportunista e as frases anarquistas; na sua tendência para o autonomismo contra o centralismo”. (19)
Em que se manifestam as posições oportunistas no terreno organizativo? Em toda aversão ao centralismo, oposição a centralização de ideologia, linha política e programa, logo expressam oposição em centralização na organização e plano. “A unidade em questões de programa e questões de táctica é uma condição necessária, mas de modo nenhum suficiente, para a unificação do partido, para a centralização do trabalho do partido (santo Deus! que coisas elementares se é obrigado a repisar, nestes tempos em que todas as noções se confundiram!). Para obter este último resultado é necessária, além disso, a unidade de organização, inconcebível, num partido que tenha superado por pouco que seja os limites de um círculo de família, sem estatutos aprovados, sem subordinação da minoria à maioria, sem subordinação da parte ao todo”. (20)
Lenin segue destacando sobre a necessidade da clandestinidade, refutando as acusações oportunistas, que tentavam arrastar o proletariado para o terreno “legal”:
“Sem o reforço e o desenvolvimento da disciplina, da organização e da clandestinidade revolucionária, a luta contra o governo é impossível. Uma organização tão vigorosa pode ser chamada, por sua forma, em um país autocrata, ‘conspiradora’ e a forma conspirativa é necessária em grau máximo (…) A conspiração é tão indispensável, que pré-determina todas as demais condições (número, escolha, funções dos militantes, etc.) (…) Mas se nos indaguem se uma organização tão potente e tão estritamente secreta, concentrando em suas mãos todos os fios da atividade clandestina, organização necessariamente centralizada (…)(sublinhado nosso)
“Se começamos por estabelecer uma organização revolucionária, forte e sólida, poderemos assegurar a estabilidade do movimento em seu conjunto, atingir simultaneamente os objetivos socialdemocratas (comunistas) e os objetivos propriamente sindicais”. (21)
Lenin acentua que toda nova forma de luta desorganiza as organizações não preparadas para esta nova forma de luta. Estas novas formas, que afirmavam o caminho da violência revolucionária, exigiam a formação de organizações de novo tipo, como uma organização de combate. Ou seja, este partido de novo tipo, se compagina com o desenvolvimento dos fundamentos da linha militar do proletariado, servindo como instrumento principal e fundamental, necessário à direção do proletariado e massas na luta revolucionária pelo poder.
Quando a situação revolucionária se instalou e passou a desenvolver-se na Rússia de 1905, Lenin refutou as posições oportunistas que diziam que as “guerrilhas” desorganizavam o movimento popular, afirmando que:
“…não são as ações de guerrilha que desorganizam o movimento, senão a debilidade do Partido que não sabe tomar em suas mãos ditas ações”. E logo completa que “o que temos dito, é que a desorganização corresponde igualmente à desmoralização. Não é a guerra de guerrilhas o que desmoraliza, senão o caráter inorganizado, desordenado, sem partido das ações de guerrilhas”. (22)
Lenin, em sua convicção marxista de que o problema central de toda e qualquer revolução é a questão do Poder, de que sendo a medula do poder de Estado a sua força armada e de que segundo uma lei da guerra em geral que só um exército derrota outro, afirmava que o problema crucial para a revolução proletária, em última instância, era o da classe constituir-se em exército, ademais de já ter-se constituído em partido de vanguarda que o dirige. Ou seja, os operários e sua vanguarda deveriam dominar a “arte militar” e destacava que a forja do Partido revolucionário necessitava assumir a direção das ações armadas e forjar-se nelas. Em outubro de 1905 escreveu um projeto de artigo apontando a necessidade da militarização do partido e enfatizava como fazê-la:
“A luta contra as ‘Centúrias Negras’ constitui uma magnífica operação militar, que serve de treinamento para os soldados do exército revolucionário, é um batismo de fogo, e é de uma imensa utilidade para a revolução. Os destacamentos do exército revolucionário devem fazer um estudo imediato de quem, onde, e como compõe as ‘Centúrias Negras’, e logo, não se limitar somente a propaganda (que é útil, mas que por si só não basta), senão que agir por meio das armas, golpear às ‘Centúrias Negras’, matá-los, explodir seus quarteis generais, etcétera, etcétera”.(23)
Citando a Kaustky, quando este ainda era um marxista, apontava que:
“É completamente natural e inevitável que a insurreição tome as formas mais elevadas e mais complexas de uma guerra civil prolongada, abarcando a todo o país, isto é, de uma luta armada entre duas partes do povo. (…) a socialdemocracia deve absolutamente tratar de constituir organizações que sejam o mais aptas possível para dirigir as massas nestas grandes batalhas e, se é possível, nestas pequenas escaramuças. A socialdemocracia deve, na época em que a luta de classes se exacerba até ao ponto de converter-se em guerra civil, propor-se não somente tomar parte nesta guerra civil, senão também desempenhar a função dirigente. A socialdemocracia deve educar e preparar a suas organizações de sorte que obrem como uma parte beligerante, não deixando passar nenhuma ocasião de assestar um golpe às forças do adversário”. (24)(sublinhado nosso).
Em A guerra de guerrilhas, escrito em outubro de 1906, Lenin estabeleceu a forma que deveria assumir o partido revolucionário do proletariado e sua relação com os instrumentos e tarefas da revolução. Lenin sintetizou assim a questão: “em uma época de guerra civil, o ideal do Partido do proletariado é o Partido de combate.” (25) Este apontamento de Lenin é extremamente importante, pois sintetiza a necessidade de forjar o partido como instrumento adequado para a direção da luta pelo poder, na forma de uma guerra civil revolucionária. (sublinhado nosso).
Lenin estabeleceu o fundamento da linha militar do partido definindo a “guerra civil revolucionária” como a via de transição ao socialismo: “Sem uma guerra civil não ocorreu nenhuma revolução importante na história, sem uma guerra civil nenhum marxista sério se imagina na passagem do capitalismo ao socialismo”. (26)
Com seu, Duas táticas da socialdemocracia na revolução democrática e os diversos artigos tratando da questão militar, Lenin completou no fundamental o corpo teórico do partido de novo tipo. O congresso dos bolcheviques se realizara em separado da conferência dos mencheviques. O POSDR, já constituído como partido marxista no II Congresso de 1903, através da fração bolchevique avançava em sua constituição como partido de novo tipo, ainda que na totalidade de seus membros não se aceitava e nem se aplicava o partido leninista. Isto se deu em meio da crise revolucionária, dos acontecimentos da Revolução de 1905, da qual seus combates seguiriam até 1907, quando a contrarrevolução encabeçada pela reação stolipiniana (27) derrotara a revolução.
Baseado no conjunto de definições já formuladas e aplicadas pelos bolcheviques, Lenin havia estabelecido o Centralismo Democrático como o princípio geral de organização do proletariado revolucionário, fundamentado em: subordinação da minoria à maioria; dos organismos inferiores aos superiores; de cada militante ao Comitê do Partido de que é membro e de todas as organizações do partido e todos militantes, sem exceção alguma, ao Comitê Central. Centralismo que expressa a centralização das ideias corretas, a Centralização Estratégica e Descentralização Tática, como se demonstra neste relato:
“No Partido bolchevique (…) aplicava o centralismo democrático. As organizações do Partido não esperavam as indicações do Comité Central, dos comitês regionais, provinciais ou de cidade (locais). Sem aguardar estas decisões, obravam de acordo com as condições locais e com os acontecimentos, dentro do marco das decisões do Partido e das diretivas gerais. A iniciativa das organizações locais do Partido, das células, era avivada. Se os camaradas de Odessa ou de Moscou, se os de Bakú ou de Tiflis tivessem aguardado sempre as diretivas do Comitê Central, dos Comitês de província, etc., que, amiúde, nos anos de reação e durante a guerra, não existiam por causa das detenções, que haveria ocorrido? Os bolcheviques não teriam conquistado as massas operárias e não teriam tido influência sobre elas. Os comitês provinciais e locais publicavam seus manifestos e volantes em todos os casos oportunos e por iniciativa própria” (28)
Como se desenvolveu a disciplina estabelecida por Lenin? Na aplicação resoluta de todas as decisões do Comitê Central, das palavras de ordem definidas por Lenin, como uma ordem de combate para todo partido. De que esta linha política deveria assumir a forma de um plano de construção de uma organização de revolucionários de toda Rússia. Centralismo expresso em unidade de compreensão, unidade de política, unidade de plano, unidade de ação, unidade de mando e unidade de vontade. Já mesmo em 1905, como chefe inquestionável dos bolcheviques, a fração vermelha do POSDR, Lenin era reconhecido como destacado chefe pela imensa maioria dos membros do partido, ainda que os mencheviques não se sujeitassem às suas resoluções e diretivas.
Portanto, Lenin, ao aplicar criadoramente o marxismo à realidade da revolução na Rússia, desenvolveu a teoria marxista do partido do proletariado a um novo e grande salto, o Partido de Novo Tipo, correspondente a sua segunda etapa, o leninismo, de validez universal necessário não apenas para a Rússia, mas para avançar a Revolução Mundial. Inclusive antes mesmo da Revolução de Outubro (29) triunfar Lenin já defendia a necessidade de adotar a denominação do partido revolucionário do proletariado em conformidade com sua natureza de classe, como antes definira Marx e Engels, na Crítica ao Programa de Goth”, ou seja a denominação de Partido Comunista, como veio a ocorrer após o triunfo da revolução, em meio da guerra civil contra os guardas brancos e os exércitos invasores das principais potências imperialistas e seus lacaios, passando do nome de Partido Operário Socialdemocrata da Rússia para Partido Comunista da Rússia (bolchevique).
Com o triunfo da Revolução de Outubro, o Partido leninista, como partido de Novo Tipo, comprovou-se como o único capaz de dirigir o proletariado na luta pelo poder. Lenin resolve o problema colocado por Engels em fins do século XIX, segundo qual a Classe não possuía formas orgânicas e militares próprias para tomar e manter o poder, que cabia, entretanto, desenvolvê-las. Retomando as teses revolucionárias de Marx e Engels forjou a concepção marxista do partido revolucionário do proletariado para a conquista do poder, para a direção e o exercício da ditadura do proletariado.
Ao sistematizar o leninismo quanto à questão do Partido Revolucionário do Proletariado, em Os Fundamentos do Leninismo, Stalin destaca seis características do partido de novo tipo:
“1 – O Partido como destacamento de vanguarda da classe operária” – enfatiza que é uma vanguarda armada com a teoria revolucionária, a concepção científica do mundo, do materialismo dialético, do marxismo. Que o partido é o estado maior da classe, é o seu chefe político e chefe militar;
“2 – O Partido como destacamento organizado da classe operária” – enfatiza que é destacamento de vanguarda da classe, porém é parte da classe, é parte organizada da classe, existe em função da classe e tem nela sua razão de existir;
“3 – O Partido como forma superior de organização de classe do proletariado” – enfatiza que como destacamento de vanguarda e organizado da classe é sua forma superior de organização que se liga ao conjunto das massas da classe através das formas intermediárias e elementares de organização da mesma: sindicatos, associações, etc. O partido revolucionário do proletariado, o partido comunista é partido de quadros e tem caráter de massas;
“4 – O Partido como instrumento da ditadura do proletariado” – enfatiza que o partido não é necessário apenas para tomar o poder político, ele é decisivo e indispensável para dirigir a ditadura da classe, chave para todo o período de transição necessário para se abolir as classes e passar ao comunismo;
“5 – O Partido como unidade de vontade incompatível com a existência de frações” – enfatiza que a conquista do poder e o exercício da ditadura pelo proletariado é impossível sem a mais férrea disciplina. Uma disciplina férrea, por sua vez, não pode ser obtida sem a unidade de vontade, sem a unidade de ação, completa e absoluta dos membros do partido. A disciplina férrea não exclui e sim pressupõe a crítica e luta de opiniões, não é cega, senão que pressupõe a sujeição consciente e voluntária. Tal disciplina se assenta nos princípios do centralismo democrático. Isto é, uma vez terminada a luta de opiniões, esgotada a crítica e adotada uma resolução com base na maioria, a unidade de vontade e a unidade de ação de todos os membros do Partido é condição indispensável dessa férrea disciplina. Centralismo democrático que expressa a centralização das ideias corretas e rege a sujeição da minoria à maioria, dos organismos inferiores aos superiores e de todos ao Comitê Central;
“6 – O Partido se fortalece se depurando dos elementos oportunistas” – enfatiza que para desenvolver e fortalecer os partidos proletários é necessário depurar suas fileiras dos elementos oportunistas e reformistas, socialimperialistas e socialchauvinistas, socialpatriotas e socialpacifistas. Ao partido da classe operária acorrem também os elementos da pequena burguesia e da camada aburguesada do proletariado e eles transportam para dentro do partido as concepções de mundo, as vacilações e oportunismos próprios desta classe. Para defender e fortalecer o caráter de classe e revolucionário do Partido a luta contra o revisionismo e todo oportunismo deve ser sistemática e incessante. (30)
Estas seis caraterísticas resumem brilhantemente os princípios fundamentais do partido leninista, que tem sido ao longo de sua existência, um partido de vanguarda forjado na violência revolucionária e na luta contra o oportunismo.
Foi combatendo as tendências “populistas”, “legalistas”, “liberais” e “economicistas” que a fração vermelha bolchevique-leninista se conformou pondo-se na direção das ações das massas e Lenin pôde desenvolver os fundamentos de sua linha militar ecom ela plasmar o partido de novo tipo, que já formulara em oposição às formações socialdemocratas da Europa e seus representantes economicistas e mencheviques na Rússia. Nos primeiros dias de 1905, particularmente com os trágicos acontecimentos do “Domingo Sangrento”, a situação revolucionária foi se aprofundando e, ao final do ano, se transformou em crise revolucionária, colocando o problema do Poder na ordem do dia e com ele o problema militar como questão prática imediata.
