Retirado da Revista O Maoísta, nº 1
Proletários de todos os países, uni-vos!
Guerra Popular e Revolução*
“A revolução é uma guerra. É de todas que conhece a história, a única guerra legítima, legal, justa e realmente grande. Uma guerra que não se trava, como as demais, pelo interesse egoísta de um punhado de governantes e exploradores, senão nos interesses das massas do povo contra os tiranos, no interesse de milhões e milhões de explorados e trabalhadores contra o abuso e a violência.”
Lenin
“Jornadas revolucionárias”, em “O plano de batalha de Petersburgo”-1905
“A nossa palavra de ordem deve ser: armar o proletariado para vencer, expropriar e desamar a burguesia. Esta é a única tática possível para a classe revolucionária, tática que decorre de todo o desenvolvimento objetivo do militarismo capitalista e é determinada por este desenvolvimento. Só depois de o proletariado desarmar a burguesia é que poderá, sem trair a sua tarefa histórico-universal, atirar para o ferro-velho todo o armamento em geral e, indubitavelmente, o proletariado fa-lo-á, mas só então, de modo nenhum antes”. (sublinhado nosso)
Lenin
“O Programa Militar da Revolução Proletária”
“…a experiência da luta de classes na época do imperialismo nos ensina que só mediante o poder do fuzil podem a classe operária e as classes trabalhadoras derrotar a burguesia e os latifundiários armados, neste sentido podemos dizer que só com fuzis pode-se transformar o mundo inteiro”.
Presidente Mao
“Problemas da guerra e da estratégia”
“O cerne da estratégia do proletariado e de seu partido é o desenvolvimento da Guerra Popular através da guerra de guerrilhas.”
Manoel Lisboa
“Carta de Doze Pontos aos comunistas revolucionários”
1-Introdução
O problema da via da revolução proletária como a da violência revolucionária ficou planteado pelo marxismo já no Manifesto Comunista de 1848, quando Marx e Engels expuseram de forma sistematizada pela primeira vez sua doutrina. Desde seus fundamentos o marxismo afirmou tanto a necessidade do proletariado se organizar em partido diferente de todos até então surgidos na história quanto da violência revolucionária como via da revolução. No Manifesto do Partido Comunista remarcaram incofundivelmente que os comunistas não se rebaixam a ocultar suas ideias, que ao contrário proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados com a derrubada violenta de toda a ordem social existente.1 A primeira tentativa do proletariado em assaltar os céus, a Comuna de Paris de 1871, em que pese todo seu heroísmo, fracassou após 70 dias e Marx fez ver seus ensinamentos e significado histórico. Mostrou que na ausência do partido revolucionário único do proletariado e de sua direção absoluta, bem como que na falta de compreensão da necessária ditadura revolucionária em todos os terrenos sobre a burguesia e demais classes exploradoras derrubadas do poder, encontravam-se as causas principais da sua derrota. Fez ver ainda outros ensinamentos daquela experiência, como a da nova forma estatal que vislumbrara diferente e oposta à das classes exploradoras ao longo da história. Também de que, o banho de sangue levado a termo pela reação unida para derrotar a Comuna, fizera o proletariado, que até então principalmente só conhecera a burguesia como força revolucionária, vê-la como tal na contrarrevolução.2
Com a passagem do capitalismo à sua etapa superior e última, a do capital monopolista, e quando a guerra de rapina se impôs como política inerente ao imperialismo e o oportunismo se manifestou abertamente entre os marxistas, Lenin entendeu como necessária e inevitável a cisão nas fileiras socialistas para defender o marxismo de sua falsificação.3 Lenin elevou o marxismo a uma nova etapa de seu desenvolvimento na que ressalta o partido de novo tipo como o destacamento de vanguarda do proletariado e organização de combate de chefes revolucionários e a teoria e tática da revolução proletária em geral e da ditadura do proletariado em particular.4 O leninismo preconizou que os comunistas têm que se forjar na luta contra o oportunismo e na violência revolucionária. “A revolução é uma guerra”5sintetizou ele e assim dirigiu a primeira revolução proletária triunfante, a grande Revolução Socialista de Outubro de 1917. Partiu de que o problema central de toda e qualquer revolução é o do poder, e sendo a medula do poder de Estado sua força armada, para derrotá-la só opondo a ela outra força armada.6 Assim sendo, em última instância, o problema para o proletariado consistia em organizar-se em partido e em força armada dirigida por este, o partido comunista.
Após a segunda grande guerra imperialista a revolução proletária se ampliou como novo salto qualitativo, originando o campo socialista mundial, com o triunfo da grande Revolução Chinesa. Este grande êxito levou a correlação entre o proletariado e a burguesia e entre o socialismo e o imperialismo ao equilíbrio de forças. Isto criou a situação em que um imperialismo mais desesperado e feroz, capitaneado pelos ianques, desatou sua estratégia da “Guerra Fria”, com a chantagem nuclear e em que as contradições de classes e a luta de classes nos países socialistas (URSS e China Popular) entrassem numa nova etapa, na que trouxe à superfície um novo revisionismo. A morte de Stalin apresentou-se como a oportunidade para a camarilha de Kruschov usurpar o Partido Bolchevique e o Estado Soviético, predicando capitulação e traição com seus “dois todos” e “três pacíficas” para revisar o marxismo-leninismo, restaurar o capitalismo e aplastar o movimento comunista internacional com o conto revisionista da transição pacífica.
O Presidente Mao à cabeça do PCCh, já em dura luta no seio do próprio partido contra a direita defensora da via capitalista, levantou-se contra o novo revisionismo e em defesa do marxismo-leninismo, reafirmando a luta armada revolucionária como única via para o proletariado realizar a revolução socialista e os povos e nações oprimidas conquistarem a libertação nacional, realizar a revolução de nova democracia e passar ininterruptamente ao socialismo. Remarcou que: “…a experiência da luta de classes na época do imperialismo nos ensina que só mediante o poder do fuzil podem a classe operária e as classes trabalhadoras derrotar a burguesia e os latifundiários armados, neste sentido podemos dizer que só com fuzis pode-se transformar o mundo inteiro”.7
Esta havia sido a experiência da Revolução Chinesa de 25 anos de luta armada, que confirmava a experiência histórica de todas as revoluções e com que o marxismo-leninismo colhia grandes saltos na forja do Partido Comunista com o tratamento das contradições internas, através do método da luta de duas linhas e formulação completa da teoria militar proletária, a Guerra Popular. Como Lenin anteriormente fizera o Presidente Mao tomou de Clausewitz de que a guerra é a política por meio da violência8, afirmando que os comunistas somos partidários da “teoria da onipotência da guerra revolucionária” e de que o “Poder nasce do fuzil.”9
Após a morte do Presidente Mao, a direita que havia sido politicamente aplastada ao longo da Grande Revolução Cultural Proletária, encontrou oportunidade para levantar novamente sua negra cabeça e a camarilha de Teng maquinou o golpe de Estado, usurpando o poder do proletariado. Alguns partidos e organizações comunistas ao redor do mundo condenaram o revisionismo de Teng e denunciaram a restauração capitalista, seguiram defendendo o marxismo-leninismo e o pensamento Mao Tsetung e o caminho da luta armada revolucionária. Mas só com o início da Guerra Popular no Peru, em 1980, é que foi realizada a defesa mais consistente do marxismo-leninismo, compreendendo que as contribuições do Presidente Mao conformavam uma nova etapa de seu desenvolvimento, o maoísmo10, e se fundamentou a vigência da violência revolucionária de modo cabal, através do entendimento de que a Guerra Popular consistia na teoria militar do proletariado e questão essencial da ideologia e ciência da revolução proletária.
No entanto, todo o período de triunfo do revisionismo e de renegação que tem transitado a luta do proletariado, em meio de tantas dificuldades impostas pela ofensiva contrarrevolucionária desatada nos finais da década de 1980, ademais e como parte dela de toda a extensa camada de partidos revisionistas que se acumulara desde o advento do revisionismo kruschovista, incluído o revisionismo de Hohxa, Teng e o revisionismo armado destacadamente na América Latina, não tardariam fazer manifestar nas fileiras do próprio maoísmo novas expressões de revisionismo. Exemplo mais destacado disto são as posições da LOD (Linha Oportunista de Direita, capitulacionista e revisionista) de ex-membros do CC do PCP travestidos no atual MOVADEF, a “Nova Síntese” de Avakian do PCRUSA e o “Socialismo do Século XXI” de Prachanda/Batharai.
O denominador comum, dentre outras questões, de todas estas correntes revisionistas tem sido a tentativa de tergiversar e negar a Guerra Popular como problema essencial e inseparável do maoísmo. Nos anos de 1990 já se travava dura luta no MRI contra essas tendências capitaneadas, principalmente, pelo presidente do PCRUSA. Luta em que se empenhou o PCP para afirmar o maoísmo como nova, terceira e superior etapa de desenvolvimento do marxismo e da vigência universal da Guerra Popular, compreendida esta como parte essencial do maoísmo, sendo a teoria militar proletária, aplicada às particularidades de cada país e de suas revoluções. E foi em razão do fracasso em impor suas teorias revisionistas no MRI que Avakian maquinou durante anos pela sua liquidação.
Daí que sem combater e derrotar todas essas manifestações revisionistas e suas influências, responder às exigências que a crise geral do imperialismo e as rebeliões populares estão demandando hoje, estas não podem se realizar e a revolução não pode avançar. É necessidade crucial aprofundar os debates para se elevar a compreensão do maoísmo, o que passa obrigatoriamente por elevar o entendimento sobre a Guerra Popular como a forma mais alta da aplicação da violência revolucionária e sua vigência universal. Neste propósito, dado o significado crucial desta questão para a revolução proletária mundial, e com base nos esforços e desafios que estamos afrontando para levar a cabo o desencadeamento da Guerra Popular em nosso país é que queremos expor nossas reflexões.
2-Imperialismo e Revolução
O grande Lenin em sua extraordinária obra “O Imperialismo fase superior do capitalismo” e nos debates sobre a questão nacional e colonial sintetizou que o traço distintivo da época do imperialismo é o de que o mundo ficou dividido, por um lado, na imensa maioria de países atrasados oprimidos e, por outro, num punhado de países desenvolvidos opressores dos primeiros11. Condição que só confirmou-se, agravando-se após mais de um século de sua vigência. Apesar dos poderosos golpes assestados a esse sistema de exploração agonizante pelo proletariado revolucionário e o movimento de libertação, que com as revoluções socialistas e de nova democracia chegou a empurrá-lo para as bordas de seu sepultamento, ele recuperou o terreno. E foi através da ação deletéria do revisionismo que conduziu à restauração capitalista que o imperialismo passou à contraofensiva dominando todo o mundo, porém num grau de decomposição muito mais avançado, cuja ação tornou-se mais criminosa que nunca.
O Presidente Mao, rechaçando as tentativas do revisionismo kruschovista de apregoar capitulacionismo, reafirmou que o imperialismo é um tigre de papel e desmascarando as investidas em ressuscitar as podres teorias de Kautsky do “ultra-imperialismo” demonstrou como que na época do imperialismo “delineiam-se três mundos”12. Ou seja, que o campo das nações imperialistas persiste em contradições, movendo-se através de pugna e conluio internos, que as pugnas se sobrepõem aos conluios por questão da natureza mesma do capital e que em determinados períodos de sua crise geral, inevitavelmente agudiza-se a luta pela partilha e repartilha do mundo e pela hegemonia. Assim se conforma a existência de um Primeiro Mundo, o da superpotência ou superpotências; um Segundo Mundo, o das potências imperialistas (potências de segunda ordem) e um Terceiro Mundo, o pelas nações atrasadas e oprimidas pelo imperialismo e inclusive, à sua época, os países socialistas e de democracia popular, países independentes, mas ainda menos desenvolvidos (na atualidade, com a inexistência de países socialistas ou de democracia popular o Terceiro Mundo se compõe das nações oprimidas pelo imperialismo, sendo a imensa maioria de países semicoloniais e semifeudais).
