Índia: 50 anos de Naxalbari, por Varavara Rao

Nota do blog: Reproduzimos tradução de trechos do documento escrito pelo dirigente da Frente Democrática Revolucionária (FDR) na Índia, camarada Varavara Rao, em celebração dos 50 anos do Levantamento Camponês de Naxalbari.


“Na Índia, o levantamento armado revolucionário camponês de Naxalbari, que completará seu 50º aniversário, foi influenciado e inspirado pela Grande Revolução Cultural Proletária da China. Naxalbari foi um acontecimento que conquistou espaço sob a liderança do Camarada Charu Mazumdar – um dos dois grandes líderes, mestres e fundadores do PCI (Maoísta), sendo ele e o camarada Kanhai Chatterjee. Naxalbari marcou um novo começo na história da revolução democrática do país”.

Essa foi a observação feita pelo Comitê Central do PCI (Maoísta) que, ao mesmo tempo, fazia um chamado a celebrar os quatro grandes eventos da história para chegar ao socialismo no mundo, incluindo o quinquagésimo aniversário de Naxalbari. É óbvio que os maoístas – mais ainda no PCI (Maoísta) – são os verdadeiros herdeiros do Movimento Naxalbari na Índia, além de certos grupos revolucionários e indivíduos em todo o país. A menos que se construa um partido bolchevique com espírito bolchevique para alcançar a revolução indiana, que una todas essas forças revolucionárias, a Revolução de Nova Democracia na Índia, não se pode alcançar um precursor do socialismo.



Naxalbari é uma linha divisória em todos os aspectos da política, da sociedade e da cultura semifeudais e semicoloniais entre as classes exploradoras e exploradas, os governantes e governados, a burguesia compradora e as amplas massas camponesas e operárias, entre a política parlamentar e o caminho alternativo do povo. Em uma palavra, a luta de classes, sob a liderança da classe operária como vanguardar para tomar o poder do Estado pelo povo, as forças produtivas para mudar as relações de produção.

Naxalbari, pela primeira vez, definiu o caráter do Estado como ditadura semifeudal e semicolonial, burguesa compradora. Tomou o maoísmo, o marxismo-leninismo desta época, como sua visão do mundo. Rechaçou a política parlamentar. Elegeu o camninho da Revolução de Nova Demcoracia e empreendeu uma prolongada guerra contra o Estado, com a luta armada como principal forma de luta. Seu programa econômico de luta pela terra se iniciou em Naxalbari, em 23 de maio de 1967, com os Santales de Naxalbari e os povos Kheribari ocupando terra e declarando seu direito sobre ela, até op dia 25 de maio, e dando suas vidas para protegê-la da intervenção das forças armadas estatais. Seu programa militar é a guerra de guerrilhas até que se libertou aldeias e, em última instância, entrou na guerra cara a cara na captura do Centro. Até chegar na sua etapa de guerra de movimento, em seu conjunto em Dandakaranya, Bastar em Chhsttisgarh, e Gadchiroli em Maharashtra.

Apesar de parecer uma luta pela terra, seja Naxalbari, Srikakulam ou Telangana, em 1970, é uma verdadeira luta antifeudal e antiimperialista com um slogan de “terra para quem nela trabalha”, mas apontando à tomada do Poder estatal pelo povo. É por isso que a classe dominante compradora do Centro (isto é, da Federação, nota de VND-Peru) e dos estados vê com medo e tacham-as como a “maior ameaça interna” para o sistema e o Estado.