Sobre a atitude dos antiimperialistas quanto ao PKK
Extraído de vnd-peru.blogspot.com.br
(Dem Volke Dienen, Alemanha)
Apresentação
Como apresentação da tradução de um colaborador, do alemão para espanhol, deste importante documento do blog : Dem Volke Dienen (Servir ao Povo), SOBRE A ATITUDE DOS ANTIIMPERIALISTAS QUANTO O PKK, queremos dizer o seguinte:
O Presidente Mao nos ensina que, quando o imperialismo invade o país ou desata sua agressão militar como o faz, em conluio e pugna por partilha e repartilha, nos países do Oriente Médio Ampliado (Ásia ocidental, no artigo), o que corresponde fazer é “formar uma ampla frente única nacional revolucionária”.
Quando o imperialismo invade ou agride um país, a situação revolucionaria no país muda e há que modificar de acordo com isso a tática e os métodos de direção da revolução de nova democracia. A revolução de nova democracia passa a desenvolver-se pelo caminho de libertação nacional e a guerra popular como guerra popular de resistência nacional. *
Porque: O imperialismo e os colaboracionistas e vende-pátrias querem transformar o país em uma colônia, estão em conluio e pugna por partilha e repartilha; contrários a isso, os revolucionários, estão por um país que goze de independência, liberdade e integridade territorial.
Então, o que corresponde é forjar a frente única nacional contra o agressor/es. Quem tem que assumir o papel dirigente é o Partido Comunista com o Exército Revolucionário, que passa a ser o Exército da resistência nacional. O Partido dirige a tudo.
Há que atrair a toda classe de elementos que estejam pela Resistência nacional, disse o Presidente Mao: “Se logramos atrair a um grande número de pessoas, então corroerão as filas inimigas e crescerão as nossas. Em resumo, duas forças fundamentais estão lutando entre si; todas as forças intermediárias, pela lógica das coisas, terão que pôr-se de um lado ou de outro. A política dos imperialistas (…) de subjugar (o país) e apolítica entreguista de (seus lacaios), não podem senão empurrar numerosas forças para nosso lado, quer seja para incorpora-se diretamente as fileiras do Partido Comunista e do Exército, ou bem para formar conosco uma frente única. Tudo isto se logrará sempre que nossa tática não seja a de “portas fechadas”. Acrescente-se que,há que atrair aos indivíduos que o inimigo considera “maus”. “Maus para eles, bons para nós”.
Igualmente, “se planteia para o Partido Comunista e para o povo a tarefa de: efetuar, de acordo com a tarefa geral de unidade para resistir ao (agressor/es), os ajustes apropriados com respeito às contradições internas e externas que hoje possam e devam ser ajustadas. Daí a política do Partido Comunista (…), que exige a paz e unidade internas, democracia, melhores condições de vida para o povo e negociações com os países que se oponham ao imperialista agressor (ou aos imperialistas agressores), no caso que trata o artigo que traduzimos, contra o imperialismo ianque, inimigo principal dos povos do mundo e coligados imperialistas e lacaios do imperialismo russo, o cachorro magro, e lacaios.
Então, a tarefa geral de unidade para resistir a agressão, no caso do Oriente Médio Ampliado – OMA, se aplica a todas as lutas e guerras que existam nos países da região como Iraque, Síria, Líbia, Afeganistão, etc., até antes da mudança completa de contradição.Não quer dizer que estas contradições desaparecem, não, isso não acontece, mas passam para segundo plano e se subordinam a necessidade da luta contra o agressor/es e a necessidade da frente única. A luta das minorias nacionais e seu direito à autodeterminação nacional também se subordina a esta. Os direitos da minorias nacionais só poderão ser conquistadas com o triunfo da revolução democrática em cada país, onde estas se deem. Estas minorias não conseguirão nada pondo-se a serviço dos planos do imperialismo; do imperialismo não vem nada bom para o povo, só maior opressão e exploração, esse caminho só os levaria a ser bucha de canhão da carnificina imperialista e a servir de carrascos de seus irmãos, das massas dos povos árabes, por exemplo.
Nos países, como a Turquia, onde todavia não se tem dado esta mudança de contradição, ou seja, onde todavia não se tenha produzido a agressão direta ou a invasão do país por parte dos imperialistas, a frente única da revolução democrática é diferente no que cerne a sua composição e tarefa.
Nesse caso, corresponde ao Partido Comunista e as forças armadas revolucionárias que dirige (o Partido militarizado dirige tudo, é o eixo da construção concêntrica dos três instrumentos da revolução) desenvolver a guerra popular unitária, campo principal e cidade complemento necessário, como guerra agrária para destruir as relações deprodução semifeudais, apontando para destruir o latifúndio, acabar com as relações servis e o poder ‘gamonal’ , destruir as forças vivas do inimigo varrendo, assim, parte por parte o velho Estado latifundiário-burocrático a serviço do imperialismo, principalmente ianque, conquistando e estabelecendo o novo Poder. Novo Poder ou Frente/novo Estado, que se concretiza nos comitês e bases de apoio revolucionárias (BAR).
Nesta fase de seu desenvolvimento, onde não há invasão do imperialismo, correspondeà frente do proletariado, ao campesinato e ä pequena-burguesia e se reserva lugar para a média burguesia. Enquanto no caso de invasão do país pelo imperialismo entram todas as classes, camadas, etc., do país e seus representantes que estejam por combater o agressor.
Aqui, se apresenta uma questão, porque durante tantos anos de heroica luta armada na Turquia, principalmente nas regiões habitadas por populações majoritariamente curdas, não se estabeleceu um Novo Poder? Porque, possivelmente dentro dos que estão pelo maoísmo nesse país, prima uma concepção segundo a qual se tem subordinado a revolução democrática ä luta pela autodeterminação da minoria nacional curda, e logo à conquista da autonomia. Isto é para os nacionalistas curdos do PKK,pelo menos do que se pode concluir das posições de Yildirim no artigo de crítica que traduzimos, o que pretende representar essas posições.
Para o maoísmo, os direitos das minorias nacionais, também o direito à autodeterminação, estão dentro do programa da revolução de nova democracia. Porque estes só podem ser alcançados levando esta revolução até o fim. Existe os exemplos das duas grandes revoluções triunfantes dirigidas pelo proletariado através de seus Partidos Comunistas, a Revolução de Outubro dirigida pelo grande Lenin e a Revolução Chinesa dirigida pelo Presidente Mao.
Segundo esta concepção, corresponde ao Partido Comunista da Turquia dirigir a revolução democrática na Turquia, dirigir o exército revolucionário e a frente da revolução segundo o momento em que se encontre, onde estará incluída a minoria nacional curda e seus representantes e de outras minorias nacionais. Minorias nacionais essas que, em sua maioria, estão conformadas por camponeses pobres. Corresponde apontar no campo, contra a grande propriedade latifundiária, relações de servidão de velho e novo tipo e o poder gamonal, quer seja de latifundiários curdos ou turcos, ou seja, destruir o velho Poder latifundiário- burocrático a serviço do imperialismo, parte por parte, para construir o novo Poder.Pois, há três miras na revolução democrática: o imperialismo, o capitalismo burocrático e a semifeudalidade, sendo um deles o principal de acordo com o momento que atravessa a revolução; no período da guerra agrária o alvo principal é a semifeudalidade.
O Partido Comunista do Peru – PCP estabelece que, na revolução democrática existem três contradições fundamentais: a contradição nação-imperialismo, a contradição povo-capitalismo burocrático e a contradição massas-feudalidade.Destas, qualquer uma pode ser a contradição principal segundo os períodos da revolução. Como nos desenvolvemos hoje em uma guerra agrária, se bem apontamos as três, a contradição principal é massas-feudalidade a que tem um processo de desenvolvimento nas distintas fases da guerra, assim,em nosso caso, a contradição principal massas-feudalidade tem se desenvolvido como massas-governo, posteriormente como novo Estado-velho Estado e sua perspectivaé Partido Comunistas-forças armadas reacionárias.
Onde está o problema? Em que alguns, para operem-se a revolução democrática, negam o caráter semifeudal e semicolonial do país, onde se desenvolve um capitalismo burocrático. E outros, admitindo-o, pelo menos em parte, dizem que agora já não se pode desenvolver a guerra popular no campo porque já não há quase camponeses, foi esvaziado. Pese que, ali como no Peru a PEA – População Economicamente Ativa, segundo as próprias cifras oficiais e que tratam de esconder esta situação, mais de um terço da população está em idade de trabalhar e que busca trabalhar. Além disso, se muitos camponeses sem terras tem sido expulsos do campo por latifundiários, por grandes burgueses e pelo imperialismo, corresponde a nós dirigirmos a luta destes camponeses sem terra que se encontram nas cidades, no desemprego e na miséria, ä luta pela terra junto com os demais camponeses sob a consigna de “Conquistar a terra!”.
Claro que pode-se fazer! Um exemplo é o trabalho da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) no Brasil, que dirige a luta pela terra dos camponeses pobres sem terra da cidade e do campo, na atual etapa de desenvolvimento da situação revolucionária em que se encontram. Os camponeses que foram forçados a emigrar para as cidades seguem sendo camponeses e seguem pensando como camponeses.
Sobre a revolução democrática deve-se dizer antes duas coisas:
Uma, que esta tem as seguintes tarefas para resolver: 1) Destruir o domínio imperialista, para nós principalmente o ianque, conjurando a ação da outra superpotência, o social- imperialismo russo e a das outras potencias imperialistas. 2) Destruir o capitalismo burocrático, confiscando o grande capital monopolista estatal e não-estatal. 3) Destruir a propriedade latifundiária-feudal confiscando a grande propriedade associativa e não associativa, entrega individual da terra sob o lema “Terra pra quem nela trabalha” aos camponeses pobres primeiro e principalmente. 4) Apoiar o médio capital, ao que é permitido trabalhar impondo-lhe condições. Tudo o qual implica derrubar o velho Estado, através da guerra popular com força armada revolucionária e a direção do Partido Comunista, construindo um novo Estado.
Outra coisa que queremos dizer é que, com a tomada de Poder em todo o país e a fundação da República Popular, se culmina a revolução democrática e se passa de forma ininterrupta e de imediato para a revolução socialista e a ditadura do proletariado. Em nenhum caso se faz a revolução de nova democracia para repetir durante um período a velha revolução burguesa, ou estabelecer uma democracia burguesa com seus “direitos e liberdades burguesas”, com seu primeiro direito burguês de propriedade e primeira liberdade burguesa como expressão da ditadura da burguesia, como o faz Yildirim no artigo que o colaborador de Servir ao Povo aplasta.
O PCP disse: O novo Estado que conformamos na revolução democrática, é uma ditadura conjunta, aliança de quatro classes dirigidas pelo proletariado através de seu Partido, o Partido Comunista: ditadura de operários, camponeses, pequenos burgueses e, sob certas condições, a burguesia nacional ou media burguesia; ditadura que hoje é de três classes já que a média burguesia não participa na revolução mas seus interesses são respeitados. Classes que se conformam como uma ditadura de Nova Democracia enquanto sistema de Estado, e em Assembleia Popular enquanto sistema de governo.
* É necessário respeito às mudanças de contradição no desenvolvimento da revolução democrática e da guerra popular queo Partido Comunista dirige,e aplastar as posições do oportunismo a respeito. Uma é que sem haver a mudança de contradições, alega-se que esta já se produziu e que se tem passado a uma guerra de resistência nacional para não apontar contra os latifundiários de novo e velho tipo e a grande burguesia, neste caso, estamos ante ao oportunismo de direita. Outra é que, havendo-se dado a mudança de contradição para nação-imperialismo como principal, se insiste em não ver as mudanças e segue-se fazendo como antes da mudança de contradição, isto é oportunismo de esquerda.
Ver no rodapé do artigo que traduzimos os dois textos do Presidente Mao que nos serviram para esta apresentação. Consideramos que, devemos estuda-los e encarna-los para maneja-los corretamente na presente situação internacional, e especialmente nos países do Oriente Médio Ampliado.