No concentrado período revolucionário de 1905/1907 e no seguinte da reação stolipiniana (até 1909), Lenin completou, no fundamental, o conjunto teórico, a estratégia e tática, bem como a linha militar do partido de novo tipo, para dirigir a revolução na Rússia, e a serviço da revolução proletária mundial. Se com seu magistral trabalho Duas táticas da socialdemocracia na Revolução Democrática desenvolveu o marxismo em questões da tática e da estratégia do proletariado lutar pelo poder na revolução democrática em curso, e para transformá-la em revolução socialista, em “A guerra de guerrilhas” e outros escritos assentou a base da solução da questão militar para o proletariado conquistar e defender o Novo Poder, sustentando o marxismo contra a onda idealista com seu magistral Materialismo e empiriocriticismo.
No difícil período da reação stolipiniana, combatendo o oportunismo de direita dos mencheviques e outros e ao mesmo tempo o oportunismo de “esquerda” dos otizovistas (31)com seu ocultismo, Lenin resolveu de modo magistral a combinação de um rigoroso trabalho clandestino e secreto com o trabalho legal e aberto. As variadas formas que as massas mais avançadas do proletariado haviam criado na sua luta de resistência econômica, sindicatos, caixas de socorro mútuo e associações culturais, foram utilizadas pelos bolcheviques como pontos de apoio para a atividade revolucionária mais ampla e mais profunda entre elas. E este enérgico trabalho prosseguiu nos anos seguintes de novo ascenso do movimento operário.
“Os bolcheviques travaram luta enérgica para transformar estas associações legais em pontos de apoio do partido, combinando com a maestria o trabalho clandestino com o trabalho legal, conquistaram para o seu lado a maioria dos sindicatos das duas capitais.” (32)
Ou seja, a luta pelo partido revolucionário do proletariado foi uma luta de vida e morte, através de duras lutas de duas linhas na defesa intransigente do marxismo contra a capitulação e renegação pelo menchevismo e outras frações, as quais ao fim e ao cabo passaram a frações liquidacionistas e contrarrevolucionárias. Principalmente ao longo de todo o período de extrema dificuldade para a revolução e para o partido bolchevique, o do auge da reação stolipiniana, por um lado e, por outro, no plano internacional, Lenin denunciou a preparação da guerra pelas principais potências imperialistas da Europa e combateu duramente a crescente degeneração oportunista dos partidos socialdemocratas de seus países. Neste processo de luta implacável Lenin compreende a necessidade e inevitabilidade da cisão no campo do socialismo, como formularia quatro anos mais tarde já em meio da guerra imperialista: “Explicar às massas a inevitabilidade e a necessidade da cisão com o oportunismo, educá-las para uma luta revolucionária implacável contra ele, ter em conta a experiência da guerra para revelar todas as infâmias da política operária-liberal, e não para as ocultar – tal é a única linha marxista no movimento operário do mundo” (33) e sob essa linha de massas Lenin leva a cabo a reconstituição do Partido Bolchevique, enquanto partido de Novo Tipo, dando conformação completa enquanto autêntico partido revolucionário do proletariado, denominado mais tarde por Partido Comunista da Rússia (bolchevique).
“A unidade com os mencheviques num só partido se transformava assim numa traição à classe operária e ao seu partido. Era necessário por isso levar até ao fim a ruptura efetiva com os mencheviques no plano formal e orgânico, expulsá-los do partido. Esta era a única via possível para a refundação do partido revolucionário do proletariado armado com um único programa, uma única táctica e uma única organização de classe” (34).
Esse processo foi consolidado com a Conferência de Praga de 1912, com a formalização do que já ocorrera na prática, a expulsão de mencheviques, otizovistas, o grupelho de Trotsky do Pravda de Viena, logo agrupados todos no antipartido “Bloco de Agosto” (35)Aí o Partido Bolchevique conformou-se por completo como um partido de Novo Tipo, leninista, como definiu o camarada Stalin: “Era este partido que os bolcheviques preparavam desde os tempos do velho Iskra (…) Um partido diferente dos habituais partidos sociais-democratas dos países ocidentais, livre de elementos oportunistas e capaz de conduzir o proletariado na luta pelo Poder”. (36)
A Conferência de Praga (VI Conferência) reconstituíra o Partido Bolchevique enquanto completo partido de Novo Tipo, elegera seu Comité Central sem qualquer consideração com as demais frações da “socialdemocracia” de então. Integraram-no Lenin, Stálin, Ordjonikídze, Sverdlov, Spandarian e outros. Assim os bolcheviques leninistas puderam manter a velha bandeira do partido e embora mantivesse a denominação de POSDR, já era conhecido entre as massas do proletariado russo e mesmo internacionalmente como Partido Bolchevique. Após o triunfo da Revolução de Outubro, em 1918, que se estabeleceria a denominação de Partido Comunista da Rússia, defendida por Lenin como a denominação correta correspondente ao partido revolucionário do proletariado de Novo Tipo.
Em suma, entre os anos de 1903 e 1907 Lenin desenvolveu e forjou, no fundamental, a teoria e prática do partido de novo tipo constituindo o POSDR enquanto partido marxista. Embora que desde seu II Congresso as posições de Lenin em dura luta venceram no partido, ele seguira dividido nas duas frações (bolchevique e menchevique) com direções e imprensa próprias cada uma, pois que os mencheviques não se sujeitavam ao centralismo democrático. Assim foram com os seguintes III e IV Congressos e a V Conferência de Tamerfors, eventos nos quais as teses leninistas sobre partido, tática e estratégia, bem como sobre as formas de luta do proletariado sempre venceram, porém Lenin teve que seguir na luta inconciliável contra as fracções revisionistas, especialmente os mencheviques, que durante o período mais difícil da reação stolipiniana (principalmente a partir de 1907 até 1911) passaram abertamente à posição de liquidar o partido.
Mas os mencheviques não estavam só nesta ação criminosa, junto com os otizovistas e outros, conformou-se em seguida o antipartido “Bloco de Agosto”, liderado pelo oportunista de plantão Trotsky. Chegada a esta situação, Lenin, definindo que uma fração é “um grupo de homens comunistas que luta pela defesa e aplicação dos princípios mais puros do marxismo” (37)defende a necessidade de que esta leve a cabo a reconstituição do partido. (sublinhado nosso)
No período de 1912 a 1914, de novo grande ascenso do movimento operário e antecedente à guerra de rapina pela partilha do mundo entre as potências imperialistas, a I Guerra Mundial, e durante a mesma, Lenin, em seu implacável combate ao social-patriotismo, socialchauvinismo em que se derivou as posições revisionistas/oportunistas dos partidos da II Internacional, desenvolveu a teoria militar do proletariado, armando o partido com o programa militar da revolução proletária e afiou precisamente a linha de ação para transformar a guerra imperialista em guerra civil revolucionária.
“Os sociais-chauvinistas – entre eles os mencheviques e socialistas-revolucionários russos – pregavam a paz de classes dos operários com a burguesia dentro de seu país e a guerra com outros povos além-fronteiras. Enganavam as massas escondendo os verdadeiros responsáveis da guerra, declarando que a burguesia de seu país não era culpada da guerra. Muitos sociais-chauvinistas tornaram-se ministros dos governos imperialistas dos seus países.” (38)
Haviam ainda os sociais-chauvinistas disfarçados chamados centristas, tais como Kautsky, Trotsky, Mártov, etc., que como os denuncia Lenin, encobriam suas posições traidoras com a retórica de esquerda da ‘luta contra a guerra’: “Na prática os centristas apoiavam, uma vez que a sua proposta de não se votar contra os créditos de guerra e de se limitar à abstenção significava um apoio à guerra.”(39)
Ademais da luta feroz contra os sociais-chauvinistas na falida II Internacional, brigando para que não se aprovasse nos parlamentos os créditos de guerra, Lenin levou os bolcheviques a se oporem à criação dos “comitês operários de guerra” proposto pelo governo russo. O Partido bolchevique aplicou a linha defendida por Lenin de “derrota de seu próprio governo na guerra imperialista” e de “transformar a guerra imperialista em guerra civil revolucionária” organizando seus militantes nas fileiras do exército czarista, na retaguarda e frente, com intensa propaganda e agitação revolucionárias.
No período da guerra imperialista, na qual a Rússia tornara-se parte da Entende (aliança imperialista da Inglaterra com a França) exatamente porque as grandes empresas de carvão, ferro e aço, bem como do petróleo, instaladas no país, eram capitais ingleses e franceses principalmente – Lenin estava concluindo seus estudos sobre os monopólios, o capital financeiro e suas relações, formulando que o capitalismo havia passado de sua fase de livre concorrência à dos monopólios, caracterizando tal acontecimento como a fase superior, porém particular e última de desenvolvimento do capitalismo: é capital monopolista, parasitário e em decomposição e agonizante. Desmascarando a tergiversação do já calejado oportunista Kautsky sobre este fenômeno, segundo o qual não era mais que “a política preferencial do capital na disputa pelo domínio das colônias e semicolônias”, precisou que o “imperialismo era a guerra”.
“Lenin referiu que a guerra é um companheiro indefectível do capitalismo. O saque de territórios estrangeiros, a conquista e espoliação de colônias, a dominação de novos mercados tinham servido mais que uma vez de motivo aos estados capitalistas para guerras de anexação. A guerra é para os países capitalistas um fenómeno tão natural e legítimo como a exploração da classe operária.” (40)
Neste período a II Internacional entrou em total bancarrota divididos que se achavam seus partidos, ao eles se colocarem ao lado das burguesias imperialistas de seus países. Nos congressos, como os de Zimmerwald (Suiça), embora se aprovasse posições contra a guerra, na prática a imensa maioria dos partidos se rendiam a um podre patriotismo. Os bolcheviques não eram contra todas as guerras, eram contra somente as guerras injustas e ligavam a luta pela paz à vitória da causa proletária. Na conferência de internacionalistas em Kienthal, também na Suiça, conhecida como a II Conferência de Zimmerwald, pôde-se agrupar forças revolucionárias que preparariam a futura fundação da III Internacional.
Foi em meio da guerra imperialista e da luta mais encarniçada dos bolcheviques contra todo o oportunismo socialchauvinista, tendo como centro a linha militar leninista e brigando por aplicá-la, que Lenin irá formular seus magistrais trabalhos Imperialismo, fase superior do capitalismo, A ditadura do proletariado e o renegado Kautsky, Estado e Revolução, entre outros.
E já no início do século XX, ao estudar os problemas da organização do proletariado e de sua vanguarda para levar a revolução a cabo, desafiava a classe apontando que o cumprimento desta tarefa a “destruição do baluarte mais poderoso, não só da reação europeia, mas também (podemos dizê-lo) da reação asiática – tornaria o proletariado russo a vanguarda do proletariado internacional”. (41)Com o triunfo da Revolução Bolchevique, o estabelecimento, organização, defesa e expansão do Novo Poder, a centralidade da linha militar para o Partido Bolchevique se confirmou como problema supremo da revolução proletária.
Durante a Guerra Civil 1917-1921, Stalin, baseando-se no leninismo estabeleceu o eixo estratégico e a direção do movimento, aplastando as posições oportunistas de direita da direção de Trotsky. Estas questões, como veremos adiante, são os antecedentes da compreensão maoísta sobre os eixos e sub-eixos de desenvolvimento da Guerra Popular.
“Para organizar a derrota de Denikin, o Comitê Central do partido enviou para a frente Sul os camaradas Stalin, Vorochílov, Ordjonikídize e Budiónni. Trotsky foi afastado da direção das operações do Exército Vermelho no Sul. Até à chegada do camarada Stalin, o comando da frente Sul tinha elaborado um plano, em conjunto com Trótsky, segundo o qual o ataque principal contra Deníkine seria feito de Tsarítsin para Novorossiisk, através das estepes do Don, onde o Exército Vermelho encontraria caminhos impraticáveis e deveria atravessar regiões povoadas por cossacos, parte considerável dos quais estava então sob a influência dos guardas brancos. O camarada Stalin fez uma crítica demolidora a este plano e propôs ao Comitê Central que o ataque principal se fizesse pela linha de Khárkov-Donbass-Rostov. Este plano assegurava uma deslocação rápida das tropas uma vez que atravessariam regiões operárias e camponesas claramente amistosas. Além disso, a existência de uma ampla rede ferroviária permitia um abastecimento regular do exército. Por fim, este plano permitia libertar o Donbass e garantir o abastecimento do país com combustível”. (42) (sublinhado nosso)
O Partido bolchevique, como um partido de novo tipo, foi reconhecido primeiramente na Rússia, mas que com a vitória da Grande Revolução Socialista de Outubro e a fundação da III Internacional, a Internacional Comunista, em 1919 (43), passou a ser reconhecido crescentemente em todo mundo como um grandioso salto na teoria marxista do partido do proletariado, necessário a todos os países do mundo, sem exceção alguma. Cada vez mais reconhecido como o partido necessário para a revolução em cada país e de forma indesligáveis à Internacional Comunista avançar a revolução mundial e cumprimento cabal da gigantesca tarefa histórica da classe de, através da sua ditadura eliminar as classes e transitar a humanidade à sociedade sem classes, ao luminoso Comunismo.
