Apresentação (Revista O Maoísta, nº 1)

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Tradução não-oficial da Apresentação dos editores do primeiro número da Revista O Maoísta.


Apresentação

Proletários de todos os países, uni-vos!

Diferentes análises em distintos documentos de partidos e organizações comunistas coincidem em considerar a situação internacional de crescentes desordens como a mais favorável para fazer avançar decididamente a revolução proletária mundial. Não obstante, a condição de superpotência hegemônica única do imperialismo ianque, a extensão de seu domínio se volta cada vez mais contra ele mesmo: junto a isto, cabe afirmar também que não pode sequer conjurar a crise na qual se desmorona. A ofensiva contrarrevolucionária de caráter geral convergente do revisionismo e do imperialismo contra o marxismo, o proletariado e a revolução, desatada desde os anos 80 do século passado por Gorbachov e sua perestroika e impulsionada pelo imperialismo ianque no começo dos anos 90, servindo-se do despenar da URSS social-imperialista para predicar o fim do comunismo e anunciar sua “Nova Ordem”, já perdeu força e começa a declinar.

Em um visionário trabalho teórico, Lenin caracterizou o imperialismo como o capitalismo monopolista, parasitário ou em decomposição e agonizante; esta síntese magistral ficou plasmada em um pequeno livro intitulado: O imperialismo, fase superior do capitalismo; neste texto Lenin expôs com exatidão científica as leis de desenvolvimento do capitalismo sob o domínio dos monopólios, identificando nitidamente que “as particularidades políticas do imperialismo são a reação em toda a linha”, é uma tendência até a violência, disse Lenin. Ademais, insistia “na impossibilidade da unidade com os oportunistas na época do imperialismo”, atribuindo “importância vital” a esta última questão. Palavras proféticas e señeras que devemos celebrar 100 anos após serem escritas.

A situação atual do Movimento Comunista Internacional se caracteriza pela dispersão no terreno ideológico primeira e principalmente, assim como também no terreno político e organizativo.

Ante este panorama nós comunistas temos urgentes e ineludíveis tarefas a cumprir. Em 1844, Marx e Engels uniram seus esforços. Seu trabalho conjunto levava indelével o selo internacional e foi assim como, afrontando todo tipo de dificuldades, deram à luz a ciência do proletariado, a única ideologia científica, que leva como clara marca o nome de seu fundador. A ideia fundamental e íntima do Manifesto é que a classe explorada e oprimida (o proletariado) não pode emancipar-se da classe que a explora e oprime sem emancipar ao mesmo tempo, e para sempre, toda a sociedade da exploração, da opressão e das lutas de classes, e esta ideia fundamental, tal como dissera Engels em 1883, pertence única e exclusivamente a Marx. Esta ideologia científica é o marxismo, todo-poderosa porque é verdadeira.

O Manifesto Comunista se publica em 1848 e com ele o movimento comunista internacional recebe ata de nascimento. Júbilo para o proletariado internacional que podia contar a partir desse momento com uma missão, um programa, meios e tarefas comuns definidos para enfrentar a seus inimigos de classe. Então uma consigna começou a recorrer cidades, planícies e mares: Proletários de todos os países, uni-vos!, voava sem ter asas e retumbou no continente europeu atravessando oceanos; hoje, o timbre de seu eco escuta-se firme e forte em todos os rincões do mundo.

Nós comunistas devemos trabalhar arduamente para concretizar a consigna e lema do Manifesto, fazer da unidade uma preocupação de primeira ordem; nisto nos colocamos na mesma senda de Marx, Engels, Lenin, Stalin e do Presidente Mao. Não é possível avançar na revolução proletária mundial sem um centro internacional que contribua a golpear unidos a nossos inimigos. Os esforços atomizados serão castigados com a derrota comum, nos advertia Marx no Manifesto inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores. Marx e Engels eram dois no começo. Os fundadores da ciência proletária alcançaram uma férrea unidade sobre a base de sólidos fundamentos. Após 170 anos, os alicerces ideológicos e políticos que eles construíram se mantêm indenes ante as cruas inclemências da luta de classes internacional. Já em 1871, após a inolvidável Comuna de Paris com que o proletariado ousou pela primeira vez assaltar os céus e de onde muitos viram somente derrotas, a agudeza da análise de Marx destacou a grande aprendizagem para o proletariado. Até então o proletariado só conhecia a burguesia na revolução, em tão gloriosa epopeia pôde conhece-la na reação e tirar lições preciosas para sua causa.