No curso da tradução introduzimos algumas notas de tradução para dar nossa opinião ou comentário ou clarear nossos leitores, que aparecem consignadas como: Nota à tradução. Os subtítulos introduzimos os nossos para facilitar a leitura.
Consideramos, que o artigo é um esforço muito importante para dar a conhecer o desenvolvimento da situação internacional, nos diferentes países do OMA, referindo-se especialmente a Síria, Iraque e a Turquia, pelo que serve para ver o posicionamento das diferentes organizações políticas de esquerda diante o PKK e as tarefas da revolução. Por isso serve ao debate internacional da questão, e traduzimos como um informe da situação para nossos amigos de língua espanhola.
Janeiro de 2017
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Tradução do artigo de Servir ao povo
Nota do blog na curta apresentação de sua publicação:
Sobre a atitude dos antiimperialistas ante o PKK. Recebemos o seguinte documento de um colaborador de “Servir ao Povo” e compartilhamos com vocês aqui porque acreditamos que é de grande interesse para o movimento revolucionário.
SOBRE A ATITUDE DOS ANTIIMPERIALISTAS QUANTO AO PKK
Introdução
Há três anos, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) desenvolve estruturas nas proximidades do norte da Síria e no oeste do Curdistão. O “Partido dos Trabalhadores do Curdistão”, é uma entidade social que desde a luta por AimArab (Kobane) em finais de 2014, e a morte de revolucionários provenientes das mais profundas e mais amplas massas da República Federal Alemã (RFA), como Ivana Hoffman, goza de uma atenção integral do movimento revolucionário deste país. Inclusive em escala mundial, esta luta tem uma forte ressonância. Muitos jovens, basicamente pessoas jovens progressistas estão dispostas a abandonar seus países e a dar sua vida nesta luta e realmente o fazem. Eles escolhemlutar com armas nas mãos contra o imperialismo, em vez da vida cômoda e segura.
Diversas correntes ideológicas têm diferentes pontos de vista sobre os acontecimentos na Ásia Ocidental (OMA) e, sobretudo, no norte da Síria. Foi publicado um número considerável de artigos e documentos, mas por desgraça, o debate entre as diferentes posturas trata destes eventos as vezes de forma muito breve. Para alguns autores isso parece ser suficiente para assegurar a si mesmo seus próprios pontos de vista, e para confirmar sem deixar espaço necessário para os argumentos dos oponentes e a discrepância.1
Creio que vale a pena fazer o esforço de plantear os argumentos próprios, e o farei a partirdo ponto de vista do maoísmo. O objetivo é contribuir para uma maior clareza a respeito no movimento revolucionário. Passarei a fazer uma caracterização do PKK e suas organizações afiliadas, seu comportamento e suas relações com o Estado turco, sua atitude até o imperialismo, especialmente o imperialismo dos Estados Unidos, e a situação internacional e seu contexto histórico e questões sobre a concepção, o ponto de vista e o método do proletariado internacional.
O camarada Yildirim tem posto no website da “Revista das Classes Baixas” (LowerClassMagazin, nome original em inglês), de outubro deste ano, o documento muito completo intitulado: “O antiimperialismo e o comunismo burguês como bloqueio revolucionário. Contribuição para o debate sobre Rojava”. Onde deu a conhecer uma posição quase completamente pró-PKK. Como o camarada Yildirim atua no papel de defensor do PKK (contra vários critérios opostos), tomo a liberdade de atuar como fiscal, corresponde o leitor pronunciar sua falha.
Uma delimitação necessária
Em primeiro lugar, em poucas palavras, quero delimitar com a crítica ao PKK e a Abdullah Öcalan a partirdo campo do “Partido Comunista Alemão” e a recente publicação na plataforma de internet “antiimperialista”. Neste contexto, quero rechaçar as posições de todos os partidos e organizações revisionistas que se disfarçam de comunistas, marxistas, antiimperialistas ou de qualquer outra maneira, devido a que em suas tomadas deposição se concretiza sua lealdade e submissão ä potência imperialista (que mantem sua condiçãode superpotênciaatômica), em particular, o imperialismo russo (como a continuidade da subordinação ao social-imperialismo). “Não tenho nada em comum, em nenhum assunto, com o inimigo de classe”, escreveu Bertold Brecht e tal é a atitude correta para com esses indivíduos, cuja a aspiração está orientada fundamentalmente para perpetuar sua existência.
Que o camarada Yildirim se sirva exatamente de tais crítica, como as de Hans Christoph Stoodtpara desenvolver sua linha, radica que produtos tais como em “acidente na pirâmide imperialista”, basicamente, são falsas tentativas de formular uma crítica justa. A base de seu fracasso está em sua completa confusão sobre o sistema imperialista mundial, em convergência com o revisionismo do KKE2 (Sigla de Partido Comunista da Grécia, em português), e a contradição principal a nível mundial, com as quais Stoodt opera. Esta contradição principal, é para Stoodt a contradição interimperialista, segundo a qual a disputa entre os distintos imperialistas é a forca motriz do desenvolvimento, é uma clara analogia com o revisionismo do RCP-USA(em português, Partido Comunista Revolucionário – PCR-EUA), quando este todavia não havia se voltado abertamente contra o marxismo com a chamada “nova síntese” de Avakian; que, em consequência, deve conduzir a paralisia no movimento revolucionário. Stoodt segue fazendo pouco caso das críticas que se desenvolveram, por exemplo, dentro do movimento revolucionário na Alemanha pelos companheiros do periódico Posição de Classe, e reduz sua própria critica a constelação que conforma a atual aliança entre o norte da Síria e deixa de tratar questões chaves, tais como o caráter de classe do PKK, etc.
Uma mistura de ilusões de “democracia burguesa” e corporativismo, em vez de “revolução democrática”
Agora o ponto. As definições não são insignificantes quando se pretende chegar a um acordo no conteúdo. As palavras vazias não nos ajudam neste ponto, mas levam unicamente a falar no vácuo e, por isso, é útil determinar desde o começo, de maneira objetiva, de que processo fazem parte as atividades do PKK e suas organizações afiliadas. Yildirim indica isto como segue: Processo revolucionário contraditório, revolução, abordagem democrática dos conselhos revolucionários, projeto revolucionário e projeto de revolução³ – o que para mim, e provavelmente para a maioria dos outros, em termos de aquisição de mais conhecimento, uma vez mais não significa muito, exceto a constatação de que, aparentemente, não há claridade suficiente nos termos ali empregados. Só duas definições reais se podem encontrar em Yildirim:
“Uma revolução democrática nos países onde a ‘questão curda’ estava presente… continha elementos burgueses, assim como elementos socialistas… 4“; e “Revolução democrática, que também inclue uma libertação nacional com elementos socialistas”5
Deixemos de lado o absurdo referido a “em seus respectivos países” / “libertação nacional”, e tratemos de esclarecer o conceito central de “revolução democrática”. Yildirim se equivoca, pelo menos de uma perspectiva marxista, ao escrever: “As tarefas da revolução democrático-burguesa pertencem todas as coisas que mais ou menos são habituais nos centros do imperialismo: no quadro burguês, a obtenção de amplas liberdades políticas, o direito a viver de acordo com a identidade nacional, étnica, religiosa, etc., as condições mínimas de igualdade de gênero, como a democratização das estruturas estatais, etc.”6
A compreensão marxista das tarefas da revolução democrática contrariam ele: “1) Destruir o domínio imperialista, para nós principalmente ianque, conjurando a ação de outra superpotência, o social-imperialismo russo e de outras potencias imperialistas. 2) Destruir o capitalismo burocrático, confiscando o grande capital monopolista estatal e não-estatal. 3) Destruir a propriedade latifundiária-feudal, confiscando a grande propriedade associativa e não-associativa, entrega individual da terra, sob a consigna ‘Terra para quem nela trabalha’, aos camponeses pobres primeiro e principalmente. 4) Apoiar o médio capital, que se permite trabalhar impondo-lhe condições. Tudo o qual implica na derrubada do velho Estado através da guerra popular, com forca armada revolucionaria, e a direção do Partido Comunista construindo um novo Estado.”7
Por outro lado, é necessário dizer, pelo menos brevemente neste ponto,que as realizações de Yildirim apresenta, poderiam se interpretar como uma idealização da democracia burguesa – como uma das formas de manifestação da ditadura da burguesia. Vale a pena mencionar também que, “as coisas que mais ou menos são habituais nos centro do imperialismo”, entre outras, contem também a matança dos africanos por instituições governamentais devido a sua cor, como mostra o caso de Oury Jalloh, incluirá também que a “igualdade de gênero” nos países imperialistas é piada pura da emancipação da mulher”, e o “direito de viver de acordo com a identidade religiosa, em particular para os mulçumanos,é massivamente atacado nos últimos anos.
A seguir, teria que se discutir que forças participam nesta revolução, com o fim de poder determinar seu caráter com detalhes. Isto se faz mais difícil pela forma como Yildirim introduz no debate a prática de Abdullah Öcalan e, em consequência, do PKK e suas organizações afiliadas, “a renúncia explicita do antagonismo de classe”. Também Yildirim renuncia, em seu documento, a análise da associação a uma classe e a direção das organizações. O PKK e suas forças associadas cooperam, segundo Yildirim, “com outros partidos sobretudo os socialistas, nasseristas e os partidos, as vezes evidentemente, pró-Assad no NCC(Comitê Nacional de Coordenação para a Mudança Democrática, em português)”, com diversas forças “no contexto das ForçasDemocráticas da Síria (SDF, sigla em inglês) e, no Iraque existem tanto “alianças estratégicas com o movimento Goran e o PUK (União Patriótica do Curdistão, em português) de Talabani”, quanto um ‘Conselho’, onde forças próximas ao PKK e as forças próximas a Barzani se equilibram entre si“.8
Entre as forças que trabalham em conjunto com o PKK e suas organizações afiliadas, portanto, incluem representantes do Estado burguês-latifundiário da Síria e os títeres do imperialismo russo (partidos pro-Assad) e representantes do Estado capitalista-burocrático do Iraque, e um colaboracionista da ocupação estadunidense (Talabani) e com o clã da “dinastia capitalista” de Barzani, que desenvolve um “capitalismo monopolista” no norte do Iraque (em palavras Yildirim). Para começar, tudo isso junto não soa tão bem, mas sigamos um pouco o documento de Yildirim, e para avaliar a forma como se concretiza este “trabalho conjunto”, consideramos a constituição de Rojava (um dos “cantões curdos”, nota de tradução). Afirma: “A fonte do Poder é o povo, o Poder pertence ao povo.” E “Afonte dos conselhos democráticos que formaram e os órgãos executivos é a população. Não se tolerará, que isto seja monopolizado em mãos de uma camada/classe.”9
O problema ali, radica que o marxismo lhe contrapõe deste modo a concepção corporativa. É negada a luta de classes e seu desenvolvimento necessário até a ditadura do proletariado10 … e em nome das disposições no preambulo sobre a justiça, a liberdade, a democracia (o mito envelhecido da burguesia revolucionária dos séculos passados e a ecologia se executa um princípio fascista).11
NOTA A TRADUCAO: Recordemos sobre o escrito anteriormente, que o representante do imperialismo alemão derrotado na Segunda Guerra Mundial, do governo do Almirante Donitz, nomeado por Hitler como seu sucessor, em um discurso por rádio, em 7 de maio de 1945, depois de apresentar a capitulação da Alemanha nazista ante o chefe dos Aliados, deu a saber que aceitava a derrota, mas sustentava, “que se mantenha a comunidade do povo alemão e que nunca mais volte a luta de classes” ä Alemanha. O que se conhece como o legado nazista. Com isso, resumiu a base corporativa ou orgânica do fascismo, da qual este é sua direção política. Base orgânica o corporativismo e o fascismo sua direção política.
