Equador: Viva a emancipação da mulher trabalhadora e rebelde (Frente de Defesa das Lutas do Povo, 2018)
Nota do blog: Publicamos neste mês do Dia Internacional da Mulher Proletária o discurso de dirigente da Frente de Defesa dos trabalhadores de Imbabura. Tradução não-oficial de original publicado em fdlp-ec.blogspot.com
Evento das companheiras do Sindicato Nacional da Saúde.
Não quero iniciar sem emitir minha mais profunda e respeitosa saudação à ideologia do proletariado, o marxismo-leninismo-maoismo, ao pensamento Gonzalo. Quero saudar a memória da camarada Nora, do Partido Comunista do Peru; da camarada Sandra, do Movimento Feminino Popular do Brasil; da nossa memorável camarada Cecília, que com caráter de classe esteve à frente do sindicato; à todas as mártires que entregaram suas vidas pela causa da mulher, que não é outra senão a causa da libertação dos povos e a permanente luta pela conquista do poder para a classe, para os oprimidos; às minhas companheiras e camaradas do Movimento Feminino Popular, organização das mulheres proletárias, camponesas e populares a serviço da transformação de nossa sociedade e do mundo.
Queremos também saudar o sindicato da Osuntramsa, às companheiras e camaradas pela realização deste ato o qual aspiramos converter em uma verdadeira homenagem à mulher oprimida, explorada e que clama por sua emancipação.
Saudar as mulheres operárias exploradas, às camponesas pobres e às mulheres simples de nosso povo. Às mulheres oprimidas do mundo.
Estamos aqui companheiras, e muitas de nós o fazemos agarradas a critérios coerentes, consequentes com o significado que este dia tem. Contudo, outras, estranhas ao verdadeiro sentimento que devem ter aquelas mulheres que compreendem que a metade do céu descansa em nossos ombros, e com isso, a responsabilidade compartilhada de sermos partícipes na transformação do mundo.
Não basta, companheiras, nos reunirmos e falarmos de libertação das mulheres, muito menos cair no feminismo burguês que nos coloca lado a lado daquelas oportunistas que buscam unicamente ter a possibilidade de ocupar os mesmos cenários dos homens, quer seja na atividade econômica, política, social, sexual, e até comportamental. Não companheiras, isso não é nos libertarmos, porque na maioria dos casos terminaremos nos colocando do lado deles, mas também do lado de seus defeitos, de seu comportamento ruim, oportunista, outros, revisionistas, traidores e traidoras dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras exploradas.
Mariátegui já dizia: “As mulheres, assim como os homens, são reacionárias, centristas ou revolucionárias. Não podem, consequentemente, combater juntas a mesma batalha. No atual panorama humano a classe diferencia mais os indivíduos do que o sexo.”
Assim tem sido até hoje companheiras.
Nos falam de Manuelita Sáenz, libertadora do libertador, que se deu a morte com suas duas escravas, Jonatas e Nathan, e mesmo assim, junto a Simón Bolívar não teve o necessário para dar a liberdade aos negros, negras, índios e índias, fatos que só se deram 30 anos depois no governo de Urbina em 1852-1853.
Mas nada dizem que nesses anos da independência tivemos insignes representantes do campesinato pobre e explorado, do povo oprimido e das mulheres libertárias como Lorenza Abimañay, Jacienta Juárez e Lorenza Peña que encabeçaram o levantamento indígena de Columbe, Chimborazo, em 1803, contrário ao regime colonial e assentaram as verdadeiras bases camponesas para a luta pela independência que no fim das contas pouco ou nada representou para nosso povo.
Estas lutadoras indômitas posteriormente foram capturadas e, em particular, Lorenza Abimañay foi degolada junto com Julián Quito, outro dos líderes do levantamento camponês.
Em 1871, com o levantamento de Fernando Daquilema, em Yaruqíes, Chimborazo, contra o regime clerical de García Moreno. Esta vez foi Manuela León, aguerrida combatente do povo que já lutou por nossos interesses de mulher; a Tránsito Amaguaña, que junto ao único lado onde nós mulheres podemos compartilhar da melhor maneira nossas vidas, cotovelo a cotovelo, ombro a ombro, suspiro a suspiro com os homens, aqueles comprometidos com a luta e as justas causas da classe e do povo.
Nada disso a história oficial retoma, mas o que a imprensa destes dias nos fala é da Dra. Matilde Hidalgo de Procel que em 1929, falando como os que escrevem a história a sua maneira, nos abriu o caminho para que nós nos incorporemos ao regime de eleição e possamos votar nas urnas.
Patranhas, mentiras, pois o que ali se registrou foi o início de uma nova forma de domesticação da mulher, desta vez com esse conto de democracia representativa, eletiva. Fariseia, que nos abria os braços para a ingenuidade e para o oportunismo.
Sem vergonha alguma, dizem que a mulher equatoriana foi resgatada porque hoje ocupa postos como parlamentares ou diretoras de partidos políticos da reação, do oportunismo e do revisionismo, mas não nos dizem que o comportamento político ideológico destas não é diferente daqueles que nos governam por centenas de anos e que somente deixam uma trilha de miséria e violência.
