Tradução não-oficial de declaração do PCI (Maoísta) sobre a Semana dos Mártires.
Comitê Central
3 de Junho de 2017
ORGANIZEMOS POR TODO O PAÍS A SEMANA DOS MÁRTIRES DE 28 DE JULHO A 3 DE AGOSTO DE 2017 COM O MAIOR ENTUSIASMO! RENDAMOS HOMENAGEM AOS MÁRTIRES QUE ENTREGARAM SUAS VIDAS NA GUERRA POPULAR! DERROTEMOS A MISSÃO-2017 DAS CLASSES DOMINANTES INDIANAS, CUJO OBJETIVO É ACABAR COM O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO! PROTEJAMOS A DIREÇÃO DO PARTIDO E IMPULSIONEMOS O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO! DIGAMOS BEM CLARO QUE O CAMINHO DA GUERRA POPULAR, INICIADO EM NAXALBARI, É O ÚNICO CAMINHO PARA A LIBERTAÇÃO DAS MASSAS OPRIMIDAS!
Camaradas e massas revolucionárias!
Dar a vida pelo povo tem mais peso que o Himalaia. Morrer pelas classes exploradoras é um ato mais leve que uma pluma. Os comunistas revolucionários entregam-se por inteiro à revolução social e à defesa dos interesses do povo. Trabalham com total dedicação, o que inclui o sacrifício de suas próprias vidas. Toda grande mudança exige sacrifícios. Que a história da luta de classes é a história de muitos sacrifícios é tão evidente quanto a história da sociedade ser a história da luta de classes desde que estas existem.
Em nosso país, desde a grande luta armada campesina de Naxalbari, no contexto da revolução de Nova Democracia destes últimos 50 anos, quase 15 mil pessoas, desde dirigentes do mais alto nível até ativistas e revolucionários de base, entregaram suas vidas por essa causa. Sacrificaram suas vidas para lograr o objetivo por meio da Guerra Popular Prolongada, tal como a formularam os fundadores do nosso Partido, grandes dirigentes e mestres, mártires como o camarada Charu Majumdar ou o camarada Kanbai Chatterjee. Desde julho de 2016 até maio de 2017, 205 camaradas e revolucionários foram mortos no marco dessa múltipla ofensiva fascista de escala nacional, autêntica guerra contra o povo, que leva por nome Operação Caçada Verde, e que as classes dominantes indianas têm intensificado como total apoio e direção dos imperialistas, em especial dos estadunidenses. Dos camaradas mortos, dois eram membros do Comitê Central, 131 eram de Dandakaranya, 27 de Bihar-Jharkhand, 25 da zona fronteiriça de Andhra-Odisha, seis de Odisha, um de Telangana, dois de Bengala Ocidental e outro das Ghats Ocidentais. 54 eram mulheres entre quadros e aldeãs.
28 de julho é o dia do martírio do camarada Charu Majumdar e também o dia em que se recorda milhares de heróis populares. O Comitê Central do Partido, às vésperas do 50º Aniversário de Naxalbari, faz um chamamento para celebrar prodigamente a Semana dos Mártires, de 28 de julho a 3 de agosto, em memória dos caídos do último ano e dos mártires das últimas cinco décadas.
No último ano, o martírio dos dirigentes da Revolução indiana, camarada Narayan Sanyal (Vijaiyda), de 80 anos, membro do Comitê Central e do Politburo, e camarada Kuppu Devaraj (Kamesh Yogesh) de 62 anos, constitui uma perda irreparável para o movimento revolucionário. Os camaradas Devaraj e Ajitha estavam gravemente enfermos e dirigiam-se a Kozhikode, quando foram detidos. Na sequência foram terrivelmente torturados e assassinados na área florestal de Neelambur, em Kerala, em 24 de novembro, no marco da “Operação Brahmagiri”.
