“Diálogos de paz” são parte do caminho burocrático do Estado (Organização Maoísta, Colômbia)
Nota do blog: Publicamos a seguir importante documento da Organização Maoísta para a Reconstituição do Partido Comunista da Colômbia sobre o processo de capitulação das Farc e a necessidade da guerra popular para realizar a revolução democrática, destruir o latifúndio e varrer o imperialismo, tudo ininterruptamente ao socialismo.
Diálogos de paz são parte do caminho burocrático do Estado.
Reconstituir o Partido Comunista da Colômbia e preparar a Guerra Popular é o caminho democrático do povo.
Grita-se aos quatros ventos: finalmente “haverá paz” na Colômbia, chegou o “desenvolvimento rural”, pondo “fim ao derramamento de sangue”, haverá “vida melhor para os colombianos”. Uma mentira atrás da outra, repetidas tanto pelas FARC e seus seguidores como pelo governo atual. Uns e outros planteiam manter-se em essência alinhados nesta “democracia” de grandes burgueses e latifundiários, sem transformar os alicerces que geram a opressão e a exploração do povo colombiano.
Esses “diálogos de paz, como a proposta da “Assembleia Constituinte”, já foram vividos pelo povo nos anos 90 sem mudanças reais para as massas populares, já que servem a diferentes interesses menos aos da grande maioria do povo colombiano. Para o governo convêm ter um campo livre de guerra para permitir que os megaprojetos (mineração, energia, agroindústrias, etc.), continuem penetrando, saqueando e explorando a população e os recursos naturais com facilidade e segurança para seus interesses e para os interesses do imperialismo. Ademais, “cai muito bem” ao governo pintar-se de democrático sentando-se para conversar com a oposição armada mais forte das últimas décadas, e aproveitar a situação para obter uma anistia geral para suas genocidas forças armadas, causadoras de milhões de mortes às massas populares.
Por isso desde o início, o governo, como títere do imperialismo ianque, acatou a ordem de impulsionar as negociações com as “incômodas” guerrilhas, que dificultam o livre desenvolvimento de seus planos.
Mas a guerrilha não fica para trás. O maior alcance de suas propostas é garantir sua plena inclusão neste podre Estado, que desde sua origem serve e é controlado pelas classes dominantes. O que estão concertando em LaHabana é ganhar uma ou outra negociata e cargo burocrático, não a transformação substancial das condições de vida das massas no país. Sua oportunista concepção de Estado, os leva a seguir como exemplo o modelo reformista e assistencialista de Chávez, e a defender os interesses da grande burguesia burocrática. Em nenhum momento buscam estruir este Estado burocrático-latifundiário nem construir um Estado de operários e camponeses. Em suma, planteiam uma mudança na forma de exploração e opressão das massas, uma mudança de regime, de modelo. Como se sob o Estado capitalista fosse possível mudar radicalmente as condições das massas e, como se o alvo da revolução fosse neoliberalismo! Sua luta não é contra a semifeudalidade, a semicolonialidade e o capitalismo burocrático. Seu interesse é claro: queo grande capital monopolista estatal seja quem dirija a economia, entrando elesa fazer parte do Estado para poder usufrui-lo.
Quando as FARC tiveram a oportunidade de transformas as relações sociais e de produção e de gerar nova cultura, não o fizeram. Em vez de formar bases de apoio onde se construiria novo poder e onde as massas tomariam em suas mãos as rendas da nova sociedade, aplicaram políticas como a cobrança de impostos a latifundiários, narcotraficantes e multinacionais, que em nada servem para resolver os problemas sociais e ambientais que estas geram. Tampouco promoveram de fato a produção nacional em detrimento da ganância imperialista, muito menos melhoraram a educação e a saúde nas vastas zonas sob seu controle militar. O comumem muitas delas é a proliferação de narcotráfico, os sequestros ou a cobrança de tributos a mineiros, o que evidencia sua degeneração política e sua incapacidade de apoiar-se em seus próprios esforços e nas massas. Se em amplos territórios que dominaram com as armas não levaram adiante uma transformação social, muito menos podemos esperar que em sua participação legal e eleitoreira o façam. Não esqueçamos a história: até a mais “limpa” das eleições é só um instrumento das classes dominantes para fazer passar sua ditadura como democracia.
Seu apresentação de desenvolvimento rural não elimina o latifúndio, nem o poder caudilho. As zonas de reservas camponesas que propõem não modificam a distribuição de terra, nem as relações de servidão, no máximo garante alguns direitos ao campesinato, gestão de projetos, organizando-os em torno da política de Estado e aplacando sua luta pela terra. Tampouco são anti-imperialistas, são anti-ianques, e na mesma linha dos governos oportunistas de Cuba, Venezuela, Equador e outros que terminaram servindo a uma e outra potência imperialista.