Assim, diante da derrota militar e portanto política do imperialismo alemão, encabeçado pelo fascismo de tipo hitleriano ou nazista, o representante do imperialismo derrotado renunciará a tudo ante sua evidente derrota, menos a este componente ideológico, político e organizativo. Deve-se lembrar que, esta herança se manifesta em todo o desenvolvimento posterior do país, na luta inter-burguesa das frações da classe dominante, dentro de seus partidos, instituições, etc. e dos partidos e organizações revisionistas e oportunistas. Por outro lado, quem é pelo partido e a revolução socialista neste pais sempre tem defendido o princípio da luta de classes do proletariado. A mensagem de rádio do governo Donitz, através de seu ministro de Relações Exteriores, Johann Graf Schwerin von Krosigk “Es gingnichtanders”. (den Hitler-Erbe 08.05.1995. Der spiegel 19/1995)
Prosseguindo com a exposição e crítica da posição de defesa do PKK: A constituição também se refere a base material, as formas de propriedade e de exploração: “Odireito de propriedade e a propriedade privada serão protegidas. A ninguém pode negar-se o uso de sua propriedade. Ninguém pode ser expropriado. Em caso de necessidade, por ser de interesse público, o proprietário ou a proprietária devem ser compensadas”12 Assim, se garante a base econômica da ditadura da burguesia (neste caso pelo caráter da sociedade, se garante a propriedade dos grandes latifundiários, camponeses ricos, grandes burgueses nativos e o investimento imperialista, nota de tradução).
“Todas as riquezas do solo e subsolo e os recursos naturais pertencem a toda a sociedade”. E “Na Administração autônoma democrática, a terra e o solopertencem a população. Seu uso e distribuição estão regulados pela lei”13 – Isso soa bem de início, e bem estabelecido, mas com as restrições feitas pelas já mencionadas outras partes da constituição, o resultado é menos impressionante: caso se chegue a fazer “expropriações”, se deve pagar por isso. Os antigos proprietários conservam sua condição sob as condições de mudanças. Isto é uma reminiscência da “Comissão conjunta Sino-Americana de Reconstrução Rural”, que levou a cabo a chamada “reforma agraria” em Taiwan ocupado pelo Kuomintang.
O que é claro, e nem o PKK e suas organizações ou seus advogados o negam, é que o proletariado não é a força dirigente, nem no partido nem no Estado, e tampouco o é ideologicamente. A pergunta é: Pode levar-se a cabo, atualmente, uma revolução democrático-burguesa (que hoje é de nova democracia) sob a direção da burguesia e não sob a direção do proletariado e de seu Partido Comunista? A resposta é Não! E não é possível hoje em dia. Isto, porém, é afirmado precisamente uma e outra vez em relação com o PKK e suas organizações afiliadas. Também esse mesmo erro comete Yildirim.
O PKK toma “como positivo o relacionado com o projeto do Oriente Médio Ampliado” dos ianques
Para piorar as coisas, se dá uma característica especifica, que não se pode deixar de mencionar. A “revolução democrática” de Öcalan, o PKK e suas organizações afiliadas tomam “positivamente o relacionado com o Projeto do Oriente Médio Ampliado”14 dos ianques. Yildirim representa a posição de que tal ponto de vista, dentro do PKK, vem desde o passado, mas que “não se haveria o levado a prática”15.
É muito difícil realmente poder ter conhecimento exaustivo de todos os documentos do PKK e de Öcalan, especialmente dos não traduzidos, mas fica fácil entender o contexto das citações anteriores e, é necessário que os companheiros que simpatizam com o PKK confrontem-se com esta situação. Isso trata de um documento mais recente – “Além do Estado, Poder e violência” e do qual vamos ao capitulo “A civilização do Oriente Médio: Saídas do caos” –em que Öcalan, como uma introdução ao tema (que, afinal de contas abarca váriaspáginas) expressa ante tudo uma atitude positiva para com o imperialismo estadunidense. Ele se refere aos Ianques como “a necessidade de um chefe imperialista”. E continua: “Devemos recordar que, a visão do mundo dos Estados Unidos…se baseia nas descobertas científicas mais recentes. (…) Não ignoram a história, senão tratam, ä luz dos modelos históricos,de conformar seus modelos plenos de sentido”16 Öcalan, passa então para uma análise positiva integral de tudo o que os marxistas, revolucionários, antiimperialistas e a progressistas em geral justificadamente condenam como terror, guerra, genocídio e saqueio da Ásia ocidental pelos Ianques: “portanto, nesta região [graças aos Ianques; Nota do Autor] o desenvolvimento econômico, as liberdades individuais, a democracia e a segurança se fazem avançar simultaneamente. Quer(em) …[ou seja, os Ianques; Nota do autor] resolver os problemas e conflitos que se tornam crônicos (como Israel-Palestina, curdos-árabes, Turquia, Irã), libertando simultaneamente o tecido social do férreo controle do despotismo, e assim prevenir novas explosões. É uma espécie de novo Plano Marshall adequado a região…17
Deste modo, não se pode e não se deve, como um homem progressista, estar de acordo com o que para Ocalan é “necessário e realista”18, isto é, o assassinato e a expulsão de milhões de pessoas, as matanças, a tortura, a política de genocídio do imperialismo ianque na região. Öcalan, como crítica de todos estes crimes, só disse: “Inclusive é muito tarde.”19
Como uma breve digressão sobre o Plano Marshall, se deve anotar quepor si só não é algo positivo – como brota em palavras de Öcalan – pelo contrário, foi a base para o desenvolvimento do imperialismo dos Estados Unidos a uma superpotência. Creio que o que se mostra aqui, claramente, é a posição de classe de Öcalan, e por outro lado, a integridade de sua defensa é posta em questão.
O marxismo e a Revolução de Nova Democracia
Gostaria de expor brevemente nesta parte, a posição do marxismo sobre esta questão para responder as versões anteriormente expostas: A revolução democrática deve estar agora sob a direção do proletariado, porque a burguesia já não é capaz de leva-la a cabo. Ela não é capaz desde que o capitalismo entrou em sua última e mais alta etapa de desenvolvimento, o imperialismo – e este tem se imposto como um sistema mundial. O capital financeiro imperialista penetrou nos países menos desenvolvidos, onde sob sua dominação absoluta se fundiu com o capital comercial e bancário ali existente em um estágio inicial de seu desenvolvimento. O imperialismo tem promovido, assim, no Terceiro Mundo uma burguesia que depende absolutamente dele (onde as diferentes frações da mesma podem depender de diferentes superpotências e potências imperialistas, e deste modo surgem contradições entre elas) – o capitalismo burocrático (anteriormente chamado de capital comprador/burguesia compradora). Este capitalismo burocrático baseia seu domínio no campo, nos grandes latifundiários, e procura a manutenção parcial do feudalismopara, assim, dar lugar a semifeudalidade. Portanto, um interesse vital desta burguesia é contraria a uma tarefa núcleo da revolução democrática, a eliminação do feudalismo, a reforma agrária, “terra pra quem nela trabalha”. A burguesia nacional e a pequena-burguesia, têmcontradições com esta dominação porque sofrem da ditadura dos grandes latifundiários e capitalistas burocráticos, mas seu interesse primário como burguesia é de chegar a ser grande burguesia dominante, ou seja, burguesia burocrática – o que faz ser impossível sua direção na revolução democrática. Contudo, o proletariado pode e deve utilizar estas contradições sob sua direção e pô-las a seu serviço. Não há outra maneira. Desenvolvimentos como a “primavera árabe”, o “movimento democrático”, que tiveram lugar ali, servem somente para mostrar que o movimento “democrático-burguês” é uma coisa historicamente obsoleta há muito tempo. Só o proletariado, através de seu Partido, pode dirigir a revolução democrática. 20
NOTA DE TRADUCAO: o marxismo, trata tudo com uma contradição, daí que não basta falar só da caducidade histórica da burguesia e portanto da impossibilidade da revolução burguesa de velho tipo, ao encontrar-se o capitalismo em sua etapa imperialista, senão que também é necessário sentar que desde o ano 17 do século passado nos encontramos na era da revolução proletária e , por isso, corresponde ao proletariado e seu Partido o papel histórico de dirigir a revolução democrática pendente nas nações oprimidas, como parte da revolução proletária mundial. Por isso, já não é possível a revolução democrático-burguesa de velho tipo, o que corresponde é a revolução democrático-burguesa de novo tipo, ou seja, a revolução de nova democracia.
Ademais, é necessário anotar que a média burguesia ou burguesia nacional em nossos países é uma classe débil, raquítica, que como disse Mariátegui “não é proprietária da economia do país”, portanto, não está em condições de exercer a soberania política através de uma revolução. Não é a classe economicamente dominantee não pode ser, portanto, a classe politicamente dominante. Está atreladaao jugo da semifeudalidade, do capitalismo burocrático e da dominação imperialista, que em nosso caso é principalmente do imperialismo ianque.
Ao dito sobre o exemplo da “primavera árabe”, há que precisar primeiroque foi anunciada por Bush Jr. como um dos objetivos da invasão ianque ao Iraque em 2003, como a democratização da região. Segundo, que o caráter destes movimentos está determinado, porque não servem aos interesses das massas pese a que estas participam massivamente, senão que são manipuladas para servir a dirimir disputas entre as frações da grande burguesia e os latifundiários, por trás dos quais estão em conluio e pugna a superpotência hegemônica única, o imperialismo ianque e as demais potencias imperialistas, como a superpotência atômica russa, os imperialistas alemães, ingleses, franceses, chineses, japoneses, etc., como parte do plano imperialista da partilha e repartilha desses países. Terceiro, que também os interesses dos Estados burocráticos-latifundiários reacionários estiveramatiçando e aportando aos movimentos de um ou de outro lado, que cobrindo-se por trás do manto religioso (xiitas ou sunitas) buscam expandir sua influênciapolítica e econômica aos Estados vizinhos. Quarto, que os imperialistas e reacionários manipulam estes movimentos atuando sobre as contradições reais ali existentes, que se expressam como massas contra esses governos reacionários da fração burocrática. Quer dizer, ali existe uma situação revolucionaria em desenvolvimento desigual. As massas estão dispostas. Mas não existe o partido revolucionários, o Partido Comunista. Então, são a reação e o imperialismo que através de seus lacaios impõem a saída conveniente dentro do plano imperialista já mencionado. É algo assim como o que aconteceu, com o fascismo na Europa onde, na Itália e Alemanha, havia uma situação revolucionária em desenvolvimento desigual que se agudizou e o Partido Comunista não assumiu seu papel de dirigir a revolução, então os fascistas manipularam parte das massas e impuseram seu regime. As massa são arena de luta entre revolução e contrarrevolução. Isso é o que confunde alguns de boa ou má-fé. E claro, aos revisionistas e oportunistas que propalam o caráter popular eaté revolucionários da chamada “primavera árabe. O que proporciona a situação existente no Oriente Médio Ampliado? Brinda com uma magnifica oportunidade aos maoístas de constituir e reconstituir os PC em meio a luta armada de resistência, mas alguns não vem isto e se põem ä cauda de partidos como o PKK, que cumprem o papel de “botas sobre o terreno” [expressão que se refere as tropas terrestres realmente lutando em guerra ou conflito; NT-Português] a serviço da guerra de agressão imperialista. Esse é o valor do artigo do colaborador de Servir ao Povo, que estamos traduzindo a nosso parecer, mantendo-se dentro dos preceitos corretos do debate, com o fim de ampliar o raio de educação, quando critica os defensores de Öcalan e do PKK. Finda aqui nossa nota, prossigamos com o artigo.
O proletariado dirige a revolução democrática
A revolução de nova democracia é um desenvolvimento do Presidente Mao, mas não é contrário aos ensinamentos de Marx e Lenin. De maneira oposta, o próprio Lenin disse: “na realidade, o verdadeiro impulso para a revolução russa só será dado quando o ímpeto revolucionário mais alto seja alcançado, o qual é possível na época da revolução democrático-burguesa, quando a burguesia se apagará e quando a massa dos camponeses passarápara o lado do proletariado, como um revolucionário ativo. Para assegurar-se de que nossa revolução democrática seja levada até o fim, deve basear-se naquelas forças que são capazes de paralisar a inconsistência inevitável da burguesia (i.e. sujeitos capazes ‘para induzi-los a uma guinada…’).”