O camarada Narayan Sanyal morreu de câncer em 16 de abril, em Calcutá. Alguns membros do Comitê Estadual, como o camarada veterano Raghunath Mahato e o camarada Asish Yadav, de Bihar-Jharkhand, a camarada Himadri Roy (Somenda, Bighanda), de Bengala Ocidental, os camaradas Prasad e Daya, da região fronteiriça de Andhra-Odisha, e a camarada Ajitha (Ghaveri), das Ghats Ocidentais, também encontram-se entre os mártires. Entre eles também cabe citar, igualmente, o membro do Comitê Regional camarada Sangram Murmu (BJ), os membros do Comitê de Distrito camarada Prabhakar, camarada Kiran de AOB (Andra-Odisha Border, em português Fronteira de Andrha-Odisha, N.T.), camarada Prince (Companhia-1, ERC), camarada Suday (Zona Central), camarada Yatin (Koel-Sankh), camarada Sailesh , camarada Ajit Yadav, de Bihar-Jharkhand, camarada Jagath (Bastar Ocidental), camarada Poli (Darbha), camarada Kailesh (EBT), de Dandakaranya, o membro do Comitê de Sub-Área camarada Nagendra Yadav (BJ), os 33 membros dos Comitês de Áreas/Comitês do Partido (comandantes e subcomandantes de seções, esquadrões e pelotões do Exército Guerrilheiro de Libertação Popular (PLGA em suas siglas em inglês), 4 membros do GPC e do RPC, 8 comandantes da Milícia Popular, 7 dirigentes e ativistas das organizações de massas, dezenas e dezenas de membros do PLGA, combatentes da Milícia Popular, militantes do Partido, simpatizantes e revolucionários. Dois camaradas chegaram ao martírio na prisão devido a negligência das autoridades penitenciárias.
Muitos dos mártires entregaram suas vidas em falsos confrontos, operações encobertas e emboscadas do inimigo, como em Budhanadhi (Koel-Sankh, BJ) e Thelam Tumnar (Bastar Ocidental, DK), dois camaradas foram martirizados em um ataque do TPC, gangue assassina de contrarrevolucionários, em Palamu, em BJ. Nos confrontos que tiveram lugar em Ramguda, em AOG e em Budhanadi, em BJ, nossos camaradas, comandos militares e guerrilheiros lutaram heroicamente, alguns deles entregando suas vidas e salvando assim outros quadros e dirigentes do Partido. Na emboscada de Sondaha, em BJ, morreram heroicamente os camaradas Prince e Suday, e na emboscada de Burkapal, em DK, os camaradas Anil (comandante do P1-24, Darbha) e Ravi (comandante de Charla LOS, Khammam, Telangana), martirizados, lutando com grande valor contra as forças para-militares. Outros camaradas também morreram devido à idade, a problemas de saúde e mordidas de serpente.
Entre as mulheres mártires, caídas heroicamente em combate, encontram-se veteranas militantes do Partido, como as camaradas Mamatha e Latha (Bharathi), as militantes Budri e Manjuba (Ungi), de AOB, as camaradas Hemla Angu (Bastar do Sul), Ramsila (RKB), Sukki Jogi (Darbha), Jagbathi Iadavi (Sony), Rajbathi, de EBT, Anupriya, de Koel-Sankh, em BJ, e outras. As camaradas Hemla Anju, Podiyam Sukki, Doodhi Guddi, Ratna, Adami e as aldeãs Jyothi Gavade e Hemla Sukmathi foram sequestradas pela polícia, violentadas em grupo e finalmente assassinadas. Estas feras inumanas amputaram as partes íntimas de algumas camaradas após tê-las assassinado.
Todos os mártires entregaram suas vidas em luta contra a ofensiva sem igual que as forças armadas governamentais desenvolvem no marco da Missão-2016 e Missão-2017, ambas parte da terceira fase da Operação Caçada Verde. Todos eles são heróis do povo e mártires que sacrificaram suas vidas a serviço da causa das massas oprimidas. Os camaradas dirigentes caídos em luta mantiveram-se firmes durante anos e anos até o último suspiro, superando muitos altos e baixos, muitas reviravoltas, sempre fiéis à linha do Partido. Os mártires renunciaram a qualquer forma de egoísmo e identificaram-se com os interesses populares e do Partido. Demonstraram terem feito seus, em alto grau, os valores, ideais, valentia e decisão comunistas. O Comitê Central rende humilde homenagem a todos esses mártires que entregaram suas vidas na Guerra Popular. Nosso compromisso para com eles é lutar até o final pelo triunfo da Revolução de Nova Democracia na Índia como parte da Revolução Socialista Mundial. Façamos avançar um passo além o movimento revolucionário, com iniciativa e valentia, com sacrifício e espírito bolchevique! Por ocasião da semana dos mártires, recordemos a todos e cada um deles e aprendamos de sua prática. Que seus ideais sejam os de todos os membros do Partido e do povo, e lhes inspirem em suas tarefas revolucionárias!