Assim como nesses países, o que as FARC busca é reformar a democracia burguesa, para poder participar com maiores dádivas na farsa eleitoral. Revisam permanentemente os princípios do marxismo, enquanto se jactam em ser os representantes do povo, e carecem de uma análise de classe que os permita identificar com clareza amigos e inimigos. Suas aspirações não são as aspirações da grande maioria. Limitam-se a reformas, em suas próprias palavras: “o que se trata é de ser sérios, de propor coisas sensatas, de ser pragmáticos e aspirar tão somente o que a oligarquia está disposta a conceder” (FARC-EP, comunicado do Secretariado Central do Estado, 22 de Set. de 2012)
Esta “paz” responde ao caminho burocrático da reação, do imperialismo e do revisionismo, que serve para reestruturar o Estado e para desviar o povo do caminho da Guerra Popular. Enquanto isso tanto a recessão, como aumento de impostos, de concentração de riquezas, temlevado a maiores protestos dentro e fora do país. Basta ver a greve em Cerrejon, a paralisação cafeeira, as lutas contra a mineração, contra a falta de serviços públicos, entre outros. Há quem argumente que uma vez firmados os acordos, se abrirão mais espaços democráticos. Mas a história tem demonstrado que este Estado não vacila em empregar violência reacionária contra o povo se estetenta obstruir o enriquecimento e poder das classes dominantes. Para nós, é claro que devemos promover e dar perspectiva revolucionária a estas lutas populares para preparar a guerra popular, que hoje concentra-se em reconstituir o Partido do proletariado, que o dirija.
Sem solução para os verdadeiros problemas das massas, sem acabar com a exploração, sem que o povo tenha o PODER, não haverá paz. Na Colômbia exige-se iniciar e desenvolver uma revolução agrária que destrua o latifúndio e acabe com o saque por parte do grande capital. Os Partidos Comunistas no mundo que desenvolvem guerras populares confirma que este é o verdadeiro caminho do povo. As massas na Índia, Peru, Turquia e Filipinas estão construindo novas relações, nova cultura. Com as armas em mãos tem expropriado aos grandes donos de terra, tem aumentado a participação da mulher no meio do processo de emancipação do conjunto da sociedade. Sustentam-se graças a seus próprios esforçose edificam o futuro dando o poder às massas trabalhadores, servindo à revolução proletária mundial.
A Organização Maoísta sabe que tem sido a luta e não a conciliação que tem permitido ao povo melhores condições, não tem sido de nenhuma maneira presente das classes dominantes. Rechaçamos que se usem reivindicações das massas para corporativizá-las com fins eleitoreiros. O povo quer paz, mas a luta é o único meio para conquistar uma vida melhor, como precisamente recordamos cada 1º de maio. O povo seguirá lutando e, como sempre, através dessa luta conseguirá bem-estar, felicidade e uma verdadeira paz. Sem o Partido Comunista militarizado, no entanto, não se logrará a transformação revolucionária da sociedade. Lutemos por reconstituir, sobre a base das lutas e da experiência do nosso povo, o Partido do proletariado que dirija as massas até sua libertação.
Chamamos o povo colombiano à impulsionar sua organização classista por suas reivindicações, independentemente do Estado (e de qualquer partido politiqueiro, inclusive o que funde as FARC com outros oportunistas), transformar décadas de infrutuosa luta armada em Guerra Popular, que vamos iniciar enquanto se reconstitua o Partido Comunista, e uma vez içadas as bandeiras, jamais deverão ser arriadas até a vitória do povo. Chamamos aos revolucionário coerentes – que não tem claudicado ante o chamado pacificador do imperialismo e da reação- a desmascarar aos falsos líderes do povo que hoje regateiam omecanismo de inserção dentro da democracia burguesa-latifundiária, a assumir a ideologia do proletariado: o marxismo.
O marxismo-leninismo-maoísmo e os aportes de validez universal do presidente Gonzalo iluminam o caminho até a revolução. Impregnemos desta teoria revolucionária cada uma das organizações sociais, das organizações comerciais, das lutas do povo. Fundamo-nos mais com as lutas das massas nas cidades,povoados e veredas do nosso país, assim como com os lutadores de outras partes do mundo. Aprendamos com acertos e erros dos camaradas no Peru, Índia, Turquia e Filipinas. Levantemos as bandeiras da revolução e pisoteemos as do revisionismo, do imperialismo e da reação.
Confiamos em que o povo colombiano, temperado através de tanto anos de dura luta, contraporá ao caminho burocrático da reação e do revisionismo com o caminho democrático, e nos anos que virão, levantará novamente seu punho armado para transformar a sociedade enferma, através da Guerra Popular dirigida por seu Partido Comunista, que erga, defenda, aplique e desenvolva o marxismo-leninismo-maoísmo- demonstrandosua vigência e poder transformador.
Contrapor o caminho burocrático da reação e o revisionismo que se vale de acordos de paz, com o caminho democrático do povo com Guerra Popular!
Desenvolver o protesto popular e as organizações independentes e classistas do povo
Abaixo o velho estado burocrático-latifundiário a serviço do imperialismo
Enquanto as FARC terminam de apodrecer as entranhas do velho Estado, o povo colombiano continua na luta por reconstituir o partido do proletariado
Fora o poder tudo é ilusão!
Abaixo o revisionismo! Viva o maoísmo!
Proletários e povos do mundo, uni-vos!
ORGANIZAÇÃO MAOÍSTA para a reconstituição do Partido Comunista da Colômbia (OM rpcc)
1º de maio de 2013