O proletariado tem que conduzir a revolução democrática até o final, atraindo a massa de camponeses para, utilizando a violência, romper a resistência da autocracia e paralisar a inconsistência da burguesia. O proletariado deve levar a cabo a revolução socialista, atraindo a massa dos elementos semiproletários da população, para utilizar a violência para romper a resistência da burguesia e paralisar a inconsistência dos camponeses e da pequena burguesia. Estas são as tarefas do proletariado …21
Assim estão as coisas hoje em dia, aqui tampouco (inclusive se alguns o desejam ou argumentam dessa forma) pode passar o PKK. Sua posição é muito clara. Não está pela direção do proletariado na revolução democrática e ela não se aplica na prática. Em consequência, na pratica também é contrário de levar a cabo as tarefas da revolução democrática. Ali onde eles exercem o Poder – no Norte da Síria, deram uma constituição que demonstra isto notoriamente.
Os responsáveis disto, esses “heróis* e heroínas da humanidade”, a quem crítica justificada fustiga como“traidores” e “contrarrevolucionários”, se erigem ali como o “pior inimigo”, como o chama Tucholsky(inibição ativa de um processo revolucionário contraditório22). Isso não pode ser atitude dos marxistas e, contudo o documento Yildirim dá esta impressão.
A questão, é a que classe pertencem Öcalan e o PKK
“Na sociedade de classes, todos os homenssó existem como membros de uma classe determinada, não há ideias que não levem o selo de uma classe”. Isto ensina o Presidente Mao Tsetung em sua obra “Sobre a prática”. De acordo com ele, tudo o que expressam o fazem Öcalan, o PKK, o PYD, o KCK, o YPG ou também uma organização ou seus representantes, tem o selo de classe. Qualquer outra posição contrária é idealismo, e deve ser denunciado e combatido como tal. A questão que se planteia é, a que classe pertencem Öcalan e o PKK? O PKK não é um partido proletário, mas um partido burguês, fundado com um programa burguês eclético.
No programa do PKK de 1995, se estabelece que o PKK se desenvolveu nos anos de sua formação (1970-1978) a partir de um círculo de estudantes e que, organizativamente, estava baseado principalmente nos intelectuais. Öcalan mesmo, semelhante a alguns outros quadros de direção até hoje ativos, vem de uma organização guevarista. Como resultado, há um programa, o primeiro programa do PKK de 197723, para o qual se fizeram esforços de fazê-loaparecer como marxista. Nele, se podem encontrar diversos aspectos do marxismo, como a reforma agrária, aliança operário-camponesa, etc., que entraram no programa, mas o programa em seu conjunto carece de outros aspectos vitais, como a especificação da direção do proletariado na revolução por seu Partido Comunista, entre outros. A caracterização da revolução como um “revolução do Curdistao” é da mesma natureza antimarxista da União Geral do Trabalho Judia da Polônia e Rússia (que Lenin aplastou em seu momento; Nota de Tradução). Ademais, na última parte do programa está “A amizade com os países socialistas”, em 1977, quando a UniãoSoviética já era por completo, deformada pelos revisionistas, um pais social-imperialista e estava também consumado o golpe dos revisionistas na República Popular da China. A afirmação de que havia países socialistas, neste contexto histórico, é pois revisionismo puro. Não é menos surpreendente que as atitudes tais como a qualificação da demanda de autonomia regional ou, segundo seja o caso, a autonomia como uma capitulação ou o rechaço das bases militares de qualquer pais no Curdistao, mais tarde puderam facilmente serlançadas ao mar. Isso expressa a própria natureza do revisionismo, de disfarçar-se com o marxismo mais desenvolvido (a proximidadeda obra do Presidente Mao quando se estuda o primeiro programa é claro), mas completamente sem princípios. Assim, Öcalan manifesta desde o início a direção da burguesia no PKK.
Yildirim representa, contrária estes fatos de conhecimento público, a seguinte posição: “O PKK, porém, foi por muito tempo uma organização abertamente socialista, que perseguia- junto a Libertação Nacional dos curdos e curdas* – o modelo de uma revolução democrática, que se desenvolve em uma socialista. Ainda que, ideologicamente algo tenha mudado no PKK, ainda assim segue representando como antes um desafio a ordem capitalista na Turquia e sua função na estrutura imperialista da OTAN”24. Se refere a um mito, não é mais que um mito sobre o antigo PKK, como se explica no que expomos anteriormente. Isto faz Yildirim em vários pontos: “representante da ala socialista revolucionaria do PKK”, ou “velha direção, de orientação socialista e sempre ligada na Turquia em estreita aliança com a esquerda revolucionaria”. Finalmente “assumiu o timão, e trouxe de novo o PKK a uma linha revolucionaria independente”25, pelo menos de acordo com a própria representação de Yildirim.
Obviamente, a exatidão não é coisa de Yildirim, o que não me preocupa pois,em certa medida,torna a tarefa mais fácil. Um conselho a ele e aqueles que queiram aventurar-se na pista de dança balançando-se, são observações pontuais de Friedrich Engels aos que se chamam “socialistas”, e que os descreve com clareza até depois de 125 anos: “Assim, em 1847, o socialismo era um movimento da classe média, e o comunismo um movimento da classe operária. O socialismo era, pelo menos no Continente, ‘respeitável’; o comunismo era precisamente o oposto. E como a ideia que tínhamos desde o princípio era de que ‘a emancipação da classe operária tem de ser obra da própria classe operária’, não podia haver dúvidas sobre qual dos dois nomes tínhamos de adoptar. E o que é mais: estamos, e sempre estivemos, longe de o repudiar”26
Segundo Yildirim, o PKK e suas organizações afiliadas representam todavia “um desafio a ordem capitalista na Turquia e sua função na estrutura imperialista da OTAN”.27 Garantia para isso seria a chamada ala e seus representantes, denominada as vezes de revolucionária as vezes de socialista, outras vezes de esquerda, e algumas outras dos chamados falcões. Yildirim também dá seus nomes: “CemilBayik, MuratKarayilan, Duran Kalkan”28Esta afirmação resiste a um exame?
O tal CemilBayik, disse em uma recente entrevista: “avaliamos como um erro históricoa negativa recente do HDP (sigla em curdo para Partido Democrático dos Povos; NT-Português) de formar uma coalizão com o AKP (sigla para Partido da Justiça e Desenvolvimento, em português)”.29 É este o desafio da ordem capitalista que Yildirim imagina? Só teria que chama-lo simplesmente pelo contrário. Ou é que nesta entrevista lhe escapou? Dificilmente, depois de tudo isto foi em um ponto central, em um artigo ao Yildirim se refere explicitamente. Por que Yildirim não se refere explicitamente a isso? Não sabemos exatamente.
Postulam que Öculan estaria acima das leis da luta de classes
Contudo, há outras pistas que dão credibilidade a tese que lhe dá uma existência superior. Umas vezes mais, outras vezes menos abertamentese supõe que, para Öcalan, o PKK e suas organizações filiadas não aplicariam as leis do marxismo. Esta organização, pelo que se supõe, estaria acima das leis da luta de classes, existiria independentemente das leis sociais. Assim se cria uma visão do mundo idealista, em que se postula que Öcalan estaria acimadas leis da física, a qual todos os demais estão submetidos. Öcalan uma vez vociferou narcisista sobre si mesmo: “Diferente dos políticos, na realidade, euestou mais perto do profeta”30 Kader Yildirim esquadra isto chamando, um pouco mais condescendente,de que “aqueles esquerdistas…que se intrometem na história do mundo não são ‘M-L’. ”31
Öcalan e o próprio PKK tem descartado o marxismo como fachada há muito tempo. O argumento sobre um suposto materialismo vulgar que prevalece lhe proporciona uma desculpa para mover-se abertamente para o idealismo. Ele toma a tríade hegeliana em contraposição ao materialismo histórico, se serve da metafisica de Aristóteles operada por Stephen Hawkins (cujo problema é aceitar as leis materialistas só no nível das ciências naturais) de “O Grande Projeto” cientifico das ciências naturais, para explicar a origem do universo e invoca a definição do ser humano procedente dos Estados Unidos do trotskista anarquista-ecológico Murray Bookchin. 32
Duran Kalkan, esclareceu o oportunismo do PKK, em entrevista de 2008, da seguinte maneira: “Não rechaçamos o marxismo. Mas não nos determinamos como os marxistas clássicos. Tampouco, dizemos que somos seguidores do marxismo ou não. (…) também temos analisado e corrigido as deficiências do marxismo. Nos, portanto, não nos temos nos separado do marxismo ou o rechaçado, nós, em última instancia o temos superado”.33 Öcalan chega à seguinte conclusão: “Tão certo como a busca de soluções – quer seja em Zaratustra ou Mani, quer seja em Noé, Abraão ou Maomé – no Estado sacerdotal sumério – foram alcançadas, elas finalmente terminaram arremessandoas bocas dos leões os homens que queriam salvar. A mesma atitude encorajou a intenção leninista para aplastar o Estado imperialista, o estabelecimento da ditadura do proletariado. O leninismo compartilha o mesmo destino. Inclusive o maoísmo e direções similares estão na mesma tradição.”34
Contudo, existem alguns, nem tão poucos, que tentam revestir a concepção antimarxista, contrarrevolucionaria de Öcalan 35 com uma espécie de máscaramarxista revolucionária, ou algo do tipo. Aqui, senhores como Kader Yildirim são tão arrogantes que podem apresentar o ponto de vista da direção do PKK em relação com o norte da Síria com as palavras “mais ou menos bem” para descrever a situação ali 36. Sua última frase diz assim: “O mais importante é que avanca!”37 O que diz muito. O PKK, suas organizações afiliadas e seu pessoal da alta direção e seus defensores, que pretendem ser marxistas, negam-se a apresentar o plano, quer dizer, o que o PKK já tem previsto. Só as palavras autonomia democrática e confederalismo são como mantras para serem repetidos. Tal indeterminação não é uma expressão de aplicação de uma tática flexível, mas oportunismo puro.
Este oportunismo também se expressa da seguinte maneira: “as forçasaliadas, curdos afiliados ao PKK [ofertam] tudo o que serve total ou parcialmente aos seus interesses”. Todos são relativamente muitos, Yildirim nomeia alguns deles: “Com partes da FSA (Exercito Sírio Livre, organização armada montada pela CIA com ajuda da Turquia e monarquias do Golfo, etc.; Nota de Tradução) talvez poderia aliar-se na linha Jarablus-Azaz-al Bab”; “As alianças estratégicas com o Movimento Goran e o PUK de Talabani”; “Com as partes da oposição não jihadista e brevemente também com grupos islamistas”; “Durante o cerco de Alepo em 2016, de novo em cooperação com o regime”; “As forças curdas e aliados com as forças do regime e aliados”; “Curdos e curdas* receberam o apoio da Rússia com ataques aéreos”; e, claro, sempre há “o apoio dos Estados Unidos”38, que , contudo, tem tentadoignorarcom todas as suas forças39. Em Yildirim, soa como um conto infantil o dos soldados não combatentes da seguinte maneira: “… as forças especiais dos Estados Unidos estão ali principalmente para coordenar os ataques aéreos, não se misturam entre si nos combates com …”40. De fato, encontram-se dentro das forças especiais dos EUA, que agora é de pelos menos 500 homens, forças especiais, treinadores e também especialistas em explosivos.41 Na operação “Ira de Khabur”(“WrathofKhabur”) as forças especiais (SF) dos Estados Unidos ajudaram as forças de oposição sírias [SDF et al.; Nota do Autor.] a retomar a cidade de al-Shaddadi do poder do Estado Islâmico (EI)”.42
Sem dúvida, isto tem algo a ver com quem obtém as armas. Yildirim disse que os ianques só lhes haviam entregue as armas pequenas e munições, mas que também se pode procurar “armas do Irã, Rússia e em especial no mercado negro”, “conseguir”, “muitas armas ex-soviéticas”,também possuídas “por Irã e Israel pode-se aceitar”.43
Mas como conseguir armas segundo os marxistas?
