Proletários de todos os países, uni-vos!
Sobre a Situação Internacional e as Tarefas do MCI
Informe ao V Encontro de Partidos e Organizações
Marxista-Leninista-Maoístas da América Latina
“O imperialismo não viverá muito porque perpetra toda classe de infâmias. Sustenta com obstinação os reacionários dos distintos países, hostis aos povos. Ocupa pela força muitas colônias, semicolônias e bases militares. Ameaça a paz com uma guerra atômica. Desta maneira, forçada pelo imperialismo, mais de 90% da população mundial está se levantando ou se levantará em massa para a luta contra ele. Porém o imperialismo ainda está vivo; todavia faz e desfaz na Ásia, África e América Latina. No mundo ocidental, os imperialistas seguem oprimindo as massas populares de seus próprios países. Esta situação há de mudar. É tarefa dos povos do mundo inteiro pôr termo à agressão e opressão que realiza o imperialismo, principalmente o imperialismo norte-americano.”
Presidente Mao Tsetung. Entrevista com um correspondente da Agência de Notícias Sinjua (29 de setembro de 1958)
Desde os inícios da época do imperialismo, as distintas potências e superpotências imperialistas vêm intensificando sua exploração e opressão sobre o proletariado em seus próprios países e vêm saqueando e submetendo o proletariado, o campesinato e o conjunto das massas populares nas colônias e semicolônias, tudo com o propósito de assegurar o saqueio das matérias primas, assegurar mercados para seus capitais e mercadorias e assegurar o lucro máximo. Este saqueio e exploração causou duas guerras mundiais e indizíveis misérias e sofrimentos ao proletariado e aos povos do mundo, atiçando a luta de classes até níveis magníficos que desembocaram nas mais gloriosas experiências revolucionárias na história da humanidade, a conquista do Poder para o proletariado (ditadura do proletariado) e o início da construção socialista, no curso para a abolição das classes e de toda forma de exploração, o dourado comunismo.
Com o surgimento do imperialismo, o mundo ficou dividido entre um punhado de nações opressoras e a imensa maioria de nações oprimidas, amadurecendo as condições para a revolução mundial. Com o triunfo da Revolução de Outubro se abriu a era da revolução proletária mundial, que é a tendência histórica e política principal. A luta entre revolução e contrarrevolução na era do imperialismo e da revolução proletária mundial nos legou as mais importantes experiências da luta de classes -os triunfos das grandes revoluções na Rússia e China, o impulso às lutas de libertação nacional e a Grande Revolução Cultural Proletária-, e com a guerra popular no Peru se iniciou a ofensiva estratégica da revolução proletária mundial. Desta forma a ideologia científica do proletariado, única ideologia científica, se desenvolveu até uma nova, terceira e superior etapa: o maoísmo.
Sustentados nos aportes do pensamento gonzalo, resultado da aplicação do maoísmo à revolução no Peru, nos reafirmamos em que ser comunista hoje é ser marxista-leninista-maoísta, principalmente maoísta, e que é tarefa dos comunistas desfraldar, defender e aplicar o marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente aplicá-lo, para impor maoísmo como mando e guia da revolução proletária mundial e que passe a comandar cada vez mais a nova grande onda da revolução proletária mundial.
O Presidente Mao nos indicou uma e outra vez que, como comunistas, temos o dever de utilizar a concepção marxista, o ponto de vista marxista e o método marxista para estudar o mundo objetivo, com o único propósito de transformá-lo. E que ao estudar a realidade objetiva devemos esforçar-nos por agarrar a contradição principal em cada momento, que devemos centrar-nos principalmente em torno à luta de classes e a luta de duas linhas, para a qual devemos analisar as relações de classes fundamentais e a correlação de forças de classe.
Nos reafirmamos em que unicamente sustentados no marxismo-leninismo-maoísmo e nos aportes de validez universal do pensamento gonzalo poderemos orientar-nos na compreensão do desenvolvimento das contradições fundamentais, agarrar a contradição principal do mundo atual para definir corretamente a política e as tarefas que se desprendem da situação objetiva, cuidando-nos do subjetivismo, da superficialidade e da unilateralidade e distinguindo as contradições entre nós e o inimigo das contradições no seio do povo.
As contradições fundamentais do mundo atual
Primeira contradição: entre nações oprimidas, por uma parte e superpotências e potências imperialistas, por outra.