O cacarejo revisionista de Teng da “Teoria dos Três Mundos”13, a qual tentou atribuí-la ao Presidente Mao, nada tem que ver com a justa análise marxista-leninista do Grande Timoneiro. E isto é chave esclarecer porque a camarilha de Teng serviu-se de um truque para justificar sua traição revisionista e fazer o jogo do imperialismo, afirmando que o Primeiro Mundo é o das superpotências e potências imperialistas, o Segundo Mundo o dos países socialistas e o Terceiro o dos países atrasados e “em desenvolvimento”.
A apreciação que fez o Presidente Mao à época e logo da restauração burguesa na União Soviética convertendo-a em social-imperialista, sendo superpotência e China seguia sendo um país socialista, foi a de precisar as contradições fundamentais no mundo, definindo de forma exata a contradição principal dentre elas. Bem como tomar pulso da correlação de forças entre o imperialismo e a revolução proletária, para contrapor ao revisionismo de Kruschov, defender o marxismo-leninismo e a revolução. Foi para sintetizar a acertada Linha Política Geral para o Movimento Comunista Internacional para estabelecer as formas e caminhos para a revolução em todos os tipos de países e de modo geral a revolução proletária mundial. E ainda é necessário assinalar que o fez em meio de feroz luta contra os revisionistas encastelados no Comitê Central do PCCh e na alta direção do Estado e do Exército Popular de Libertação. Daí que na famosa Carta Chinesa de junho de 1963, a “Proposição acerca da Linha Geral para o Movimento Comunista Internacional”, entre outras definições apresentou corretamente como sendo quatro as contradições fundamentais da época, a saber: contradição entre Nação e imperialismo, contradição entre proletariado e burguesia, contradição entre os monopólios e entre os países imperialistas e a contradição entre socialismo e imperialismo, dada a existência à época de um campo socialista. Porém, neste documento de grande significado para o marxismo, para a revolução proletária e de combate ao revisionismo kruschovista, não destacava qual delas era a contradição principal, questão que mais do que ninguém o Presidente Mao defendia ser a contradição que opõe nação ao imperialismo. Esta falta importante e algumas outras que permeiam a Carta Chinesa e os Nove Comentários à carta-resposta dos revisionistas kruschovistas, deveu-se a de serem posicionamentos do Comitê Central do PCCh em meio de encarniçada luta interna, a qual viria explodir com a Grande Revolução Cultural Proletária.
Com o Presidente Gonzalo e principalmente após a derrota da GRCP se fará a defesa intransigente da concepção leninista do imperialismo e da compreensão do Presidente Mao de que o mundo, com o agravamento da crise geral do imperialismo, havia entrado na época do varrimento total do imperialismo pela revolução proletária, destacando o que ele prenunciou de sua ocorrência dentro dos “próximos 50 a 100 anos”14. O Presidente Gonzalo sintetizou toda a experiência da Revolução Chinesa sob a direção do Presidente Mao e com sua aplicação à realidade da revolução no Peru através da Guerra Popular, compreendendo e estabelecendo de modo inseparável desta, o maoísmo como terceira, nova e superior etapa do marxismo. Ele analisou com sagacidade os acontecimentos da década de 1980 e início da de 1990 e com aguda precisão os caracterizou corretamente, demonstrando que uma ofensiva contrarrevolucionária de caráter geral e convergente do revisionismo e o imperialismo havia se iniciado15. Ofensiva contrarrevolucionária de caráter geral em cuja cabeça estavam mancomunadosGorbachov/Reagan-Bush e o Papa João Paulo II e cujos acontecimentos da guerra de agressão ao Iraque sob a bandeira da ONU marcou a passagem do USA à condição de superpotência hegemônica única no mundo. Revelou de forma cabal que estava em curso novo momento na confrontação entre contrarrevolução e revolução, situação resultante da restauração capitalista em todos os países onde o proletariado havia conquistado o poder e construía o socialismo ou democracias populares, época de mais duras provações para os comunistas e de renegação descarada sob a bandeira negra do revisionismo.
Sobre este período é preciso assinalar que a derrota temporária do proletariado revolucionário com a restauração capitalista levada a cabo pelos revisionistas na URSS (1956), na China com a derrota da Grande Revolução Cultural Proletária (1976) e demais países de democracia popular (década de 1960) conduzira a situação mundial a uma nova fase de domínio capitalista sob hegemonia da superpotência imperialista ianque em conluio e pugna com o social-imperialismo da URSS, para logo na década de 1990 como superpotência imperialista hegemônica única, restaurar o mercado capitalista mundial único, através de continuadas guerras de agressão e rapina. Tal ofensiva de caráter geral destinou-se a dar golpes demolidores na revolução proletária apontando contra o marxismo apregoando sua caducidade. Após verter duro golpe sobre a Revolução Peruana e não alcançando seu domínio completo sobre o mundo lançou sua estratégia de “Guerra ao Terror”, apontando contra o fundamentalismo islâmico no pretexto de aplastar as lutas de libertação nacional. Porém nem um só dia o proletariado revolucionário e as nações oprimidas deixaram de combater e resistir, alcançando novas alturas com o prosseguimento da Guerra Popular no Peru, Filipinas, Turquia e Índia e desencadeando-a no Nepal ademais das lutas armadas de resistência nacional das nações invadidas pelo imperialismo. Nessas novas condições de domínio imperialista e resistência do proletariado, dos povos e nações oprimidas, o imperialismo atingiu um grau de decomposição jamais visto. Manifestação disto são a proporção, profundidade e prolongamento das crises financeiro-econômico-social e política da atualidade, com o incremento das guerras de agressão, expressando não somente a agudização da contradição nação/imperialismo como também da contradição interimperialista e entre proletariado e burguesia, tal como as sucessivas arremetidas das rebeliões populares que têm percorrido mundo afora, clamando por direção revolucionária.
De fato, como o planteado e ressaltado pelo Presidente Gonzalo, o atual desenvolvimento da crise geral do imperialismo entrou definitivamente na fase histórica de seu varrimento completo pela revolução proletária, situação prenunciada pelas lutas armadas de libertação e principalmente pelas guerras populares que jamais arriaram a gloriosa bandeira da revolução proletária mundial, numa nova e segunda onda da revolução mundial que necessita ser impulsionada e para o que exige desenvolvimento de direção proletária, de partidos comunistas maoístas militarizados, enfim do movimento comunista internacional maoísta. Exatamente porque, nestas condições concretas que representam o desenvolvimento e decomposição do imperialismo, com que o mundo, mais do que a época que predicou Lenin16, toda a sociedade foi militarizada ao extremo e em todas as nações, só um caminho pode levar a resistência do proletariado e dos povos e nações oprimidas à sua libertação, o caminho da luta armada revolucionária e desta como concepção e direção proletária, a Guerra Popular. Mais, como muito bem afirmou Lenin que não se pode verdadeiramente combater o imperialismo e a reação sem se combater de modo inseparável todo o oportunismo, mais que nunca para rechaçar o reformismo e todo oportunismo do cretinismo parlamentar, deslindando e desmascarando seus partidários frente às massas para ajudá-las a compreender e distinguir amigos de inimigos e liberar suas poderosas energias na luta armada revolucionária.
3- Marxismo e Guerra Popular
A Guerra Popular tal como na experiência da Revolução Chinesa, quando e como a formulou o Presidente Mao e confirmada nas diversas tentativas em levá-la a termo nas décadas finais do Século XX e inícios do século presente é a guerra de massas dirigida de forma absoluta pelo Partido Comunista. É a guerra que tomando o princípio de que são as massas que fazem a história, parte da realidade concreta em que, de modo geral as massas estão relativamente desorganizadas, porém que em longo prazo tornar-se-ão organizadas, passando de força poderosa desorganizada a força poderosa organizada, através de etapas bem delimitadas do desenvolvimento da luta armada, aplicando no combate ao nível estratégico a superioridade relativa de forças e no tático a superioridade absoluta. Acumulando forças, passando de débeis a fortes, obedecendo rigorosamente à correlação de forças no percurso das três etapas da Defensiva Estratégica, do Equilíbrio Estratégico e da Ofensiva Estratégica. A Guerra Popular se inicia sem uma retaguarda no objetivo imediato de criá-la como Base de Apoio revolucionária, com que se estabelece o Novo Poder, poder político revolucionário do proletariado e as massas populares, para apoiar-se nela, expandi-la parte por parte até a conquista do poder em todo país e de modo geral, de país a país, em todo mundo.
Desencadeia-se como Guerra de Guerrilhas, através de pequenos grupos no objetivo imediato de organizar o exército guerrilheiro, abrindo com ações de propaganda armada e logo Guerra de Guerrilhas, criando Zonas Guerrilheiras e Zonas de Operações no objetivo de cercar vastas zonas, mobilizando as massas, politizando-as, organizando-as e armando-as crescentemente, para criar as Bases de Apoio revolucionárias e o Novo Poder. As Zonas Guerrilheiras são objetivos táticos e somente a Guerra de Guerrilhas e as Bases de Apoio são fatores estratégicos que percorrem todo o curso da Guerra Popular, desde o estabelecimento destas no início até a conquista do Poder em todo o país.
“As Bases de apoio são as bases estratégicas sobre as quais se apoiam as forças guerrilheiras para cumprir suas tarefas estratégicas e lograr o objetivo tanto de conservar e aumentar suas forças como de aniquilar e expulsar o inimigo. Sem tais Bases estratégicas não haveria nada em que se apoiar para executar qualquer de nossas tarefas estratégicas e alcançar o objetivo da guerra.” (…) “O Presidente Gonzalo estabeleceu um sistema de Bases de apoio rodeado por zonas guerrilheiras, zonas de operações e pontos de ação tendo em conta as condições políticas e sociais, a tradição de luta, as características geográficas e o desenvolvimento do Partido, do Exército e das massas.”17
Guerra Popular unitária aplicada no campo e na cidade, no caso dos países oprimidos, no campo como frente principal e na cidade como complemento necessário a preparar a futura insurreição geral. E no caso dos países capitalistas, imperialistas, aplicadas às cidades grandes, médias e pequenas para o desenvolvimento do poder revolucionário e preparação para a insurreição geral. Segundo a acumulação e desenvolvimento do exército popular e da frente única a Guerra Popular, mantendo invariavelmente a guerra de guerrilhas, passará a aplicar simultaneamente e de modo combinado outras formas, principalmente à da Guerra de Movimentos e, particularmente na etapa final, a da ofensiva estratégica, à Guerra de Posição ademais das outras, combinando com levantamentos insurrecionais nas cidades, tal como a insurreição geral, no último ou últimos bastiões do inimigo, principal ou principais centros urbanos. O curso de toda a Guerra Popular obedece a leis da guerra em geral, da guerra revolucionária e especificamente da guerra revolucionária do país dado. Quanto à suas leis há que se destacar que, por sua natureza, a Guerra Popular exige para o desenvolvimento de todo seu curso aplicar a dinâmica, de forma categórica, da centralização estratégica e descentralização tática. Como tal, também a incorporação das massas à Guerra Popular obedece a leis.
