Nota do blog: Por ocasião do Dia Internacional da Mulher Proletária (8 de março), reproduzimos a tradução da declaração do Movimento Feminino Popular – Equador. Retirado de fdlp-ec.blogspot.com. Tradução não-oficial.
A condição de ser indígena, camponesa, trabalhadora, ou em definitivo, mulher, por si só não determina sua condição revolucionária.
A propósito da farsa eleitoral que está se desenvolvendo no país, pudemos evidenciar uma vez mais como algumas mulheres que vêmdas comunidades indígenas, camponesas, operárias e populares estão prenhas de concepções ideológicas e políticas virulentamente oportunistas e reacionárias, tanto como qualquer outra mulher que tenha nascido ainda no seio da grande burguesia.
Quer dizer, ser camponesa, dirigente sindical ou de origem política que tenha estado ligada a certo setor de massas não aconverte necessariamente em uma mulher avançada, consciente e com correta posição de classe.
Por exemplo, uma traidora: Lourdes Tiban. Candidata pelo “Acordo Nacional pela Mudança” (indigenistas, hoxaístas, castristas, bolivarianos, revisionistas de toda laia). Uma verdadeira traidora de seu povo e das massas. Chama a si mesma de representante das mulheres indígenas, quando não passa de uma cadela fiel ao serviço do imperialismo. Andou no meio do movimento indígena arrastando-o sempre para dentro do contexto das eleições; desde a esquerda revisionista e oportunista, passando pelo indigenismo até instalar-se nos setores da direita mais recalcitrante. Como esta, muitas outras que agora estão com seu falatório eleitoreiro cacarejam seu compromisso com as mulheres e com o povo, quando, na verdade, o que fazem é traficar com o sofrimento, angústia e desesperança de milhões de mulheres sumidas na mais abjeta exploração do velho Estado, do capitalismo burocrático e do imperialismo.
Uma das particularidades que têm as sociedades como a nossa, semifeudal e semicolonial, é que a mulher é explorada com maior insanidade e agressividade.
A mulher é explorada, oprimida e discriminada por ser indígena, camponesa, esposa, trabalhadora e simplesmente por ser mulher. Este leque de manifestações de exploração, opressão e violência geralmente vêm carregada de todos esses defeitos, produto de uma sociedade precária, machista, outorga certos valores de desvantagem laboral e política à mulher; onde, além disso, produto dos processos de formação e alienação, muitas dessas se prestam para reproduzir o velho esquema semifeudal, sendo segregadas a uma simples condição de objeto sexual, à comercialização de seu corpo, à reprodução da espécie e, em alguns casos, quando conquistam certos logros políticos, terminam propagando a podridão da sociedade simplificada nesse machismo feudal e do obscuro regime de exploração das massas. Isto é, terminam servindo ao velho Estado.
Mas isso é um aspecto das condições nas que se desenvolve a mulher nesta velha sociedade. Há outro, o das mulheres lutadoras, sobretudo aquelas que vão se forjando sob o marxismo-leninismo-maoísmo, que temperam-se no fragor da luta de classes, da construção dos três instrumentos para desatar a revolução da Nova Democracia, que creem na guerra popular, na necessidade de conquistar o Poder para o proletariado e seus aliados; essas são o verdadeiro elemento consciente no seio do povo, aquelas mulheres que veem a sociedade através do prisma da luta de classes, do compromisso irrestrito e irrenunciável com a revolução.
A história da luta de classes no mundo deixou pegadasde muitíssimas mulheres dessa estirpe que fizeram um transcendental aporte à libertação da classe e dos povos oprimidos do mundo. Nathalie Lemel e Louise Michel na Comuna de Paris; Nadezhda Krupskaya, comunista, companheira de Lenin; Rosa Luxemburgo;ChiangChing; a camarada Nora; Edith Lagos; a camarada Ângela etc. entre muitas outras mulheres lutadoras que ligaram sua existência à luta de classes e à revolução.
Mas também existiu aquelas que atuando como dirigentes populares terminaram como Tibán, Natacha Rojas, Mery Zamora, Lilina Durán e outras, de joelhos ante ao caduco, contrarrevolucionárias, sujeitadas ao feminismo burguês, ao velho Estado, prostradas ante os processos eleitoreiros e colaborando na corporativização da sociedade. Desde já, no seio do povo tampouco estamos isentos de que alguns elementos débeis se deixem arrastar ao penhasco, e no Movimento Feminino Popular do Equador tivemos que viver esse tipo de reveses, mas essa é a dialética. A luta de classes e [N.T.: a luta por…] preparar a guerra popular têm essa vantagem, nos depura, nos qualifica, como vento purificador leva a imundície e o lixo para deixar o grão que germina, que reproduz, nos deixam em seu seio só aquelas que não perdem a perspectiva de classes, a luta e da revolução.
Hoje, 8 de março, dia da mulher oprimida, explorada, violentada, mas lutadora, rebelde, revolucionária, indômita, nossa mais sentida homenagem a todas as mulheres que têm brigado pela transformação da sociedade, por suportar metade do céu, que se sentem identificadas por sua particular condição de mulher, mas, sobretudo, pelo papel que desempenham na produção, na sociedade, na história, isto é, por sua condição de classe.
Não queremos deixar passar nossa mais sentida homenagem à camarada María, falecida há poucas semanas, mas sobretudo, nosso maior reconhecimento e homenagem à heroína que têm as mulheres lutadoras do Brasil, Equador, América Latina e o mundo: a camarada Ângela, fundadora do MFP do Brasil, exemplo de toda uma vida dedicada à luta, sem reservas, sem guardar nada para si. Tudo para a revolução, até nossas vidas.
Viva o 8 de Março – Dia da Mulher Trabalhadora e Lutadora!
Honra e glória à Camarada María!
Honra e glória à Camarada Ângela!
O que une às mulheres vai mais além de sua condição de mulher, é sua condição de classe!
Viva o Movimento Feminino Popular!