Esta é a contradição principal no mundo atual. Existe, por uma parte, um grande número de nações oprimidas, que são países coloniais ou semicoloniais, submetidos econômica, política e culturalmente ao imperialismo, ainda que estes últimos contem com uma soberania ou independência formais; por outra parte, está um punhado de potências imperialistas, sejam estas superpotências ou potências, em qualquer caso são nações opressoras.
No campo das potências imperialistas, o imperialismo ianque é a superpotência hegemônica única, Rússia é ainda superpotência atômica e existe um punhado de potências imperialistas de segunda ordem.
O imperialismo ianque, mais que os outros imperialistas, sua própria condição hegemônica o afunda mais. Por sua própria natureza imperialista e para manter sua hegemonia está obrigado a levar várias guerras ao mesmo tempo, ademais de manter presença militar em todos os continentes. Isto lhe gera um custo econômico imenso, que inclui a sustentação de sua maquinaria militar e de espionagem, custos pelos créditos de guerras já feitas e as atuais, assistência aos veteranos, sem contar o custo social que lhe ocasionam em seu próprio solo o desprezo à vida e à dignidade das massas, o genocídio que aplicam para subjugá-las, com o qual se grangeia o ódio de todos os povos do mundo.
O imperialismo ianque é o maior exportador de capitais ao nível mundial, o que se expressa em enormes desiquilíbrios em sua economia. O imperialismo ianque é um gigante com pés de barro, com uma imensa dívida externa, das famílias e das empresas e um grande déficit comercial. É o mais monopolista, mais parasitário e que atravessa maior decomposição que os demais países imperialistas.
Por sua parte, nos países oprimidos se concentra a maior parte da população do planeta e a mais pobre, submetidos à opressão do imperialismo, o capitalismo burocrático e a semifeudalidade, vivendo em condições que não se condizem com o nível de desenvolvimento alcançado pela humanidade, que sofrem a degradação de suas condições de vida, do meio natural e são golpeados por sistemáticas guerras de rapina do imperialismo e seus lacaios locais.
Nos países oprimidos, sobre uma base semifeudal, colonial ou semicolonial, se desenvolve um capitalismo burocrático que gera modalidades políticas e ideológicas correspondentes e impede sistematicamente o desenvolvimento nacional, explora o proletariado, o campesinato e a pequena burguesia e constrange a burguesia média. A crise mundial seguirá descarregando sobre os países oprimidos enquanto mantenham esta condição e seguiremos sendo botim de cada partilha.
Contrariamente ao que dizem os representantes do imperialismo e seus lacaios revisionistas, a chamada “liberalização econômica”, a “globalização” a “nova distribuição mundial do trabalho”, etc., tudo o que os imperialistas têm impulsionado junto com as classes dominantes destes países, não mudou o caráter dos mesmos, senão que o tem preservado e evoluído mais ainda. O que sustentam os embelezadores do imperialismo -de que o investimento estrangeiro (imperialista) em setores donde haveria certas supostas “vantagens comparativas” conduziria ao progresso e desenvolvimento- não é mais que uma máscara para encobrir o saqueio. O resultado de várias décadas de “abertura ao investimento estrangeiro” é que não tem havido nenhum verdadeiro desenvolvimento nacional dos países oprimidos. A promessa de que o aumento dos preços das matérias primas geraria grandes benefícios para os países onde as fontes de matérias primas estão localizadas, ficou absolutamente desmentida pela realidade. Os fatos provam que a maior parte dos ganhos e dos lucros obtidos no período de altos preços das matérias primas, foram para as chamadas “multinacionais”, isto é, os países imperialistas.
Por meio de seu chamado “investimento estrangeiro” se produz a exportação de capitais imperialistas, a competição entre monopólios pelo domínio dos mercados e países. Aquela potência que adquire vantagem nesta corrida incrementa sua posição monopolista, seu poder e, com isso, seu parasitismo, o de viver do “corte de cupom”, com o qual também aprofunda seu próprio apodrecimento, seu afundamento.
Longe de impulsionar o desenvolvimento econômico nos países oprimidos, o investimento imperialista gera um desenvolvimento deformado, uma economia estrangulada pelo capital financeiro, maior concentração do capital nos grandes monopólios e no submetimento de toda a produção, as finanças e o consumo nacional aos interesses destes. Nestas condições o proletariado por meio de seu partido comunista, em aliança com o campesinato como força principal, tem a missão de dirigir todas as forças revolucionárias na revolução democrática contra o imperialismo, o capitalismo burocrático e a semifeudalidade.