Há que se ressaltar também quando tomamos seu conceito de forma geral, como o definiu e precisou o Presidente Mao, que na guerra, pelo papel dinâmico que nela desempenha, o homem é o fator decisivo e não as armas. Quanto ao Exército Popular, que o mesmo não é carga para as massas, que não só combate, mas mobiliza, politiza e organiza as massas e produz. E de que, tomada a Guerra Popular em seu conjunto, ela se apoia nas próprias forças; que a forma principal do armamento do Exército Popular se faz através dos combates, recuperando armas, munições e outros meios de guerra das tropas inimigas, ademais de secundariamente produzi-las e comprá-las. Que a guerra impõe a cota de sangue segundo o princípio básico de “preservar as nossas forças e aniquilar as do inimigo”18, ou seja, que para aniquilar o inimigo e preservar ao máximo as forças revolucionárias é preciso entrar ao combate pagando uma cota de sangue. De combater sempre “com razão, vantagem e não se exceder”, orientando-se por “quando o inimigo avança, retiramo-nos; quando o inimigo se detém, o fustigamos; quando o inimigo se fadiga, o atacamos; quando o inimigo se retira, o perseguimos.”, de “atrair o inimigo para que penetre profundamente no interior de nossas linhas para rodeá-lo por partes e aniquilar suas forças em separado uma a uma”, de “não travar combate sem que se esteja preparado, não travar combate que não se esteja seguro de vencer”, de se aplicar o de que “nossa estratégia é enfrentar dez com um. Nossa tática é enfrentar um com dez”.19
Ou seja, que no estratégico aplicamos a superioridade relativa e no tático-operacional a superioridade absoluta. Implica de modo geral, tomada a guerra em seu conjunto, que dispersamos as forças para fazer a guerra de guerrilhas e as concentramos para fazer a guerra de movimento. E tanto num quanto noutro aplicamos o mesmo princípio de “Concentrar uma força várias vezes superior às do inimigo para aniquilar as suas forças uma a uma”20, mas sempre em conformidade com a etapa estratégica em que se encontre. Na etapa inicial de defensiva estratégica da Guerra Popular, a dispersão de nossas forças no trabalho político revolucionário com as massas e ações principalmente guerrilheiras obriga o inimigo desconcentrar as suas para nos atacar em diferentes pontos, o que cria as condições para concentrar nossas forças e atacar as do inimigo isolada em cada ponto, para aniquilá-las e varrê-las, gerando vazio político, base sobre a qual estabelecemos Bases de Apoio e Novo Poder. Nas etapas de equilíbrio e ofensiva estratégicas concentramos nossas forças para atacar e aniquilar as do inimigo uma a uma, principalmente com guerra de movimentos apoiada com guerrilhas. Contudo, sempre combatemos no objetivo e direção de aniquilar as forças vivas do inimigo, para destruir e varrer as velhas relações sociais de produção e estabelecer, passo a passo, Novo Poder. Com base nesta compreensão o problema e desafio sempre se apresenta como sendo o de saber como aplicar estes princípios e ideias, em cada situação concreta, em ações guiadas firmemente por planos. De modo geral podemos dizer que o problema chave é o de manter sempre a iniciativa e o de conseguir concentrar nossas forças para cada combate, nos planos tático e estratégico. Enfim, de que o inimigo “combate à sua maneira e nós combatemos à nossa”21. O problema da guerra tomado como um todo é o de “saber aprender”.22
O caráter prolongado da Guerra Popular
O caráter prolongado da Guerra Popular está determinado pelas contradições que o modo capitalista de produção, ao passar à sua fase superior, dos monopólios, o imperialismo, conduziu a sociedade em cada país e em todo o mundo. As leis que regem o desenvolvimento destas contradições e a correlação de fatores entre as forças da contrarrevolução e da revolução impõem, de modo geral, um período prolongado para a solução das mesmas a favor da revolução. Claro que, a partir de determinado nível do avanço da revolução proletária mundial em que, no fundamental tomado o mundo como um todo, a revolução já tenha triunfado na sua maior parte, existirá sempre a possibilidade de que no restante ela possa se vencer num prazo mais ou menos rápido.
No caso dos países atrasados e oprimidos são destas contradições e de seu desenvolvimento que derivam quatro características gerais que implicam no caráter prolongado da guerra popular: 1) a condição semicolonial destes, em que se desenvolve um capitalismo burocrático, com subjacentes relações de tipo semifeudal; 2) as forças do inimigo são grandes, fortes e desenvolveram grande experiência em combater a subversão e a revolução; 3) as forças da revolução são inicialmente frágeis, dado o baixo grau de seu desenvolvimento e atraso, não contando ainda com um exército guerrilheiro; 4) a guerra popular depende da existência minimamente estabelecida do Partido Comunista para exercer sua direção de modo absoluto. Como muito bem o formula o Presidente Gonzalo ao plantear a Guerra Popular, que da primeira e quarta características depreende-se que o exército guerrilheiro popular pode crescer e derrotar o inimigo, e a segunda e terceira condicionam que o exército guerrilheiro popular não pode crescer com rapidez, demandando tempo para desenvolver e incorporar massas à guerra, mudando passo a passo a correlação de forças a favor da revolução.
No caso dos países capitalistas desenvolvidos (imperialistas de modo geral), somente a primeira característica se difere das do caso dos países atrasados, pois que é o fator mesmo distintivo da natureza dos dois tipos de países que compõem o capitalismo monopolista, o imperialismo, ou seja, a natureza distintiva da imensa maioria de países atrasados e oprimidos da do punhado de países capitalistas adiantados, potências e superpotências opressoras. Nestes, por essa sua natureza com o avanço de sua decomposição que conduz as relações de produção bem como todas as demais relações que destas derivam na superestrutura, gerando crises em ciclos cada vez mais aproximados, agudizando as contradições internas, as desordens e repressão às lutas de resistências das massas, estas tendem ser cada vez mais radicalizadas. Quer dizer, o grau de exploração crescente, em que com a redução dos direitos, a tendência para o fascismo e violência reacionária contra as liberdades democráticas de associação, a repressão às greves e manifestações, caracterizando-se pela acentuação das injustiças contra o proletariado e massas populares, incremento do racismo, do chauvinismo e todo tipo de prejuízos reacionários, lançam grandes ondas de lutas que permitem e favorecem o desenvolvimento da luta revolucionária em geral e do partido revolucionário do proletariado, bem como de seu exército.
Segundo a correlação de fatores desfavoráveis e favoráveis para a revolução retirada da análise científica da realidade, de suas contradições objetivas, do nível de consciência e de organização das massas, a guerra popular se desenvolve por etapas estratégicas bem definidas. A etapa de defensiva estratégica, do equilíbrio estratégico e da ofensiva estratégica. A etapa de defensiva estratégica parte do reconhecimento da correlação de forças entre a revolução e contrarrevolução, onde como no primeiro caso, o proletariado, o campesinato pobre e demais massas populares se acham geralmente num grau ainda muito baixo de organização, ou seja, os instrumentos fundamentais para a revolução ainda são débeis e se acham pouco desenvolvidos, embrionários ou mesmo inexistentes. Nestas condições reside o perigo de destruição das forças revolucionárias, exigindo guiar-se orientando por evitar qualquer tipo de embate de caráter estratégico, fugir destes e atuar ofensivamente no plano tático. Empregando o conceito de superioridade absoluta em cada batalha, pode-se ir aniquilando o inimigo por partes. A etapa de defensiva estratégica, em geral, tende ser a mais longa, na medida que parte da inexperiência das organizações das massas e do próprio Partido Comunista na guerra, o que aprenderá e se desenvolverá fazendo a guerra. As outras duas etapas terão a sua duração muito condicionada por fatores gerados do maior ou menor agravamento das crises do sistema aos níveis nacional e internacional e determinada pela maior ou menor capacidade da direção da guerra em manter-se na linha correta aplicada pelo conjunto de seu contingente de forças. A força do inimigo reside fundamentalmente no volumoso contingente de suas forças armadas, a quantidade e potencial destrutivo de seus meios de guerra e sua debilidade está em que combate para defender e manter a exploração e opressão da imensa maioria da população.
A nossa força está em que combatemos por uma causa justa para destruir a máquina podre que oprime as massas destruindo e varrendo as velhas relações sociais parte por parte, na qual contaremos com a incorporação crescente das massas. Fazemos a guerra justa contra a guerra injusta. Em últimos termos fazemos a guerra para conquistar a paz eterna. A nossa debilidade está na situação imediata de dispersão e desorganização das massas. Neste sentido a guerra de guerrilha é a forma principal e dominante durante seus inícios e a guerra de movimento auxiliar, iniciando pela propaganda armada, aplicando atos de sabotagem, aniquilamento seletivo e assaltos. Com seu maior desenvolvimento, ainda na etapa da defensiva estratégica a guerra de movimentos toma relevância e é chave para seguir desenvolvendo a guerra como um todo, mantendo-se a guerra de guerrilha como auxiliar e em permanente combinação.
Na etapa de equilíbrio estratégico, que se estabelecerá segundo a nova situação em que o inimigo perdeu terreno e poder e luta por reconquistá-los através de destruir o poder que a revolução tem conquistado. Por sua parte a revolução tem que defender o poder já conquistado preparando-se para a contraofensiva. A etapa de equilíbrio estratégico em desenvolvimento apresenta os problemas de iniciar a preparação da passagem à etapa da ofensiva estratégica, através de fortalecer e ampliar o trabalho nos grandes centros urbanos. Na etapa do equilíbrio estratégico, a guerra popular desenvolverá novas formas aplicando principalmente guerra de movimentos e combinando com guerra de posição em determinadas condições e a guerra de guerrilha de modo auxiliar e combinado.
A terceira e última etapa, a da ofensiva estratégica, culmina o cerco da cidade pelo campo e se dá nas condições em que o inimigo passou à defensiva estratégica e nós à ofensiva estratégica. Ela se resolverá com o cerco pelo campo e insurreição geral nas cidades. Em todo o processo da guerra popular, em que se desenvolverão diferentes fases da revolução, a guerra de libertação anti-imperialista que se agudizará, determinará o desfecho da ofensiva.
Em todas as suas etapas e como um todo, a guerra popular se desenvolverá com avanços e recuos, ziguezagues, ascenso e descenso, condições que exigirão de tudo do Partido Comunista e de sua direção para o correto manejo político das contradições, do programa da revolução, correspondentes à etapa de seu desenvolvimento. “O Presidente Gonzalo assim nos ensina que a guerra popular é prolongada, longa, cruenta, porém vitoriosa e nos diz que o tempo de sua duração se estenderá ou encurtará dentro de seu caráter prolongado na medida em que mais combatamos cerrados na linha militar proletária, pois o direitismo é o perigo principal que pode causar sérios tropeços à guerra.”23
Sem direção do Partido Comunista não pode haver Guerra Popular
Sem partido comunista que plasme a ideologia proletária não se pode desencadear verdadeiramente a Guerra Popular, menos ainda desenvolvê-la para seu triunfo. A experiência histórica demonstra de forma palmar que o proletariado só pode triunfar se se organiza em partido comunista para que dirija de forma absoluta todo o processo revolucionário, da conquista do poder, a sua ditadura de classe, o socialismo, todo curso que assegure a transição da sociedade ao Comunismo. A experiência da Revolução Chinesa, sob a direção do Presidente Mao, na qual se concebeu e formulou a teoria da Guerra Popular, percorreu mais de duas décadas de luta armada revolucionária até o triunfo da Revolução em 1949, bem como a etapa da Revolução e construção Socialistas, como se verificou com a Grande Revolução Cultural Proletária, o papel de direção absoluta do processo revolucionário pelo Partido Comunista ficou manifesto. Mais ainda, confirmou que, dependendo de ser correta ou não a linha ideológico-política do partido, foi o que determinou a vitória ou a derrota da revolução.
