A questão feminina e o marxismo (Movimento Feminino Popular, 2018)

Nota do blog: Publicamos documento do Movimento Feminino Popular, retirado do atual site do MFP (http://sites.google.com/sites/brasilmfp), por ocasião do Dia Internacional da Mulher Proletária.


A história da humanidade tem sido, há milênios, desde o surgimento da propriedade privada, uma história de exploração e dominação de uma classe por outra, mas tem sido também, uma história de luta combativa dos explorados contra os exploradores. Desde então duas ideologias se confrontam: a dos opressores e a dos oprimidos. Na época contemporânea, na qual vivemos, as duas ideologias em confronto são a ideologia burguesa e a ideologia proletária. O marxismo é a ideologia do proletariado e hoje, mais desenvolvido, o marxismo-leninismo-maoísmo é a que ilumina a luta dos explorados, reafirmando que só com a revolução para a tomada do poder pelas classes exploradas é possível se libertar a Humanidade da exploração e dominação e se construir uma sociedade justa.

O Brasil é dominado pelo imperialismo (principalmente por Estados Unidos) e nosso povo é explorado pelos burgueses e latifundiários, classes serviçais do imperialismo. Isto acontece porque vivemos no sistema capitalista. Neste sistema, as mulheres operárias e camponesas são ainda mais exploradas que os homens porque, além de trabalharem para o sustento da família, mesmo recebendo sempre menos que os homens, ainda têm que assumir as tarefas de casa, que são muitas, pesadas e diárias. Além disto, os próprios homens operários e camponeses, influenciados pela ideologia burguesa dominante, têm muitos preconceitos em relação à mulher, considerando-a inferior a eles, achando-a incapaz de pensar e agir como eles.
Mas é preciso compreender que a opressão sobre as mulheres é uma opressão de classe. Ela está vinculada às relações de propriedade, ou seja: da condição de ser ou não proprietário dos meios de produção – ao capitalismo e à semifeudalidade, no nosso caso. E esta opressão existe há milênios, desde a sociedade escravista, passando pela feudal até o capitalismo. No capitalismo esta situação da mulher se alterou: ela passou a ter participação ativa no processo produtivo, pois o desenvolvimento das máquinas conduziu à inclusão da força de trabalho de mulheres e crianças. Isto permitiu que a mulher tomasse parte mais ativa na luta de classes.
No entanto, mesmo nas democracias capitalistas mais avançadas, onde vários direitos foram atendidos às mulheres, no fundamental – como diz Lênin – elas permanecem na lida caseira, são escravas do lar, vivem esgotadas pelas tarefas mais mesquinhas, mais ingratas, mais duras e mais embrutecedoras: a da cozinha e, em geral, a da economia doméstica familiar individual. Pois existe uma relação indissolúvel entre a posição social e humana da mulher e a propriedade dos meios de produção. Uma verdadeira emancipação da mulher somente é possível mediante o comunismo. O que quer dizer que, o problema da mulher é parte do problema social, do problema operário e sendo assim, está profundamente unido à luta proletária de classes e à revolução. [Clara Zetkin – “Lenin – Recordações sobre sua vida”
No momento histórico no qual nos encontramos, de desenvolvimento de novo ascenso do movimento popular, torna-se indispensável a organização das mulheres proletárias e camponesas principalmente, juntamente com suas aliadas da pequena-burguesia num vigoroso Movimento Feminino Popular, agregando a força da metade das classes oprimidas na luta revolucionária.
A fundação do Movimento Feminino Popular se deu com muita luta teórica e prática. Exporemos aqui nossa concepção sobre o problema feminino em seus diversos aspectos, baseada em nossos estudos com o objetivo de compreendermos os passos necessários ao desenvolvimento de uma organização de vanguarda e de massas de mulheres. Partindo da concepção científica da classe operária – o marxismo – aprofundamos o estudo para lograr uma compreensão correta da origem da opressão feminina; da concepção correta de sua luta pela emancipação; da necessidade de sua politização; da forma orgânica da qual se reveste esta luta e da importância em todos esses campos de combater com firmeza o reformismo e o oportunismo como concepção das classes dominantes, estabelecendo assim uma linha de massas para organizar a ação combatente, despertando a fúria revolucionária dos milhões de mulheres do povo em nosso país.