A política do imperialismo do USA para as semicolônias é o maior submetimento e a maior subjugação nacional ou a guerra. O plano dos imperialistas é a divisão do território dos países e nova partilha, baseada na força militar e na escalada para posições de combate. O que buscam não é paz senão subjugar os povos através da capitulação mediante “acordos de paz”, com os quais só formalizam o já ganho no campo de batalha.
Sem reconhecer o caráter semifeudal de nossos países e, portanto, a necessidade da guerra agrária para resolvê-lo, se termina negando a necessidade da revolução democrática nos países oprimidos, a necessidade de desenvolver a guerra popular como guerra unitária -em que o campo é principal e a cidade complemento necessário- para acabar com o imperialismo, o capitalismo burocrático e a semifeudalidade. Assim também, sem reconhecer o caráter semicolonial e semifeudal, sobre o qual se desenvolve um capitalismo burocrático no assim chamado Oriente Médio, não é possível entender o caráter da luta de libertação nacional de seus povos contra as distintas potências imperialistas, seu caráter de guerra de resistência, de guerra justa, principalmente contra o imperialismo ianque, porém sem descuidar da superpotência atômica, Rússia, independentemente das forças de classe que atualmente dirigem estas lutas armadas ante a falta de direção comunista.
Segunda contradição: entre proletariado e burguesia.
A imensa riqueza produzida socialmente cresce sem cessar, porém esta riqueza é apropriada de forma privada por um punhado de imperialistas e pelos grandes burgueses e latifundiários nos países do Terceiro Mundo. O resultado de tudo isto são crises mais agudas e com ciclos mais curtos dentro da crise geral e última do imperialismo, que empurram os Estados imperialistas a enredar-se em guerras de rapina pela nova partilha do mundo. Tudo isto atiça a contradição entre proletariado e burguesia nas próprias nações imperialistas.
Por uma parte, a crise econômica sustentada desde 2008 -a qual se iniciou como crise financeira no USA- descarregou-se sobre as massas, golpeando também o proletariado dos países imperialistas, particularmente na Europa, atiçando agudas lutas pela defesa das conquistas obtidas ao longo de todo o século XX.
Por outra parte, as contradições entre burguesia e proletariado se atiçam também como resultado das ondas migratórias de milhares de refugiados de guerra e pobres em geral que, fugindo da guerra imperialista e da feroz exploração e opressão das semicolônias, passam a engrossar as fileiras do proletariado nestes países. A onda migratória e a “tragédia humanitária” a que conduz são também uma necessidade dos monopólios nos próprios países imperialistas, que requerem baixar os custos de produção baixando os níveis de salário -por exemplo, a reação do imperialismo alemão estima que requer engrossar a força de trabalho com 500.000 imigrantes por ano- porém ao mesmo tempo propalam através dos meios de comunicação o perigo do “terrorismo” e promovem a histeria chauvinista, alentando o racismo e o nacionalismo. Promove-se a política reacionária de dividir a classe entre trabalhadores nativos e trabalhadores imigrantes para conjurar a ação unificada classista do proletariado, para que este não se organize como classe única, com interesses únicos e ideologia, política e partido comunista. Aqui a contradição é também entre revolução e contrarrevolução e não entre fascismo e democracia de “esquerda” ou de “direita”. Não se trata de tal ou qual regime político ou forma de governo da ditadura burguesa, senão de acabar com esta ditadura da burguesia sobre o proletariado e o povo nestes países imperialistas mediante a revolução socialista, que tem que se fazer mediante guerra popular.
Esta contradição no interior das nações imperialistas se agudiza ademais -e isto é característico da atual fase de sua decomposição- porque as infâmias de todo tipo que cometem os Estados imperialistas contra as nações oprimidas, particularmente o imperialismo do USA, vem repercutindo, cada vez mais, no interior dos próprios países imperialistas. Os imisericordiosos assassinatos em massa mediante bombardeios aéreos, o uso de drones contra a população civil, o estigma de “terrorista” colocado a toda força beligerante que se opõe ao submetimento nacional, se converteu em coisa comum como parte da guerra imperialista. Isto o fazem nos países donde declararam a guerra e a cujas forças armadas lhes nega tal condição e o direito à guerra, porém também o fazem nos países donde levam a cabo guerra não declarada ou secreta como Iemen e Paquistão. E o fazem com plena impunidade, porque contra eles não há nem juízes nem tribunais internacionais que valham. Esta guerra imperialista necessariamente tem que regressar à casa.
em seu próprio país, o assassinato sistemático e contínuo de membros das massas mais pobres por parte das forças repressivas do Estado ianque é parte da guerra contra o proletariado e o povo norte-americano, particularmente contra a população negra e imigrantes do Terceiro Mundo. Ante a opressão, as massas se levantam em rebelião e as armas que lhes deram para massacrar as massas nas nações oprimidas as estão voltando contra seus próprios opressores.