Em toda experiência histórica das lutas do proletariado e das massas populares, da revolução proletária enfim, no triunfo ou na derrota o fator decisivo foi o Partido Comunista e de nele prevalecer a linha ideológico-política correta ou não.
Finalmente, em toda esta definição reside o caráter marxista, científico da Guerra Popular como teoria e doutrina militar proletária integral e harmônica. Nela são inerentes os pilares fundamentais do marxismo tais como a luta de classes como motor da história, a ditadura do proletariado (em suas diferentes formas segundo as etapas da revolução), a violência revolucionária da qual é sua mais alta forma de materialização, o partido revolucionário do proletariado como direção absoluta e o socialismo científico (comunismo) como meta, ademais do necessário combate ao revisionismo e todo oportunismo de modo inseparável do combate ao imperialismo e toda a reação.
4-O caminho de cercar a cidade pelo campo
“O marxismo elevou o proletariado a dirigente do campesinato”
Lenin
O que a experiência histórica também demonstrou é de que o caminho que a Guerra Popular percorreu nos países oprimidos foi o do cerco da cidade pelo campo. Mas isto não consubstancia ser a essência da Guerra Popular como mecanicamente interpretam alguns. Como descrito mais acima, a essência da Guerra Popular é a de ser guerra das massas dirigida pelo Partido Comunista, na qual a questão do Poder é objetivo central, perseguido desde seu início e conquistado parte por parte até sua conquista em todo país. Isto quer dizer que seu objetivo, sempre apoiado nas massas mobilizando-as, politizando-as, organizando-as e armando-as parte por parte, através da luta armada vai destruindo as bases de sustentação do velho Estado, gerando vazio de poder para aí estabelecer o Novo Poder Popular apoiado nas massas armadas. Ou seja, poder conquistado e defendido pela força armada dirigida pelo Partido Comunista. Sendo uma concepção científica a Guerra Popular parte do conhecimento das leis que regem o desenvolvimento econômico-social da realidade, país, sociedade nas que a aplica.
Assim, no caso dos países oprimidos, países atrasados onde o imperialismo, subjugando-os principalmente pela forma semicolonial de dominação, engendrou o capitalismo burocrático assentado sobre a base podre feudal ou semifeudal, mantendo as velhas relações destas sociedades atrasadas, através da evolução de suas formas, aparentando muitas vezes certo desenvolvimento e progresso. A manutenção dessa base podre e de relações semifeudais se sustenta fundamentalmente na não supressão das relações de propriedade da terra centrada em seu monopólio e concentração nas mãos de um punhado de grandes latifundiários, verdadeiros senhores de terra, em detrimento da imensa maioria de camponeses pobres sem terra ou com pouca terra, além de certa quantidade de camponeses médios e ricos. E claro que tais base econômica e relações sociais projetam-se também em toda superestrutura da sociedade como sua determinação e formas ideológicas, políticas, jurídicas e culturais necessárias à sua justificação e reprodução. Persiste assim um grande atraso no campo submetido à exploração da cidade, na qual se concentram as estruturas de poder das classes dominantes locais sujeitas e associadas ao imperialismo. Daí que o predomínio do latifúndio e a existência de numeroso campesinato fazem do campo importante reserva econômica e política para a grande burguesia e dominação do imperialismo.
Nestas condições, em que o Partido Comunista necessitando da estratégia que rompa a condição do campo de ser reserva da burguesia e estabeleça a aliança operário-camponesa, tem que lançar mão de organizar os camponeses na luta pela conquista da terra e destruição do latifúndio, através da guerra camponesa. Ademais a guerra camponesa é que permite ao proletariado nestes países organizar sua força armada e construir sua hegemonia. Toda esta situação faz do campo, do ponto de vista militar taticamente favorável à revolução e desfavorável ao velho Estado. Contudo para que o movimento revolucionário não se isole no campo, a Guerra Popular também tem que ser levada na cidade, porém como complemento e preparação para a futura insurreição geral, para culminar a conquista do poder em todo o país. Daí que o caminho que a Guerra Popular percorre nestes países tem que ser o do campo à cidade ou a estratégia do cerco da cidade pelo campo. Quer dizer que este caminho é tão somente a especificação da Guerra Popular para os países atrasados oprimidos pelo imperialismo.
“O Presidente Mao estabeleceu o caminho de cercar as cidades desde o campo e sua medula as Bases de apoio, tendo em conta que os poderosos imperialistas e seus aliados reacionários chineses se encontravam entrincheirados nas principais cidades e que se a revolução se negava a capitular e queria perseverar na luta teria que converter as atrasadas zonas rurais em avançadas e sólidas Bases de apoio, em grandes baluartes militares, políticos, econômicos e culturais da revolução desde onde lutar contra o feroz inimigo, que atacava as zonas rurais utilizando as cidades, e levar passo a passo a revolução à vitória completa através de uma guerra prolongada.” (…) “Com base a esta tese maoísta, o Presidente Gonzalo estabeleceu levar adiante uma guerra popular unitária donde o campo é o teatro principal das ações armadas, pois, em nosso país temos uma imensa maioria de massas camponesas e aí devem construir-se as Bases de apoio … ademais, o Presidente Gonzalo especifica que nas cidades como complemento se deve levar adiante ações armadas já que como o demonstra a experiência internacional e a nossa…”24
Mas, ao enfocar o problema da revolução nos países atrasados e oprimidos na atualidade, faz-se necessário alertar para um fenômeno novo. Trata-se do problema da forma que tomou o desenvolvimento da decomposição do imperialismo e seu inerente recrudescimento reacionário, o que caracterizou Lenin como “tendência para a reação e a violência”25, aplicados por todos os meios e modos. Seja pela economia do capitalismo burocrático (semicolonial e semifeudal) que nestes países o imperialismo engendra, seja pelas guerras contrainsurgentes, promovendo o esvaziamento do campo e gerando o fenômeno das grandes megalópoles, criando assim bolsões explosivos de massas, principalmente semiproletárias. Tal realidade de explosão latente colocou o problema de levantamentos insurrecionais como situação sempre presente. Isto temos visto e chama a prestar atenção nele, para desenvolver táticas nas lutas de resistência popular nestes centros urbanos, combatendo o tráfico que o revisionismo e todo tipo de oportunismo faz da revolta dessas massas e de modo a servir à estratégia do cerco da cidade pelo campo e conjurar o perigo dos desvios de negação dessa estratégia na ilusão tentadora de que a cidade passou a principal e a via tornou-se a insurreição. Esta não é mais que nova armadilha para se abandonar a estratégia da Guerra Popular que nestes países têm que seguir o caminho de cercar a cidade desde o campo, já que as relações econômicas e sociais, tanto em seu conjunto quanto no campo, em particular, seguem inalteradas em sua essência encoberta muitas vezes por novas formas de que se revestem.
Uma das formas de expansão do capitalismo burocrático no campo atualmente, que se expressa como as mais recentes fronteiras de penetração e açambarcamento dos monopólios nacionais e principalmente transnacionais de terras e territórios inteiros nos países atrasados e oprimidos é a avassaladora exploração das mineradoras, dos cultivos de florestas homogêneas e para biocombustíveis (cana, soja, palmas, etc.). Mais do que significar um salto na degradação do meio natural pelo imperialismo, estas ações se caracterizam como agravamento, em todos os termos, da questão agrário-camponesa e de agudização da luta de classes no campo, afetando drasticamente além dos camponeses, mais que nunca as minorias nacionais (povos indígenas) e outras populações tradicionais. Sem menosprezar o problema da defesa do “meio ambiente” da ação predatória das corporações imperialistas, mas enfocando-o corretamente do ponto de vista dos interesses de classe do proletariado e das massas populares, devemos ver nisto antes de tudo a oportunidade de potencializar a mobilização mais amplas das massas do campo em defesa da terra a quem nela trabalha, atraindo mais apoio das massas urbanas, ampliando e potencializando tanto a aliança operário-camponesa como a frente única como um todo, planteando a guerra popular como única via para varrer os monopólios do campo. Serve-nos ainda a conclamar as massas camponesas deslocadas para os já caóticos grandes centros urbanos a retornar ao campo, à terra e potencializar a revolução, a guerra popular. E não permitir confundir as massas, levando-as cair nas armadilhas e terreno minado da “luta ecológica”, por trás da qual maneja o imperialismo.
“É fundamental sustentar a validez do caminho de cercar as cidades desde o campo e sua medula a Base de apoio já que, com guerrilhas de insurretos errantes o Exército Guerrilheiro Popular não teria a Base de apoio que vem a ser a retaguarda que o sustenta e tampouco se construiria novo Poder. Estamos totalmente contra o foquismo.”26
5-A insurreição e a universalidade da Guerra Popular
Marx ao definir a revolução como uma guerra civil e na perspectiva de sua época, ela se apresentava na forma, pelo menos inicial, da insurreição. Tratou de examiná-la tal a importância que esta consistia para o proletariado realizar a tomada do poder, estudando as leis que a regem. Marx fez ver que não se joga com uma insurreição, e que esta para ser desatada no propósito revolucionário exigia a existência de determinadas condições objetivas, ou seja, a da situação revolucionária e que ademais, para se lograr êxito dependeria do desenvolvimento de fatores subjetivos, especialmente da consciência manifesta e materializada em força organizada da classe, tendo à frente sua vanguarda firme no leme com programa e objetivos claros. Afirmou que não se joga com a insurreição porque, ademais da existência das condições objetivas e subjetivas necessárias, exigia rigorosa preparação e ao se irromper teria que progredir, como disse, ainda que fosse um palmo por dia para se assegurar seu triunfo completo. A insurreição exige iniciativa permanente, a ofensiva. A defensiva é a morte, a sua derrota total. “Audácia, audácia, sempre audácia”27 assim afirmava citando Danton como o maior mestre da tática revolucionária de até então. Porém Marx e Engels viram também os limites que ela apresentava com as modificações da geometria das cidades e dos novos meios de guerra, no que Marx predicou a necessidade de combinar o levantamento insurrecional do proletariado com outras formas de guerra. Em carta a Engels, comentando sobre as possibilidades da revolução na Alemanha, arguiu que tudo dependeria de se combinar o levantamento operário com uma “segunda edição das guerras camponesas”28.