O Presidente Mao Tsetung ensina: “Todas as armas que arrebatamos do inimigo, e a maioria dos soldados que capturamos, servem para complementar nossas próprias existências. A principal fonte de tropas e material de guerra de nosso exército é a frente.”44 Claro que pode-se comprar armas, mas a conquista e a autoproclamação é muito mais importante, contudo, aceitar as armas de outros viola o princípio de independência e autossustentacão. Mas, dos princípios marxistas não tem nem ideia o tal Yildirim, e por isso não lhe indica a isso nem uma só palavra.
Contudo, encontra palavras irônicas para os que praticam a crítica ao PKK: “inteligentíssimos teoricozinhos ML”; “Super-ML`s; “ML- profetas”e “especialistas no Oriente Médio”; “ML- apóstolos e heróis antiimperialistas”; “Especialistasdo Orientepróximo” e “heróis* do universo”; “heróis antiimperialistas e aspirante a ML`s.”45Com a frequência que utiliza tais palavras, Yildirim dá a impressão de que com ele não acontece uma discussão a mesma altura, mas simples difamação dos críticos. A passagem sobre “alemães especialistas em Oriente Médio*” e seus “rancorespequeno-burgueses”que “não tem nada absolutamente que fazer na história do mundo”, deve-sejugar como busca por difamar toda a crítica.
Para por isto de uma vez nos termos adequados, citamos o seguinte de um documento dos partidos e organizações latino-americanos, que acaba de ser publicado:
“Sem reconhecer o caráter semifeudal de nossos países e, portanto, a necessidade da guerra agraria para resolve-lo, acaba-se negando a necessidade da revolução democrática nos países oprimidos, a necessidade de desenvolver a guerra popular como guerra unitária – tendo o campo como principal e a cidade complemento necessário – para acabar com o imperialismo, o capitalismo burocrático e a semifeudalidade. Assim também, sem reconhecer o caráter semicolonial e semifeudal, sobre o qual se desenvolve um capitalismo burocrático no assim chamado Oriente Médio, não é possível entender o caráter de luta de libertação nacional de seus povos contra as distintas potencias imperialistas, seu caráter de guerra de resistência, de guerra justa, principalmente contra o imperialismo ianque mas sem descuidar da superpotência atômica – Rússia – independentemente das forças de classe, que atualmente dirigem estas lutas armadas diante da falta de direção comunista”46
Prosseguindo com Yildirim: O antiimperialismo, a soberania nacional, a preservação do direito internacional, blabla bla”47 são maus para ele porque têm caráter burguês. De fato, a questão da soberania nacional da Síria deve ser como um espinho na carne de Yildirim, porque a soberania deste país é pisoteada pelos ianques 48 e pela Turquia 49 com o apoio do PKK. Damos razão a Yildirim quando caracteriza o direito internacional como direito burguês (mas foi, contudo, reconhecido e utilizado pelos países socialistas antes existentes). É igualmente correto (e necessário – Nota de Tradução) denunciar que os imperialistas não respeitam nem a sua própria lei.
Tudo é tática, muito flexível, ninguém entende exceto o próprio Öcalan. Tais deturpações pertencem ao repertorio dos defensores de Öcalan. Se Öcalan está contra a modernidade essa atitude é progressiva, se Öcalan está pelas negociações de paz isso é guerra revolucionaria, se o fala contra o Estado, mas não quer destruir o Estado turco, mas que predica a paz e o oportunismo eleitoral, então de alguma maneiraisso conduz ao comunismo. Tais estupidez obvias refletem a linha de defesa do PKK, que se estabelece no artigo de Yildirim.
“A filosofia marxista, o materialismo dialético, tem duas características mais proeminentes. Em primeiro lugar, se caracteriza pelo seu caráter de classe: ela declara abertamente que o materialismo dialético serve ao proletariado: Ademais se caracteriza por sua relação com a pratica. Dá ênfase que a teoria depende da pratica, que a pratica é abase da teoria e a teoria por sua vez serve a pratica”.50 Falemos de novo sobre a prática do PKK e seu “internacionalismo”. Como funciona este exemplo concreto, na Alemanha? Se Erdogan se apresenta aqui, então o PKK mobiliza as organizações próximas – se as coisas estão de novo contra Erdogan – e seus apoiantes com todas as suas forças e levam a milhares de pessoas as ruas. Alguma vez eles tem feito isto mesmo no contexto de outro pais? Pode-se imaginar eles fazendo tal coisa? Qual a posição do PKK sobre a revolução proletária de outros países em geral? Qual a atitude que tem, por exemplo, a respeito da guerra popular na Índia? Ou pela luta dos camponeses pobres sem terra no Brasil? (que a Liga dos Camponeses Pobres – LCP dirige, pontuamos e cremos necessário esclarecer isso para que não se confunda a luta do campesinato pobre dirigida pela LCP com o que faz organização oportunista que é usada para manipular clientela eleitoral, que diz representar os “camponeses sem terra”- Nota da Tradução). O PKK tem por acaso absolutamente algum interesse neste tipo de movimentos? Obviamente que não. Todos e tudo está sujeito as preocupações políticas imediatas do PKK. Se tem algo a fazer e se dá a possibilidade, então o fazem com os partidos burgueses, como o “Partido da Esquerda”ou o dos “verdes”, sem com eles não se pode fazer algo e se apresentam problemas, então suas ações tornam-se militantes e utilizam algumas partes dos chamados “autônomos”. Mas tudo tem que submeter-se aos interesses políticos diários do PKK. Estas pessoas não tem absolutamente nenhum interesse em participar na tarefa tão necessária em outros países de construir um movimento antiimperialista. “Curdistao acima de tudo!” é seu princípio diretor e este chauvinismo está em marcada contradição com o internacionalismo: “Só há um verdadeiro internacionalismo: o dedicado trabalho no desenvolvimento do movimento revolucionário e a luta revolucionária no próprio país, o apoio (com propaganda, com apoio moral e material) de tal luta, só uma linha deste tipo e só umalinha em todos os países sem exceção. Todos os demais são cilada…”51
Os companheiros da Posição de Classe tem levado o assunto ao ponto: “Aos que só lhes importa ‘sua revolução’ ou os interesses nacionais, se trate esto de um país opressor ou de um oprimido, ou bem, antepõe os interesses imediatos de um povo sobre os da revolução proletária mundial, tal pessoa não pode ser considerada como comunista, mas é um chauvinista.”52
Inclusive nisto não há uma palavra de Yildirim, exceto na seguinte passagem: “Aqui o comunismo burguês junto com um elemento especificamente pequeno-burguês-terrorista no movimento comunista, que se chama no sentido mais estrito estalinismo. De acordo com o lema “todos aqueles que definitivamente não estão ao meu lado, são meus inimigos e da revolução principalmente” …53a Não é isso anticomunista? Creio que sim.
Qual é a posição do PKK e das organizações afiliadas com respeito ao Estado turco?
Algo a respeito já tem sido dado a conhecer. O objetivo do PKK e Öcalan não é a destruição do próprio Estado turco, já que não tem com ele um problema fundamental, mas sim com a atual (em forte contraste com o de há alguns anos) política de Erdogan que está contra os esforços de paz de Öcalan e pelos massacres da população civil no leste da Turquia, pelo menos atualmente. Tudo o que querem é uma mudança de regime, a democratização e portanto uma repartilha de poder. As frentes eleitorais do PKK com o HDP tem tido seus êxitos, agora,no entanto, parece não ser uma ferramenta eficaz para o PKK.
Se apresenta assim neste ponto, a questão de que formas de cooperação dos partidos e organizações revolucionarias são possíveis na Turquia com o PKK. O PKK está trabalhando em um acordo com o Estado turco e para isso quase tudo está feito (analogicamente isso vai atualmente como com o processo de capitulação das FARC na Colômbia). Mas indo para a pergunta, em princípio, havia a possibilidade de uma aliança dos marxistas com uma forca que representa os nacionalistas curdos, como o Bund ou “aliança judia” que poderia desempenhar um papel na revolução russa, porém, tal aliança não pode ser sob a direção dessa forca. Portanto, uma aliança seria útil para afetar os quadros atrasados e médios, assim como as massas que tem sériasimpatia pela revolução para alcançar tal forca. Contudo, o PKK espera devido a sua forca, uma subordinação a sua direção, e diversos partidos e organizações tem aceitado essa pretensão (no geral com o argumento de que o PKK e suas organizações afiliadas são muito, semquestionar por que se é numericamente inferior), como o mostra a criação do Batalhão Internacional da Liberdade e Movimento Popular Revolucionário Unido. Também, o tema da participação eleitoral é importante. Os camaradas chineses sob a direção do Presidente Mao em 1971 fizeram uma importante contribuição:
“Nos últimos quase cem anos, muitos partidos comunistas tomaram parte nas eleições e no parlamento, mas desta forma nenhum partido pode estabelecer a ditadura do proletariado. Também, se um Partido Comunista ganhou a maioria parlamentar e está representado no governo, isso não significa que o caráter burguês do Poder do Estado tem mudado, e muito menos que a velha máquina do Estado está esfacelada. As classes dominantes reacionárias podem declarar as eleições não validas, dissolver o Parlamento ou simplesmente aplastar o Partido Comunista com a violência. Se, um partido proletário não trabalha entre as massas, se não leva uma luta armada, mas tem ilusões nas eleições parlamentares, então só pode adormecer as massas e corromper-se. A burguesia compra por meio das eleições parlamentares o partido comunista para converte-lo em um partido revisionista, um partido burguês – estes casos se dão na históriapoucas vezes?
Aqui também a autoestima de Öcalan conta: “Diferente dos políticos, na realidade, estou mais próximo do profeta” e seu desprezo pelas massas mais profundas e mais amplas: “Infelizmente, a Alemanha desenvolvido é ligeiramente suja devido ao atraso de nosso povo. Isso me deixa triste… Por isso o novo racismo se estende de maneira justificadamente pelos demais! Creio que os direitistas estão no seu direito. Te digo francamente, neste ponto não penso como socialdemocrata. Os direitistas são corretos.”55 um rolo.
Com tal atitude, não é de estranhar o comportamento de Yildirim, que dá as boas-vindas para que se desenvolva uma sociedade “democrática”sob a direção do PKK, no sentido do imperialismo de hoje, uma sociedade dos rentistas e dos que vivem do recorte delcupón, com estas palavras: “a revolução em si permanece com a realização da revolução democrática – a qual, caso se comparem as circunstancias e todas as demais alternativas reais, não seriatão mal. Os curdos e curdas* e as outras nações desfrutariam então de todos os direitos e liberdades que todos os outros povos dos centros imperialistas já gozam…”56Impossível esquecer o que Yildirimdescrevedessa forma, se o imperialismo e seus benefícios relacionados vivem é as despesas de outros, o que os comunistas, antiimperialistas e revolucionários querem é exatamente o enterrar.
A colaboração do PKK com o imperialismo
Toda relação humana, social ou cientifica se caracteriza pela contradição e, como resultado, é desigual. Isto se expressa em que existe um conflito de interesses, na queum interesse prevalece. Em uma aliança um prevalece, um dirige, inclusive, se nele outros êxitos parciais são possíveis.