Em resumo, o principal é que o movimento contra a guerra imperialista irá crescendo, somado à rebelião contra a exploração e opressão da classe e a miséria crescente das massas. Assim está sucedendo em todos os países imperialistas, especialmente na China, França, porém também no Estados Unidos, onde as massas exploradas e oprimidas do proletariado estão conformadas por cerca de 50 milhões de proletários procedentes dos países da América Latina. Através destas massas pobres, o desenvolvimento da luta de classes com guerra popular na América Latina impactará também no desenvolvimento da luta de classes do proletariado pela conquista do Poder no Estados Unidos.
Terceira contradição: entre potências e superpotências imperialistas.
Como já ensinara Lenin, o imperialismo não é um só senão que há diferentes países imperialistas. Isto é, potências e superpotências imperialistas que dividem o mundo segundo suas relações de força, econômica, política e militar, relação de força que está mudando a cada momento e que se desenvolve em conluio e pugna.
Estados Unidos é atualmente a superpotência hegemônica única. Com a desintegração da URSS social-imperialista em 1991, o peso econômico da Rússia imperialista ficou reduzido a um nível comparável ao da Itália imperialista, ainda que mantem seu caráter de superpotência atômica. Também estão as restantes potências imperialistas como Alemanha, Grã-Bretanha, França, Japão, China, Holanda, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Itália, Espanha, etc., que em total são um punhado de países opressores. Desde a década de 1990 estão em uma nova partilha dos países oprimidos que estiveram submetidos à União Soviética social-imperialista. Todos os acontecimentos de alguma importância ocorridos desde então no leste da Europa, bélicos ou não bélicos, no assim chamado Oriente Médio, o Golfo Pérsico e Afeganistão se enquadram nesta nova partilha.
A antiga pugna entre as duas superpotências, EUA e a URSS social-imperialista se transformou. A atual situação mundial está marcada pelo plano do imperialismo ianque de desenvolver a sangue e fogo sua guerra de agressão com um objetivo imediato -Síria- outro a médio prazo -Irã- e um objetivo estratégico que é arrebatar a Rússia sua condição de superpotência atômica que ainda mantem, para o qual utiliza alianças, segundo convenha, com os outros imperialismos como Alemanha, França, Inglaterra, etc., a fim de subverter a ordem nas zonas de influência que têm grande valor estratégico para Rússia. Por sua parte, Rússia pugna por conservar estas zonas, especialmente na Ucrânia, Síria e Irã.
O ponto mais candente está atualmente localizado no assim chamado Oriente Médio, porque o controle desta zona, particularmente sobre Síria e Irã, tem grande importância para o imperialismo ianque, não só porque significa arrebatar as esferas de influência da Rússia, senão também porque lhe permitiria assegurar sua condição hegemônica ao obter o controle estratégico de uma das regiões chave do mundo para o abastecimento de petróleo a quase todas as demais potências imperialistas, assegurando-lhe assim uma vantagem definitiva na competição interimperialista. É precisamente este aspecto o que dificulta que possa alinhar a todas as demais potências contra Rússia.
Quando os imperialistas, sozinhos ou coligados, vão contra um país oprimido ou contra vários destes países do Terceiro Mundo, nesse momento não só se expressa a contradição principal, senão também a terceira contradição, entre países imperialistas. E nisto violam quando querem seus próprios acordos, seu próprio direito internacional, o princípio de não agressão, pois a lei é para que a cumpram os outros. Por isto a paz, a harmonia entre os imperialistas são velhas histórias contadas de novo, como a do “superimperialismo”, “ultraimperialismo”, “neoimperialismo”, “neoliberalismo”, “neocolonialismo”, velhas teorias que apontam contra a revolução democrática e contra as lutas de libertação nacional.