Desde que o governo da NDA, encabeçado pelo BJP, chegou ao poder, a ofensiva fascista do governo central e dos estados intensificou-se notavelmente contra o movimento revolucionário dirigido por nosso Partido, o PCI (Maoísta), em todo país. O movimento está conseguindo rechaçar à mão armada a feroz ofensiva militar reacionária, ao mesmo tempo que faz frente às classes dominantes e exploradoras nos âmbitos social, político, econômico, organizativo e propagandístico, com novas táticas adaptadas para cada momento. Os governos central e dos estados haviam previsto derrotar e eliminar o movimento revolucionário em Dandakaranya, Bihar-Jharkhand, AOB, Odisha, nas Ghats Ocidentais e outras regiões, por meio da Missão-2016. No curso da luta contra estes planos contra-revolucionários dos governos, adotamos medidas políticas, militares e organizativas, que conseguiram no último ano derrotar a Missão-2016. Todas estas medidas exigiram o sacrifício dos mártires e a ativa participação do povo revolucionário em todos e cada um dos passos dados.
Com o sangue dos mártires vieram os triunfos para o Partido e para o povo no curso da Guerra Popular. Nestas condições, os governos central e dos estados têm consolidado seus próprios logros derivados da ofensiva contra-revolucionária do último ano e têm reformulado outro funesto plano, sob a direção dos imperialistas, para acabar com a Revolução indiana nos próximos 2 ou 3 anos, quer dizer, antes do fim de 2018, em sumo, antes das eleições parlamentárias de 2019.
A operação teórica e política da militância do Partido tem melhorado nos últimos 3 anos graças à campanha de bolchevização empreendida para fortalecê-lo. Tem aumentado a segurança e a confiança da militância do Partido no que se trata de responder à ofensiva do inimigo, dinamizando assim a Guerra Popular. A militância do Partido está mobilizando em grande escala as massas populares em relação a seus problemas cotidianos fundamentais de tipo social e político e contra a violência do Estado, tudo isso com o objetivo de superar a difícil situação que o Partido enfrenta atualmente. A luta de classes está agudizando-se. Nossas forças do PLGA têm melhorado no momento de dar a resposta armada às forças do inimigo. A base de massas está se fortalecendo. A resistência popular contra os ataques do inimigo não deixa de crescer. O povo opõe-se abertamente à polícia quando esta detém ilegalmente os militantes do Partido e da Organização, ou quando assassina cruelmente nossos militantes ou simples cidadãos. O povo também responde quando são produzidos estupros coletivos de mulheres e quando são assassinadas após serem violentadas. O povo cerca as delegacias quando as forças policiais abrem fogo indiscriminadamente contra membros do Partido, das unidades do PLGA e das massas, assim como quando maltratam desumanamente os corpos dos falecidos e os levam. Enfrentam os agentes e conseguem recuperar os corpos dos mártires para realizar seus ritos funerários.
Camaradas!
Devemos compreender profunda e exaustivamente a relação dialética entre a intensificação da ofensiva fascista do inimigo e a crise econômica que existe no país e no mundo. Devemos perceber com clareza a relação que há entre as forças inimigas e os interesses imperialistas a cujo serviço estão as brutais forças fascistas brahmanico-hindus que governam o país. Para sair da crise iniciada em 2008, os imperialistas empreenderam uma série de políticas que, contudo, têm fracassado. A consequência tem sido uma intensificação de sua ofensiva por todo o país. Nesse marco, as classes dominantes compradoras, representadas pelo governo de Modi, estão aplicando políticas econômicas neoliberais ainda mais agressivas, seguindo as diretrizes dos imperialistas. Todas as políticas fascistas brahmanico-hindus da gangue de Modi-Mohan Bhagawat-Amir Shah destes últimos três anos estão encaminhadas para pôr em prática agressivamente os interesses dos imperialistas e das classes feudais. Estão contrárias às classes, às nacionalidades e às comunidades sociais opŕimidas de nosso país. Estão reduzindo à miséria as vidas das amplas massas da Índia.