E assim tem sido ao longo da história.
Mas também é importante que vocês, companheiras, conheçam que há alguns anos, na década de 90 do século passado, neste sindicato militavam e dirigiam mulheres de nova estirpe como a camarada Cecilia Hidalgo, militante do Partido Comunista do Equador – Sol Rojo.
Convém que vocês conheçam que nossas companheiras não só lutavam pela assinatura de contrato coletivo e a reivindicação de nossos direitos dos quais vocês ainda se beneficiam, mas lutavam pelas reivindicações do povo em geral, ou seja, o sindicato tinha uma correta linha de classe, ideológica. Que saibam que muitas dessas mulheres nos levaram a viver jornadas de luta poucas vezes vistas e reconhecidas participando ativa e combativamente nas greves nacionais, na tomada da catedral na praça da independência em Quito, da presidência, lugares onde nossas companheiras da Fetsapi e da Osuntramsa em geral lutaram e resistiram aos fortes e violentos embates da reação, ou naquela ação que deu a volta ao mundo quando junto aos companheiros da Frente de Defesa das Lutas do Povo, nós tomamos a embaixada de México para denunciar as políticas anti-operárias do regime de turno.
Quanta glória, companheiras, quanta luta, quantos espaços onde verdadeiramente estávamos exercitando nosso processo de libertação, de emancipação como mulheres!
Então, isso é o que devemos resgatar, esse espírito de luta que tem nervo, pensamento, filosofia e ação que se mostra na ideologia. Ou seja, companheiras, se não tivermos a ideologia correta que guie nossas lutas, nossos propósitos como mulheres, e acima disso, como classe, nada teremos feito. Em nada teremos avançado se nos pormos ao lado daqueles homens que hoje se mostram servis ao velho Estado burguês-latifundiário.
Companheiras, deve-se ter claro que este não é um dia de festa, não é um dia de rosas e brindes, é um dia comemorativo, de luta onde a obrigação de retomar as bandeiras de Lorenza Abimañay, de Manezuela León, Transito Amaguaña, da camarada Nora, Sandra, Edith Lagos, de Cecilia, urge. Mais ainda quando assistimos a decadência do imperialismo, do capitalismo burocrático e seu sistema de governo, a democracia burguesa-latifundiária, que definitivamente está podre, corrupta assim como quem a sustenta. Porém devemos entender que sozinha, por si mesma não se derrubará sem que nós paguemos essa necessária cota de luta, de sacrifício.
Que esta oportunidade, companheiras, se constitua em um ato de reflexão e compromisso sobre o verdadeiro papel que nós mulheres temos, não nos partidos políticos eleitoreiros que nos utilizam como gado eleitoral, não companheiras, muito menos submissas ante ao regime patriarcal e machista que sempre dá jeitos de nos pôr de lado porque essa é sua natureza semifeudal. Nosso papel está além, está junto ao homem e eles junto às mulheres que têm caráter e consciência de classe de seu papel transformador.
Vamos brigar para recuperar o movimento sindical no país, vamos estabelecer jornadas de formação e luta, que, sobre a prática, nos forjem como mulheres libertas, verdadeiras filhas da classe e do povo.
Vamos brigar para que o sindicato também esteja dirigido por mulheres, não necessariamente de atividades complementares, senão ali, à frente de todas e de todos, mas não pelo simples e natural fato de sermos mulheres, porém por sermos proletárias com consciência de classe, protegidas pela ideologia correta e, acreditem companheiras, não é outra que o marxismo-leninismo-maoismo.
Não querem rosas, queremos o fuste para castigar os que oprimem ao povo.
Não queremos ser vistas como gado em competição, ou como gado eleitoral, se nos vem que nos vejam como somos, trabalhadoras, mães, companheiras, filhas, combatentes; que nos vejam como seus carrascos, como aquele pesadelo vermelho que estremecerá suas vidas minuto a minuto até que sejam varridos para sempre; goste ou não, como suas coveiras, seus coveiros. Isso somos.
Não queremos elogios nem que nos subestimem, queremos desatar a fúria milenar da mulher que a partir da perspectiva de classe é centro para a construção da sociedade de Nova Democracia, com transição ininterrupto ao socialismo, antessala do dourado comunismo.
VIVA A MULHER PROLETÁRIA!
SEM CORRETA DIREÇÃO IDEOLÓGICA NA LUTA DAS MULHERES, NADA CONQUISTAREMOS!
A EMANCIPAÇÃO DA MULHER SÓ SERÁ POSSÍVEL NO CURSO DA TRANSFORMAÇÃO REVOLUCIONÁRIA DA SOCIEDADE COM GUERRA POPULAR!
VIVA O MARXISMO-LENINISMO-MAOISMO!
VIVA A GUERRA POPULAR NA ÍNDIA, TURQUIA, FILIPINAS E NO PERU!
SE NÃO COMBATEMOS AO REVISIONISMO, NADA TEREMOS FEITO!
VIVA O MOVIMENTO FEMININO POPULAR!