O II Congresso da Internacional Comunista, realizado em 1920, estabeleceu as 21 condições para ingresso dos partidos nela, como primeiro reconhecimento do caráter universal do salto representado pelo partido de novo tipo, desenvolvido pelo leninismo. Na décima segunda condição afirmava:“Os partidos pertencentes à Internacional Comunista devem ser organizados sobre o princípio da centralização democrática. Numa época como a atual, de guerra civil encarniçada, o Partido Comunista só pode desempenhar seu papel se está organizado do modo mais centralizado possível, se é mantida uma disciplina de ferro quase militar e se seu organismo central está munido de amplos poderes, exerce uma autoridade inquestionável e conta com a confiança unânime dos militantes”. (44)
Ainda no II Congresso definiu-se:
“A Internacional Comunista repudia categoricamentea opinião, segundo a qual, o proletariado pode realizar sua revolução sem ter um partido político. Toda luta de classes é uma luta política. O objetivo desta luta, que tende a transformar-se inevitavelmente em guerra civil, é a conquista do poder político. Por isso o poder político só pode ser conquistado, organizado e dirigido por um determinado partido político. Unicamente no caso em que o proletariado esteja guiado por um partido organizado e experimentado, que persiga fins claramente definidos e que possua um programa de ação suscetível de ser aplicado tanto na política interna como na política exterior, a conquista do poder político pode ser considerada não como um episódio senão como o ponto de partida de um trabalho duradouro de construção comunista da sociedade pelo proletariado. A mesma luta de classes exige também a centralização e a direção única das diversas formas do movimento proletário (sindicatos, cooperativas, comitês de fábricas, educação, eleições, etc.). O centro organizador e dirigente só pode ser um partido político. Negar-se a crer nisto e a afirmar isto, negar-se a submeter-se a esseprincípio equivale a repudiar o mando único dos contingentes do proletariado que atuam em pontos diferentes”. (45) (sublinhado nosso).
Lenin sustenta a necessidade da transformação dos velhos partidos parlamentares em partidos de novo tipo, como um partido de combate:
“A transformação do velho tipo de partido parlamentar europeu, que de fato é reformista e só levemente tido com cores revolucionárias, num novo tipo de partido, num partido genuinamente revolucionário, genuinamente comunista, é um assunto extremadamente difícil. (…) Transformar o tipo de trabalho do Partido na vida diária, transformar o ordinário trabalho cotidiano para que o Partido se converta na vanguarda do proletariado revolucionário sem permiti-lhe que chegue a separar-se das massas, senão, pelo contrário, ligando-o mais e mais estreitamente com elas e as imbuindo de consciência revolucionária e levantando-as para a luta revolucionária, é uma tarefa muito difícil, porém muito importante. Se os comunistas europeus não aproveitam os intervalos (provavelmente muito curtos) entre os períodos de batalhas revolucionárias (…) com o propósito de produzir esta reconstrução fundamental, interna, profunda, de toda a estrutura e de todo o trabalho de seus partidos, cometerão um crime horrível. (46)
Logo, o V Congresso da Internacional Comunista, estabeleceu a campanha pela bolchevização de todos os partidos comunistas. Na campanha de bolchevização destaca-se a necessidade da estruturação do partido por células de locais de trabalho, de moradia, enquanto formas orgânicas correspondentes a necessidades da luta revolucionária, em oposição a sua organização por circunscrição eleitoral, como se organizavam então os apodrecidos partidos da II Internacional. Destaca ainda a necessidade de evitar uma aplicação mecânica: “Há que bolchevizar os partidos seguindo fielmente os legados de Lenin e tendo em conta a situação concreta de cada país.”(47)
A campanha de bolchevização fez parte da luta pela assimilação integral do leninismo e desempenhou um papel importante ao armar o proletariado internacional com uma organização de combate. Entretanto há que ressaltar, que o desenvolvimento de partidos verdadeiramente leninistas em todo mundo, dependia da existência de uma direção que agarrasse com a firmeza necessária estas bases ideológicas e políticas, encarnando-as na aplicação à realidade concreta, para desenvolver partidos comunistas em cada país.
Nesta primeira etapa da revolução proletária mundial, de sua defensiva estratégica, apesar de todo o colossal esforço feito tanto pela Cominter quanto pelo Partido Bolchevique e a URSS, o movimento comunista ainda contava com um baixo desenvolvimento na maior parte dos países. Poucos partidos compreenderam e assumiram corretamente as grandes contribuições do Partido Bolchevique, livrando-se da “bagagem menchevique”. Destacadamente o partido que mais avançou neste sentido foi o Partido Comunista da China, principalmente a partir da Conferência de Tysuni, quando o Presidente Mao Tsetung assumiu a sua direção, após duras lutas de duas linhas contra os desvios de direita e principalmente contra os desvios oportunistas de “esquerda” da maioria do Comitê Central.
Neste problema reside a principal causa do porquê a revolução foi temporariamente derrotada em um conjunto países. Vejamos que foram necessários mais de 15 anos (de 1902 a 1917), em meio de um processo tortuoso, passando pela derrota da Revolução de 1905, e de dura luta de duas linhas para que a concepção leninista de partido pudesse ser aceita pelo Movimento Comunista Internacional e o foi, em sua maioria, mais à razão do triunfo da Revolução de Outubro que a confirmou contundentemente. Isto é parte inevitável do processo de luta entre o velho e o novo, entre o velho que resiste a desaparecer e o novo ainda frágil em seu surgimento. Mas, ainda que não profundamente compreendido, destacadamente sobre a concepção de partido, o leninismo foi aceito amplamente no Movimento Comunista Internacional.
Com o triunfo da Revolução de Outubro de 1917, a vitória na guerra civil, a criação da Internacional Comunista, a aplicação da NEP e logo o início da edificação socialista com os Planos Quinquenais, ficou confirmado a justeza do Partido de Novo Tipo formulado por Lenin e este como parte destacada do leninismo de validez universal. Lenin defendeu e lutou pelo Partido Mundial do Proletariado, a Internacional Comunista como o Centro das Seções de cada país. Questão esta que a experiência histórica da revolução proletária tem comprovado ser uma longa e dura briga por compreendê-la e encarná-la cabal e corretamente. Nisto estamos avançando em elevar o maoísmo como mando e guia da Revolução Proletária Mundial.
III – LINHA DE CONSTRUÇÃO CONCÊNTRICA E PARTIDO COMUNISTA MILITARIZADO
Como afirmamos na introdução, o Partido Comunista militarizado tem seus fundamentos em Lenin e no Presidente Mao, mas foi desenvolvido pelo Presidente Gonzalo e o PCP. O Presidente Gonzalo, aplicando criadoramente o marxismo-leninismo-maoísmo à prática concreta da Revolução Peruana, desenvolveu através da gloriosa e invencível guerra popular a teoria e prática do Partido Comunista, elevando-o a um novo patamar, o do partido comunista marxista-leninista-maoísta militarizado e a linha de construção concêntrica dos três instrumentos da revolução.
O Presidente Gonzalo, aplastando às concepções revisionistas que separam a construção orgânica de sua base ideológico-política, estabeleceu um claro princípio de Construção Ideológico-Político-Orgânico-CIPO, em correspondência à etapa atual de nossa ideologia, o maoísmo: “Sobre a base ideológico-política, construir simultaneamente o organizativo, em meio da luta de classes e a luta de duas linhas, tudo dentro e em função da luta armada pela conquista do Poder (…). (48)
Portanto, em primeiro lugar, desenvolve-se sobre a base ideológica do marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo, maoísmo que é terceira, nova e superior etapa do marxismo, o marxismo dos dias de hoje e os aportes de validez universal do pensamento gonzalo. Base ideológica que necessita ser aplicada de forma criadora à realidade concreta correspondente de cada revolução (necessidade do pensamento guia). Base ideológica esta sem a qual não podemos tomar nenhuma posição correta sobre nenhum problema fundamental da revolução em nossa época.
Segundo, a linha política que é o terreno da luta de classes. Este é onde a Linha Política Geral se desdobra e especifica em seus cinco elementos: 1) linha internacional, 2) Revolução Democrática (Revolução Socialista no caso dos países imperialistas); 3) Linha Militar; 4) Linha de construção dos três instrumentos; 5) Linha de Massas. Enfim Linha Política Geral, cujo centro é a Linha Militar, que é base e guia de toda a ação revolucionária proletária.
Define, portanto que a linha de construção na etapa do maoismo se dá em função da luta armada pela conquista do poder. Ou seja, antes de iniciar a guerra popular tudo se faz em função de iniciá-la, iniciada, tudo deve servir a seu desenvolvimento.
Este grande princípio de construção é poderoso guia fundamental para resolver os problemas da construção dos três instrumentos, para inciar e desenvolver a Guerra Popular, é válido tanto para os países dominados, quanto para os países imperialistas.
Quanto a base ideológica o partido comunista militarizado contém, portanto dois aspectos: 1) baseia-se no marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoismo, como terceira, nova e superior etapa do marxismo; 2) partindo de todo anterior e unindo a este o pensamento gonzalo desenvolve-a a um novo patamar.
O Partido Comunista militarizado é, portanto um desenvolvimento da concepção marxista de partido, deslinda com revisionistas como Avakian e Prachanda que apregoam “originalidade” e “superação de Lenin e Mao”. O Partido Comunista Militarizado representa a reafirmação da vigência plena dos princípios do marxismo, através de seu desenvolvimento.
Sobre seus antecedentes e fundamentos o Presidente Gonzalo apontou seus aspectos essenciais correspondentes às três etapas do marxismo. Afirma:
“Nos ensina que Marx disse que a classe operária cria organizações a sua imagem e semelhança, isto é, organizações próprias. No século XIX com Marx e Engels partimos dotados de uma concepção científica, com doutrina própria, com objetivo próprio, com meta comum, como tomar o Poder e o meio para fazê-lo: a violência revolucionária; tudo isto em luta de duas linhas bastante dura. Marx sentou que o proletariado não pode atuar como classe mais que se constituindo ele mesmo em partido político distinto e oposto a todos os partidos políticos criados pelas classes possuidoras. .(49)
Partindo deste princípio e em correspondência à época (consolidação da revolução democrática burguesa), de modo geral se cumpriu com a criação da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864) e os partidos operários socialdemocratas que se desenvolveram nos países capitalistas avançados, principalmente com a II Internacional fundada por Engels (1889), como Partidos Operários Socialdemocratas nos países capitalistas adiantados.
Lenin definiu o imperialismo como etapa superior e última do capitalismo, em que a sociedade é militarizada ao extremo, em que mais que nunca a luta de classes desenvolve-se através da guerra civil, daí a necessidade do partido revolucionário do proletariado como organização de combate dotado de uma acertada linha militar que ocupe o centro de toda sua atividade. Afirmou ainda que o oportunismo era o posto avançado da burguesia no movimento operário e que pretender combater o imperialismo e a reação de forma separada do combate ao revisionismo e todo o oportunismo não passava de fraseologia oca.
Lenin, estabelecendo que a revolução é uma guerra e o Poder sua questão central, nas duras condições do regime autocrático czarista, foi capaz de usar estas condições como fornalha para conceber e forjar o partido revolucionário do proletariado como Partido de Novo Tipo, estabelecendo tática e estratégia para triunfar a revolução proletária.
O Presidente Gonzalo ressaltou a experiência da Revolução Socialista de Outubro, destacando como o seu triunfo tornou-se realidade pela compreensão de Lenin sobre as questões essenciais para a conquista do Poder pelo proletariado, sendo a principal a do partido de combate, dotado de linha militar acertada e a insurreição como caminho:
“Que no século XX Lenin compreendeu que a revolução estava madura e cria o Partido proletário de novo tipo, plasma a forma de luta: a insurreição e a forma de organização: os destacamentos, que eram formas móveis e que superavam as barricadas do século passado, que eram formas fixas. Lenin defende a necessidade de criar organizações novas, clandestinas, pois, a passagem às ações revolucionárias significava a dissolução das organizações legais pela polícia e que este trânsito só é possível se se realiza passando por cima dos antigos líderes, passando por cima do velho Partido, destruindo-o. Que o Partido devia tomar como exemplo o exército moderno, com disciplina própria e com vontade única e ser flexível. (50)(sublinhado nosso)
Concretamente, os problemas com que Lenin estava lidando no plano teórico e prático sobre o partido, irão se colocar de um modo crucial pela situação e crise revolucionárias do ano de 1905. Então aí, de modo muito objetivo, os problemas para a tomada do Poder pelo proletariado se apresentaram como problema prático para o partido revolucionário do proletariado, e já como partido de novo tipo teoricamente concebido e em construção, resolveu a questão de como dirigir a classe e demais massas populares, em especial o campesinato, na tomada do Poder.
Como pudemos ver anteriormente, em abundantes citações das obras de Lenin na parte II- LENIN E O PARTIDO BOLCHEVIQUE, que o problema militar e da guerra já passava ao primeiro plano, como tarefa da ordem do dia para o partido. Tal era a resistência sobre este problema e não só nas fileiras mencheviques, mas também dos Bolcheviques, que será por causa do despreparo do partido para a tarefa de assalto ao Poder, a causa principal da derrota daquela revolução. Despreparo mesmo dos que brigavam por aplicar a ação militar como centro da atividade de direção do partido junto às massas rebeladas. Por exemplo, o plano de insurreição em dezembro de 1905, aplicado com decisão em Moscou, não foi levado em Petrogrado. O partido revolucionário do proletariado para dirigir a tomada do Poder ainda carecia de experiência mínima necessária.