Todo o palavrório do governo de Modi sobre o desenvolvimento do país, com lemas como “Make in India” ou “Star up India”, não são mais que pura propaganda. O setor industrial do país segue débil mesmo três anos após sua chegada ao poder. O desemprego, o aumento dos preços dos produtos básicos e o aprofundamento da crise do setor agrário estão deixando às claras a debilidade deste “desenvolvimento”. Os diferentes programas apresentados para eliminar a pobreza têm fracassado. O governo de Modi recentemente teve que dar explicações ante a Corte Suprema pelo suicídio de 12 mil camponeses por ano devido às chuvas fora de época, às secas, ao endividamento e à falta de pagamento por suas colheitas. A crise se agudizou e os camponeses de Punjab, Maharashtra, Madya Pradesh e Gujarat somam-se às diversas lutas militantes em exigência da exoneração de dívidas, assim como de subsídios e pagamentos adequados.
Nos três anos de governo de Modi, produziu-se um aumento dos ataques fascistas brahmânico-hindus contra os dalits e os muçulmanos de todo o país. Até hoje na agenda de Modi está a proibição de sacrificar vacas em toda a Índia. Os primeiros ataques desse tipo foram produzidos em Dadari, em Uttar Pradesh, Saharanpur e Una em Gujarat, Alwarin Rajasthan. Após tais ataques os dalits, os muçulmanos, os advasis e as demais castas oprimidas mobilizaram-se em Una e elaboraram um plano de ação para fazer frente ao comunalismo hindú.
Os povos tribais e não-tribais estão levando a cabo diversas lutas militantes contra os despejos. O povo tribal de Chota-Nagpur, em Jharkhand, empreendeu ações em grande escala contra as emendas de duas leis, a Chota Nagpur Tenancy Act e a Santhal Pargana Tenancy Act. Em Telangana foi desencadeada uma luta militante contra as políticas governamentais que pretendem expropriar as terras tribais sob pretexto de harithahaaram [“cinturão verde”]. Também foram desenvolvidas neste último anos ações militantes contra os despejos nos estados de Chhattisgarh, Maharashtra, Jharkhand, Andhra Pradesh e Odisha.
Após o suicídio de Rohith Vemula em Hyderabad e o processo por acusações de “rebelião” dos dirigentes estudantis da Universidade Javaharlal Nehru em Delhi, em 2015, os estudantes progressistas, os dalits, os advasis e os estudantes das minorias religiosas de todo o país uniram-se em uma avalanche de ações contra a ofensiva fascista brahmânico-hindu. Do mesmo modo, este ano produziu-se também um movimento unitário de longo alcance de alunos e professores das universidades e colégios universitários em rechaço aos ataques do hinduísta Sanghparivar contra estudantes progressistas da escola universitária Ramjas, em Delhi.
As atrocidades contra as mulheres não deixam de crescer. Segundo as estatísticas, é cometido um ato de violência contra as mulheres a cada 3 minutos. 8 mil mulheres são assassinadas a cada ano por questões relacionados ao dote. São registrados anualmente 50 mil atos de violência contra mulheres e 40 mil sequestros de mulheres. Aumentam os ataques com ácido, os matrimônios infantis, a prostituição forçada e o aborto e assassinato de crianças devido à uma cultura feudal imperialista cada vez mais assentada. As mulheres e os democratas estão tomando consciência destas questões por todo o país.
Desde que o governo de Modi chegou ao poder, dedicou-se a vender o país ao capital monopolista. Enquanto isso, tem promovido a loucura nacional chauvinista e o patrioteirismo. Está lançando mão das disposições da Lei de “Rebeliões” para atacar organizações e intelectuais que se opõem a suas políticas reacionárias. Os democratas e as forças autenticamente patriotas estão organizando lutas contra os ataques indiscriminados das gangues hinduístas e fascistas aos direitos civis e democráticos do povo.
Em resposta às políticas anti-trabalhistas do governo de Modi, mais de 150 milhões de trabalhadores dirigidos pelos sindicatos de esquerda participaram em uma greve geral em setembro passado. Este ano, um milhão de funcionários públicos do setor bancário organizaram uma extensa greve geral a nível nacional em 28 de fevereiro contra a reforma trabalhista, a contratação externa e outras políticas anti-populares. Numa tentativa de debilitar a direção dos ativos movimentos operários atuais, a direção dos trabalhadores da companhia Maruti Suzuki foi presa e condenada à cadeia perpétua. A classe trabalhadora deve responder à altura a este tipo de medida.