Já Engels também advertira sobre o problema, como expôs longamente na edição de 1895 da obra de Marx “Luta de classes na França”, isto 24 anos após o advento da Comuna de Paris. Após um conjunto de considerações baseadas no exame de diferentes experiências insurrecionais na Europa de meados do século XIX, tomando em conta os mais diferentes fatores políticos, militares, econômicos, desde as modificações das cidades, passando pela evolução mais potente dos armamentos, o transporte ferroviário que capacitava deslocar rapidamente grandes quantidades de tropas, etc., concluíra que “De fato, também aqui as condições de luta se tinham alterado essencialmente. A rebelião de velho estilo, a luta de ruas com barricadas, que até 1848 tinha sido decisiva em toda a parte, tornou-se consideravelmente antiquada.” (…) “Quer isto dizer que no futuro a luta de ruas deixará de ter importância? De modo nenhum. Significa apenas que desde 1848 as condições se tornaram muito mais desfavoráveis para os combatentes civis, muito mais favoráveis para a tropa. Por conseguinte, uma futura luta de ruas só poderá triunfar se esta situação desvantajosa for compensada por outros fatores. Portanto, ocorrerá menos no princípio de uma grande revolução do que no decurso da mesma e terá que ser levada a cabo com maiores forças. Estas, porém, hão de preferir a luta aberta à táctica passiva da barricada como aconteceu em toda a grande Revolução Francesa, em 4 de Setembro e em 31 de Outubro de 1870, em Paris.”29 (sublinhado nosso)
Em nenhuma das experiências históricas e foram poucas oportunidades nos países capitalistas em que se intentou a pura via insurrecional, ela logrou êxito. A Revolução de Outubro que aprofundou a de fevereiro levou três anos de tormentosa guerra civil para manter-se e consolidar-se. A fórmula que cacareja o trotskismo de “greve geral política” não tem passado ao longo dos séculos de mera fraseologia reformista. Outros planteamentos de exclusiva insurreição como via da revolução nos países imperialistas também não tem passado de pretexto para aderir-se ao cretinismo parlamentar, sem nenhuma demonstração concreta de sua realização exitosa. O advento do imperialismo, ao tempo em que se amadureceram, em teoria e prática, as condições objetivas para a revolução proletária, impôs também modificações importantes com a militarização de toda a vida social e de todos os países. No dizer de Lenin de que o imperialismo é a guerra e após o triunfo da Revolução de Outubro e da guerra civil para esmagar a contrarrevolução, era de que a revolução proletária só seria possível através de diferentes tipos de guerra, exatamente porque o imperialismo só se manteria com guerras de todos os tipos jamais vistas. Lenin tratou inúmeras vezes dessa questão, particularmente após o triunfo da Revolução de Outubro quando se tirou lições de seu advento, ressaltando como que, diferentemente da compreensão que tinham os marxistas até então sobre de como se daria a revolução proletária, o caminho que percorreria, como ocorrera com a Rússia seria cada vez mais diverso.
Em seu artigo de resposta aos ataques do menchevique Sukhánov, com os quais acusava os Bolcheviques de violar o marxismo, afirmando que a edificação do socialismo exigia certo grau de desenvolvimento das forças produtivas, certo grau de “cultura” que a Rússia de então não atingira, Lenin afirmou que tais preciosidades de Sukhánov expressavam todo seu mecanicismo e compreensão dogmática do marxismo como pretexto para esconder seu direitismo hostil ao Poder Soviético. Afirmou que em nenhum livro de marxismo estava escrito que o proletariado não deveria aproveitar toda e qualquer possibilidade que lhe surgisse de tomar o poder, exatamente para com o poder criar estas condições de “cultura”30. E que, se já era grande o espanto de Sukhánov frente a façanha dos Bolcheviques, gente do seu tipo que se preparasse para assistir a outras “heresias” que a revolução proletária apresentaria, deslocando como estava para o Oriente. E seguramente Lenin não se referia aí somente sobre de como o curso principal da revolução tomara, seguindo, como ocorrera na Rússia, para se irromper nos elos débeis da cadeia de dominação imperialista que os países atrasados do Oriente – bem como, além de toda a Ásia se achavam África e América Latina – representavam, ademais da questão geral do caráter dialético do marxismo em abordar concretamente a realidade concreta. Mas alertava também sobre a via da tomada do poder e a forma que a concreção da violência revolucionária se revestiria cada vez mais. Porque mais do que qualquer outro marxista de sua época Lenin sabia que um avanço da revolução nos países atrasados, ou seja, rompendo a condição de reserva da reação imperialista como estes representavam, levaria inevitavelmente a agudizar ainda mais as contradições de classes e da luta de classes nos países imperialistas e assim, a revolução neles ou em alguns deles, seria parte desse processo em desenvolvimento.
A insurreição de modo geral, assim como tem ocorrido ao longo da história na luta do povo, segue sendo uma forma de guerra revolucionária e mais que nunca exige tanto as condições objetivas para sua ocorrência e dos fatores subjetivos para seu triunfo quanto um nível mais elaborado e rigoroso de sua preparação. A insurreição não pode ser apresentada e tomada pura e simplesmente como a via da revolução proletária nos países capitalistas (imperialistas), ela não só é parte integrante da Guerra Popular, principalmente como culminação da tomada dos últimos bastiões da reação já cercados pelas forças armadas populares desde o campo, como se apresenta em levantamentos parciais no seu próprio curso. Isto ficou demonstrado no caso das revoluções nos países dominados. A formulação da Guerra Popular pelo Presidente Mao se deveu principalmente à experiência concreta na Revolução Chinesa que dirigiu diretamente por mais de meio século, e ele partiu do estudo e da alta compreensão que desenvolveu de toda a experiência militar dos oprimidos em sua luta de libertação, ao longo da história da Humanidade de modo geral e em particular destas lutas na época do capitalismo e do imperialismo. E foi o Presidente Gonzalo que, na prática da Revolução Peruana e através da Guerra Popular, sintetizou todos os ensinamentos e experiência da Revolução Chinesa, demonstrando que estes consistiam numa nova etapa de desenvolvimento do marxismo, dado que seus aportes penetravam as três partes constitutivas do marxismo (economia política marxista, socialismo científico e filosofia marxista) e como parte essencial disto a Guerra Popular como concepção militar proletária integral.31
Não é por outra razão que as tentativas hoje, como no passado, de tergiversar ou negar a Guerra Popular partem de teorizações revisionistas de Avakian e de Prachanda. Avakian afirma que são dogmáticos os que querem “reduzir o maoísmo à Guerra Popular”32, acusando que estes só consideram maoístas os partidários da Guerra Popular como caminho da Revolução Proletária. É Avakian que tenta reduzir a Guerra Popular a uma mera linha militar aplicada estritamente aos países atrasados e oprimidos. Não a compreende como a concepção proletária integral de como a Classe conquista e exerce o Poder, leva a luta de classes nas condições da ditadura do proletariado e construção socialista e trânsito ao Comunismo. Já Prachanda, intentou com a burla da “teoria da fusão” revisar a Guerra Popular para justificar sua capitulação, apresentando-se como inovador, cujo processo nepalês que dirigia teria, sob o guia do Caminho Prachanda, combinado a luta no parlamento, a guerra revolucionária e a “revolta popular”, como a fórmula da via para o socialismo no Século XXI. As formulações do primeiro carecem por completo de qualquer base material prática e as do segundo sucumbiram-se expressas na prática da capitulação e traição à Guerra Popular, ao povo nepalês e à Revolução Proletária Mundial.
Enfim, os fundamentos da universalidade da Guerra Popular se assentam nos próprios fundamentos de sua formulação e comprovação na experiência da Revolução Chinesa e dos processos que a seguiram. Contudo só se evidenciaram a partir da síntese, que na sua aplicação à Revolução Peruana realizou o Presidente Gonzalo, estabelecendo que o marxismo-leninismo deveniu-se em maoísmo, elevando-se a uma nova, terceira e superior etapa. Os fundamentos gerais e de princípios formulados pelo Presidente Mao que como planteara Lenin de que “Fora o Poder tudo é ilusão” sentou que “o Poder nasce do fuzil” e que “o partido manda no fuzil”33 e nunca permitir o contrário. Disto deriva a concepção científica proletária da Guerra Popular, residindo nisto sua universalidade já que é expressão e meio do Poder conquistado e sustentado pelo proletariado mediante uma força armada dirigida pelo partido que encarna a ideologia científica, o marxismo-leninismo-maoísmo, nos diferentes tipos de revolução que são integrantes da Revolução Proletária Mundial, a de Nova Democracia, a Socialista e as sucessivas Culturais Proletárias.
Partindo desta base ressalta ainda o maoísmo que, contrariamente às concepções de outras classes na história, a concepção proletária se afiança em que na guerra o fator decisivo é o homem, de que o Exército Popular não é carga para as massas, que não só combate, mas mobiliza, politiza e organiza as massas e produz, apoiando-se inalterada e principalmente nas próprias forças. Que antes de se iniciar a guerra tudo deve servir a prepará-la e iniciada, tudo por servir ao seu desenvolvimento e triunfo. Ademais que o Presidente Gonzalo tomando do definido no maoísmo como Instrumentos Fundamentais da revolução – as três varinhas mágicas –, o Partido Comunista, o Exército Popular e a Frente Única Revolucionária, aprofundou asseverando que a construção destes deve se dar de forma concêntrica. Isto implica que o Partido Comunista, como encarnação da ideologia científica do proletariado aplicada às condições concretas de determinado país e de sua revolução, dirige tudo, consubstanciando na centralização da liderança revolucionária, como chefatura do partido e da revolução, em meio às contendas da luta de classes e da luta de duas linhas para a forja e fortalecimento da esquerda e hegemonia proletária de todo o processo. Disto também depreende, sendo resultante ao mesmo tempo do processo de aprendizagem do proletariado no movimento teórico e prático e como desenvolvimento de sua concepção do partido revolucionário, dentro das condições de encarniçamento da luta de classes impostas pelo sistema imperialista em decomposição, cuja ação política por excelência é a guerra de rapina e de partilha e repartilha do mundo entre suas principais potências, tornou-se necessário o seu desenvolvimento em Partido de Novo Tipo, Partido Comunista e logo Partido Comunista militarizado.
Sintetizou ainda que iniciada a guerra a Linha Militar passa a centro da Linha Política Geral do Partido e a forma de organização principal o Exército Guerrilheiro Popular. Com ele e através dele, sob a direção absoluta do Partido Comunista, que se mobiliza, politiza, organiza e arma as massas, construindo-se no curso da própria guerra os três níveis de sua estrutura, ou seja, “uma força principal, uma força local e uma força de base”34 (como milícias e reserva).
Ademais, que de toda essa concepção e fundamentos científicos e universais, a Guerra Popular regida por leis e sendo a concretização da violência revolucionária pelo proletariado pela conquista e defesa do seu Poder, ela deve se basear, do começo ao fim, numa clara estratégia geral em três eixos: estratégia política que é a conquista do Poder pelo proletariado na correspondente etapa da revolução; a estratégia militar que é a própria guerra prolongada, seguindo o caminho do cerco da cidade pelo campo, no caso das revoluções de Nova Democracia (nos países atrasados e oprimidos) e de guerra prolongada aplicada às cidade grandes, médias e pequenas no caso das revoluções socialista dos países capitalistas (imperialistas); e a estratégia de construção voltada à construção concêntrica dos Instrumentos Fundamentais da Revolução, sendo no caso dos países atrasados e oprimidos necessariamente três, o Partido Comunista, o Exército Popular e a Frente Única Revolucionária, baseada na aliança operário-camponesa e que expressa a ditadura conjunta de classes revolucionárias, desenvolvendo-se em Frente/Novo Estado, cuja medula é o Exército Popular e direção o Partido Comunista.