A ideologia científica do proletariado, em meio de fortes tormentas, provou sua largura e profundidade navegando incontível até o porvenir, se abriu passo e foi desenvolvida tal e como seus próprios fundadores o haviam indicado. O grande Lenin, chefe do glorioso Partido Bolchevique, e ambos – chefatura e partido – à cabeça das massas fundas e profundas da Rússia, alcançaram a vitória da ansiada revolução proletária em outubro de 1917, estabelecendo de imediato a ditadura do proletariado e abrindo caminho à construção socialista, elevando com isso uma nova etapa do marxismo, devenindo este em marxismo-leninismo. Logo foi o Presidente Mao, o Grande Timoneiro, quem como chefatura do PCCh dirigiu o proletariado e povo na revolução alcançando outros dois grandes marcos: a revolução chinesa e a Grande Revolução Cultural Proletária, cujo fragor e em luta contra o revisionismo moderno elevou o marxismo a uma nova, terceira e superior etapa: o maoísmo.

Em meio de aguda luta de duas linhas o maoísmo tem aberto caminho; ante o avanço demolidor do maoísmo a rocha mais dura estala em mil pedaços; a classe e o povo armados com o maoísmo transformam em tigres de papel aos mais poderosos exércitos imperialistas, principalmente o ianque. É tarefa dos maoístas brigar por impor o maoísmo como mando e guia da revolução mundial. Isto requer unidade, no entanto, esta só será possível mediante uma tenaz, paciente, mas ao mesmo tempo sagaz luta de duas linhas no seio do MCI. Soou o toque de clarim para os maoístas e se exige deles construir uma unidade cumprindo assim com esta importantíssima tarefa pendente. Neste sentido se impõe, ante as dificuldades que atravessa o MCI, uma luta decidida pelo reagrupamento das forças maoístas combatendo a dispersão em todos os terrenos. Cumpre um papel ao serviço deste importante objetivo a publicação da presente revista; nela, organizações e partidos maoístas poderão expor seus pontos de vista e desenvolver o debate urgente e necessário em temas relevantes para a linha do movimento comunista internacional.

Quais são as condições requeridas para este debate? Que se abra para os autênticos comunistas esta tribuna para defini-las ou reafirmá-las. Outro importante documento escrito por Lenin há 100 anos vale para o debate atual sobre a universalidade ou não da Guerra Popular, citamos textual de O programa militar da revolução proletária: “Desde o ponto de vista teórico seria totalmente errôneo ignorar que toda guerra não é mais que a continuação da política por outros meios. A atual guerra imperialista é a continuação a política imperialista de dois grupos de grandes potências, e essa política é originada e nutrida pelo conjunto de relações da época imperialista. Mas esta mesma época há de originar e nutrir também, inevitavelmente, a política de luta contra a opressão nacional e de luta do proletariado contra a burguesia, e por isso mesmo, a possibilidade e inevitabilidade, em primeiro lugar, das insurreições e guerras nacionais revolucionárias; em segundo lugar, das guerras ou insurreições do proletariado contra a burguesia; em terceiro lugar, da fusão dos dois tipos de guerras revolucionários, etc.”

Cabe agregar o assinalado por Lenin neste fundamental texto que já forma parte indiscutível da linha militar proletária: “Uma classe oprimida que não aspira aprender o manejo das armas, a ter armas, essa classe oprimida só mereceria ser tratada como os escravos. Nós, se não queremos converter-nos em pacifistas burgueses ou em oportunistas, não podemos ignorar que vivemos em uma sociedade de classes, de que não há nem pode haver outra saída que a luta de classes.”