Muitos que se definem marxistas-leninistas-maoístas não compreendem o eixo da construção do partido, contrapondo com a afirmação de que o que Lenin planteara como principal era a necessidade de um “jornal pra toda a Rússia”, desempenhando a função do “organizador coletivo” e que, portanto o partido de novo tipo se constrói assim. Estes estão equivocados em sua apreciação. Outros, porém se opõem abertamente à ideia mesma do partido de novo de tipo, com o peregrino argumento de que os tempos são outros e que em nada mais guarda qualquer semelhança com a realidade e condições da Rússia czarista de então e, portanto o partido não pode ser do tipo leninista, e que intentá-lo é cego dogmatismo. Estes últimos são os descarados revisionistas.
Lenin colocou o problema do jornal como organizador coletivo ali naquelas condições da Rússia, de início do século XX, nas condições de dispersão dos círculos revolucionários, sob o tacão da polícia política czarista, em meio de dificuldades imensas de comunicação e num país imenso. Todavia o papel de um jornal como órgão central do partido revolucionário do proletariado seguia e segue sendo chave como o fio político capaz de chegar a lugares, nos quais, dirigentes e mesmo iniciantes militantes do partido não podem chegar ainda. O que não estava tão claro à época, mas que se impôs pela vida e dinâmica da luta de classes com os acontecimentos da Revolução de 1905 e seus desdobramentos, nos anos de início da guerra imperialista, em 1917, e com a Revolução Chinesa, quando ficou patente, era a questão militar com a qual a construção do partido teria que se levar de forma unida, sob sua direção.
Ou seja, já naqueles idos, o partido de novo tipo já correspondia ser construído em torno do fuzil. Como destacou o Presidente Gonzalo, quando empreendia a luta pela reconstituição do PCP nos anos de 1970, que a construção do partido em torno do fuzil se impunha “Mais ainda na atualidade, donde com o pensamento gonzalo, se estabeleceu a militarização do partido e a construção concêntrica dos três instrumentos da revolução”.
Aqui é importante destacar que a própria urgência da questão militar fez ressaltar o problema da frente única (no caso principalmente a aliança operário-camponesa), o terceiro instrumento. Este se impôs como problema crucial para o partido quando a tomada do Poder se apresentou como tarefa da ordem do dia, dado o atraso do país e consequente peso das massas camponesas, além do que na realidade da velha Rússia, o exército czarista nada mais era que o “campesinato em armas”. Foi Lenin, diante da realidade e desafios da revolução na Rússia quem, recuperando de uma carta de Marx a Engels, demonstrou como Marx apreciava o papel dos camponeses na revolução proletária. Nela Marx afirmava “Aqui na Alemanha tudo dependerá de apoiar a revolução proletária com uma nova edição das guerras camponesas”. Lenin sustentou a necessidade incontornável para a vitória da revolução proletária de retirar as massas camponesas de reserva da burguesia transformando-as em aliadas seguras do proletariado, aplicando o que definiu, de que o “marxismo elevou o proletariado a dirigente do campesinato”.
Enfim, a necessidade do Partido Militarizado já se colocara pelos fatos na vertiginosa situação revolucionária de 1905, em que a questão do Poder para a revolução democrática entrara na ordem do dia. Embora Lenin não tivesse formulado sobre o Partido Militarizado enquanto tal, ele argumentou e brigou denodadamente por colocar no centro da linha política geral dos Bolcheviques o problema militar e da guerra. É preciso remarcar com rigor que em todo o curso dos anos de 1900, os verdadeiros Bolcheviques, os leninistas, eram, em verdade, a fração vermelha em dura e inconciliável luta de duas linhas pelo estabelecimento do partido de novo tipo. O que, a rigor, só vai se estabelecer por completo com a Conferência de 1912 (Praga), quando se formaliza como organização a parte.
Deve-se ressaltar que a ideia sobre isto, Lenin a tinha e lutou desde seus inícios de marxista, como deixa patente a passagem de o Que Fazer? citada à cabeça deste artigo: “Pequeno grupo compacto, seguimos por um caminho escarpado e difícil, de mãos dadas firmemente. Estamos rodeados de inimigos por todos os lados e temos de marchar quase sempre debaixo do seu fogo. Unimo-nos em virtude de uma decisão livremente tomada, precisamente para lutar contra os inimigos e não cair no pântano vizinho, cujos habitantes, desde o início, nos censuram por nos termos separado num grupo à parte e por termos escolhido o caminho da luta e não o da conciliação.”
Com o Presidente Mao, nas condições da revolução num país ainda atrasado – colonial/semicolonial e feudal/semifeudal –, condições em que a imensa maioria dos países se encontrava (ou seja, onde se encontrava e ainda se encontra a maioria esmagadora dos países e das massas populares no mundo), o Presidente Mao consolidou a prevalência da violência revolucionária, como via para o proletariado conquistar e defender seu poder. Afirmou que “… nos acusam de sermos partidários da teoria da onipotência da guerra, nós somos partidários da teoria da onipotência da guerra revolucionária e isto é marxista”, estabelecendo que “… só com fuzis é possível transformar o mundo” e que “O poder político nasce do fuzil”, a compreensão da necessidade dos três instrumentos fundamentais da revolução, precisando ainda que “O Partido manda no fuzil e nunca permitir que o fuzil mande no Partido”. (51)
O Presidente Mao afirmou na Apresentação da revista O Comunista (4 de outubro de 1939): “Sem a luta armada, na China não haverá lugar para o proletariado, nem para o povo, nem para o Partido Comunista, e a revolução não poderá triunfar. É em meio de guerras revolucionárias que nosso Partido tem se desenvolvido, consolidado e bolchevizado nos dezoito anos passados; sem a luta armada, o Partido Comunista não chegaria a ser o que é hoje. Nenhum camarada do Partido debe esquecer jamais esta experiência que temos pago com sangue.” (52)
E o generaliza:
“A tarefa central e a forma mais alta de toda revolução é a tomada do Poder por meio da força armada, isto é, a solução do problema por meio da guerra. Este princípio marxista-leninista da revolução tem validez universal, tanto na China como nos demais países.” (53)
Dado ao magistral manejo da dialética, sintetizando a lei da contradição como “unidade dos contrários”, que “um se divide em dois” e de que “tudo é contradição”, compreendeu que sendo o partido comunista uma contradição, pois que nele se manifesta as contradições da sociedade, a luta de classes, a contradição entre o novo e o velho e entre o correto e o errôneo, deve-se adotar a luta de duas linhas como método acertado de forja dos comunistas e do partido comunista, para formular e defender a linha proletária vermelha e lutar contra as linhas contrárias burguesas e outras que emergem inevitavelmente no seio do partido. Assim que, na luta contra a direita no PCCh, desencadeou nova e dura luta contra o novo revisionismo de Kruschov e seus “Dois Todos e Três Pacificas”, sustentando o marxismo-leninismo e seus pilares, a luta de classes, a ditadura do proletariado, o partido de classe do proletariado, a violência revolucionária, o socialismo científico e o combate ao revisionismo como perigo principal.
“Com o Presidente Mao a classe compreende a necessidade de construir os três instrumentos da revolução: Partido, Exército e Frente Única interrelacionadamente. Assim resolve a construção dos três instrumentos num país atrasado, semifeudal e semicolonial, através da guerra popular. No concreto resolve a construção do Partido em torno do fuzil e que é o heroico combatente que dirige sua própria construção, o Exército e a Frente”. (54) (sublinhado nosso)
Partindo do princípio de que a “organização deve servir a política” e não o contrário, e do afirmado por Lenin de que “não basta linha”, de que há que ter meios justos para efetivá-la, só quando através do maoísmo o proletariado foi dotado de uma linha militar integral, a Guerra Popular, é que se estabeleceu a compreensão mais profunda do partido comunista militarizado e de sua necessidadeincontornável para o processo da revolução proletária mundial. Trata-se, portanto, da relação indissolúvel entre a Construção e a Linha Política Geral, em que a Construção está em função da linha política geral e seu centro, a linha militar.
O partido comunista militarizado é resultado do desenvolvimento direto da experiência da revolução proletária, quando com o maoísmo esta entrou na sua etapa da ofensiva estratégica, quando a sociedade foi militarizada em todas as suas esferas, atingindo um acentuado grau de decomposição, época em que o imperialismo e toda reação serão varridos da face da terra pela revolução proletária mundial, na forma de guerra popular mundial.
O PCP sistematizou a necessidade de militarizar os partidos comunistas e da construção concêntrica dos três instrumentos fundamentais, em três razões fundamentais:
“Primero, porque estamos na ofensiva estratégica da revolução mundial, vivemos o varrimento do imperialismo e da reação da face da Terra nos próximos 50 a 100 anos, época marcada pela violência e em que se expressam todo tipo de guerras, vemos como a reação está militarizando-se cada vez mais, militarizando os velhos Estados, sua economia, desenvolvendo guerras de agressão, traficando com as lutas dos povos e apontando a uma guerra mundial, porém sendo a revolução a tendência principal no mundo a tarefa dos Partidos Comunistas é desfraldar a revolução, plasmando a forma principal de luta: a guerra popular, para opor a guerra revolucionária mundial à guerra contrarrevolucionária mundial.
Segundo, porque há que conjurar a restauração capitalista. A burguesia quando perde o Poder se introduz dentro do partido, utiliza o exército e busca usurpar o Poder, destruir a ditadura do proletariado para restaurar o capitalismo, portanto os Partidos Comunistas devem militarizar-se e exercer a ditadura onímoda dos três instrumentos, forjar-se na guerra popular e potenciar a organização armada das massas, a milícia popular, para que engula o exército. Por isto nos disse ‘forjar os militantes como comunistas primeiro e principalmente, como combatentes e como administradores’; por isso todo militante está forjado na guerra popular e alerta contra qualquer intento de restauração.
Terceiro, porque marchamos a uma sociedade militarizada. Militarizando o Partido plasmamos um passo para a militarização da sociedade que é a perspectiva estratégica para garantir a ditadura do proletariado. A sociedade militarizada é o mar de massas armadas de que nos falaram Marx y Engels, que assegura a conquista e a defesa do Poder conquistado. Tomamos a experiência da Revolução Chinesa, da base antijaponesa de Yenan que era uma sociedade militarizada donde da boca dos fuzis nascia tudo, Partido, Exército, Estado, nova política, nova economia, nova cultura. E assim desenvolver o comunismo de guerra”. (55)
Trata-se portanto de construir partidos adequados a necessidades da revolução mundial, como instrumento capaz de resolver três tarefas fundamentais:
1) Iniciar novas Guerras Populares: Problema de como iniciar a luta armada como Guerra popular;
2) Desenvolver a GP para a conquista do Poder;
3) Defender e desenvolver o Novo Poder, a Ditadura do Proletariado, conjurando a restauração capitalista.
Estas três razões, tomadas como unidade, correspondem a um conjunto de modificações necessárias para que
o Partido Comunista possa dirigir de forma absoluta os outros dois instrumentos fundamentais da revolução, Exército Popular e Frente-Novo Estado, para realizar a revolução democrática (caso da imensa maioria dos países do mundo), passando ininterruptamente à revolução socialista (etapa atual dos países capitalistas desenvolvidos) e às revoluções culturais para juntos todos entrarem ao luminoso comunismo.
Mas vejamos como o Presidente Gonzalo definiu a militarização dos partidos comunistas:
“A militarização dos Partidos Comunistas é diretriz política que tem conteúdo estratégico, pois, é ‘o conjunto de transformações, mudanças e reajustes que necessita para dirigir a guerra popular como forma principal de luta que gere o novo Estado’, portanto a militarização dos Partidos Comunistas é chave para a revolução democrática, a socialista e as culturais”. (56)
“Na I Conferência Nacional, novembro de 1979, o Presidente Gonzalo planteou a tese da necessidade da militarização do Partido Comunista do Peru; logo, nos primeiros meses de 1980 quando o Partido se preparava para iniciar a guerra popular planteou desenvolver a militarização do Partido através de ações, baseando-se no grande Lenin que disse reduzir o trabalho não militar para centrá-lo no militar, que concluíam os tempos de paz e entrávamos aos tempos de guerra pelo que todos os efetivos deviam ser militarizados”. (57)
A compreensão e aplicação dos Eixos e Planos Estratégicos, tal como se tem desenvolvido a guerra popular no Peru, apresenta-se como questão chave o desenvolvimento das Guerras Populares. É um grande desenvolvimento da teoria marxista que se baseia no aportado pelo Presidente Mao:
“Parte da tese do Presidente Mao de que a tarefa da estratégia como ciência é estudar as leis da direção de operações militares que influem sobre a situação da guerra em seu conjunto. A tarefa da ciência das campanhas e da tática é estudar as leis da direção de operações militares de caráter parcial. E faz um desenvolvimento estratégico de como conduzir a guerra no conjunto do país e em cada zona, tendo em conta sua vinculação com a situação internacional; nos planteia os eixos, sub-eixos, direções de movimento e linhas de movimento os quais nos permitem manter o rumo estratégico da guerra em qualquer circunstância e enfrentar todo tipo de operações políticas e militares que monte a contrarrevolução.” (58)
Este desenvolvimento eleva o papel do partido comunista na guerra revolucionária potenciando o desenvolvimento da guerra popular ligando a construção do Partido à fluidez da guerra revolucionária. Portanto os Eixos Estratégicos de construção a partir dos quais se estabelecem direções de movimento, sub- eixos e linhas de movimento que se desenham interrelacionadamente sobre o território nacional para a conquista do Poder em todo país. Eixos sobre os quais se desenvolvem os planos estratégicos operativos e suas campanhas, por abrir e desenvolver zonas guerrilheiras apontando a bases de apoio, conquistá-las, defendê-las e expandi-las, até a conquista do Poder em todo país.