No caso dos países capitalistas (imperialistas) a construção dos Três Instrumentos Fundamentais da revolução obedece às particularidades destas realidades, especificando sua aplicação da mesma forma concêntrica, o Partido Comunista, o Exército Proletário ou Popular e a Frente Única Revolucionária, que se desenvolverá como embrião do Novo Estado Socialista em construção, expressão da ditadura do proletariado. A Frente Única se faz necessária para unir as massas populares que conforma estas sociedades, tal como setores ou partes da pequena burguesia, os chamados profissionais liberais, os pequenos proprietários e a intelectualidade de modo geral. Ademais de que, dado que nestes países devido a forma de decomposição que se reveste o imperialismo, produz o incremento inevitável do fluxo constante de trabalhadores imigrantes, originados dos países oprimidos e sendo que parte destes contingentes caracteriza-se por semiproletários, intelectualidade e pequenos proprietários de serviços, o proletariado revolucionário tem que aliar-se a eles para levar ao triunfo a revolução socialista. Há que tomar a sério o erro cometido pelo Partido Comunista da Alemanha já nos anos de 1930, ao não compreender a necessidade de unir-se à pequena burguesia, através da frente única revolucionária, deixou-a ser arrastada pelo nazismo. Além de que em muitos países capitalistas desenvolvidos seguiu-se existindo certa quantidade de camponeses pequenos proprietários que também devem ser atraída para o campo do proletariado.
A necessidade destas estratégias implica obrigatoriamente, para a consecução da Guerra Popular, de planos bem estabelecidos, baseados na investigação permanente através do acionar revolucionário da linha de massas guiadas pela ideologia do maoísmo em sua fusão com a revolução concreta, o Programa e a Linha Política Geral que a especifica e expressa. Também o sistemático acompanhamento em sua execução é necessário para ajustes e retificações devidas. Planos políticos, militares e de construção combinados e em unidade. Desde seu início, desenvolvimento e culminação, a Guerra Popular deve seguir Planos com metas imediatas em cada etapa e subetapas que sirvam à realização do objetivo final.
O caráter universal da Guerra Popular, em última instância, constitui-se e apresenta-se frente à tendência da natureza do imperialismo para a guerra, não só como política de rapina necessária a sua existência, mas como guerra imperialista mundial pela repartilha do mundo entre monopólios e países imperialistas e pela hegemonia, como Guerra Popular Mundial para varrimento completo e cabal de todo este sistema de exploração e opressão e estabelecimento do socialismo, para o triunfo da Revolução Proletária Mundial e para o luminoso Comunismo. Isto o planteou de modo muito claro o PCCh dentro da complexa situação dos anos de 1960, quando a URSS social-imperialista em conluio e pugna com o imperialismo ianque ameaçava China Popular. Por ocasião (1965) de celebrar-se os 20 anos da vitória sobre o nazifascismo e expulsão do invasor japonês, com o manifesto “Viva o triunfo da Guerra Popular” enunciava que “tomado o mundo em seu conjunto, os países do Terceiro Mundo eram campo e os países imperialistas cidade”35.
Assim que os aportes do Presidente Gonzalo a partir da aplicação das verdades universais do marxismo-leninismo-maoísmo às condições concretas da realidade peruana e sua fusão com a Revolução Peruana, através da Guerra Popular, sintetizou a universalidade do maoísmo como nova, terceira e superior etapa, ao tempo que se conformou o pensamento-guia da Revolução Peruana, o pensamento Gonzalo, como principal para a Revolução Peruana. No conjunto de formulações que resultam tal síntese a Guerra Popular é a fornalha, crisol e usina onde ideologia, política e organização se fundem na transformação proletária de destruição do velho e estabelecimento do novo, até que se entre todo o mundo ao luminoso Comunismo.
O problema da GP nos países imperialistas e suas particularidades
Como já enfocado acima a vigência universal da Guerra Popular, que para compreendê-la se faz necessário libertar-se de apreciação mecanicista e estanque sobre a experiência chinesa. É preciso ir mais ao fundo na sintetização da experiência da Grande Revolução Cultural Proletária em seu conjunto e particularmente nas causas de seu declínio, fugindo à ligeireza de fatores episódicos para ver a amplitude e potencialidade da Guerra Popular como concepção de Poder do Proletariado nas diferentes etapas e fases da revolução e transição ao Comunismo. Ademais do já argumentado teoricamente aqui, os elementos práticos da sua realização nos países capitalistas (imperialistas) apresentam dificuldades tal como se confronta nos países atrasados e oprimidos, estando num e noutro condicionados pelo movimento da situação revolucionária que se desenvolve de modo desigual mundo afora e de maneira especial dependente da preparação ideológico-política, orgânica e militar do partido comunista em cada caso.
Todo o lixo revisionista e reformista da “acumulação fria” e de “espaços democráticos”, via cretinismo parlamentar, é o caminho burocrático da grande burguesia burocrática-compradora e latifundiários que se opõe ao caminho democrático do proletariado nos países atrasados e oprimidos. Não passa da luta prolongada pelo fortalecimento da institucionalidade burguesa e é o mesmo cacarejo tanto nos países atrasados e oprimidos quanto nos países capitalistas (imperialistas). A diferença é de que a democracia burguesa nos países capitalistas (imperialistas) incorporou conquistas „civilizatórias‟ ao nível subjetivo de toda a sociedade, o que nos países atrasados oprimidos não é mais que seu simulacro fantasmagórico. Porém que mesmo onde a democracia burguesa havia exercido todas suas potencialidades (países imperialistas), também envelheceu e não pode mais realizar-se, pois com o advento do imperialismo a democracia e soberania nacional sucumbiram aos interesses do capital monopolista e cada dia mais se vê a adoção em seu marco legal dos elementos do fascismo.
De modo que, o grande desafio para a revolução proletária é persistir na linha de massas, de mobilizar, politizar e organizar as massas para toda e qualquer ação, da menor à maior, da mais elementar à mais complexa, da mais inferior às superiores, armando-as crescentemente. A experiência da resistência dos povos e da luta do proletariado tem demonstrações de sobra das possibilidades para a organização da revolução. Neste sentido, é de suma importância estudar tais experiências e no caso específico para a Guerra Popular nos países capitalistas (imperialistas) tomar as das lutas armadas em diferentes países da Europa ao longo do século XX, bem como no presente momento, no que o povo palestino, em Gaza, combate e resiste impondo pesadas baixas ao imperialismo e sua bota negra sionista. E isto temos de considerar que as massas o fazem sem uma direção e ideologia científica, e sim não-proletária, pequeno-burguesa ou burguesa. Nada é impossível no mundo para quem se atreve a escalar as alturas. A consigna levantada pelo Presidente Mao durante a GRCP frente à possibilidade de agressões combinadas do social-imperialismo da URSS e do imperialismo ianque: “Cavar profundos túneis e armazenar víveres e meios…”36 serve tanto a com qual espírito a revolução deve combater, quanto a que esforços e soluções ao nível técnico demanda a luta, particularmente nas cidades.
6-O problema do Início e das Bases de Apoio nas condições atuais
Estes, dentre outros, são dois problemas a serem ressaltados e que merecem estudo, exame, investigação e reflexão, como dois problemas concretos práticos, cujas dificuldades na sua execução podem seguramente servir não somente ao atraso do processo revolucionário, onde a Guerra Popular ainda não se iniciou ou onde se iniciou e enfrenta desafios para desenvolver-se, bem como pode servir a desvios e fuga da própria Guerra Popular e com isto ao abandono do maoísmo. São desafios importantes que as massas saberão dar solução se um verdadeiro Partido Comunista maneja cada vez mais corretamente e de modo encarnado o maoísmo. Os meios de guerra não são superiores ao homem e nem a guerra injusta é superior à guerra justa. Os meios de guerra e a guerra injusta só podem derrotar a revolução temporariamente, não existe derrota definitiva para o proletariado.
O problema do início implica em dois fatores, o de vencer a inércia de passar de formas de luta principalmente não armadas a formas de luta principalmente armadas, e outro de centrar em que se aprende a fazer a guerra fundamentalmente na guerra. E claro que isto não é negação da necessidade de preparação, ao contrário há que tomar este problema a sério, mas não ao ponto de absolutizá-lo de modo a transformá-lo num obstáculo intransponível e negação de sua consecução. Contudo e ademais há que prestar atenção num fator prático e não menos importante, como adverte o Presidente Gonzalo, que é o de eleger corretamente o instante conjuntural para proceder-se o Início. Momento mais sensível e favorável caracterizado por determinado nível de crise, instabilidade e debilidade do governo, dentro de uma determinada situação revolucionária que se desenvolve de modo desigual mundo afora.
O problema das Bases de Apoio, nas condições atuais de mobilidade e acessibilidade, praticamente a todos os rincões do planeta e de existência e emprego dos mais modernos meios de comunicação e de guerra altamente destrutivos por terra, água e ar, só desafia e obriga a Guerra Popular a apoiar-se ainda mais nas massas e seus combatentes a emboscar-se mais e mais no seu seio. A partir desta condição, os desafios técnicos é questão de tempo para a criatividade transformadora das massas sob o guia e manejo da investigação científica que somente o partido revolucionário do proletariado, o Partido Comunista Marxista-leninista-maoísta, principalmente Maoísta pode assegurar.
Já em seu tempo, quando formulava sobre a Guerra Popular, o Presidente Mao definiu as condições para o estabelecimento da base de apoio, como sendo fundamentalmente o combinado da existência da organização do Partido Comunista mobilizando, politizando, organizando e armando as massas em determinado território e de uma força de exército organizada já com certo nível de experiência de combate, que aniquilou e varreu as forças do inimigo do referido território. A primeira condição demanda trabalho ideológico-político organizativo, de propaganda e educação manejado pelo Partido Comunista no curso de um tempo relativamente longo, tratando-se das primeiras bases. E a segunda nasce das ações guerrilheiras que planificadamente, em uma zona ou várias zonas de determinado território, vão controlando até cercá-la, construindo passo a passo novas unidades guerrilheiras, que ganhando mais e mais experiências de combate e de diferentes tipos de combates, constroem as estruturas necessárias, desde a milícia (preparando elementarmente as massas no político e militar num trabalho contínuo para serem reserva da força local e da força principal, e para o cumprimento de diferentes missões de suporte, sem retirá-las, no fundamental, de sua vida social naquele território).
“O Presidente Mao planteia três requisitos para a criação das Bases de apoio: ter forças armadas, derrotar o inimigo e mobilizar as massas. Estes se especificaram em nossa guerra popular quando em 1982, aplicando o Plano de Desencadear a guerra de guerrilhas, em sua parte de Bater o inimigo, apontou arrasar as relações feudais de produção, assaltaram-se postos policiais, aplicaram-se aniquilamentos seletivos do poder gamonal[coronelismo] e assim as forças policiais abandonaram o campo e se retiraram para as capitais provinciais [estados];as autoridades do velho Poder renunciaram massivamente, gerando vazio de Poder e dezenas de milhares de massas foram mobilizadas, são nestas condições que surgem as Bases de apoio que se especificam nos Comitês Populares clandestinos. É, pois, errôneo tomar dogmaticamente a experiência chinesa já que se as condições estavam dadas e os princípios regiam havia que construir as Bases de apoio; acordar isto implicou numa luta contra o direitismo que argumentava que não se havia derrotado grandes forças inimigas, quando o problema é que as forças inimigas haviam abandonado o campo como consequência da derrota de seus planos políticos e militares.
O Presidente Gonzalo estabeleceu um sistema de Bases de apoio rodeado por zonas guerrilheiras, zonas de operações e pontos de ação tendo em conta as condições políticas e sociais, a tradição de luta, as características geográficas e o desenvolvimento do Partido, do Exército e das massas.”37
Além do que o presidente Mao estudou e definiu diferentes tipos de Base de Apoio, tanto relativo aos diferentes níveis de trabalho, influência e organização política das massas pelo Partido, quanto à disposição e tipos geográficos, cujos territórios abarquem diferentes tipos de povoações, desde pequenos vilarejos a pequenas cidades, bem como dos diferentes tipos de terrenos, tais como regiões de montanhas, planícies e selvas. Objetivamente no caso dos países capitalistas (imperialistas), cujo cenário e teatro de operações principais da guerra são as cidades, novos desafios se interpõem, obrigando a progredir o trabalho de construção a uma dinâmica extremamente sintonizada com o desenvolvimento das crises econômicas, sociais e principalmente políticas do dado país. O problema da instabilidade relativa das Bases de Apoio desde suas primeiras experiências se apresentaram como fato e que as Bases de Apoio também se diferenciariam por distintos níveis desta instabilidade ou estabilidade relativas.
