Sobre as eleições no USA – comentário Associação de Nova Democracia (Hamburgo, Alemanha)

Nota do blog:Publicamos comentário da Associação de Nova Democracia (Hamburgo, Alemanha), baseado no artigo publicado recentemente no Dazibao Rojo denominado “Trump antissistema?”, de autoria do camarada J.L. Forneo, sobre o resultado da farsa eleitoral no USA, por se tratar, na nossa avaliação, da análise científica sobre a questão.


Nosso comentário (Associação de Nova Democracia – Hamburgo, Alemanha)

Consideramos que o artigo citado tem grande interesse e corresponde a uma análise de classe, marxista, dos resultados das eleições e suas consequências políticas. Segundo nos parece, a nosso critério, aponta principalmente contra aqueles oportunistas e revisionistas que se põem sob “bastão de mando” russo e justificam as agressões e a guerra imperialista que estes imperialistas desenvolvem no Oriente Médio e outras partes do mundo. Porque, como o tem feito notar o mesmo Putin, e têm repetido seus partidários mais próximos, estes têm cifradas suas esperanças de que, com o arquirreacionário Donald Trump como novo presidente do USA, podem negociar melhor os contenciosos que têm.

O que querem negociar [os imperialistas russos], em primeiro lugar, é relacionado com as sanções pela [pugna relacionada a] Ucrânia, impostas contra a Rússia pelos Estados Unidos e União Europeia.

“As sanções têm caráter político e econômico pelas quais proíbe-se aos bancos de tais países emprestarem às companhias e bancos russos controlados pelo Estado.

Dada a alta dependência do setor não financeiro e do setor bancário russo dos mercados financeiros internacionais, o problema do endividamento externo da Rússia adquire em ditas condições uma atualidade especial e leva altos riscos para o desenvolvimento da economia russa a longo prazo. Ultimamente, a queda dos preços do petróleo, principal produto de exportação da Rússia, assim como a depreciação do rublo, moeda nacionais desse país euroasiático, tem condicionado a piora de sua situação econômica e a probabilidade de que a economia russa entre em recessão a partir de 2015. (…) Para fins de 2014, a mesma (foi) de 587.100 milhões de dólares…

Por outra parte, a proibição da venda da tecnologia ocidental às empresas energéticas russas com participação estatal cria dificuldades bastante sérias para o desenvolvimento do setor estratégico da economia russa que gera a maior parte de divisas estrangeiras e cuja entrada ao pressuposto estatal é de fundamental importância. A situação se agrava pela queda dos preços internacionais do petróleo e a subsequente desvalorização do rublo, que leva à diminuição do poder aquisitivo da população…” O endividamento externo da Rússia: dinâmica, estrutura e riscos nas condições das sanções econômicas dos países do ocidente. Tatiana Sidorenko.

Essa é a base econômica que explica as declarações de Putin e as esperanças dos oportunistas e revisionistas. Então, os imperialistas russos esperam que com a nova administração seja facilitado a negociação com respeito a Ucrânia e as sanções; em troca, como já temos anotado repetidas vezes, os imperialistas russos estariam dispostos a fazer as concessões correspondentes aos imperialistas ianques no Oriente Médio Ampliado. Esse é o “toma-e-recebe” que pretendem alcançar no curto prazo. Tudo isto, como disse o interessante artigo que comentamos, só tem o caráter de “mais do que ‘tréguas’ entre as guerras”. Todos sabemos, como dizem também os analistas burgueses, que o enfrentamento ianque-russo por seus interesses estratégicos prosseguirá apesar de tudo, como até agora com Obama ocorreu e logo com Trump à cabeça do imperialismo ianque.

Agregamos que isto e os resultados das eleições no USA, a superpotência hegemônica única, expressa claramente que a situação do imperialismo, no seu leito de morte porém ainda não morto (Lenin), piora, e como besta ferida de morte se debate, voltando-se mais reacionário e violento nos âmbitos interno e externo, descarregando sua crise sobre nossos países e incrementando a disputa entre eles pela repartilha e nova repartilha, desatando suas guerras de agressão nos diferentes continentes (pontos candentes), um dos quais, o mais candente hoje está no Oriente Médio Ampliado (OMA).