“O plano Militar nacional, estrategicamente centralizado e taticamente descentralizado, partindo de que todo plano é uma ideologia, que deve refletir a realidade e as peripécias que esta há de expressar; tomando a Stalin, liga estratégia com tática e estabelece os Planos estratégico-operativos, que em concreto são de como a estratégia se vincula com as operações táticas; e assim, cada Comitê tem que elaborar seus Planos estratégico-operativos dentro do Plano Estratégico geral e especificamente dentro do Plano Estratégico-operativo comum a todo o Partido”. (59)
Portanto seu desenho baseia-se na crescente compreensão das leis da guerra revolucionária em geral e das leis específicas da guerra revolucionária no país ou realidade em questão, da correta análise das classes fundamentais de sua sociedade e do papel de cada uma delas em cada etapa da revolução, partindo do conhecimento e domínio das leis mesmas do seu desenvolvimento econômico-social, ou seja, da sua história (pensamento guia).
O Presidente Gonzalo nos ensina que todo o plano deve basear-se na situação da luta de classes internacional e nacional, da luta entre revolução e contrarrevolução em geral e como ela impacta as esferas mais específicas da sociedade, na colina da revolução e na colina da contrarrevolução:“Para a elaboração dos Planos sempre temos em conta os seguintes alinhamentos gerais:1) A luta de classes internacional entre revolução e contrarrevolução; a ideologia; o movimento comunista internacional; o MRI. 2) A luta de classes no país; a contrarrevolução; a conjuntura política; a guerra contrassubversiva. 3) O desenvolvimento da guerra popular; balanço; leis e lições. 4) Necessidade de investigar. 5) A guerra popular e a construção. 6) A guerra popular e as massas. 7) A luta de duas linhas. 8) Programação e Cronograma. 9) Atitude e consignas. Ser superiores às dificuldades e conquistar vitórias mais altas!”. (PCP – Linha Militar – 1988) (60)
Tal questão, como podemos notar é parte fundamental da necessidade do pensamento guia para dirigir acertadamente uma revolução, por isso também ressaltou que “plano é ideologia”, necessita de pensamento guia.
“Ademais liga todo o processo da construção com a fluidez da guerra popular, partindo de que a mobilidade das operações militares e a variabilidade de nosso território dão a todos os trabalhos de construção (…) um caráter variável, como disse o Presidente Mao”. (61)
O processo de construção se dá como construção clandestina, combinando duas redes partidárias armadas, a rede territorial que abarca uma jurisdição e a rede móvel cuja estrutura se desloca. Redes de trabalho, cuja combinação de sua ação se ajustam e servem a necessidades da preparação e direção da Guerra Popular. Trabalho partidário no qual a relação entre trabalho secreto, que é o principal e trabalho aberto, sujeita-se a que o primeiro dá o conteúdo e o segundo a forma.
Como a experiência histórica das revoluções o demonstra a direção é questão chave e decisiva. Esta direção é a conformação de um conjunto de chefes políticos reconhecidos, com sólido domínio da teoria revolucionária e do movimento prático, forjados e comprovados pela luta de classes e luta de duas linhas, e principalmente de um chefe com ascendência entre os demais. Assim o precisou o PCP:
“Em seu processo de desenvolvimento toda revolução, pela luta do proletariado como classe dirigente e, sobretudo do partido comunista que desfralda seus irrenunciáveis interesses de classe, gera um grupo de chefes e principalmente um que a representa e dirige, um chefe de autoridade e ascendência reconhecidos.” (62)
Tal como o comprova a experiência da luta dos oprimidos por sua libertação ao longo dos milênios, os oprimidos sempre elegeram seus chefes. Na época do capitalismo, Lenin definiu que o partido revolucionário do proletariado é um partido de chefes revolucionários. Assim precisou a relação entre chefes, partido, classes e massas, fundamentando a necessidade da chefatura, um chefe de ascendência sobre os demais por seu conhecimento, domínio teórico e do movimento prático, autoridade adquirida e que se sustenta no pensamento guia conformado por e neste mesmo processo. (63)
Portanto a conformação de uma Direção, do contingente de chefes, não é tarefa simples, “uma direção não se improvisa” como afirmou Lenin, mas “basta que exista um punhado para assumir a construção de um partido para que se desenvolva e cresça” (64)(…). Ou seja, o mais importante, não é “quantos somos, mas se queremos”.
Segue nos explicando o Presidente Gonzalo, que no processo de conformação de uma direção seu contingente e nele os homens e mulheres que o compõe só podem desenvolver-se de modo desigual e por saltos:
“E estes chefes não surgem em grandes quantidades e se requer um tempo para sua forja (…) É um punhado de chefes o que uma revolução gera em décadas, o que se gera em uma quantidade maior são dirigentes, uma quantidade maior ainda são quadros e toda uma massa de militantes.” E segue demonstrando que toda revolução necessita de uma cabeça, uma chefatura: “Porém o principal é que se gera um chefe, uma só cabeça que sobressai nitidamente, muito por cima dos demais, e isso é o que temos que entender e não é pela vontade de ninguém, é a própria realidade da revolução, da classe e do partido, a que demandam e promovem essa conformação.” (…) (65)
“já Engels insistiu sobre isto e nos dizia que até um movimento literário tem cabeça que lhe representa (…) Temos aí os três mais grandiosos (Marx, Lenin, Mao Tsetung) chefes da revolução mundial, porque essa é sua dimensão; que o foram também de seus partidos e de sua revolução concreta é subsidiário porque o principal é que são chefes da revolução mundial e nos estabeleceu pois, o grande processo do desenvolvimento do marxismo plasmando marxismo-leninismo-maoísmo”. (66)
Ressalta-se que a questão da Chefatura foi reconhecida já no Manifesto do Partido Comunista, em seu prefácio de 1883, Engels o afirma:
“Marx, o homem a quem a classe operária da Europa e da América deve mais que a nenhum outro (…) A ideia fundamental de que todo o Manifesto está penetrado – a saber: que a produção econômica e a estrutura social que dela se deriva necessariamente em cada época histórica, constituem a base sobre a qual descansa a história política e intelectual dessa época; que, portanto, toda a história (desde a dissolução do regime primitivo de propriedade comum da terra) tem sido uma história de luta de classes, de luta entre classes exploradoras e exploradas, dominantes e dominadas, nas diferentes fases do desenvolvimento social; e que agora esta luta chegou a uma fase em que a classe explorada e oprimida (o proletariado) não pode já emancipar-se da classe que a explora e a oprime (a burguesia), sem emancipar, ao mesmo tempo e para sempre, à sociedade inteira da exploração, a opressão e as lutas de classes –, esta ideia fundamental pertence única e exclusivamente a Marx”.(67) (sublinhado nosso)
Ademais de que se faz necessário tomar em alta conta o que nos planteiam as massas em luta com seu faro e instinto, o de “um cabeça”, assim dizem e reclamam como condição para que possam lograr êxito.
Contudo, contra todos os ataques do revisionismo há que ressaltar que é Chefatura, a qual se sustenta em um pensamento guia e não o contrário. Não se trata, portanto, de questão de indivíduos, senão que de aplicação criadora do marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo e aportes de valor universal do pensamento gonzalo à realidade concreta. Chefatura, que como tal nunca morre e é garantia de triunfo.
Linha de Construção: um partido essencialmente construído entorno do fuzil
Em “Sobre o marxismo-leninismo-maoísmo” (I Congresso, 1988) o PCP afirma:
“O problema da construção dos instrumentos da revolução planteia ao Partido a compreensão da interrelação do Partido, o exército e a frente única; e, compreender e manejar a construção interrelacionada dos três em meio da guerra ou na manutenção do novo Estado baseado no poderio do povo armado expressa um justo e correto trabalho de direção. A construção se guia pelo princípio de que a justa e correta linha ideológica o decide tudo, e é sobre esta base ideológico-política que simultaneamente se desenvolve a construção organizativa, em meio da luta entre a linha proletária e a burguesa e na tempestade da luta de classes, principalmente da guerra, como forma principal de luta seja atuante ou potencial.” (68)
Sublinhamos “potencial”, porque aponta a solução do problema de vital importância, como se aplica a política de construção concêntrica para aqueles que enfrentam a etapa da constituição/reconstiuição.
“A linha de construção concêntrica dos três instrumentos é a plasmação orgânica da militarização do partido”. Sem o Partido comunista militarizado não pode haver construção concêntrica: “O Partido é o eixo de tudo, dirige onimodamente os três instrumentos, sua própria construção, absolutamente a do exército e do novo Estado como ditadura conjunta, apontando à ditadura do proletariado”. (69)
Generalizando sua aplicação, pois que assim a demanda a realidade em desenvolvimento da revolução proletária, o Partido Comunista Militarizado e a Construção Concêntrica é a direção absoluta (ideológica, política e orgânica) do proletariado sobre todos os demais instrumentos e, sobretudo sobre a forma principal de organização, a militar antes de iniciar a guerra popular, com seu início é Exército Guerrilheiro Popular, apoiado na Frente Única Revolucionária antes de iniciar a guerra popular e com seu início e desenvolvimento é Frente-Novo Estado. O Partido Comunista Militarizado se desenvolve com uma linha ideológica única, através de um plano estratégico único, com um mando único, e a ação única.
A construção dos três instrumentos obedece a leis da luta de classes e de que, antes de iniciar a guerra popular se faz através de aplicar crescentemente a violência revolucionária (formas de luta armada), e iniciada a Guerra Popular se dá através dela, e de que não pode crescer rapidamente, senão que obedece a lei de incorporação das massas na Guerra. Ao primeiro salto do início da Guerra gera-se um novo salto na construção, mais Guerra Popular, mais massas, seguindo o princípio que “da ponta do fuzil nasce tudo”. Sobre a relação entre estes três elementos sintetizou: “Construção é base, a guerra popular é o principal e a linha, a Base de Unidade Partidária é o guia”. (70)
A construção concêntrica e militarizada serve a assegurar a direção absoluta do Partido Comunista a todo o processo revolucionário, construindo e impondo a hegemonia do proletariado em todo o processo, unifica e concentra toda sua direção centralizada no Comitê Central e na Chefatura do Partido. O Partido militarizado significa que o mesmo dirige e maneja os outros dois instrumentos desde dentro e aplica tudo através do Exército Popular Revolucionário, com o qual combate e produz, mobilizando, politizando, organizando e armando as massas populares, criando e desenvolvendo o Novo Poder/Novo Estado: o Partido como direção e a Frente Revolucionária/Novo Estado, tendo no Exército Popular de Novo Tipo sua coluna vertebral, o instrumento onde as massas executam as ações e transformações revolucionárias. O Partido constrói o exército e a si mesmo e, entorno de ambos, constrói a Frente Única Revolucionária.
Exatamente por isto o Partido Comunista Militarizado não pode ser obtido sem a Construção Concêntrica dos Instrumentos Fundamentais da Revolução, já que sem construção do Exército e Frente Única Revolucionária a militarização e a direção centralizada do processo revolucionário não pode se dar de modo acertado e completo. Não se pode estabelecer corretamente a aliança operário-camponesa, base fundamental da FUR, a qual só pode ser construída através da luta armada pela conquista da terra para os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra, o Exército revolucionário não pode ser criado e desenvolver-se como exército de operários e camponeses (no caso dos países dominados e no dos países capitalistas desenvolvidos aliança da classe operária com o semiproletariado e setores da pequena burguesia) e todos forjados sob o mando e guia da ideologia todo-poderosa do marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo e aportes de valor universal do pensamento gonzalo a construção do pensamento-guia da revolução, bem como a forja de sua chefatura, enfim impor-se a hegemonia do proletariado com direção absoluta do Partido Comunista e centralização da liderança revolucionária de todo o processo.
Sem Construção Concêntrica dos Instrumentos Fundamentais da Revolução não se pode aplicar acertadamente a Linha de Massas, aplicar o Centralismo Democrático, princípio de organização e funcionamento do proletariado revolucionário, vigente para todos os níveis e esferas do processo revolucionário, desde seu nível superior, seu destacamento de vanguarda, o Partido Comunista, passando pelas formas intermediárias até as organizações de base das massas em seus níveis locais, zonais, regionais, nacional, como formas de organização de luta e de poder.
Assim sistematizando, o PCP definiu as seis características da construção do partido militarizado:
– Construção ideológica: Se forja a militância na base de unidade partidária, o marxismo-leninismo-maoísmo, pensamento Gonzalo, principalmente pensamento Gonzalo;
– Construção política: Se forja a militância no Programa e Estatutos; linha política geral e linha militar como centro, linhas específicas; política geral, políticas específicas; e, planos militares do Partido. A política sempre deve estar no mando e é nosso ponto forte;
– A construção orgânica: O orgânico segue o político e tendo em conta que não basta linha, simultaneamente há que montar os aparatos orgânicos vendo a estrutura orgânica, o sistema orgânico e o trabalho partidário. Estrutura orgânica, o Partido se baseia no centralismo democrático, principalmente no centralismo; se estabelecem duas redes partidárias armadas, a rede territorial que abarca uma jurisdição e a rede móvel cuja estrutura se desloca. Sistema orgânico é a distribuição das forças em função do ponto principal e secundários, donde atua a revolução. Trabalho partidário é a relação entre trabalho secreto que é principal e trabalho aberto; importância das cinco necessidades: o centralismo democrático, a clandestinidade, a disciplina, a vigilância e o segredo, particularmente do centralismo democrático.