A disputa imperialista por levar o maior pedaço do bolo é absoluta e o conluio de uns com outros é relativo, isto determina o caráter circunstancial e passageiro das alianças imperialistas; não há “blocos imperialistas”. As potências imperialistas de segunda ordem brigam por converter-se em novas superpotências e assim pugnar pela hegemonia mundial para poder ocupar o lugar que hoje ostenta o imperialismo ianque e impor através de uma nova guerra mundial uma nova ordem e uma nova partilha. A União Europeia não é um “imperialismo europeu”, senão que é aliança dos países da Europa Ocidental sob direção da Alemanha para pugnar pela partilha do mundo.
Tampouco há tal “bloco Rússia-China”, entre estes também existem disputas. Mais ainda, a China social-imperialista ainda não tem um lugar muito importante na nova partilha, devido a que tem baixa capacidade ofensiva na relação com as demais potências imperialistas. Com China ainda aplica a contenção e prima o conluio, pois tem seu lugar como manufatureira dos produtos de consumo e para a colocação de capitais de diferentes potências imperialistas como USA, Japão, Alemanha e outros.
Em relação à contradição entre socialismo e capitalismo, que corresponde a toda a era da revolução proletária mundial, na situação atual esta se desenvolve no terreno ideológico e histórico. Desde o campo da reação, esta contradição se manifesta na ofensiva contrarrevolucionária geral, que entra em declive e atualmente aponta contra as guerras de libertação nacional por meio da denominada “guerra contra o terrorismo”, à qual opomos a contraofensiva revolucionária que se desenvolve com guerra popular. No campo da revolução, a contradição entre socialismo e capitalismo se expressa em que o socialismo vive como ideia nas lutas do proletariado e dos povos do mundo. O clamor das massas por reconquistar o Poder se levanta especialmente nos países onde houve socialismo, perspectiva que se expressa quando os veteranos da URSS que combateram na II Guerra Mundial marcham com retratos do camarada Stalin e quando os operários e os camponeses na China se levantam em nome do Presidente Mao. Todas estas lutas são parte do complexo processo de restauração e contrarrestauração. O socialismo se estabelecerá aí de todas as maneiras e será com guerra popular, para continuar com a construção do socialismo e a ditadura do proletariado.
O Presidente Mao, analisando o desenvolvimento da luta de classes ao nível mundial, compreendeu que o imperialismo havia entrado em uma fase de agravamento de sua crise geral e que se havia aberto a época de seu varrimento completo pela revolução proletária, destacando que isto ocorreria no período dos “próximos 50 a 100 anos”. O Presidente Gonzalo desenvolveu esta compreensão, indicando que ao redor de 1980 entramos na ofensiva estratégica da revolução proletária mundial, em que a tarefa estratégica atrasada é a constituição ou reconstituição dos partidos comunistas, segundo seja o caso, sobre a base do marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente o maoísmo, para iniciar e desenvolver as guerras populares em todos os países do mundo como guerra popular mundial. Devemos reafirmar-nos em todas estas importantes teses e combater resolutamente todas as tentativas da reação e do revisionismo que semeiam confusão, servem à dispersão do movimento comunista e a separar o movimento comunista das lutas de libertação nacional.
Limpa-se o campo para a revolução e a guerra popular. Na América Latina, os governos da Venezuela, Brasil, Bolívia, Equador, etc., entraram em decomposição, arrastando a toda laia de oportunistas e revisionistas que os têm sustentado e defendido como supostos governos “anti-imperialistas”, “progressistas”, “revolucionários”, etc. Este descalabro alcança também ao revisionismo cubano, que tem respaldado e utilizado como seu suporte todos estes governos, que longe de ser de “esquerda” -como propala o oportunismo, o revisionismo e demais reacionários- são governos que, em cada país, encabeça a fração burocrática da grande burguesia a serviço do imperialismo, principalmente ianque. É também expressão desta decomposição definitiva o acordo de “paz” entre o revisionismo armado e o governo da Colômbia para tratar de deslegitimar o caminho democrático, a Guerra Popular, com o cretinismo parlamentar e seguir sustentando o caminho burocrático da reação e do imperialismo.
O enfrentamento bélico entre revolução e contrarrevolução no mundo nos impõe a tarefa irrenunciável de combater o imperialismo e a reação combatendo ao mesmo tempo em forma implacável ao novo revisionismo, rechaçando o oportunismo e o cretinismo parlamentar, e educando as massas na violência revolucionária e em distinguir os amigos dos inimigos, para que assim possam libertar suas poderosas energias na luta revolucionária. Para isto é necessário adquirir cabal compreensão do maoísmo como ideologia universal e, em meio à luta de duas linhas, assumi-la, encarná-la e aplicá-la à revolução em cada país, gerando o pensamento guia e a chefatura de cada revolução, tudo isto em meio à forma mais alta da luta de classes, a guerra popular.