Para entender o que está se passando na política dos diferentes países imperialistas: há que partir do processo de maior reacionarização dos Estados imperialistas, com maior centralização absoluta do Poder no Executivo. E, que desde começos do presente século com a ofensiva contrarrevolucionária geral passou a desenvolver-se como “guerra contra o terrorismo” ou “contra a barbárie islâmica”, algumas vezes apresentada descaradamente como “guerra entre barbárie e civilização” ou contra o “sectarismo e o dogmatismo religioso”. Que em todos os países, de uma forma ou de outra, se faz propaganda pública, por todas as facções, grupos, partidos e representantes do imperialismo e seus serviçais oportunistas e revisionistas sobre os perigos e ameaças dos migrantes que provêm dos países de cultura muçulmana.

Esta ofensiva contrarrevolucionária busca legitimar a guerra de agressão imperialista contra as nações oprimidas, apresentar a guerra de agressão imperialista pela partilha e nova repartilha dos países do Terceiro Mundo, especialmente do Oriente Médio Ampliado. Cinicamente apresentam as forças nativas a seu serviço nos países oprimidos ocupados como “libertadores”, “nacionalistas” e “revolucionários”. Com eles tratam de impulsionar a ação do oportunismo e revisionismo a seu serviço.

Os kautskistas, como foi dito no artigo do Dazibao Rojo, vão tratar de justificar tudo isto. Por isso nos corresponde, seguindo Lenin, analisar e desmascarar os erros teóricos do “kautskismo”, assim como do pacifismo e “democratismo”, que não têm nenhuma pretensão de marxismo, mas que igual Kautsky, pretendem dissimular a profundidade das contradições do imperialismo e a inelutabilidade da crise revolucionária engendrada por este.

Como disse Lenin: É um dever desmascarar tais correntes extraordinariamente muito estendidas pelo mundo para “arrancar da burguesia os pequenos proprietários que ela engana e os milhões de trabalhadores cujas condições de vida são mais ou menos pequeno-burguesas”. Hoje essa tarefa há que cumprir-se apontado principalmente contra o novo revisionismo.

Seguindo a Lenin, a tarefa que corresponde ao proletariado revolucionário com respeito a essa massa que a burguesia engana, não é abandoná-la para que sirva aos interesses imperialistas, senão que, como bem está estabelecido, a tarefa é arrancá-la dessa influência que exerce a burguesia e pô-la sob a direção do proletariado, aplastando o reformismo e o chauvinismo e a seus propagandistas em seu seio, os oportunistas e revisionistas de toda cor.

Como o mostram claramente as eleições no USA, hoje isso é questão candente no trabalho de massas, arena de contenda entre revolução e contrarrevolução, de ganhar-se aliados para a revolução, servindo à luta pelo partido nestes países imperialistas.

Maior reacionarização dos Estados e a política imperialista e ofensiva contrarrevolucionária geral que alenta um chauvinismo imperialista mais aberto e descarado com grande desenvolvimento de propaganda em todos os meios. Que se dirige principalmente a essa “massa” de que nos fala Lenin. Sim, a esta massa se dirige em grande parte a diária propaganda dos representantes dos partidos burgueses e seus acólitos oportunistas e revisionistas em todos os grandes meios, em todos os países imperialistas, para semear as ideias mais reacionárias e chauvinistas.

A burguesia imperialista, das formas mais variadas e em todo momento, está manipulando através dos grandes meios a opinião pública semeando nela estas ideias chauvinistas e arquirreacionárias para dividir ao Povo. Uns o fazem de modo velado e outros de forma mais aberta e até da forma mais desenfreada. Para os burgueses, estas não são questões de princípios senão de oportunidades. As diferenças entre eles estão em a qual país imperialista ou monopólio engendrado pelo capital financeiro defendem etc. Como disse o artigo que comentamos: “não são mais que dois títeres das grandes corporações monopólicas de seu país e, em consequência, marionetes de um ou outro bloco imperialista”.

Vivemos a etapa do afundamento do imperialismo e este é mais reacionário e mais violento. Seus resultados estão expressados de forma clara na manipulação e enganação a que submete a estas massas, como na campanha do Brexit na Inglaterra, como sucede agora na Alemanha com os êxitos alcançados pelos fascistas de “Iniciativa para Alemanha”, ou na campanha eleitoral no USA. Como se lê nos informes periódicos da mesma e seus resultados, é esta massa a que se está disputando, principalmente ambos os candidatos nas eleições para realocação de autoridades do Estado imperialista ianque, a Clinton do PD (Democrata) e Donald Trump do PR (Republicano).