7-O fundamental na Guerra Popular é a questão do Poder
Mas ainda se faz necessário recalcar que a questão crucial da Guerra Popular é a do Poder para o proletariado e as massas populares, Poder conquistado e sustentado mediante uma força armada dirigida pelo Partido Comunista nos diferentes tipos de revolução em curso no mundo atual, a saber a revolução de Nova Democracia ininterrupta ao socialismo que abarca a imensa maioria dos países, ou seja o Terceiro Mundo hoje e sua imensa maioria das massas populares do globo; a revolução socialista nos países capitalistas desenvolvidos (imperialistas) e as sucessivas revoluções culturais proletárias para construir e sustentar o socialismo, conjurar o perigo da restauração burguesa e transitar todo o mundo ao luminoso Comunismo.
Não é possível conceber ou falar em Guerra Popular sem que a questão do Poder, poder para o proletariado e massas populares, seja o objetivo imediato perseguido e de conquistá-lo parte por parte, sendo as Bases de Apoio revolucionárias no campo, a começar da primeira estabelecida, a expressão do novo Poder, através dos Comitês Populares, abertos ou fechados, direção das Assembleias do Poder Popular e da Frente/Novo Estado da República Popular em construção, tendo o Partido como direção e o Exército Popular como medula, desenvolvendo numa luta prolongada, entre voltas e reviravoltas e por saltos, até a conquista do Poder em todo país, preparando a insurreição geral nas cidades fortalezas do inimigo, culminando o cerco das cidades pelo campo e insurreição geral, no caso dos países oprimidos pelo imperialismo. No caso dos países capitalistas desenvolvidos, países imperialistas, também o Poder é objetivo imediato perseguido desde o início da luta armada como Guerra Popular, poder a ser conquistado e construído nas zonas de mobilização e organização do proletariado e massas populares, através das unidades armadas guerrilheiras (destacamentos ou milícias) e principalmente nas formas secretas dos Comitês Proletários, expressão do novo Poder, novo Estado dirigido pelo Partido e tendo o Exército Popular como sua medula, preparando passo a passo a insurreição geral para estabelecimento da República Socialista já em construção.
Sem Poder como principal objetivo e sua conquista em todo o país para o proletariado e massas populares não existe Guerra Popular. O Poder para o proletariado na revolução de Nova Democracia, na revolução Socialista e nas sucessivas revoluções Culturais Proletárias. Daí que sendo o fundamental no maoísmo o poder para o proletariado e a Guerra Popular a via para sua conquista e defesa como trânsito ao Comunismo, a Guerra Popular é, ademais de teoria e doutrina militar integral do proletariado, sua concepção e política de poder. O Poder conquistado e defendido através da força armada dirigida pelo Partido Comunista. Assim, para o maoísmo o Poder para o proletariado e a Guerra Popular são indissociáveis porque partes de sua essência mesma. Daí que se deve sintetizar na consigna de Guerra Popular até o Comunismo!
8-Sintetizando
Na época do imperialismo, quando a Revolução Proletária tornou-se não somente inevitável, mas realizável seu triunfo, ela é a Guerra Popular aplicada à realidade concreta de cada país, de todos os países sem exceção alguma. É o que, a rigor, afirma a ciência, o marxismo e nos confirma a experiência histórica da Revolução Proletária. Neste sentido a Revolução Proletária Mundial é, de modo geral, a guerra das massas dirigida pelo Partido Comunista, realizada pelo Exército Popular e sustentada pela Frente Única Revolucionária. É guerra do proletariado pela conquista do Poder e sua defesa, nas revoluções de Nova Democracia (incluída as guerras de libertação nacional) ininterrupta ao Socialismo, nas revoluções Socialistas e nas revoluções Culturais Proletárias sucessivas, para transitar ao luminoso Comunismo.
Numa frase, a Revolução Proletária Mundial é a Guerra Popular Prolongada, em meio e contra as guerras imperialistas de rapina pela partilha do mundo e botim dos povos e nações oprimidas, através da qual o proletariado dos países imperialistas em luta armada vai se unindo com o movimento de libertação nacional e guerras revolucionárias dos países coloniais/ semicoloniais e semifeudais, processo de desenvolvimento desigual, porém num movimento único e na forma de ondas que se sucedem entre avanços e recuos, até a destruição completa de todo sistema imperialista e toda a reação, através da Guerra Popular mundial contra a guerra imperialista mundial e estabelecimento da Ditadura do Proletariado para a edificação socialista como continuação da luta de classes pela eliminação destas, como trânsito necessário ao Comunismo, nossa meta final. Guerra Popular até o Comunismo!
Assim sendo, a Guerra Popular, não é somente a teoria ou a doutrina militar integral e harmônica do proletariado, é mais. Ela é a concepção e a política de Poder do proletariado para destruir o imperialismo e toda a reação, para construir o socialismo num processo de revolução permanente, de sucessivas revoluções culturais proletárias, para a eliminação cabal das classes e de todos seus vestígios, para transitar o mundo inteiro ao luminoso comunismo.
E finalmente, sendo o maoísmo, como nos dá o pensamento Gonzalo, “…a elevação do marxismo-leninismo a uma terceira, nova e superior etapa na luta pela direção proletária da revolução democrática, o desenvolvimento da construção do socialismo e a continuação da revolução sob a ditadura do proletariado como revolução cultural proletária, quando o imperialismo aprofunda sua decomposição e a revolução deveniu-se na tendência principal da história, em meio das mais complexas e grandes guerras vistas até hoje e a luta implacável contra o revisionismo contemporâneo”38, e sendo o fundamental no Maoísmo o Poder, o poder para o proletariado nas revoluções de nova democracia ininterrupta ao socialismo, o Poder para o proletariado nas revoluções socialistas e o Poder para o proletariado nas revoluções culturais proletárias sucessivas; o Poder para o proletariado conquistado e defendido através da força armada dirigida pelo Partido Comunista, a Guerra Popular é parte essencial e indissociável do maoísmo, terceira, nova e superior etapa do desenvolvimento do marxismo da época da decomposição mais avançada do imperialismo, da Revolução Proletária, da Ditadura do Proletariado, do Socialismo e da Revolução Cultural Proletária, época particular da mais encarniçada luta de classes da história para varrer o imperialismo e a reação da face da Terra, condição única, necessária e incontornável para entrar o mundo inteiro ao Comunismo.
Partido Comunista do Brasil Fração Vermelha – P.C.B. (FV)
Brasil, maio de 2014
Notas:
1Marx e Friedrich Engels – O Manifesto Comunista – 1848
2Marx – Guerra Civil em França
3Lenin – O imperialismo e a cisão do socialismo
4Stalin – Os fundamentos do leninismo
5Lenin – Jornadas revolucionárias, em “O plano de batalha de Petersburgo”-1905
6Lenin – O programa militar da revolução proletária
7Mao Tsetung – Problemas da guerra e da estratégia – Textos Militares Obras Escolhidas
8Clawsevitz – Da Guerra – “A guerra é a política por outros meios, a saber, pela violência”
9Mao Tsetung – Problemas da guerra e da estratégia – Textos Militares Obras Escolhidas
10 PCP – Sobre o Marxismo-leninismo-maoísmo
11 Lenin – “O traço distintivo do imperialismo consiste em que atualmente, como podemos ver, o mundo se acha dividido, por um lado, em um grande número de nações oprimidas e, por outro, em um número insignificante de nações opressoras, que dispõe de riquezas colossais e de uma poderosa força militar.” – ‘Informe da Comissão para os Problemas Nacional e Colonial II Congresso da Internacional Comunista – julho de 1920’
12 Mao Tsetung – Conversações com a delegação de Partidos Comunistas de países oprimidos, em 1956: “A meu juízo, os EEUU e a União Soviética constituem o primeiro mundo; forças intermédias como o Japão, Europa e Canadá integram o segundo mundo, e nós formamos parte do terceiro.” “O terceiro mundo compreende uma grande população. Toda Ásia, exceto o Japão, pertence ao terceiro mundo; África inteira pertence também a este, e igualmente América Latina.” E, em 1957, falando na Conferência Nacional de Secretários afirmou: ‘No Oriente Médio têm produzido os acontecimentos do canal de Suez. Um homem chamado Nasser nacionalizou o canal; outro, chamado Eden, enviou ali um contingente de soldados e desatou uma guerra; em seguida, um terceiro chamado Eisenhower tratou de expulsar os ingleses com o fim de apoderar-se do lugar. (…) Estes acontecimentos nos permitem ver donde se encontra o ponto chave das lutas no mundo hoje. Claro está que os países imperialistas vivem contradições muito agudas com os países socialistas, porém o que fazem agora é tomar como pretexto a luta contra o comunismo para disputar entre si esferas de influência. (…) Na atualidade, suas disputas se concentram no Oriente Médio, região de grande importância estratégica e, sobretudo na zona do canal de Suez, no Egito. No conflito que ali se vive convergem dois tipos de contradições e três forças distintas. Esses dois tipos de contradições são: primeiro, as contradições interimperialistas, ou seja, as existentes entre os EEUU e Inglaterra e entre os EEUU e França e, segundo, as contradições entre as potências imperialistas e as nações oprimidas. Das três forças em jogo, a primeira são os EEUU, a maior potência imperialista; a segunda, Inglaterra e França, países imperialistas de segunda ordem, e a terceira, as nações oprimidas. O principal cenário da atual disputa imperialista o constituem Ásia e África, donde tem surgido movimentos de independência nacional. Os EEUU recorrem a meios tanto militares como não militares; é assim como tem atuado no Oriente Médio.’
13 TengSiao-ping – “A teoria do presidente Mao dos três mundos é uma grande contribuição ao marxismo-leninismo” – Novembro de 1977
14 Mao Tesetung “Os próximos 50 a 100 anos mais ou menos, a partir de hoje, serão uma grande época de transformação radical do sistema social no mundo, uma época que estremecerá a terra, uma época com a que nenhuma outra época histórica anterior possa comparar-se. Vivendo em tal era, devemos estar prontos para travar uma grande luta cujas formas terão muitas características diferentes das das épocas passadas”. De um discurso numa reunião com sete mil quadros do PCCh, em 1962.
15 PCP – Presidente Gonzalo
16 Lenin – “O imperialismo é a luta encarniçada das grandes potências pela partilha e pela nova partilha do mundo, e assim deve terminar pela militarização de todos os países, mesmo os neutros e pequenos.”