É uma necessidade a luta contra o novo revisionismo que ataca o marxismo, o partido, a violência revolucionária, o socialismo e a ditadura do proletariado, cuja forma mais sistematizada se estruturou no Peru como linha oportunista de direita, revisionista e capitulacionista, raivosamente negadora da chefatura, do pensamento gonzalo, da guerra popular e da revolução democrática. Há que combatê-lo implacavelmente em qualquer forma que se apresente como são suas variantes que representam os revisionistas Avakian, Prachanda e outros.
São necessárias mais guerras populares para fazer a revolução e enfrentar a guerra imperialista
A situação objetiva ao nível mundial se desenvolve e em todas as partes amadurecem as condições para a revolução. Tal como o assinalou o Presidente Mao em 1958, o imperialismo ainda está vivo, e o imperialismo ianque -como superpotência hegemônica única e gendarme contrarrevolucionário mundial- é o inimigo principal dos povos do mundo; ainda faz e desfaz na África, Ásia e América Latina; ainda ocupa semicolônias pela força, estabelece bases militares e impõe a guerra de rapina; ainda está oprimindo às massas populares em seu próprio país. E tudo isto é hoje ainda mais agudo que há 60 anos. Porém esta mesma situação se faz também cada vez mais insustentável e é inevitável o levantamento de mais de 90% da população mundial contra o imperialismo e os reacionários, e isto, em dura briga e em desenvolvimento desigual, já está em curso como uma segunda grande onda da revolução proletária mundial.
Como maoístas, somos partidários da tese do Presidente Mao de ‘três mundos se delineiam’, que concebe, por uma parte, a distinção fundamental entre nações imperialistas e nações oprimidas pelo imperialismo e, por outra, que entre os imperialistas existem contradições, que estes se movem em conluio e pugna, donde a pugna é absoluta e o conluio é transitório, pois a pugna é pela repartilha imperialista do botim que somos os países oprimidos.
Assim, vemos como o Primeiro Mundo está em redefinição, que se expressa em como se vai produzindo o afundamento da superpotência hegemônica única, o imperialismo ianque, em um longo processo com florescências passageiras e recaídas. Vemos também como a superpotência atômica, Rússia, busca recuperar-se a longo prazo e como as demais potências imperialistas de segunda ordem lhe pisam os calcanhares, dentro do processo de varrimento/afundamento em que se encontra o imperialismo pela revolução mundial, cuja base são os países do Terceiro Mundo.
A situação atual confirma o assinalado pelo Presidente Mao com respeito a que Ásia, África e América Latina são zonas de tempestades revolucionárias e base da revolução proletária mundial, e confirma também o que indica o Presidente Gonzalo com respeito a que o Terceiro Mundo se estende atualmente até Europa.
A disputa entre os imperialistas vai se intensificar muito mais e nossos países são o botim de disputa. Haverá luta cada vez mais encarniçada entre os monopólios do capital financeiro, às vezes violenta e às vezes não violenta, porém principalmente violenta, pois o imperialismo é guerra e reação política em toda a linha. É luta por mercados para exportação de capitais e extração de matérias primas e outros recursos naturais e por força de trabalho mais barata, esse é o interesse dos monopólios imperialistas e esse é o interesse de seus Estados. Esta é a base econômica das guerras de agressão do imperialismo contra os países oprimidos, seu verdadeiro caráter é o de guerras de rapina por uma nova partilha em um amplo cenário que -entre outros cenários- abarca desde Ásia Central a África Subsahariana e que se irá estendendo mais. Só entendendo isto é possível reconhecer o caráter de guerra de rapina imperialista contra os povos e nações oprimidas, como estamos vendo na Palestina, Iraque, Afeganistão, Mali, Síria, Líbia, etc. Esta mesma guerra de rapina desata a ira dos povos, que se levantam em poderosa luta armada e levam ao atoleiro político, moral e, portanto militar dos imperialistas, os que, vistos em perspectiva, não são mais que tigres de papel.
Tudo isto gera melhores condições objetivas para a revolução mundial. Só os revisionistas e oportunistas calejados podem pretender negar o maior amadurecimento das condições objetivas em todos os países, particularmente nos países oprimidos, que são a base da revolução mundial e o botim da nova partilha em marcha.