A direção. Somos plenamente conscientes de que nenhuma classe logrou na história instaurar seu domínio se não promoveu seus chefes políticos, seus representantes de vanguarda, capazes de organizar o movimento e dirigi-lo; e o proletariado peruano em meio da luta de classes gerou a direção da revolução e sua mais alta expressão: a Chefatura do Presidente Gonzalo que maneja a teoria revolucionária, tem um conhecimento da história e uma compreensão profunda do movimento prático; o qual em dura luta de duas linhas derrotou o revisionismo, o liquidacionismo de direita e de “esquerda”, à linha oportunista de direita ao direitismo; reconstituiu o Partido, o dirige na guerra popular e deveniu-se no maior marxista-leninista-maoísta vivente, grande estrategista político e militar, filósofo; mestre de comunistas, centro de unificação partidária. A reação tem dois princípios para destruir a revolução: aniquilar direção e isolar a guerrilha das massas, porém em síntese seu problema é aniquilar direção, pois é a que permite manter o rumo e materializá-lo. Nosso Partido definiu que, a direção é chave e é obrigação de todos os militantes, brigar constantemente por defender e preservar a direção do Partido e muito especialmente a direção do Presidente Gonzalo, nossa Chefatura, contra qualquer ataque dentro e fora do Partido e sujeitar-nos a sua direção e mando pessoal desfraldando as consignas de “Aprender do Presidente Gonzalo” e “Encarnar o pensamento gonzalo”.
Luta de duas linhas. O Partido é uma contradição donde se expressa a luta de classes como luta de duas linhas entre esquerda e direita. A luta de duas linhas é a que motoriza o desenvolvimento do Partido, de seu manejo justo e correto deriva que a esquerda se imponha.
Trabalho de Massas. Aplicamos o princípio de: ‘As massas fazem a história’. O Partido dirige a luta de massas em função do Poder que é a principal reivindicação”. (71)
IV – NECESSIDADE DE RECONSTITUIR OU CONSTITUIR PARTIDOS COMUNISTAS MAOÍSTAS MILITARIZADOS EM TODO O MUNDO
“Como Lenin nos ensina, em épocas de revolução há que conformar organizações novas e ir contra os velhos dirigentes que o que buscam é vender a revolução por acomodar-se dentro do sistema reacionário. Já não se pode, pois, usar as velhas formas de luta e de organização das massas”.
(PCP – Linha de massas)
A compreensão sobre o partido comunista militarizado é uma necessidade decisiva e incontornável para a reconstituição dos partidos comunistas no mundo e início da GP e também para os partidos comunistas que já dirigem Guerras Populares. Para os primeiros, não poderão progredir na constituição ou reconstituição de partidos comunistas marxista-leninista-maoístas para iniciar a Guerra Popular, seja em países dominados, seja em países imperialistas.
Se o partido comunista é para conduzir a luta pelo Poder, na época atual significa constituí-lo ou reconstituí-lo para desencadear a luta armada revolucionária como Guerra Popular, via e estratégia do proletariado revolucionário para a conquista do Poder e sua defesa, realizar a revolução democrática, socialista e cultural e transitar ao luminoso Comunismo, em que a Linha Militar ocupa o centro da Linha Política Geral e o Exército passa a principal forma de organização, o instrumento principal para mobilizar, politizar, organizar e armar as massas. Portanto a questão da militarização do partido liga-se diretamente à Guerra Popular.
O Partido Comunista Militarizado e a Construção Concêntrica dos Três Instrumentos Fundamentais da Revolução arrasa com as concepções do revisionismo armado de “Frente de Esquerda” e de “braço armado”, “organização político-militar”, teses revisionistas que negam a direção do partido comunista sobre o exército popular (linha militar burguesa), bem como do novo revisionismo, surgido no interior do MCI, que separa e nega o Novo Poder e a Guerra Popular que o cria, se apoia nele e o expande até a conquista do Poder em todo país.
Para onde aponta o novo revisionismo na questão central do partido? Para onde Avakian e Prachanda-Bathhatarai e a LOD-MOVADEF no Peru concentram seus ataques? Contra a teoria e prática do partido militarizado e construção concêntrica dos instrumentos da revolução. No político, Avakian separa e renega a linha militar como centro da linha política geral, e logo quer renegar o partido como eixo de tudo, como eixo do exército revolucionário e do novo Estado, contra a qual teoriza seu “núcleo sólido com muita elasticidade”. O mesmo que o renegado e traidor Prachanda com sua “teoria da fusão”, “competição multipartidária” e “socialismo do século XXI”.
O revisionista e traidor Battaharai, (variante do revisionismo prachandista) apresentou assim a necessidade de um “partido maoísta”:
“(…) desenvolver o mecanismo necessário para assegurar às massas em geral, supervisão, intervenção e controle sobre o Partido, exército e Estado, tanto antes quanto depois da revolução, para impedir distorções burocráticas e para assegurar proletarização constante, para que isto desemboque em uma competição multipartidária dentro de estruturas constitucionais, é definitivamente uma ideia recente e está em ruptura com o pensamento e modalidade tradicionais. Além disto, a proposta de se deslocar uma seção do Partido para trabalho de massas e a outra seção para administrar o Estado, em vez de envolvimento de todo o partido nas questões do Estado, e a legar responsabilidades aos sucessores revolucionários em lugar de a principal liderança administrar o Partido e o Estado por toda a vida, são de amplo significado e consequências. Tais proposições podem jogar um papel importante na correção das debilidades e limitações inerentes aos Partidos proletários e Estados do século XX e dão um novo impulso à revolução proletária mundial”. (72)
Como dizia Lenin, há alguns que “tentam criar algo totalmente original, e no seu afã de sabedoria, não fazem mais do que cair no ridículo”.(73) O que predica o novo revisionismo? Concepção oposta a construção concêntrica, separação entre partido e exército e frente-Novo Estado, onde a frente é para democracia (burguesa) multipartidária, ou seja, desenvolver o partido necessário para a democracia (burguesa) multipartidária e não construção do Novo Poder, da ditadura do proletariado conquistada e defendida mediante Guerra Popular.
A essência do novo revisionismo na questão do partido e da linha de construção consiste na negação da necessidade da militarização dos partidos comunistas e a construção concêntrica dos três instrumentos. Ao negar o caráter concêntrico de sua construção, nega-se a direção absoluta do partido comunista sobre os dois outros instrumentos fundamentais da revolução, derivando em linha militar burguesa, e consequentemente negação da construção do Novo Poder através da Guerra Popular, bem como negação da necessidade imperativa da ditadura do proletariado, dissimuladas em suas fórmulas de “núcleo sólido com muita elasticidade” e “competição multipartidária”.
Nos processos de constituição e reconstituição de partidos comunistas no mundo, a militarização e construção concêntrica dos três instrumentos é questão determinante que senta bases para o grande salto do Iniciar a Guerra Popular, questão de grande importância na experiência da Revolução Proletária Mundial.
Muitos partidos que defendem a necessidade da guerra popular nos países imperialistas, não assumem seu princípio básico, estratégico e essencial que é a questão do Poder, o Novo Poder que se constrói passo a passo mediante destruição do velho poder reacionário, parte por parte, desde a primeira etapa da guerra, a da defensiva estratégica, passando pela do equilíbrio até a da ofensiva estratégica, com a conquista do Poder em todo o país. Isto é, não assumem a linha militar, como doutrina militar científica, completa e harmônica, e mais, como concepção de Poder e de política de Poder do proletariado, e por consequência renegam a necessidade de desenvolver partidos militarizados e construção concêntrica dos três instrumentos da revolução.
Hoje, alguns partidos e organizações maoístas, que publicamente assumem que prepararam o início da Guerra Popular, especialmente nos países imperialistas, mas não apenas neles, erguem uma “muralha da China” entre uma e outra fase, entre a fase da luta principalmente não armada para a fase da luta principalmente armada, com a construção do Novo Poder, a Guerra Popular, terminam pois, aplicando a tese revisionista da acumulação pacifica de forças, desviando-se do caminho, e mesmo se degenerando em partidos revisionistas.
Estas posições direitistas afirmam defender a necessidade da militarização, mas sustentam tal como conhecidos revisionistas, que antes do início da luta armada, a atividade do partido revolucionário do proletariado deve ser principalmente legal e que somente depois do dito “início da luta armada” é que este partido deve passar a clandestinidade, “militarizando-se”.
O Presidente Mao afirmou: “e uma guerra revolucionária é um antitoxina que não só elimina o veneno inimigo mas também nos purga daquilo que temos de malsão.” (74)
Como um “partido” que não esteja estruturado e atua como partido clandestino poderia educar as massas na “violência revolucionária”, mantendo toda sua ação à “luz do dia”, “sob os olhos e alcance das mãos do inimigo”? Poderia dito partido, forjar dirigentes, quadros e militantes para desencadear a luta armada revolucionária como Guerra Popular e dirigi-la, enquanto sua atividade se desenvolve principalmente em plena legalidade? Onde e quando, na experiência histórica da luta dos oprimidos e principalmente da revolução proletária, pode-se encontrar exemplo para isto? A história da luta de classes, não nos oferece semelhantes exemplos, pelo contrário este tem sido, recorrentemente o caminho trilhado pela capitulação e revisionismo.
Como observou o Presidente Gonzalo, o problema da clandestinidade não é questão simples, pois está ligado com nossa concepção e à revolução, cuja tarefa é conquistar e defender o Poder. É o próprio desenvolvimento de nosso trabalho que nos leva a novas formas, novas formas capazes de armar os organismos da revolução de modo a serem superiores aos da reação.
Nos ensinou o Presidente Gonzalo:
“Em síntese é brigar por destruir uma velha ordem e construir uma nova ordem, destruir um Velho Estado e fazer um Novo Estado requer clandestinidade, em grau maior ou menor, segundo as necessidades históricas”. (75)
Uma vez que o partido comunista é para tomar o poder, a clandestinidade reveste-se de questão de princípio, uma vez abandonado este princípio, abandona-se efetivamente a bandeira da revolução, como precisou sua necessidade o Presidente Gonzalo:
“A essência da clandestinidade é manter erguida as bandeiras da revolução, é para persistir contra o vento e a maré nos interesses da classe e do povo, é lutar indomavelmente por conquistar o Poder e defendê-lo, é combater por fazer uma nova sociedade, por construir o socialismo, no rumo do comunismo (…) serve para manter as formas orgânicas compaginadas com as formas de luta que permitam desenvolver direção e métodos de direção adequados (…) para servir a elevar o trabalho orgânico, o trabalho do partido ao nível de direção política, ou seja, ao nível do cumprimento das tarefas políticas que a direção política estabelece em função das metas do Partido, da linha política geral, da linha militar; tem a ver com o estilo de trabalho, tem a ver como essas mesmas formas de clandestinidade nos permitem manter o vínculo com as massas, que em essência é defender seus interesses e organizar as formas de luta em função destes interesses, é a ligação com as massas, para isso se fazem formas orgânicas ‘x’; que permita, pois, lutar com as massas, para avançar com elas, ou deslocar-se com elas quando é necessário, e que nos permita manejar as questões da crítica e autocrítica porque estas são partidárias, ou seja, que nos permita toda uma marcha do Partido que garanta cumprir suas tarefas”. (76)
As pretendidas formas de “acumulação fria de forças”, ainda que revestidas de altissonantes frases de “maoísmo” e “Guerra popular”, não podem desenvolver mais do que diferentes tipos de reividicacionismo, frentismo, economicismo, derivando inevitavelmente em oportunismo e revisionismo, que busca justificar sua acomodação à legalidade burguesa. Sem a constituição ou reconstituição entorno do fuzil, ou seja, como partido militarizado e luta armada (ainda que, nesta fase, como forma secundaria de luta), os comunistas cairão inevitavelmente na teoria da acumulação fria e em organizações, método e estilo revisionistas.
O Presidente Gonzalo já alertara que partidos que passavam anos se preparando para a luta armada, no momento de iniciá-la, dividiam-se e capitulavam. Nesta questão reside a pedra de toque de todo processo de reconstituição dos partidos comunistas ao nível mundial, a qual é objeto de aguda luta de duas linhas no MCI.
O partido comunista somente pode militarizar-se mediante ações, principalmente armadas. Logo seu desenvolvimento e forja depende de que este, enquanto partido clandestino – em que se combina trabalho aberto e legal com trabalho ilegal e secreto –, sendo clandestino para a reação e nunca para as massas, eduque as massas na violência revolucionária através da luta armada, desde suas formas mais rudimentares e pequenas, desenvolvendo-se em mais elaboradas e complexas. Esta é uma necessidade para os partidos e organizações tanto dos países dominados quanto dos países imperialistas. Como afirma, uma vez mais contundentemente, o PCP: “às massas há que educá-las na guerra popular, em sua teoria e prática, pois, educá-las na paz das baionetas é permitir que as sigam degolando.” (77)
A luta de classes, na época em que o imperialismo se encontra na sua fase de afundamento e varrimento pela ofensiva da revolução proletária mundial, dirigida pelo maoísmo e os aportes de valor universal do pensamento gonzalo, não poderia se desenvolver de outra forma, senão que através da violência, em todos os países, como parte da contradição entre revolução e contrarrevolução ao nível mundial, e em cada caso concreto. Seguindo este importante princípio marxista todos aqueles que separam a guerra e política caem invariavelmente em oportunismo e revisionismo.