O governo reformou o sistema impositivo indireto e também introduziu o GST a fim de criar no país um mercado uniforme a serviço dos interesses dos imperialistas e dos grandes capitalistas burocráticos compradores. Com o falso pretexto propagandístico de lutar contra a corrupção, foi eliminada a circulação de notas grandes e a poupança do povo tem permanecido depositada nos bancos. Por um lado, tal medida encheu as arcas das gigantes financeiras e dos fundos da RSS, ao tempo em que suas organizações afiliadas têm crescido. Tudo isso não apenas piorará a situação econômica dos pobres, das classes médias, do campesinato, dos pequenos comerciantes e dos pequenos capitalistas, mas os levará à quebra.
Desde que foi assassinado em julho Burhan Wani, do Hizb ul Mujahidin, a luta pela libertação nacional da Caxemira transformou-se em uma insurreição. A situação não mudou nem mesmo depois do assassinato de seu companheiro, Sabjar Ahmad, em maio passado. O povo da Caxemira tem sido capaz de atemorizar os governos estadual e central com a “guerra das pedras” contra o exército indiano e as forças para-militares. Ao longo deste ano, os estudantes converteram-se em um bastião militante da luta. No nordeste, as organizações que lutam pela libertação nacional têm se consolidado e formado uma Frente Unida para combater o expansionismo indiano.
Vivemos em uma situação em que os operários, os camponeses, as classes médias, a burguesia nacional, as nacionalidades oprimidas, os dalits, os advasis, as mulheres, os estudantes, a juventude e outros grupos estão combatendo já ativamente o fascismo brahmânico-hindu. Há uma clara polarização das forças do povo. O fascismo brahmânico-hindu converteu-se em um agente pró-imperialista e em um inimigo comum das classes, nacionalidades e grupos sociais oprimidos, com suas políticas reacionárias defasadas e contrárias aos interesses do país. Este fato, assim como a crescente resistência popular manifestada por diversas vias com o objetivo de reverter a situação, é um novo desenvolvimento da política do país nestes últimos três anos.
Camaradas,
As forças de nossa guerrilha liquidaram 37 membros das CRPF e feriram outros 10 em duas emboscadas que ocorreram em março e abril no distrito de Sukma em Chhattisgarh. Após estas ações foi celebrado o 8 de março em uma reunião de alto nível presidida pelo Ministro do Interior, na qual participaram primeiros-ministros, altos comandos da polícia e outros cargos de dez estados. Após descartar a utilização do exército indiano nas áreas de implantação do nosso movimento, foram aprovadas leis para acabar com ele, seguindo as diretrizes de oficiais do exército. No marco de tais planos, foi decidido transferir a sede do Centro de Direção da Zona das CRPF (LWE) de Calcutá para Raipur; estabelecer Comandos Unificados até o nível de distrito; reforçar os Comandos a nível tático-operacional; criar um comitê para melhorar a coordenação entre as forças centrais e dos estados; levar a sede da oficina do DG especial para a luta contra os naxalitas de Raipur para Jagadalpur (Bastar); dedicar mais meios aos sistemas de inteligência, tanto em homens como em tecnologia; criar uma rede eficaz suscetível de ser utilizada em tempo real por meio de sistemas eletrônicos (UAV, satélites, GPS, imagens térmicas, tecnologia infravermelha, câmeras de televisão, CC, radares, etc); utilizar a Força Aérea em operações de combate (atualmente, as forças especiais deslocam-se de helicóptero, que também são usados para metralhar do alto e realizar ataques com drones); ministrar novos tipos de enfrentamentos às forças armadas; estabelecer escolas de contra-insurgência nos distritos de Sukma e Bijapur; melhorar a coordenação entre as forças centrais e dos estados tão logo seja possível; abrir estradas com a ajuda da tecnologia moderna nas zonas onde exista implantação do movimento revolucionário para a proteção das forças paramilitares; construir mais torres de comunicação, etc. Foi anunciado que o Conselheiro de Segurança Nacional, Ajit Dobhal, e o Conselheiro de Segurança Interna, K. Vijay Kumar, dirigiram a campanha para a eliminação dos maoístas. A decisão mais importante tomada nesta reunião foi a de levar a cabo ataques cirúrgicos. Tudo isso expressa a intenção de acabar com a direção do movimento revolucionário e das forças subjetivas da Revolução por meio da chamada Missão-2017. Nesse sentido, já foi anunciado que, entre seus objetivos, encontram-se ativistas de direitos civis e sociais, assim como democratas e os considerados “marcas brancas” dos naxalitas.