Mas correspondeu ao Presidente Mao, integrando a verdade universal do marxismo-leninismo com a prática concreta da revolução chinesa, desenvolver esta questão planteada por Lenin estabelecendo leis científicas a respeito. Produto desta integração, o Presidente Mao, em novembro de 1938, antes da segunda guerra mundial imperialista, escreveu: “A tarefa central e a forma mais alta de toda revolução é a tomada do Pdoer por meio da luta armada, isto é, a solução do problema por meio da guerra. Este revolucionário princípio marxista-leninista tem validez universal, tanto na China como nos demais países.” Importante tese que nós comunistas não podemos ignorar. Inclusive afirmamos que sem iniciar e desenvolver mais guerras populares, os problemas candentes de nosso movimento continuarão sem resolução. Iniciando novas guerras populares, sem postergar mais esta tarefa, contribuirá grandemente à nova grande polemica que se deve dar. Estabelecendo bases de apoio, isto é, novo Poder, os Partidos Comunistas do MCI darão importantes saltos na solução do problema da aplicação da violência revolucionária, fomentarão o início e o desenvolvimento da guerra popular e com isso o redivivo movimento comunista internacional avançará para contar com a Internacional Comunista.

No artigo O imperialismo e a cisão do socialismo, escrito também em 1916, Lenin disparava certeiramente contra o oportunismo: “A única lei marxista no movimento operário mundial consiste em explicar às massas que a cisão com o oportunismo é inevitável e imprescindível, em educa-las para a revolução numa luta implacável contra ele, em aproveitar a experiência da guerra para desmascarar todas as infâmias da política operária liberal-nacionalista, e não para encobri-las.” O movimento maoísta a nível mundial se reconhece neste princípio. Não haverá avanço no MCI sem luta de duas linhas contra as tendências oportunistas que apareçam em seu seio. Nenhum partido maoísta pode negar-se a desenvolver luta de duas linhas, pois é esta o motor de desenvolvimento; tratando-se da defesa da linha correta, é necessário que o movimento maoísta se desenvolve em meio da luta de classes e da luta de duas linhas. Que fortaleza pode ter uma linha política se não se está disposto a defende-la confrontando-a?

Marx desde cedo sustentava: “…A luta interior dá ao partido força e vitalidade; a prova maior da debilidade de um partido é o amorfismo e a ausência de fronteiras nitidamente delimitadas; o partido se fortalece depurando-se…” Inquestionavelmente que esta é também tarefa teórica e prática, ligada ao início e ao desenvolvimento da guerra popular e como luta ideológica no seio do MCI, que demandará o desejo de unidade, consultas recíprocas, enfim, métodos adequados que em muitos aspectos excedem o que se pode avançar com a presente revista, cuja pretensão é conformar-se em um ponto de partido neste caminho ineludível.

Nós comunistas partimos de que nos encontramos na terceira etapa da revolução proletária mundial, a de sua ofensiva estratégica e do desmoronamento e varrimento do imperialismo e o que corresponde é desenvolvê-la com guerra popular. Isto exige tensionar nossas forças a fim de impulsionar firmemente o desenvolvimento das condições subjetivas. Isto tem seu centro nos processos de desenvolvimento, constituição e/ou reconstituição de Partidos Comunista, isto é, partidos maoístas militarizados. Isso exige preparar prática e teoricamente os quadros dos partidos para esta tarefa presente: a guerra popular.

Serve, pois, esta revista intitulada O Maoísta como um órgão para avançar na unidade dos comunistas a nível internacional, serve também para abrir uma nova grande polêmica justo nos momentos em que celebramos os 50 anos da Grande Revolução Cultural Proletária. Encerramos a Apresentação deste primeiro número com as certeiras palavras que concluíram o Manifesto Comunista: “Os comunistas consideram indigno ocultar suas ideias e propósitos. Proclamam abertamente que seus objetivos só serão alcançados com a derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam ante uma Revolução Comunista. Os proletários não têm nada a perder nela, além de suas cadeias. Têm, em troca, um mundo a ganhar”.

Proletários de todos os países, uni-vos!