Para a colaboração com o imperialismo, há várias alternativas para os defensores de Öcalan. Uma, corresponde ao ladrão que grita: O ladrão! O ladrão! Essa exclamação aplicada ao PKK ficaria: Foi Osman! Um método, que se baseia em “diversas frações” dentro do PKK, que não é senão uma justificativa para todo o tipo de provas e tribulações e no movimento comunista internacional, é familiar tanto no Nepal como nas Filipinas. Em Yildirim isso se ler como segue: “…em termos práticos foi muito curto, nos começos da década de 2000, um grupo de quadros do PKK, incluindo um irmão de Abdullah Öcalan, Osman Öcalan, quem aproveitara a confusão desse momento e tratou de puxar o PKK para assumir uma faixa abertamente pro-imperialista. Osman Öcalan esteve com seus partidários sob a custodia dos Estados Unidos em Mosul e propôs a cooperação aos Estados Unidos. Criticou os estreitos vínculos do PKK com* socialistas turcos, e exigiu uma insistência mais forte sobre a identidade nacional curda e glorificou, no curso da qual, a chamada invasão do Iraque pelos Estados Unidos como “o colonialismo democrático”57
A segunda opção é a simples negação: “Quem estiver interessado na história, assim como o *marxista que pergunta primeiro: Por que, há décadas, os EUA apoiam o clã Barzani, mas até agora nunca ao PKK ou organizações próximas ao PKK?”58 e mais à frente “…que os Estados Unidos não apoiou a YPG/J e PYD por muito tempo.” Ainda, o secretário de Estado estadunidense, John Kerry, inclusive na parte mais álgida da batalha por Kobane, em 12 de outubro de 2014 disse: O que acontece em Kobane é trágico, mas não define a estratégia da coalizão internacional na luta contra o EI – Estado Islâmico. (…) Nenhum deles [PKK, etc.; Nota do autor] reclamam em serio algo dos EUA. O que exigiram sobretudo, foi que as fronteiras se abram por Turquia, para que os militantes do PKK possam passar com armas a Kobane e possam mudar o curso da batalha.”59
Uma terceira é a minimização: “A conta do PKK e YPG/J ali foi, e é: Se eles (os EUA) nos apoiam, sempre e quando temos objetivos comuns (a luta contra o EI), muito bem. Se eles não nos apoiam, também está bem; Fazemos o nosso em todos os aspectos de continuar, quer seja com, quer seja sem ou inclusive contra ele. E enquanto eles buscam nos integrar, utilizamos o mínimo de reconhecimento, que nos brinda esta busca de integração, com ele para consolidar nosso projeto e amplia-lo ainda mais…”60
Por último, segue a justificativa do que não pode passar, não pode negar ou minimizar, com reviravoltas de exemplos da história do movimento comunista internacional: “…Stalin, que se envolveu em coalizão com os aliados imperialista anticomunistas…”61 Isto é algo que vale a pena empregar. A União Soviética, como um estado socialista, fez alianças temporais com os imperialistas ingleses e ianques. Mas, isto ocorreu em um momento em que estava claro que oinimigo principal dos povos do mundo era o imperialismo alemão. Antes, quando este papel correspondeu aos britânicos, a União Soviética firmou um Pacto de Não-Agressão temporal com o imperialismo alemão. O PCCh – Partido Comunista da China, que as vezes se dá o mesmo papel pelos defensores de Öcalan, formou uma aliança com o Kuomintang contra os invasores japoneses. Apesar de Chiang Kai-shek era agente dos Ianques, mas não era uma aliança direta com o imperialismo ianque e, em nenhum caso, foram as forças revolucionarias (como se dá no caso do norte da Síria com ataques aéreos coordenados) subordinadas aos aliados. Em ambos os casos, a situação é completamente diferente a que atualmente se dá no norte da Síria. Uma comparação justa seria, pelo contrário, a seguinte: Atualmente, ir de forma conjunta com os Ianques em uma coalizão contra o EI está mais perto da metade do século passado, onde foi feita uma aliança com Hitler contra o líder fascista da Ucrânia, Bandera.
NOTA DE TRADUCAO: Outra comparação, ainda mais próxima, é a que se refere a China ocupada pelo imperialismo japonês dos textos do Presidente Mao, que consignamos após do presente artigo. Ou seja, que o Presidente Mao e o PCChpostularam a unidade ou a frente ou o apoio do invasor, o imperialismo japonês, para lutar contra seu inimigo jurado, o fascista Chiang Kai-chek.
Prosseguindo com a tradução: Se chega a apresentar, que o que Osman Öcalan perseguia na década de 2000 (e foi designado pelo próprio Öcalan como uma traição 62) hoje é na realidade: No “Alto Comitê Curdo”o PYD coopera com povo de Barzani. Inclusive com outras forças reacionárias como o PUK de Talabani (que apoiou o ataque dos Ianques ao Iraque,e foi recompensado com quase dez anos como Presidente do Iraque) existem vínculos muito estreitos. Yildirim as chama “alianças estratégicas”. O mesmo se aplica também a associação eleitoral Gorran permitida pelo Ianque ocupante (algo como: transformação) de Nawshirwan Mustafa. De maneira significativa,as relações estão no Iraque porque nas montanhas de Kandil estão os refúgios e acampamentos de formação centrais do PKK (e também outras organizações sujeitas ao PKK). Isso não quer dizer que entre o PKK e o clã Barzani não há contradições, há. Não são iguais, inclusive se são similares em certos aspectos. A filosofia marxista permite essa conclusão – estes são dois aspectos de uma contradição -, pelo contrário, em particular, o manejo destas contradições é importante.
Os interesses do PKK convergem, internacionalmente,com os do imperialismo ianque que se admite relutantemente. Do mesmo modo, as conexões diretas e indiretas. Inclusive Yildirim admite que as forças próximas do PKK “se movem em conjunto com o estado de ânimo e coordenação com os interesses dos Estados Unidos”.63 e que não estão para trás as considerações, como o bloqueio dos ataques aéreos da Forca AéreaSíria em Haseke pela Forca Aérea dos Estados Unidos. De fato, a subordinação ao imperialismo ianque é ainda maior. O ataque a Raqqa demonstra isso. Raqqa não está em território curdo, a legitima defesa não pode funcionar como argumento aqui. Porém, a SDF (que em conjunto com o YPG et al, também Dschaisch ath-thuwwar – exército de revolucionários, antigos partes da FSA – e milícias Quwat as-Sanadid feudal, Sheikh HumaidiDaham al Hadi são associados) levou a cabo a ofensiva contra al-Raqqa. Ademais, o YPG assinou o mando do Pentágono publicamente, do assessor especial de Obama para a Coalizão Internacional, McGurk, que ordenou: a retirar-se de Manbijlta.64 O que indica, nada mais, que atuam como as forças de terra do imperialismo ianque, é oesse fato que representa. A pergunta que salta é: a que preço têm negociado? Ademais, existem várias (segundo dados da Reuters zwei65, depois de outras três Angaben66) bases militares ianques nas zonas controladas pelo YPG,no norte da Síria.
O argumento de Yildirim de queo imperialismo russo também oferece e estava feito “para a compra de armas por parte de Israel”, como evidencia de ser uma forca anti-imperialista, não requer uma análise detalhada. A pedra cai sobre seus próprios pés.
Também se observa que, as organizações afiliadas ao PKK, assim como aqueles que se inclinavam diante o vento oportunista de Kobane, participam de uma ofensiva de propaganda do imperialismo ianque para legitimar sua agressão contra os países mulçumanos, que tem tomados os acontecimentos de 11 de setembro como uma oportunidade, tratando de apresentar aos mulçumanos geralmente como terroristas bárbaros da Idade Média. 67
Assim o PKK está, de acordo com o texto anterior, em contradição e desvantagem, a serviço da aplicação dos interesses do imperialismo ianque. O principal inimigo dos povos do mundo hoje é o imperialismo ianque, que é um milhão de vezes mais assassino de massas que, por exemplo, o Estado Islâmico (EI). Este fato, também se aplica aos curdos. O Estado burocrático-latifundiário turco, a serviço do imperialismo, que está massacrando a população curda e invadiu o norte da Síria, não podia manter-se sem o imperialismo ianque.
Nos movimentos de libertação dos comunistas na África e na América Central foram ativos, mas estes ricos, heroicos e sacrificadoscombates terminaram como apêndices semicoloniais e semifeudais de uma superpotência imperialista ou social-imperialista. Assim foi em Moçambique, Zimbábue ou Argélia e muitos outros casos. Inclusive no caso de um partido revolucionário que dirigia a Frente, como o foi por exemplo, no caso da Frente Nacional de Libertação do Vietnã do Sul, que levou a cooperação e a dependência da União Soviética social-imperialista para que a luta heroica do povo vietnamita, em última instancia, termine como semicolônia.
Tentativa de camuflar o que o PKK está fazendo como “marxismo”
Yildirim, toma ao final muitas páginas de explicações para legitimar a reacionária teoria e a prática do PKK e seus seguidores em uma última tentativa de camuflar como “marxismo” o que o PKK está fazendo: “Se mira-se a partir de uma perspectiva marxista-leninista, seria a transformação que levao PKK e o presente processo revolucionário em Rojava, que irá leva-lo a exatidão de seu conceito, a saber, o conceito da teoria e pratica da situação do poder dual. (…) A teoria do Confederalismo democrático, e a pratica da revolução em Rojava representam agora um momento de poder dual no quadro de uma revolução democrática. Por um lado, optam as forças curdas afiliadas ao PKK, em todos os países em que estão ativas, por uma revolução democrática, para culminar as tarefas das revoluções burguesas, porque estes países foram só parcialmente democráticos (…) Por outro lado, a visão de Lenin existe, a saber, que as burguesias dos países em que o modo de produção capitalista se desenvolveu mais tardedo que nos centros imperialistas, a revolução democrática não se completou por uma boa razão, já que não corresponde a seu caráter e é por isso que a revolução democrática deve ser imposta ä burguesia. Aqui, o momento de poder dual entra em jogo: a democracia dos sovietes (de conselhos).”68ª
Deve-se brevemente colocaràs claras, primeiro, que existia na Rússia três forças na revolução de fevereiro: “1o– a monarquia czarista, o chefe dos grandes latifundiários, o chefe dos antigos funcionários e os generais; 2o– os burgueses, Cadetes outubristas da Rússia, por trás dos quais marchava a pequena burguesia (seus principais representantes eram Kerenski e Chjeidze); 3oos sovietes dos deputados operários, de todo o proletariado e a totalidade das massas dos mais pobres estavam aliadas” 69
Esta é a etapa da revolução democrática, Sr. Yildirim. Como consequência, o comportamento dos marxistas nesta fase foi: “Nossa revolução é uma revolução burguesa, dizem os marxistas, portanto, os operários só tem que abrir os olhos do povo sobre a fraude dos políticos burgueses e ensinar a não dar crédito as palavras, mas só confiar em suas próprias forças,em sua própria organização, em sua própria união, em seu próprio armamento.”70Se faz-se uma comparação histórica, só deveríamos concluir que os governantes no norte da Síria, no “melhor dos casos”, de longe são mais comparáveis com os Kerenski. Tanto o caráter de classe do PKK, assim como a Constituição de Rojava não deixam lugar para outra conclusão.
Os sovietes, escreveu mais tarde Lenin, “têm que entender-se como organismos da insurreição” de “todos os ofícios e os estratos do proletariado e semiproletariado” em qualquer e todas as partes da Rússia. “Necessitamos de um Poder estatal revolucionário (…) mas não necessitamos de um Estado tal como já tem criado em todas as partes a burguesia, desde as monarquias constitucionais às republicas mais democráticas. E nisto nos diferenciamos dos oportunistas e kautyskianos dos velhospartidos socialistas, cobertos pela podridão, que tem esquecido e distorcido os ensinamentos da Comuna de Paris e a análise feita por Marx e Engels.”71
Os sovietes, portanto, não serviram por nenhum meio a conciliação de classes – como se executa em Rojava – mas foram instrumentos para o estabelecimento da ditadura do proletariado. Em qualquer caso, tal declaração nunca foi emitida pelos governantes no norte da Síria, pelo contrário. Contudo, os apologistas de Öcalan se atrevem a tal comparação. Esta falta de honradez será custosa, porque o proletariado revolucionário lhes pedirá as contas.
Com tal confusão fundamental, não é de estranhar que, “um, partido de quadros militantes fortemente disciplinado, o PKK” o atribua-se como “o clássico marxista-leninista”72, sem nenhum vínculo com o caráter de classe (PCUS sob Kruschev como o PCCh sob Deng, partidos burgueses-fascistas).