E segundo os resultados e os mesmos informes, quem ganhou foi quem enganou mais a estes setores com a propaganda mais reacionária e chauvinista. Ou seja, ganhou quem se destacou como mais reacionário e mais chauvinista na propaganda demagógica deste circo eleitoral para a realocação de autoridades do Estado imperialista ianque. Pode servir muito que leiam as declarações do cineasta ianque Moore, quem ao escutar as declarações na TV do reacionário Trump, expressando de forma aberta e sem reparos todo o chauvinismo imperialista, escreveu em um artigo, “já ganhou Trump” (ver o artigo online publicado em 09.11.2016 em die DeütscheZeitung). Isto quer dizer que as ideias estavam semeadas e tinham opinião pública favorável e estavam dispostas para quem quisera fazê-las suas na contenda política entre as duas facções do imperialismo ianque. E a vantagem seria de quem se atrevera a pronunciar estas “palavras malditas”. Trump as assumiu. Esse é o sentido do raciocínio de Moore.

Alguns se assustam muito pelos resultados eleitorais e o triunfo de Trump, pois estão pensando não como revolucionários, mas como kautskistas, creem que a “paz e a democracia” é possível sob o imperialismo. Não! Os Estados imperialistas são cárceres para os operários, seja qual for o governo que encabeça o Estado de ditadura burguesa. E, no processo de reacionarização do Estado e a política imperialista, seja qual for a forma em que se produz a centralização absoluta, seja do tipo presidencialista ou fascista, a opressão contra a classe se multiplica e se aprofunda mais. A rebelião se justifica!

Por outro lado, como já temos dito e reafirmamos nesta ocasião, os resultados das eleições no USA mostram com total evidência o desenvolvimento da situação revolucionária no próprio seio da superpotência hegemônica única e o inimigo principal dos povos do mundo e mostra com toda clareza que os reacionários já não podem seguir governando como antes e que os operários e as massas mais amplas já não querem seguir sendo oprimidas como antes. Mas os revisionistas como Avakian e seu partidecos através de seu porta-voz “Revolução” continuaram negando e negando a existência do proletariado e a necessidade da revolução proletária e da ditadura do proletariado. E seguiram esperando como ali o dizem, que nas eleições reacionárias se produza algo inesperado para que “gere uma situação revolucionária”.

Mas os fatos são outros. As contradições se acumulam. A guerra regressão aos países imperialistas como resposta das nações oprimidas à guerra de agressão imperialista por partilhar e repartilhar os países oprimidos. Os imperialistas recebem em seu próprio seio as consequências de sua barbárie. Os Estados imperialistas se reacionarizam mais ainda, avançam na centralização absoluta e a militarização. Maior supressão dos direitos conquistados pelo proletariado em duras e ardorosas jornadas como salários, direitos etc. Os Estados imperialistas vão se transformando cada vez mais em cárceres para os operários. Maior reação política e demagogia reacionária como resposta no seu próprio seio.

Aos imperialistas, a casa começa a incendiar-se como parte desse movimento de regresso, pois a guerra atiça todas as contradições, entre elas, a contradição proletariado-burguesia nestes países. É inquestionável que o proletariado responde à crise e à maior exploração e opressão, isso se expressa em lutas cada vez mais militantes e massivas. O proletariado desperta e a tarefa atrasada dá mostras de avanços seguros.

Mais ainda, alguns dos operários aos quais os imperialistas enviaram para massacrar aos povos das nações oprimidas, ante a ignominia vivida no genocídio contra os oprimidos no exterior e, ante a própria ignominia a que os submete sua burguesia imperialista, voltam suas armas contra o imperialismo de sua nação (como temos visto no USA). O imperialismo ianque é um gigante com pés de barro. É tigre de papel.

As massas não necessitam do imperialismo, o imperialismo é câncer. O próximo governo ianque será mais reacionário, mais genocida e descarregará mais fome, repressão e morte sobre os operários e o povo norte-americano que o atual.

Yankees go home!

Contra a guerra de agressão imperialista no Oriente Médio Ampliado!

AND