Citando Clausewitz, Lenin sempre remarcava que “a guerra é a continuação da política por outros meios”. O Presidente Mao nos ensinou:
“A guerra, que tem existido desde o aparecimento da propriedade privada e as classes, é a forma mais alta de luta para resolver as contradições entre classes, nações, Estados ou grupos políticos, quando estas contradições chegaram a uma determinada etapa de seu desenvolvimento”. (78)
O Presidente Mao afirmou ainda:
“‘A guerra é a continuação da política’. Neste sentido, a guerra é política, e é em si mesma uma ação política. Não houve jamais, desde os tempos antigos, nenhuma guerra que não tivesse um caráter político. (…) Porém a guerra tem suas características peculiares, e neste sentido, não é igual à política em geral. ‘A guerra é a continuação da política por outros meios’. Quando a política chega a certa etapa de seu desenvolvimento, mais além da qual não pode prosseguir pelos meios habituais, estala a guerra para varrer o obstáculo do caminho. (…) Quando seja eliminado o obstáculo e conseguido nosso objetivo político, terminará a guerra. Enquanto não se elimine por completo o obstáculo, a guerra terá que continuar até que se logre totalmente o objetivo. (…) Pode-se dizer então que a política é guerra sem derramamento de sangue, enquanto que a guerra é política com derramamento de sangue.(79)
Durante a Revolução Chinesa o Presidente Mao afirmou que apenas poderia fazer política aquele que contasse com um exército. Esta é uma verdade que tem validez universal.
Vejamos o que nos apresenta o “Linha de massas do PCP”:
“a forma principal de luta é a luta armada e a forma principal de organização é a força armada; que antes do estalido de uma guerra, todas as lutas e organizações devem servir a prepará-la e uma vez iniciada a guerra devem servir a desenvolvê-la (…) fazemos o trabalho de massas em e para a guerra popular.” (80)(sublinhado nosso).
Partindo deste princípio, a luta armada é forma permanente que se desenvolve a luta entre as classes antagônicas em todas as partes, de forma ainda mais notável porque vivemos na época do imperialismo e da revolução proletária, como contenda entre revolução e contrarrevolução, entre o poder armado a da reação organizada contra o poder desorganizado das massas desarmadas. Tudo depende portanto que os partidos comunistas se constituam ou reconstituam (segundo seja o caso), entorno do fuzil, assumindo desde os primeiros dias a tarefa de armar e pugnar por dirigir as lutas armadas das massas na luta contra o poder da reação armada, sendo em toda fase de constituir/reconstituir, como forma secundária de luta, para logo, a partir da culminação da constituição/reconstituição do partido comunista, esta passe a forma principal de luta, a luta armada, e a forma principal de organização, os destacamentos e pelotões. Em síntese, o Partido comunista aprende a fazer a guerra fazendo.
Com a constituição/reconstituição do Partido Comunista e início da Guerra Popular, o Exército Revolucionário, em seus inícios de construção, passa a ser o principal instrumento através do qual o Partido realiza o trabalho de massas, mobilizando-as, politizando-as, organizando-as e armando-as para a luta pela conquista e defesa do Novo Poder.
Desta compreensão se resolve a questão chave para constituição/reconstituição de Partidos Comunistas e início de novas Guerras Populares: a necessidade da aplicação prévia da linha militar, ou seja, do desenvolvimento da luta armada revolucionária, ainda sem que esta assuma forma principal de luta, de forma simultânea a constituição/reconstituição do partido comunista, como construção concêntrica dos instrumentos da revolução e preparação para iniciar a Guerra Popular.
O partido comunista se militariza somente mediante ações, e estas ações são, principalmente, ações militares em seus quatro tipos (propaganda armada, sabotagem, aniquilamento seletivo e guerra de guerrilhas), mas também as demais ações da luta de classes. Entretanto ressalta-se que estas ações de tipo militar são o principal na militarização do partido, e que as demais estão subordinadas a estas e devem servir a elas. As lutas reivindicativas são importantes, mas a luta pelo poder é principal:
“Que a militarização do Partido só pode ser levada adiante através de ações concretas da luta de classes, de ações concretas de tipo militar, isto não quer dizer que só realizemos, exclusivamente, ações militares de diverso tipo (ação guerrilheira, sabotagens, aniquilamento seletivo, propaganda e agitação armadas), senão que devemos realizar principalmente estas formas de luta a fim de incentivar e desenvolver a luta de classes doutrinando-a com fatos, neste tipo de ações como formas de luta principal da guerra popular”. (81)
Acaso nos países imperialistas, e ainda mais nos países oprimidos, não temos suficientes exemplos de ações armadas espontâneas das massas, especialmente de sua juventude e das camadas mais profundas do proletariado e no caso dos países oprimidos os camponeses? A estes partidos permanecem vigente as recomendações dadas pelo grande Lenin:
“Com verdadeiro horror – palavra – vejo que faz mais de seis meses que se está discursando sobre bombas, mas que não foi fabricada nenhuma até agora. (…) Dirijam-se a juventude! É só esta, a única panaceia universal. Do contrário, lhes dói minha palavra, chegarão tarde (…) Criem em seguida, destacamentos de combate em todas as partes, entre os estudantes e, sobretudo, entre os operários(…) se organizem imediatamente destacamentos de três, dez, trinta homens. Que se armem imediatamente por si mesmos, cada qual como possa e com o que possa, alguns com um revólver, outros com um punhal, outros com um trapo encharcado com petróleo para incêndio, etc., que esses destacamentos elejam já seus dirigentes e se ponham dentro do possível, em relação com o Comitê de Combate. (…) Não exijam a adesão obrigatória do Partido socialdemocrata, seria uma exigência absurda para uma insurreição armada. Não se neguem, a entrar em relações com cada círculo, ainda que esteja composto por três pessoas, com a única condição de que seja de toda confiança e que esteja decidido a lutar contra o exército czarista. Que os círculos que desejarem, adiram ao Partido socialdemocrata, perfeitamente; mas eu estimaria absolutamente errôneo exigir-lhes isso como condição prévia.” (82)
Como afirmou Lenin, um exército que surge basicamente sem armas, o Exército Guerrilheiro Popular, um Exército de Novo Tipo que cumpre as tarefas políticas da Revolução.
O Exército Guerrilheiro Popular cumpre três tarefas, correspondentes em síntese, à construção concêntrica dos três instrumentos: 1) Combater, que é a tarefa principal, através da qual, destrói o velho e defende e sustenta o novo; 2) Mobilizar as massas para a revolução, tarefa para a qual cria organizações vermelhas segundo a necessidade da construção da Frente Única Revolucionária/Novo Poder (83). Sendo no campo, a forma principal novo Poder nas Bases de Apoio, através dos Comitês Populares (abertos ou fechados) e nas cidades, nas crescentes organizações revolucionárias das massas, para a construção do novo poder em perspectiva e preparação da insurreição geral na etapa de ofensiva estratégica; 3) Produzir, para não ser carga para as massas, sendo parte do novo poder, na nova economia, de nova democracia ou socialismo, segundo o caso concreto. Portanto o trabalho de massas do Partido, se realiza através do Exército.
Esta inter-relação entre os três instrumentos pode ser resumida em que todos e cada um membros do partido, são comunistas em primeiro lugar e principalmente, combatentes e administradores, expressando a construção dos três instrumentos no partido como eixo de tudo, e em cada um de seus militantes forjados nestes três aspectos indissoluvelmente.
Alguns partidos do MCI, ao estilo da Rabotchaia Dielo, querem separar a construção orgânica de sua base ideológica e política, (seja no plano nacional ou internacional) opondo-se com isso à direção absoluta do Partido aos demais instrumentos e à Revolução.
Ao predicar o organicismo defendendo supostos passos no “movimento real”, na prática fazem apologia da unidade sem princípios (ou princípios burgueses), exatamente para se esquivar de toda luta teórico-ideológica imprescindível para a unidade dos comunistas no mundo. Este organicismo resume as concepções oportunistas no terreno organizativo. Lenin nos advertira sobre este perigo ao afirmar que:
“Ademais, estas palavras de Marx têm sido tomadas de sua carta sobre o Programa de Gotha, na qual censura duramente o ecletismo admitido na formulação dos princípios: já que necessita unir-se — escrevia Marx aos dirigentes do Partido –, ‘pactuai acordos para alcançar os objetivos práticos do movimento, porém não trafiqueis com os princípios, não façais concessões teóricas’. Este era o pensamento de Marx, e temos aqui que entre nós há pessoas que em seu nome trata de minorar a importância da teoria!” (84)
Estas são lições extremamente importantes para o Movimento Comunista Internacional, pois demole impiedosamente posições avessas ao centralismo, como também a posições “organicistas”, as quais baseiam-se na unidade orgânica e não na unidade ideológico-política como base e guia da linha de construção; rechaça todo desprezo pequeno-burguês ao centralismo de partido e aplasta por completo as posições oportunistas e seu cacarejo sobre a construção de baixo para cima (mesmo em alguns casos sendo incompreensão), que converte o “partido” num mero apêndice do movimento reivindicativo de massas. Em termos orgânicos, neste problema reside o erro fundamental na construção de alguns partidos maoístas no mundo hoje.
Por sua vez, no caso dos Partidos maoístas que já dirigem guerras populares, que estão construindo Novo Poder em meio duma luta crescentemente mais encarniçada, mais violenta e mais sangrenta, como não poderia deixar de ser, o problema da militarização e construção concêntrica dos três instrumentos se coloca como questão chave, para garantir o rumo destas revoluções através da direção absoluta e justa do Partido Comunista e potenciá-las. E só o pode fazer derrotando as linhas oportunistas de direita e de “esquerda”, que de uma forma ou de outra emergem inevitavelmente, de tempo em tempo, no partido, no exército revolucionário e no Novo Poder, por meio de negociações, acordos de paz e concertação com o velho Estado intentando frear a linha vermelha proletária que persegue conquistar o Poder em todo país. E só pode derrotar tais linhas contrárias à proletária elevando em termos ideológicos, políticos, orgânicos e militar a direção do processo revolucionário, o Partido Comunista como heroico combatente, para estabelecer com Planos Estratégicos de construção e desenvolvimento dos três instrumentos a formas superiores às do inimigo, servindo a potenciar o desenvolvimento da Guerra e construção do Novo Poder e sua conquista em todo o país.
Se uma linha ideológico-política correta é questão decisiva para o avanço de um processo revolucionário, todavia não basta linha, sua justeza deve revestir-se de formas orgânicas correspondentes capazes de armar o proletariado com organizações superiores às do inimigo, em cada fase e etapas do processo revolucionário, segundo as leis específicas da guerra revolucionária, sem a qual o partido não poderá conceber e realizar esta linha correta, resultando em sérios prejuízos para a revolução.
V – CONCLUSÃO
O Partido Comunista Militarizado é a mais alta expressão e materialização organizada da ideologia científica do proletariado, o marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo e aportes de valor universal do pensamento gonzalo: é a sua mais alta plasmação e encarnação. É a mais alta forma de organização e disciplina do partido revolucionário do proletariado para a aplicação, consequentemente mais elevada, da violência revolucionária na necessária guerra de classes sem quartel, quando o imperialismo atingiu seu grau mais avançado de decomposição, época que o mundo está transitando, na qual o imperialismo e toda a reação serão varridos, total e cabalmente, pela revolução proletária.
Em sua conformação e forja, no curso da luta por sua Constituição ou Reconstituição, na imensa maioria dos países no mundo hoje, o partido comunista deve saltar à condição de partido comunista militarizado, um partido essencialmente construído em torno do fuzil, para desempenhar seu papel de condutor e guia da revolução, através de ações armadas como preparação para iniciar a guerra popular, passando ao centro da Linha Política Geral a Linha Militar em desenvolvimento e a forma principal de organização para mobilizar, politizar, organizar e armar as massas, o exército (ou seu embrião).
Desenvolver e forjar o partido militarizado implica novo salto na compreensão e prática da atividade partidária, elevar a compreensão e prática do centralismo democrático, assegurando a prática do conjunto das atividades e tarefas revolucionárias, imprimindo crescentemente objetividade em todo acionar. Isto implica concretamente nova configuração e funcionamento do movimento revolucionário em geral e de sua direção em particular, que passam então a um novo patamar, o início da nova etapa na forma mais elevada e superior da luta de classes, a da luta armada revolucionária como guerra popular, brigando por desenvolvê-lo e consolidá-lo, expressão de mais alta consciência política e forja ideológica, como essência e nova modelagem e fisionomia em sua forma, enfim crescente forja de disciplina proletária mais elevada.
Em Que fazer? Lenin caracterizou que a força do proletariado na época do imperialismo: “consiste-se no despertar das massas, e sua debilidade, na falta de consciência e de espírito de iniciativa dos dirigentes revolucionários.” (85) Esta afirmação é novamente válida, sendo necessário, aos dirigentes revolucionários desfraldar, defender e aplicar, principalmente aplicar o marxismo-leninismo-maoísmo e os aportes de valor universal do pensamento gonzalo à realidade concreta de cada país, constituindo ou reconstituindo verdadeiros partidos marxista-leninista-maoístas militarizados para iniciar a guerra popular, a serviço da revolução mundial.
O II Congresso da Internacional Comunista, ao estabelecer o papel dos partidos comunistas na revolução proletária, ressalta que a Revolução bolchevique substitui a antiga forma clássica do movimento operário de partidos, sindicatos,cooperativa, correspondente ao período da II Internacional, pelas novas, correspondentes ao leninismo: “1º)opartido,2º) o soviete,3º) o sindicato”. Hoje exige-se três instrumentos, Partido, Exército Popular e Frente Única Revolucionária, construídos concentricamente, o partido construído em torno do fuzil dirige sua própria construcão, a construção do exército e da frente.