Aqui, se manifesta que o Yildirim pensa de fato que se pode pechinchar com o marxismo, mas sua compreensão do mesmo manca. Isto também se expressa nele, quando um aventureiro, como o ex-legionário da francesa Legião Estrangeira, um criminoso de carreira a soldo do imperialismo, GüntherKelstens, é mencionado junto com os revolucionários das massas mais profundas e mais amplas como Ivana Hoffman. Isto não se altera, quando Yildirim aqui e ali formula sua “crítica” de que a “revolução em Rojava” não “vai o suficientemente longe”, etc., só para no seguinte instante limpar isto da mesa, mediante a formulação de um desejo piedoso.
Uma das conclusões de Yildirim é: “Para os comunistas* e social-revolucionários deve ser claro, porém, que se deve buscar a perspectiva de uma aliança estratégica com o movimento de libertação curda afiliado ao PKK, no que cerne a Rojava/Síria, Turquia e o Oriente Médio”73 e “(…) pontificando desde fora, pelo contrário, só conduzirá as forças comunistas simplesmente a pularem em todos os acontecimentos que ali sucedem sobre o terreno, e que sejam percebidos como pretensiosos elitistas” 74
Em oposição,deve tomara decisão, de que os comunistas deveriam em aliança com o PKK, sob liderança do imperialismo ianque, ser parte da agressão contra a Síria e os povos árabes, com o qual se desacreditaria por anos a revolução proletária mundial. Pelo contrário, os comunistas tem que mobilizar suas próprias forças com valentia e ombro a ombro, junto as massas mais exploradas e oprimidas para opor-se resolutamente ä agressão imperialista. Em caso de que não haja partidos comunistas, estes devem ser (re)constituídos, e onde a guerra popular não está em marcha deve-se iniciar a guerra popular tão pronto como seja possível, e através das revoluções culturais marchar até o comunismo. Este último, é um objeto que existe em todos os países do mundo.
Dado que a tormenta oportunista de Kobane se estende pelo mundo, e dado o fato de que muitos jovens, basicamente pessoas progressistas, estão dispostas a oferecer suas vidas na luta que tem lugar no norte da Síria (com a intenção de lutar contra o imperialismo) e o fazem, existe uma necessidade urgente de que o movimento comunista internacional, o proletariado internacional e os povos do mundo, os revolucionários e antiimperialistas em todos os países, tenham clareza acerca de como se deve avaliar o desenvolvimento na Ásia Ocidental e, em particular, sobre o papel do PKK e seus “compinches” e, portanto, se deve ter uma posição clara. Necessita-se de uma posição decidida contra os oportunistas, seu falso “antiimperialismo” e sua convergência com a linha do PKK.
Alexandra Becker
Dezembro de 2016
Notas
1 – Os diversos artigos que formulam as críticas ao PKK e suas organizações afiliadas têm suas especificidades, de forma geral, as críticas são justas em minha opinião; isto vale, em particular, no artigo os “alborotadores”, para os companheiros do periódico Posición de Clase, que há dois anos desenvolveu uma política clara a respeito.
2 – Vgl. AlekaPapariga: “Sobre o imperialismo e a pirâmide imperialista”.
3 – Kader Yildirim: “Sobre o antiimperialismo burguês e o comunismo burguês como bloqueio da revolução. Para o debate em Rojava”, em loweclassmag.com. De outubro de 2016.
4 – Ibidem.
5 – Ibidem.
6 – Ibidem.
7 – Partido Comunista do Peru: “A linha Democrática”, citado por Posición de Clase, no12, outubro de 2016.
8 – Alle citado por Yildirim: “O real antiimperialismo e o comunismo burguês como bloqueio da revolução. Para o debate em Rojava”.
9 – “Contrato Social por Curdistão sírio”, artigo 2 A e B; citado por folherosVIcakaAzad, de março de 2014.
10 – Livre, por Marx.
11 – Cf. Mussolini: “O Estado Corporativo”.
12 – “Contrato social por Curdistão sírio”, artigo 41; citado por folhetos CivakaAzad. De março de 2014.
13 – “Contrato social por Curdistão sírio”, artigos 39 e 40; citado por folhetos CivakaAzad. De março de 2014.
14 – Yildirim : “O imperialismo…”
15 – Ibidem
16 – Öcalan: “Fora do Poder estatal e da violência”
17 Ibidem
18 – Ibidem
19 – Ibidem
20 – Cf. o artigo sobre a revolução democrática na edição número 12 da revista Posición de Clase, que apresenta mais integralmente o tema.
21 – Lenin: “Duas táticas da socialdemocracia na revolução democrática”
22 – Yildirim: “O imperialismo …Para debate em Rojava”
23 – ver o programa do Partido dos Trabalhadores do Curdistão – PKK; Editora: WêsanenSerxwebûn. Escrito em: setembro de 1977. Primeira edição em alemão: abril, 1984.
24 – Yildirim: “O imperialismo…”
25 – Ibidem
26 – Friedrich Engels: “Prefácio do Manifesto Comunista (edição em Ingles, 1888)”
27 –Yildirim: “O imperialismo…”
28 – Ibidem
29 – Citação de JörgUlrich: : autocrítica do PKK”
30 – Günter Wallraff fala com o líder do PKK, Abdullah Öcalan, “O Tempo”; em 28/02/1997.
31 – Yildirim: “O imperialismo…”
32 – Öcalan: “Fora do Poder estatal e da violência”, capítulo “o indivíduo e a sociedade”.
33 – “O 10oCongresso do PKK, a conclusão da reconstrução, resumo das discussões com CemilBayik, MuratKarayilan e Duran Kalkan”. Em nadir.org
34 – Öcalan: “Motivo das pessoas livres”
35 – Um exemplo bastante esclarecedor, neste sentido, é a questão do Estado. Açõesdesta pergunta já tem mostrado. As elaborações teóricas de Öcalan, com a teoria marxista do Estado, podem se resumir em uma de suas frases: “A fetichizacao da independência do Estado nacional é uma utopia pequeno-burguesa.” [Öcalan: Fora do poder estatal e da violência”]. Contudo, seu rechaço a entidade governamental não se estende ao Estado turco. Com a capitulacionista decisão (“Tem chegado o momento de retirar nossas forças armadas de trás da fronteira.” [Declaração histórica de Öcalan, em Newroz 2013; kurdistan.blogspot.de]), sentencia Newroz, a partir do ano de 2013, claroÖcalan: “Os turcos e curdos tem caído juntos em Çanakkale, que tem levado a guerra de libertação em conjunto em 1920, abriu o Parlamento juntos. O fato de nosso passado comum, sugere que construímos nosso futuro comum juntos. O espirito fundador da Assembleia Nacional da Turquia também ilumina a nova era, que começa hoje. (…) O sistema moderno Democrático é uma nova opção, o caminho da opressão. Tomar seu lugar nele umaforma adequada da sua mentalidade”.
36 – Yildirim: “O antiimperialismo …”
37 – Ibidem
38 – Ibidem
39 – Importante a este respeito é o seguinte estrato de uma entrevista da Vice Magazine: “Mas há uma grande quantidade de apoio aéreo da Coalizão Internacional. Sem que tivessem ido um pouco durante a ofensiva, estes foram parcialmente bombardeados antes. Não temos experimentado, a princípio, resistência a direita. Isso é claro,Daesh não tem nenhuma possibilidade contra a superioridade da OTAN. Só permaneceram indivíduos que queriam morrer, talvez fomos despedidos para morteiros duas ou três vezes, mas depois vieram de uns disparos de um avião e logo foi o morteiro.” [Https://www.vice.com/de/article/ich-war-bereit-dort- a-morir-a-alemán-izquierda-la-lucha-contra-el-islámica-estado-992]
40 – Yildirim: “O imperialismo…”
41 – Cf. Stern.de: “200 soldados a mais para ajudar a reconquista do bastião do EI de Raka”, em 12/10/2016.
42 – washingtonpost.com: “Aqui é onde as forças de operações especiais estadunidenses estão ajudando a assessorar os aliados dos Estados Unidos”, em 07/04/2016; tradução própria.
43 – Yildirim: “O Antiimperialismo…”
44 – Pdte Mao: “A situação atual e nossas tarefas”; Sublinhado próprio
45 – Yildirim: “O antiimperialismo…”
46 – “Tese sobre a situação internacional e as tarefas do Movimento Comunista Internacional”, citado por ://www.demvolkedienen.org/index.php/de/t-theorie/t-dokumente/1161-these-ueber-die-internationale-lage-und-die-aufgaben-in-der-internationalen- comunista-motion
47 – Ibidem
48- ES são várias bases militares ianques nas zonas controladas pelo YPG, no norte da Síria.
49 – Yildirim pergunta, retoricamente, do apologista Öcalan, “Que faz o curdo aos EUA ou Turquia” convidados “no norte da Síria”? E o nega. Agora também não só a realidade o contradiz esta vez, mas Öcalan e bastante fundamentado: “… Eu também celebro o ‘espirito de Ashme’”[ mensagem de Öcalan a Newrozfest, em 21/02/2015; civaka-azad.org]. No dia 22 de fevereiro de 2015, houve uma ação coordenada do YPG no exército turco, que previamente tem sido negociado pela via diplomática o túmulo completo de SuleymanShah. A raiz dos restos recuperados foram enterrados ao oeste de Kobane e bandeiras turcas junto as planteadas a semelhança de Öcalan. Este é o “espirito de Ashme”. Uma agressão conjunta de YPG e o estado turco contra a soberania do Estado sírio. [Ver Nick Braun: “Mover habilmente”; em 23/02/2015]
50 – Pdte Mao: “Sobre a prática”
51 – Lenin: “As tarefas do proletariado em nossa revolução”
52 – “Uma classe – Uma ideologia – Um partido – Uma revolucao”; Posición de Clase 9; dezembro de 2015. As forças especiais são principais ali para coordenar os ataques aéreos, e não misturar-se nos combates.
53 – Yildirim: “O antiimperialismo …”
54 – “Viva o triunfo da ditadura do proletariado! – No 100o aniversário da Comuna de Paris”, Pequim Informa
55 – “Günter Wallraff fala com o líder do PKK, Abdullah Öcalan”, O Tempo; 28/02/1997.
56 – Yildirim: “O antiimperialismo…”
57 –Ibidem
58 – Ibidem
59 –Ibidem
60 –Ibidem; ênfase adicionada.
61 – Ibidem
62 – Cf. Nicholas Braun, Brigitte Kiechle: “PKK – As perspectivas da luta de libertação curda: entra a libre determinação, a UE e o Islã”
63 – Yildirim: “O antiimperialismo …”
64 – Cf. SeyitEvran: “Raqqa, os ataques na Turquia e o silencio da coalizão e da Russia”, 224/11/2016, Firatnews. Em civaka-azad,org.
65- Suleiman Al-Khalidi: “EUA constroi duas bases aéreas no norte, controlado pelos curdos da Síria: informe curdo”, em 06/03/2016. Em reuters.com
66 – “Curdistão, uma colônia síria dos EUA? Washington constrói bases militares na Síria, na zona YPG”, em 28/04/2016. Em kommunisten.ch
67 – Cf. Azad pelo Comité Central do Partido Comunista da India (Maoista): “caricaturas racistas contra o profeta Maomé são uma conspiração deliberada das listas imperialistas para denegrir a comunidade mulçumana! Os chamados cruzados da liberdade de imprensa são apenas apologistas do neocolononialismo!”; Em 26/02/2006
68 – Yildirim: “O antiimperialismo …”; Destaque do original
69 – Lenin: “Cartas de Longe – Carta 1”
70 – Ibidem
71 – Lenin: “Cartas de Longe – 3 da letra”
72 – Yildirim: “O antiimperialismo …”
73 – Ibidem
74 – Ibidem
Escrito por MIPE
23 de dezembro de 2016
Dois textos do Presidente Mao
sobre a Frente Única Revolucionaria
quando o imperialismo invade o país
Sobre a tática da luta contra o imperialismo japonês [*]
27 de dezembro de 1935
A Frente única nacional
Depois de ter examinado a situação, tanto da contrarrevolução como da revolução, fica fácil definir as tarefas táticas do Partido.