Todas as contradições fundamentais do mundo atual se agudizam, porém em particular se agudizam a contradição historicamente principal, entre nações oprimidas por um lado e nações imperialistas por outro, e a terceira contradição interimperialista. Porém também a guerra imperialista de agressão tem que repercutir nos próprios países imperialistas, como já está ocorrendo com a agudização da luta de classes entre o proletariado e a burguesia. Assim, se entende que o centro da tormenta se encontra nas nações oprimidas, porém que também se devem constituir ou reconstituir partidos comunistas nos próprios países imperialistas e iniciar e desenvolver guerras populares.
As massas estão se levantando em rebelião em todo o mundo, há maior afundamento do imperialismo e este se enreda numa série complexa de guerras nas quais será varrido definitivamente pela revolução mundial no período dos 50 a 100 anos. Esta é a etapa de ofensiva estratégica da revolução proletária mundial, que avança em uma nova grande onda conformada por guerras de resistência e guerras populares, onde estas últimas são o principal em perspectiva.
Unicamente partindo do aportado pelo Presidente Mao podemos compreender a situação atual de países do chamado Oriente Médio Ampliado como Síria, onde se agudizam duas contradições nas que atuam três forças. As duas contradições são: 1) a contradição entre nações oprimidas e nações imperialistas, contradição principal e 2) a contradição interimperialista, contradição secundária. As três forças são: 1) o imperialismo de USA, superpotência hegemônica única, inimigo principal, e seus aliados temporários; 2) a superpotência atômica, Rússia e seus aliados temporários; 3) o país agredido, Síria, incluindo todas suas classes e minorias nacionais, excetuando um punhado de traidores partidários da teoria da subjugação nacional. Ainda quando a justa luta de resistência é levada pelas massas em forma heroica e deve ser apoiada por todos os revolucionários, esta é ainda a força débil. Para fazê-la forte e assegurar a perspectiva de efetiva libertação das massas é imprescindível a direção proletária. Isto clama aos comunistas da Síria reconstituir seu Partido Comunista no crisol da luta armada, para construir uma frente única de resistência nacional contra a ocupação imperialista sob a consigna “morte ao invasor!”e, logo da expulsão do agressor estrangeiro, prosseguir a revolução democrático nacional até sua culminação, tudo através da guerra popular. Também para os comunistas do mundo a consigna “Abaixo a guerra de agressão imperialista! Morte ao invasor!”deve ser assumida firmemente e, através de impulsionar guerras populares para mostrar o caminho, servir a desenvolver a revolução proletária mundial.
As gloriosas guerras populares na Índia, Peru, Filipinas e Turquia ameaçam incendiar toda pradaria. As guerras populares, apesar de mil dificuldades, estão demonstrando que os bandidos imperialistas são os verdadeiros terroristas, as massas populares são as verdadeiras construtoras heroicas de um novo mundo. As Guerras Populares em curso são parte do poderoso vento do leste continua soprando para varrer o imperialismo da terra e devem ser firmemente apoiadas.
Para desenvolver a revolução proletária mundial são necessárias mais guerras populares, guerra popular para enfrentar a guerra imperialista, para fazer a revolução democrática e para fazer a revolução socialista. Para isto devem constituir-se ou reconstituir-se partidos comunistas em cada país, segundo seja o caso, aplicando o ensinado por Lenin acerca de ir ao fundo e profundo das massas, educá-las na prática da violência revolucionária, em varrer o colossal montão de lixo no combate implacável ao oportunismo e ao revisionismo.
Este é um processo cheio de vicissitudes, de luta de morte entre marxismo e revisionismo, entre esquerda e direita. Revisionistas, direitistas e todo tipo de agentes da reação buscam negar o avanço do maoísmo, a nova grande onda da revolução proletária mundial e a atual etapa da ofensiva estratégica da revolução mundial e, com isto, servem a interesses reacionários. É necessário aplastar todas aquelas posições que tratam de negar a existência e agudização das três contradições fundamentais ao nível internacional e, em particular, a contradição principal, a existente entre as nações oprimidas e as nações imperialistas.
A guerra popular é necessária em todos os países e continentes para levar a cabo a revolução em cada país e como guerra popular mundial para varrer o imperialismo da face da terra e prosseguir a marcha ao comunismo. E dado que a guerra popular é a guerra do povo dirigida onimodamente pelo Partido Comunista, se depreende a tarefa central e principal que é constituir ou reconstituir os partidos comunistas, segundo seja o caso, sobre sólidas bases marxista-leninista-maoístas ali onde ainda não se iniciou a guerra popular e fortalecer as bases marxista-leninista-maoístas para desenvolver a guerra popular pela conquista do Poder ali onde estas já estão iniciadas, como única garantia para superar as dificuldades e levar a revolução até o fim.