Tal como a campanha pela bolchevização apresentou-se como questão chave para avançar a revolução nos anos e décadas seguintes ao grande triunfo da Grande Revolução Socialista de Outubro, já ha quase 50 anos exige-se pôr-se em correspondência com a terceira, nova e superior etapa do marxismo, o maoísmo, através de constituir ou reconstituir partidos comunistas militarizados para iniciar a guerra popular, bem como para potenciar as guerras populares em curso e impulsionar a revolução mundial.
O Presidente Gonzalo, no início dos anos de 1990, acertadamente afirmou que a questão chave da revolução proletária, na época atual, era a de pôr o maoísmo no mando e guia da Revolução Mundial, que para isto demandava-se constituição ou reconstituição de verdadeiros partidos comunistas maoístas militarizados que desencadeassem a luta armada revolucionária.
Desta questão segue dependendo o desenvolvimento da Nova Grande Onda da Revolução Proletária Mundial. O desencadeamento da guerra revolucionária como forma superior da luta de classes do proletariado, nessas complexas, porém favoráveis, condições objetivas e subjetivas de hoje, só depende da decisão, capacidade e audácia dos comunistas que persistem. É o desafio incontornável!
“Na época do imperialismo, quando a Revolução Proletária tornou-se não somente inevitável, mas realizável seu triunfo, ela é a Guerra Popular aplicada à realidade concreta de cada país, de todos os países sem exceção alguma. É o que, a rigor, afirma a ciência, o marxismo e nos confirma a experiência histórica da Revolução Proletária. Neste sentido a Revolução Proletária Mundial é, de modo geral, a guerra das massas dirigida pelo Partido Comunista, realizada pelo Exército Popular e sustentada pela Frente Única Revolucionária. É guerra do proletariado pela conquista do Poder e sua defesa, nas revoluções de Nova Democracia (incluída as guerras de libertação nacional) ininterrupta ao Socialismo, nas revoluções Socialistas e nas revoluções Culturais Proletárias sucessivas, para transitar ao luminoso Comunismo.” (86)
A necessidade do partido comunista militarizado é parte fundamental e inseparável da compreensão do maoísmo, crescentemente assumido pelos comunistas no mundo. Como parte do processo de luta entre o novo e velho, se desenvolve e se afirma em um processo desigual, através da luta de duas linhas em meio da luta de classes, ou seja, quanto mais luta de duas linhas e luta de classes, maior compreensão e assumimento. Esta tarefa foi reconhecida e assumida por nove partidos e organizações marxista-leninista-maoístas que se reuniram no V Encontro de Partidos e Organizações MLM da América Latina e no Primeiro Encontro de partidos e organizações MLM da Europa. Tal problema e sua importância ficaram expressos em um conjunto de declarações conjuntas e, principalmente, na declaração do referido V Encontro acerca da Situação Internacional e as Tarefas do MCI, os quais constituem importantíssimo aporte ao MCI e aos revolucionários de todo mundo.
A situação objetiva e subjetiva extremamente favorável, as décadas de luta persistente do proletariado contra a ofensiva geral da contrarrevolução, empunhando ferreamente a bandeira do maoismo, das contribuições de valor universal do pensamento gonzalo e da guerra popular, tem servido a deslindar na atualidade, mais do que nunca, marxismo do revisionismo de todo o tipo. Através de dura luta de duas linhas contra o velho e novo revisionismo, o maoismo vai se impondo como mando e guia da revolução mundial. Está se gestando um novo salto, que impulsionará a grandes alturas a Nova Grande Onda da Revolução Proletária Mundial que já se iniciou, lançando suas labaredas luminosas por todas as pradarias da Terra.
Notas
* O objetivo fundamental deste artigo, tal como se apresenta o propósito da Revista O Maoísta, é servir à luta de duas linhas no Movimento Comunista Internacional, abordando as questões e problemas fundamentais da Revolução Mundial. Portanto o objetivo deste artigo não é o de realizar uma exposição sistemática sobre a concepção do partido revolucionário do proletariado, no desenvolvimento do marxismo em suas três etapas, mas sim, como parte da Celebração dos 100 anos da Grande Revolução Socialista de Outubro, demonstrar os antecedentes do partido comunista militarizado presentes no leninismo e no Partido Comunista bolchevique, sustentando sua necessidade imprescindível para desencadear e dirigir a luta armada revolucionária como guerra popular em cada país, para dar novo impulso à Revolução Mundial.
1 Lenin. Discurso de cierre sobre el informe del Comité Ejecutivo Central y del Consejo de Comisarios del Pueblo sobre la política interna y externa, en el VIII Congreso de los Soviets de toda Rusia. Obras Completas, t,45 – 1920.
2Lenin. ¿Qué Hacer? Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín 1974. Pág. 164.
3 Mao Tsetung. ¡Fuerzas revolucionarias del mundo, uníos, luchad contra la agresión imperialista! OE, tomo IV, pág. 294. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín 1976.
4 Ídem.
5 Mao Tsetung. Con motivo de la aparición de El Comunista. OE, tomo II, pág. 296. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1976.
6 Mao Tsetung. Reformemos nuestro estudio. OE, tomo III, pág. 21. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1976. .
7 Stalin. Los Fundamentos del Leninismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1968. Pág. 107.
8 Comité Central del PC (b) de la U.R.S.S. Historia del Partido Comunista (Bolchevique) de la U.R.S.S. Ediciones de Lenguas Extranjeras. Moscú, 1939. Pág. 154.
9 Lenin. La Bancarrota de la II Internacional. OC, tomo 26. Editorial Progreso, Moscú, 1984. Pág. 227.
10 Stalin. Los Fundamentos del Leninismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1968. Págs. 107-108.
11 Lenin. Imperialismo fase superior del capitalismo, Prólogo a la edición francesa e alemán – Editorial Progresso, Moscú, 1981. Pág. 12.
12 Stalin. Los Fundamentos del Leninismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1968. Pág. 109
13 Ídem
14 Lenin. ¿Qué Hacer? Prólogo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1974. Pág. 4.
15 Ibíd. Pág. 32.
16 Ibíd. Pág. 34.
17 Ibíd. Págs. 160-161.
18 Lenin. Un paso adelante, dos pasos atrás. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1977. Pág. 279.
19 Ibíd. Prólogo. Pág. III
20 Ídem. Págs. 241-242.
21 Ídem.
22 Lenin. La guerra de guerrillas. De la colección: V. I. Lenin, Marx Engels Marxismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1980. Pág. 206.
23 Vasiliev y Kedrov. Lenin militante ilegal. En: Rompiendo la noche. Ediciones Pavlov, México, 1946.
24 Lenin. La guerra de guerrillas. De la colección: V. I. Lenin, Marx Engels Marxismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1980. Pág. 211.
25 Ibíd. Pág. 207.
26 Lenin. Palabras proféticas. OC, tomo 36. Editorial Progreso, Moscú, 1984. Pág. 491
27 Piot Arkádievich Stolypin (1862-1911). Presidente del Consejo de Ministros y Ministro del Interior de la Rusia zarista entre 1906 y 1911.
28 Osip Piatnisky. Cómo forjar un Partido bolchevique. En: Rompiendo la noche. Ediciones Pavlov, México, 1946.
29 Lenin. Las tareas del proletariado en la presente revolución. OC, tomo 31, págs. 190-194. Editorial Progreso, Moscú, 1985.
30 Stalin. Los Fundamentos del Leninismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1968. Págs. 109-126.
31 Partidarios de la retirada de todo trabajo legal en todas las formas, expresaban una concepción sectaria y ocultista.
32 Comité Central del PC (b) de la U.R.S.S. Historia del Partido Comunista (Bolchevique) de la U.R.S.S. Ediciones de Lenguas Extranjeras, Moscú, 1939. Pág. 169.
33 Lenin. El imperialismo y la escisión del socialismo. De la colección: V. I. Lenin, Marx Engels Marxismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1980. Pág. 406. Neste trabalho, escrito em 1916, Lenin sustentou teoricamente o vínculo indissolúvel existente entre o surgimento do imperialismo e a vitória temporária do oportunismo no movimento operário. Isto é, que na época do imperialismo a necessidade da separação entre marxistas e seus falsificadores tornara-se inevitável na forma da cisão em todos os termos.
34 Comité Central del PC(b) de la U.R.S.S. Historia del Partido Comunista (Bolchevique) de la U.R.S.S. Ediciones de Lenguas Extranjeras Moscú, 1939. Pág. 150
35 Bloque surgido con la conferencia de varios grupos liquidacionistas organizada por Trotsky para oponerse a las tesis leninistas.
36 Comité Central del PC(b) de la U.R.S.S. Historia del Partido Comunista (Bolchevique) de la U.R.S.S. Ediciones de Lenguas Extranjeras Moscú, 1939. Págs. 151-152.
37 Ídem.
38 Ibíd. Págs. 178-179.
39 Ibíd. Pág.179.
40 Ibíd. Pág.173.
41 Lenin. ¿Qué Hacer? Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1974. Pág. 36.
42 Comité Central del PC(b) de la U.R.S.S. Historia del Partido Comunista (Bolchevique) de la U.R.S.S. Ediciones de Lenguas Extranjeras Moscú, 1939. Pág 257.
43 “Desde os primeiros dias da guerra, Lenin começou a juntar forças para a criação da III Internacional. Logo no manifesto contra a guerra, em Novembro de 1914, o Comitê Central do Partido bolchevique colocou a tarefa de fundar a III Internacional em substituição da II, que sofrera uma vergonhosa bancarrota” Ídem
44 II Congreso de la Internacional Comunista. 1920.
45 Resolución sobre el papel del partido comunista en la revolución proletaria. II congreso de la IC.
46 Lenin. Notas de un publicista. OC, tomo 44, págs. 438-439. Editorial Progreso, Moscú, 1985.
47 V Congreso de la Internacional Comunista.
48 Partido Comunista del Perú. Línea de construcción de los tres instrumentos de la revolución. 1988.
49 Ibíd.
50 Ibíd.
51 Mao Tsetung. Problemas de la guerra y de la estratégia – Obras Escogidas. t II. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1976.
52 Presidente Mao Tsetung. Con motivo de la aparición de El Comunista. OE, tomo II, pág. 300. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1976.
53 Mao Tsetung. Problemas de la guerra y la estrategia. OE, tomo II, pág. 225. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1976.
54 Partido Comunista del Perú. Línea de construcción de los tres instrumentos de la revolución. 1988.
55 Ibíd.
56 Ibíd.
57 Ibíd.
58 Partido Comunista del Perú. Línea Militar. 1988.
59 Ibíd.
60 Ibíd.
61 Ibíd.
62 Partido Comunista del Perú. Documentos Fundamentales. 1988.
63 Não nos deteremos em aprofundar e ampliar os fundamentos deste problema essencial da revolução e do partido revolucionário do proletariado, a do pensamento guia e chefatura. Esta questão encontra-se fundamentada cientificamente no I Congresso do PCP, conta ademais com outro artigo na presente edição “O Pensamento de Lenin” e será objeto de futuros artigos da Revista O Maoísta.
64 Partido Comunista del Perú. Desarrollar la construcción: tres bases y tres guías. 1991.
65 Presidente Gonzalo. Pensamiento Fundamento. 1988
66 Ibíd.
67 Engels. Prefacio a la edición alemana de 1883 de El Manifiesto del Partido Comunista.
68 Partido Comunista del Perú. Documentos Fundamentales. 1988.
69 Partido Comunista del Perú. Línea de construcción de los tres instrumentos de la revolución. 1988.
70 Partido Comunista del Perú. Documento resumen del Congreso.
71 Partido Comunista del Perú. Línea de construcción de los tres instrumentos de la revolución. 1988.
72 Baburam Bhattarai. Los diez memorables años de aplicación y desarrollo de las ideas revolucionarias. 2006.
73 Lenin. La enfermedad infantil del “izquierdismo” en el comunismo. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín 1975. Pág. 29.
74 Mao Tsetung. Sobre la guerra prolongada. OE, tomo II, pág. 133. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín 1976.
75 Presidente Gonzalo. III Pleno del Comité Central. PCP, 1992.
76 Ídem.
77 Partido Comunista del Perú. Línea de masas. 1988.
78 Mao Tsetung. Problemas estratégicos de la guerra revolucionaria de China. OE, tomo I, pág. 194. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín 1976.
79 Mao Tsetung. Sobre la guerra prolongada. OE, tomo II, págs. 156-157. Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín 1976.
80 Ídem.
81 Partido Comunista del Perú. Línea de construcción de los tres instrumentos de la revolución. 1988.
82 Lenin. Al comité de combate adjunto al comité de San Petersburgo. OC, tomo 11, págs. 349-350. Editorial Progreso, Moscú, 1985.
83 Quanto à frente/novo Estado ter em conta isto partindo da ligação entre Estado-Frente, se concretiza em Frente Revolucionária de Defesa do Povo a partir de Comitês Populares no campo e nas cidades simplesmente como Movimento Revolucionário de Defesa do Povo. O Novo Estado o construímos no campo até finalmente plasmar o Poder em todo o país. (PCP – Linha Militar)
84 Lenin. ¿Qué Hacer? Ediciones en lenguas extranjeras, Pekín, 1974. Pág. 31.
85 Ibíd. Págs. 36-37.
86 Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha). Guerra Popular y Revolución. Revista El Maoísta. No 1.