Qual é a tarefa tática fundamental do Partido? Não é outra senão a de formar uma ampla Frente única nacional revolucionaria.
Quando a situação da revolução muda, há que modificar de acordo com isso a tática e os métodos de direção da revolução. A tarefa que o imperialismo japonês e os colaboracionistas e vende-pátrias planteiam é transformar a china em uma colônia; a nossa, em substituição, é fazer da china um país que goze de independência, liberdade e integridade territorial.
(…) O Partido Comunista e o Exército Vermelho, não são apenas os iniciadores da Frente única nacional anti-japonesa, mas como também chegarão infalivelmente a constituir o firme pilar do governo e o exército anti-japoneses, de modo que, os imperialistas japoneses e Chiang Kai-shek não lograrão êxito em sua política de bombardear a Frente única nacional. Não há dúvida de que os imperialista japoneses e Chiang Kai-shek recorrerão a todo tipo de ameaças, suborno e manobras entre os diversos setores; frente a isto devemos nos manter alerta.
Claro quenão podemos esperar que os numerosos setores que integrem a Frente única nacional anti-japonesa, tenham todos a mesma firmeza que o Partido Comunista e o Exército Vermelho. No curso de suas atividades, pode ocorrer que, sob a influência do inimigo, alguns maus elementos se retirem da Frente única. Mas nós não tememos que se retirem. A medida que,sob a influência do inimigo se retiram, sob a nossa, virá gente boa para somarem-se a nós. Sempre que o Partido Comunista e o Exército Vermelho subsistam e cresçam, subsistirá e crescerá a Frente única nacional anti-japonesa. Tal é o papel dirigente do Partido Comunista e do Exército Vermelho na Frente única nacional. Os comunistas, que já não são crianças, sabem o que devem fazer e como devem tratar seus aliados. Se os imperialistas japoneses e Chiang Kai-shek podem manobrar as forças revolucionarias, o Partido Comunista também pode fazê-lo com relação as forças contrarrevolucionarias. Se ele podem atrair aos maus elementos de nossas fileiras, claro que, nós também podemos atrair aos “maus elementos” de suas fileiras (bons para nós). Se conseguimos atrair a um grande número de pessoas, então as fileiras inimigas serão corroídas e as nossas crescerão. Em resumo, duas forças fundamentais estão lutando entre si; todas as forças intermedias, pela lógica das coisas, terão que pôr-se de um lado ou de outro. A política dos imperialistas japoneses de subjugar a China e a política entreguista de Chiang Kai-shek, não pode empurrar as numerosas forças para o nosso lado, quer seja para incorporar-se diretamente as fileiras do Partido Comunista e do Exército Vermelho, quer seja para formar conosco uma Frente Única. Tudo isto se lograra sempre que nossa tática não seja a de “portas fechadas”.
As tarefas do Partido Comunista da China no período da resistência ao Japão [*]
3 de maio de 1937
A atual etapa de desenvolvimento das contradições externa e internas da China
- Devido ao fato da contradição entre a China e o Japãoter se tornado a principal, e que as contradições internas da China terem ficado relegadas a segundo plano e subordinadas, tem se produzido nas relações da China com o exterior e nas relações de classe de dentro do pais, mudanças que inauguram uma nova etapa de desenvolvimento da situação nacional.
- Há muito que a China vive duas contradições agudas e fundamentais: a contradição entre ela e o imperialismo, e a contradição entre feudalismo e as grandes massas populares. Em 1927, a burguesia, representada pelo Kuomintang, traiu a revolução e vendeu os interesses nacionais ao imperialismo, criando, assim, uma situação caracterizada por um agudo antagonismo entre o Poder operário-camponês e o Poder kuomintanista e, o fato de que o Partido Comunista da China teve que assumir sozinho a tarefa de levar a frente a revolução nacional e democrática.
- Desde o Incidente de 18 e Setembro de 1931, e especialmente, a partir dos acontecimentos do Norte da China em 1935 [1], essas contradições tem experimentado as seguintes mudanças:
- a) Das contradições entre a China e as potencias imperialistas em geral, a contradição entre China e imperialismo japonês tem se acentuado e agudizado excessivamente. Este imperialismo, segue uma política de conquista total da China. Consequentemente, as contradições entre a China e algumas outras potencias imperialistas têm sido relegadas a segundo plano, enquanto a fenda entre essas potencias e o imperialismo japonês tem se ampliado. Portanto, se planteia ante o Partido Comunista da China e do povo chinês, a tarefa de ligar a Frente única nacional anti-japonesa à Frente Única mundial da paz. Em outras palavras, a China não só deve unir-se com a União Soviética, que tem sido sempre amiga fiel do povo chinês, mas também, na medida do possível, estabelecer relações de luta conjunta contra o imperialismo japonês com aqueles países imperialistas que no presente estejam dispostos a manter a paz e se oponham a novas guerras de agressão. Nossa Frente única deve ter como objetivo resistir ao Japão, e não tanto opor-se a todas as potencias imperialistas.
- b) A contradição entre a China e o Japão tem conduzido à modificação das relações de classe no pais, e tem planteado ante a burguesia e, inclusive, ante os caudilhos militares a questão de sua própria sobrevivência, de maneira que em seu seio e dentro de seus partidos tem se iniciado um processo de mudança gradual de atitude política. Isto, planteia para o Partido Comunista da China e para o povo chinês, a tarefa de formar uma Frente única nacional anti-japonesa. Nossa Frente única incluirá a burguesia e a todos aqueles que estejam favor da defesa da pátria, e encarnará a unidade nacional contra o inimigo estrangeiro. Esta tarefa deve e pode ser cumprida.
- c) A contradição entre a China e o Japão tem mudado a situação em que se encontravam as grandes massas populares de todo o país (o proletariado, o campesinato e a pequena-burguesia urbana), e tem originado modificações na política do Partido Comunista. A luta do povotem cobrado maior amplitude pela salvação nacional. O Partido Comunista tem desenvolvido a política que adotou depois do Incidente de 18 de setembro, em concluir acordos consistentes, sob três condições (cessar os ataques contra as bases de apoio revolucionárias, garantir as liberdades e direitos do povo e armar o povo), com os setores do Kuomintang que estiverem dispostos a cooperar conosco para resistir ao Japão, e tem transformado na política da Frente única anti-japonesa de toda a nação. Disto tem se derivado, entre outras, as seguintes medidas de nosso Partido: em 1935, a declaração de agosto [2] e a resolução de dezembro [3]; em maio de 1936, o abandono da consigna de “Abaixo Chiang Kai-shek!” [4]; em agosto, a carta dirigida ao Kuomintang [5]; em setembro, a resolução sobre a república democrática [6]; em dezembro, a insistência de um ajuste pacifico do Incidente de Sian e, em fevereiro de 1937, o telegrama dirigido a III Sessão Plenária do Comitê Executivo Central do Kuomintang [7].
- d) A contradição entre a China e o Japão, também tem produzido mudanças no que se refere aos regimes instaurados pelos caudilhos militares chineses e as guerras internas entre eles, fenômenos engendrados pela política imperialista de esferas de influência, e pelas condições econômicas semicoloniais da China. O imperialismo japonês estimula tais regimes e as guerras internas, com o propósito de facilitar sua dominação exclusiva sobre a China. Algumas outras potencias imperialistas, em causa própria, favorecem temporalmente a unidade e a paz da China. De sua parte, o Partido Comunista da China e o povo chinês se esforçam ao máximo para pôr fim às guerra civis e as divisões e conseguir a paz e a unidade.
- e) Com seu desenvolvimento, a contradição nacional entre a China e o Japão tem superado em peso político relativo as contradições entre as classes e entre os grupospolíticos dentro do país, relegando-as a um plano secundário e subordinado. Mas estas contradições continuam existindo, e de modo algum tem diminuído ou desaparecido; o mesmo ocorre com as contradições entre a China e as potencias imperialistas, exceto o Japão. Consequentemente, se planteia para o Partido Comunista da China e para o povo chinês a seguinte tarefa: efetuar, de acordo com a tarefa geral da unidade para resistir ao Japão, os ajustes apropriados com respeito as contradições internas e externas que hoje possam e devam ser ajustadas. Daí que a política do Partido Comunista da China, que exige paz e unidades internas, democracia, melhores condições de vida para o povo e negociações com os países que se oponham ao Japão.
- A primeira etapa do novo período da revolução chinesa, iniciada em 9 de dezembro de 1935, terminou em fevereiro e 1937, quando o Comitê Executivo Central do Kuomintang celebrou sua III Sessão Plenária. Durante essa etapa, os acontecimentos mais importantes foram: o movimento pela salvação nacional nos meios estudantis, culturais e periodistas; a entrada do Exército Vermelho no noroeste; o trabalho de propaganda e da organização efetuado pelo Partido Comunista em relação a sua política de Frente única nacional anti-japonesa; as greves anti-japoneses em Shanghai e Chingtao [8]; a tendência da Inglaterra para seguir uma política relativamente dura com respeito ao Japão [9]; o Incidente de Kuangtung-Kuangsí [10]; a resistência de Suiyuán e o movimento em seu apoio [11]; a atitude relativamente firme de Nankín nas negociações chino-japonesas [12]; o Incidente de Sían e, finalmente, a III SessãoPlenária do Comitê Executivo Central do Kuomintang, celebrada em Nankín [13]. Todos estes acontecimentos gravitaram em torno da contradição fundamental, o antagonismo entre a China e o Japão, e, diretamente, em torno da necessidade histórica de estabelecer uma Frente única nacional anti-japonesa. A tarefa fundamental da revolução, nessa etapa, consistia em lutar pela paz no país, pôr fim aos conflitos armados internos, com o fim de alcançar a unidade para resistir em conjunto ao Japão. Nessa etapa, o Partido Comunista lançou o chamamento: “Pôr fim a guerra civil e unir-se para resistir ao Japão!”, chamamento que tem se feito real no fundamental, criando-se assim, a primeira condição para a efetiva formação de uma Frente única nacional anti-japonesa.
- Devido a presença do grupo pró-japonês em suas fileiras, o Kuomintang não introduziu nenhuma mudança nítida e radical em sua política, nem solucionou concretamente nenhum problema na III Sessão Plenária de seu Comitê Executivo Central. Mas, graças a pressão do povo e as mudanças ocorridas em próprio interior, o Kuomintang se viu constrangido a começar a modificar sua errônea política dos últimos dez anos, ou seja, sua política de guerra civil, de ditadura e de não-resistência ao Japão, para orientar-se para a paz, a democracia e a resistência ao Japão, e a começar a aceitar a política de Frente única nacional anti- japonesa. Esta mudança inicial, se manifestou na III SessãoPlenária do Comitê Executivo Central do Kuomintang. De agora em diante, deve exigir-se ao Kuomintang uma mudança completa de sua política. Para isso, nós e todo o povo temos que desenvolver ainda mais amplamente o movimento pela resistência ao Japão e a democracia; criticar, esporar e pressionar ainda mais ao Kuomintang; unir-nos aos seus militantes que se pronunciem pela paz, pela democracia e pela resistência ao Japão; fazer avançar a seus elementos vacilantes e indecisos e descartar aos elementos pró-japoneses.
- Atualmente, vivemos a segunda etapa do novo período. Tanto a anterior como a presente, são etapas de transição para a resistência armada em escala nacional contra o Japão. Se a tarefa da etapa anterior consistia, principalmente, em lutar pela paz, a da presente é, antes de tudo, lutar pela democracia. Há que compreender que, assim como sem a paz interna não é possível estabelecer uma autentica e sólida Frente única nacional anti-japonesa, tampouco é possível faze-la sem a democracia dentro do país. Por isso, na atual etapa de desenvolvimento, a luta pela democracia constitui a conexão central na cadeia das tarefas da revolução. Se não vemos com clareza a importância da luta pela democracia, e se debilitamos nossos esforços nesta luta, não lograremos estabelecer um autentica e sólida Frente única nacional anti-japonesa.
* Informe do camarada Mao Tsetung ante a Conferencia Nacional do Partido Comunista da China, celebrada em Yenán em maio de 1937.