A Missão-2017 começou com uma violência inusitada, levando a cabo numerosos assassinatos. Durante os cinco primeiros meses, a polícia assassinou 60 dirigentes rurais, ativistas locais e revolucionários nas zonas do nosso movimento por todo o país. Desde os dias da Salva Judum e dos Sendra, nunca haviam sido tão frequentes e cruéis os estupros coletivos contra mulheres, os assassinatos, os incêndios, as detenções e as torturas. As massas revolucionárias enfrentam condenações perpétuas, assim como os intelectuais, democratas e ativistas que as apóiam.
A história demonstra sempre e de novo que por mais cruelíssima que seja a repressão desencadeada pelas classes dirigentes e exploradoras contra as lutas populares, tal repressão está condenada ao fracasso. Por isso, entre nossas tarefas imediatas, figura derrotar o plano Missão-2017, proteger a direção do Partido de cima à baixo, desenvolver o movimento e continuar a Guerra Popular Guerrilheira sobre a base das massas. A fim de lograr tais objetivos, devemos proteger ao máximo nossas forças. Devemos utilizar as debilidades do inimigo e, tão logo tenhamos ocasião, concentrar as forças do PLGA. Devemos atacar as unidades isoladas das forças inimigas ou dividir suas forças e atacá-las. Devemos confiscar seus armamentos. Para isso, é necessário que ponhamos em prática as normas e princípios da Guerra de Guerrilhas, a saber, o sigilo, a rapidez, uma vontade de ferro, a autodefesa por meio de uma constante mobilidade, uma tática ofensiva em que se tome a iniciativa, assim como a intensificação e extensão da Guerra de Guerrilhas. Impulsionemos ainda mais a Guerra Popular para lograr os objetivos imediatos de melhorar a autodefesa, a base de massas, o desenvolvimento e consolidação de nossas forças subjetivas e a expansão do movimento, esforçando-nos ao máximo para consegui-lo!
Os triunfos que temos logrado na Guerra de Guerrilhas, na organização da resistência popular e dos movimentos de massas, têm sido possível graças aos sacrifícios dos mártires. Seus ideais foram identificar-se com o povo na luta contra o inimigo e na defesa dos interesses populares até o último suspiro, convertendo-se em um baluarte da Guerra Popular. As massas oprimidas da Índia sabem que seu futuro está no caminho desbravado pelo sacrifício dos mártires. Nos comprometemos, com vontade de ferro, a levar adiante seus ideais, aspirações e exemplo de sacrifício e a lograr nossos objetivos teóricos, políticos, organizativos, militares e culturais por meio de uma férrea vontade unida e de uma prática coletiva!
Camaradas!
Celebremos com todo entusiasmo a semana em memória dos mártires em todas as zonas de implantação de nosso movimento que existem no país, com o objetivo imediato de derrotar a Missão-2017, cujo propósito é a eliminação do movimento revolucionário! Protejamos a direção do Partido de cima à baixo! Mobilizemos o povo em grande escala durante esta semana! Demos a conhecer os grandes sacrifícios de nossos queridos mártires entre os militantes do Partido, as forças do PLGA e os aldeões! Louvemos os ideais dos mártires por meio de faixas, pôsteres, panfletos, grafitis e folhetos em que apareçam amplamente relatadas suas histórias, assim como suas fotos! Que os Comitês de Estado, Zona e Área organizem comícios e manifestações em nível de aldeia, área, distrito e zona! Mobilizemos em grande escala as massas e inculquemo-lhes a confiança em si mesmas! Celebremos o sacrifício dos mártires, sua valentia e audácia, assim como seus ideais e entrega! Inspiremos e enchamos de entusiasmo o povo para que siga o caminho dos mártires na construção de uma sociedade de Nova Democracia! Façamos um chamamento a seguir o caminho de nossos queridos mártires! Essa é a melhor homenagem podemos render-lhes!
Com saudações revolucionárias,
Comitê Central
PCI (Maoísta)