17 PCP – Linha Militar – I Congresso do PCP – 1988
18 Mao Tsetung = “Problemas estratégico da guerra de guerrilhas” – Textos Militares-Obras Escolhidas
19 Mao Tsetung – “Orientações para o trabalho nas regiões libertadas” – Textos Militares-Obras Escolhidas
20 Mao Tsetung – “Concentrar uma força superior para aniquilar as forças inimigas uma a uma” – Textos Militares-Obras Escolhidas
21 Mao Tsetung – Textos Militares-Obras Escolhidas
22 Mao Tsetung – “Problemas estratégicos da guerra revolucionária na China” – Textos Militares-Obras Escolhidas
23 PCP – Linha Militar – I Congresso do PCP – 1988
24 Idem
25 Lenin – Imperialismo, fase superior do capitalismo
26 PCP – Linha Militar – I Congresso do PCP – 1988
27 Marx – Ensaios Históricos – 1850
28 Marx – “Tudo na Alemanha dependerá da possibilidade de apoiar a revolução proletária por qualquer segunda edição da guerra camponesa. Nesse caso, tudo correrá maravilhosamente.” – Carta de Marx a Engels de 16 de abril de 1856
29 Engels – Introdução à edição de 1895 de “Luta de classes na França” de Marx
30 Lenin – “Os nossos Sukhánov, sem falar já daqueles sociais-democratas que estão mais à sua direita, nem sonham sequer que as futuras revoluções não se podem fazer doutra maneira. Os nossos filisteus europeus não sonham sequer que as futuras revoluções nos países do Oriente, com uma população incomparavelmente mais numerosa e que se diferenciam muito mais pela diversidade das condições sociais, apresentarão sem dúvida mais peculiaridades do que a revolução russa.” – Sobre a nossa Revolução-1923 – Obras Escolhidas Volume 3 – Editora Alfa Ômega
31 Presidente Gonzalo – PCP – Sobre o Marxismo-leninismo-maoísmo
32 Documento do PCRUSA dirigido exclusivamente aos membros do MRI e tornado público no 1º de Maio de 2012, em resposta à resolução tomada pela maioria dos partidos que conformavam o CoMRI de dissolução orgânica do MRI, na mesma data.
33 Mao Tsetung – Problemas da guerra e da estratégia – Textos Militares Obras Escolhidas
34 PCP – I Congresso, 1988 Base de Unidade Partidária – Linha Política Geral, Linha Militar
35 “Viva a vitoriosa Guerra Popular” firmado por LinPiao, então Comandante do EPL e sancionado pelo PCCh
36 Mao Tsetung
37 PCP – Linha Militar – I Congresso do PCP – 1988
38 Presidente Gonzalo – Entrevista a El Diário – 1988
Hola!!!
La obra ¨Stalin ¡insólito!¨.
“Un libro incómodo”
Para poder valorar un libro, es preciso haberlo leído. Tal afirmación, tan obvia, parece que no se ha cumplido con la obra Stalin ¡insólito! de Ricardo E. Rodríguez Sifrés (Templando el acero, 2017), que en varios medios ha sido condenada sin que se le haya concedido el beneficio de la duda, esto es, haberla leído previamente.
Es de sobras conocido que la figura de Stalin ha generado (y genera) una cantidad de bibliografía ingente, que resulta prácticamente imposible abarcar. Además, debemos considerar más factores que dificultan su valoración como personaje histórico. En primer lugar, la contundencia con que ha quedado fijada la imagen arquetípica de un Stalin perverso, cruel y tirano. En segundo término, la dificultad, para quien no sabe ruso, de poder acceder a los archivos y a la reciente bibliografía escrita en ese idioma sobre el político georgiano. En tercer lugar, el problema que supone discernir entre el estudio histórico (que aspira a la objetividad, a pesar de que esta sea imposible) y la ideología política del autor que escribe un texto. Por último, creo que también es un problema no disponer de una edición crítica de las obras completas de Stalin. Las fuentes primarias siguen siendo fundamentales. A diferencia de Karl Schögel (“han quedado atrás aquellos tiempos en los que cabía imaginar que el estudio de los textos de Marx y de Lenin podía contribuir al entendimiento de ese gran caos tumultuario que fue la Rusia del siglo XX”, Terror y utopía. Moscú en 1937, 2014, El Acantilado, p. 26), considero que la lectura de las obras de Stalin sigue siendo fundamental para el estudio de su figura.
La obra de Rodríguez Sifrés resulta incómoda porque no constituye una apología hagiográfica de Stalin. El autor no duda en reconocer los errores de su gobierno, y lo hace explícito en reiteradas ocasiones (“hubo muchas equivocaciones, errores, derrotas, arbitrariedades, violencia, injusticias, avances y retrocesos”, p. 55, y también en p. 41, 56-58, 467). Además, y de manera inteligente, el autor no duda en emplear fuentes claramente críticas con la obra política de Stalin (entre otros, Conquest, los hermanos Medvedev, Locqueur o Rayfield), de manera que el lector se siente desconcertado en diversas ocasiones, ya que no sólo se han empleado fuentes que pudieran resultar útiles para conseguir vindicar la figura de Stalin.
Para el autor, a pesar de los errores que se cometieron, la valoración sobre Stalin es eminentemente positiva. A pesar de los errores, considera que la Revolución se consagró, y la URSS que dejó tras su muerte era más fuerte que la que se encontró cuando llegó al poder. Soy de la opinión que aún nos faltan varias décadas para poder entender con precisión qué supuso el mandato de Stalin, tan extenso en el tiempo como complejo en su evolución.
Algunas consideraciones más. Creo que el libro hubiera ganado en profundidad si se hubiera atendido a otros aspectos, a saber: llama la atención la ausencia de referencias a la historia de Rusia en general, para entender el miedo e inseguridad de sus gobernantes (ya desde los tiempos de los zares) a una posible invasión extranjera, tal y como intuyó hace décadas Ian Grey, que comparó a Stalin con Iván el Terrible. Esta línea de investigación, planteada recientemente por James Harris (El gran miedo. Una nueva interpretación del terror en la Revolución Rusa, Crítica, 2017), resulta muy atractiva, a la vez que ha evidenciado de manera empírica que Stalin no era un paranoico que dictaba las confesiones en los llamados “juicios de Moscú” (“no hay pruebas que indiquen que Stalin dictó el contenido de las confesiones como parte de algún plan cuidadosamente urdido para deshacerse de quienes en otra época habían sido sus rivales y otros viejos bolcheviques”, El gran miedo, p. 175) . Por otra parte, se echa de menos un estudio más detallado sobre el tema del culto al líder, una de las mayores acusaciones que recaen aún sobre Stalin. Además, la figura de Beria (tan criticada por Svetlana Allilúyeva) hubiera merecido, quizás, una atención más destacada, así como el controvertido apartado sobre el gulag. Aspectos como la repercusión económica de este podrían haberse tratado, a la vez que se echa de menos la referencia a la obra de Anne Applebaum, sobre todo por la cantidad de fuentes primarias que dicha autora incluye (Gulag, Debate, 2012). Otros temas como el llamado “complot de los médicos” o la memoria sobre Stalin, especialmente durante los mandatos de Brézhnev, Andrópov y Chernenko, podrían haber sido interesantes para conocer la opinión del autor, puesto que el tema de Kruschov y Gorbachov se trata de manera amplia en la obra. Por último, la bibliografía debería citarse siguiendo cánones académicos.
En cualquier caso, se trata de una obra que merece ser leída, escrita con un estilo ágil y diáfano, y que ayuda a replantear una figura tan compleja y escurridiza como la de Stalin.
De: Xavier Baró, Catalunya.
Respuesta.
¨Sobre mi tumba tirarán montañas de basura, el viento de la historia las borrará inexorablemente¨. Stalin.
¨. . . observar con lucidez las fuerzas del enemigo y asegurar al Partido contra cualquier sorpresa ¨.Stalin.
Esto es exactamente lo que hizo el maestro Stalin aniquilar todas aquellas fuerzas que pusieron en peligro la revolución bolchevique y pasaría desde la toma del partido desde adentro como evidente paso que fue siendo minado por individuos abiertamente contrarrevolucionarios y miembros dirigentes activos del partido. A la cabeza de estos golpes de Estado estaba ese perro de Leon Trostki dirigentes del partido y quien intrigó de mil maneras forjando toda una máquina de bandidos para apoderarse del partido y cambiar de color la revolución y por ende al partido. Traicion y burla a ese proletariado aguerrido rojo de acero forjado en la ciencia del ML y dirigido por la sabiduría del gran maestro Stalin.
Así que lo genuino del partido y todos sus combatientes bajo la dirección de Stalin detectaron ese monstruoso plan del golpe contra la revolución comunista bolchevique y de manera científica aplicaron el castigo correcto contra los golpistas contrarrevolucionarios fusilándolos para salvar la obra de Marx-Lenin y la materialización de esta bella obra: LA REVOLUCION COMUNISTA RUSIA en manos del proletariado comunista revolucionario ruso, construida con sangre comunista de verdaderos combatientes hijos del ML.
Aplastar a esos malditos traidores burleteros de los obreros y campesinos rusos, del proletariado mundial y de su preciosa sangre. Así se procede con rigor con resolución LA DICTADURA DEL PROLETARIADO y con resolución LA LUCHA DE CLASES. El líder bandido mayor salió corriendo de miedo ante la ira del proletariado comunista ruso y huyó a México para que el gobierno mexicano le protegiera la vida pues el proletariado mexicano no lo quería y los comunistas sabían bien quien era este bandido así que gracias a la solidaridad y castigo del proletariado comunista mundial fue aniquilado, como tiene que ser con los traidores a donde vayan, deben ser aniquilados como ocurrió con este vil traidor y asesino: LEÓN TROSTKI.
Hoy existe y continúa reproduciéndose camada tras camada de contrarrevolucionarios con ropaje revisionista que les permite vestirse de ovejas pero haciendo estragos infames y crueles entregando a lo mas bellos revolucionarios a los criminales bestias asesinas de la burguesía imperialista que los asesinan de la manera mas bárbara y monstruosa con el descuartizamiento y desapariciones, pero las banderas rojas de la guerra popular y el comunismo continúa enarbolandose en manos de ese movimientos hermoso del proletariado revolucionario en camino de transformar el mundo capitalista en un mundo bello y dorado el comunismo que se hará a través de la guerra popular hasta el fin del comunismo y bajo la dirección de partidos maoístas militarizados MLM principalmente maoísta pensamiento Gonzalo.
Pues con la pluma y cerebros corrompidos vendidos al capital todos estos bandidos intelectuales con su vida de privilegios que la burguesía imperialista les provee para que escriban e inventen infamias y crueldades en contra de los grandes titanes DEL COMUNISMO: MARX-ENGELS y sus grandes discípulos: LENIN-STALIN-MAO-PRESIDENTE GONZALO…y desfiguren la ciencia del Comunismo.
Todas estas publicaciones engañan y estafan con historias puercas y amañadas, montañas de mentiras basura y nada más. Estos pérfidos personajes recibirán el castigo del proletariado comunista mundial y lo recibirán el castigo sin piedad no porque estén en contra de la ciencia del MLM sino porque odian al proletariado y lo venden por miserables monedas a los mayores criminales del mundo: LA BURGUESIA IMPERIALISTA!!!. Son plumeros académicos embrutecidos, verdaderos mercaderes, mercenarios y sicarios de la pluma al servicio de la inmunda burguesía imperialista!!!.
Pero la ciencia del MLM pensamiento Gonzalo no va desaparecer ella se impondrá con guerra popular porque es toda poderosa y posee la solidez de la tierra, el mar, abarca todo como el astro sol de manera limpia y resplandeciente, es altamente destructora y todo lo que vaya en contra de ella lo demuele, con ella barreremos destruyendo totalmente el capitalismo-imperialismo de la faz de la tierra y sobre sus cenizas se impondrá el dorado comunismo, dude quien lo dude se impondrá pues la ciencia universal social no tiene otra ciencia sino la del proletariado mundial y esta ciencia no morirá sólo inspira al final del comunismo.
Gloria al todo poderoso pensamiento Gonzalo!!!!.
Tomado de dazibao rojo.