A experiência histórica do movimento comunista internacional tem demonstrado que cada vez que estala uma revolução num país oprimido, a grande burguesia e os latifundiários desse país não só se opõem desesperadamente, senão que se aliam com o poder das diversas potências imperialistas e tratam de reprimir o movimento revolucionário mediante a aliança da reação local e estrangeira e o revisionismo. Isto exige pôr em prática firmemente o internacionalismo proletário, apoiando as lutas dos partidos irmãos e aprofundando a luta de duas linhas no interior do movimento comunista internacional para, sobre a base da crítica e a autocrítica e pondo a frente o desejo de unidade, resguardar que prevaleça em todo momento a linha revolucionária. Os passos que vêm se dando por parte dos partidos e organizações participantes deste V Encontro de Partidos e Organizações Marxista-Leninista-Maoístas da América Latina são importantes neste sentido e são elementos concretos que aportam à necessária tarefa de reconstituir a Internacional Comunista sobre a base do maoísmo e da guerra popular.
Para isto necessitamos aprofundar permanentemente nossa compreensão e aplicação do maoísmo como nossa única garantia de vitória, em meio da luta de classes e da luta de duas linhas e à luz da experiência histórica do movimento comunista internacional. Unicamente assim poderemos dar luta contra desvios de direita e de “esquerda”, orientar aos revolucionários que as contradições fundamentais não estão “entre democracia burguesa e fascismo” ou “entre revolução e reformas”, senão reafirmar-nos na principal lição extraída por Marx das gloriosas jornadas da Comuna de Paris: que ao povo não lhe servem simples mudanças de governo, que nada útil obterá de participar do velho Estado, senão que unicamente obterá verdadeiras vitórias derrubando a ditadura da burguesia e seus aliados reacionários e estabelecendo a ditadura do proletariado, o que o Grande Lenin e o Presidente Mao resumiram magistralmente como: ‘salvo o Poder, tudo é ilusão’ e ‘o Poder nasce do fuzil’.
Camaradas, em 1848, Marx e Engels emitiram este grande chamado: “Proletários de todos os países, uni-vos”. Desde então esta consigna de combate tem inspirado as lutas do proletariado em todo o mundo e o tem guiado pelo caminho da emancipação.
Quando se iniciou a etapa histórica do imperialismo, Lenin emitiu este grande chamado para estas novas condições históricas: “Proletários de todos os países e nações oprimidas, uni-vos!”, com o qual uniu o movimento proletário pela construção do socialismo com as lutas de libertação nacional nos países coloniais e semicoloniais.
Hoje o imperialismo ianque, o principal inimigo dos povos do mundo, segue semeando o caos em todo o planeta e segue grangeando o ódio dos povos do mundo, os quais desejam sua libertação e se levantam em resistência. Como comunistas, temos o dever de cumprir mais firmemente nossa jornada para dirigir o poder latente dos povos do mundo contra esse gigante com pés de barro, unindo a todas as forças anti-imperialistas com o chamado que fizera o próprio Presidente Mao Tsetung: “Povos de todo o mundo, uni-vos e derrotai aos agressores norte-americanos e a todos seus lacaios! Povos de todo o mundo, tenhais coragem, atreveis a lutar, desafiai as dificuldades e avançai em ondas. Assim o mundo inteiro pertencerá aos povos. Os monstros de toda espécie serão liquidados.”
Viva a Nova Grande Onda da Revolução Proletária Mundial!
Abaixo o imperialismo e todos seus lacaios! Aplastar o revisionismo!
Vivam as guerras populares!
Honra e glória aos heróis comunistas!
Defender a vida do Presidente Gonzalo!
V Encontro de Partidos e Organizações
Marxista-Leninista-Maoístas da América Latina
Maio de 2016
Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha)
Partido Comunista do Equador – Sol Vermelho
Movimento Popular Peru (Comité de Reorganização)
Fração Vermelha do Partido Comunista do Chile
Frente Revolucionária do Povo da Bolívia Marxista-Leninista-Maoísta
Organização Maoísta para a Reconstituição do Partido Comunista da Colômbia
Comité Bandeira Vermelha – Alemanha
Aderidos:
Comitê pela Reconstituição do Partido Comunista da Áustria
Corrente do Povo “Sol Rojo” – México