Nota do blog: O jornal A Nova Democracia lançou matéria expressando posição sobre o que significa a saída do imperialismo inglês da “União Europeia”. Visto que expressa integralmente a nossa posição, reproduzimos para sua ampla leitura.
Crise se agravará na Europa
Agrava-se a pugna imperialista pela repartilha do mundo
O referendo que aprovou a retirada do Reino Unido — imperialismo inglês — da “União Europeia” (UE), surpreendendo a todos os envolvidos na contenda e a crise que se aprofundou a partir daí, tanto na relação entre os países que conformam o Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales), como no seio da própria burguesia imperialista inglesa, fez agravar as contradições entre as potências imperialistas que conformam até agora o projeto de “União Europeia”.
A saída do Reino Unido fomentou agitação nos setores dominantes da Escócia, da Irlanda e País de Gales como também nos setores partidários da independência desses respectivos países do jugo semicolonial inglês. O governo da Escócia prometeu levar a cabo medidas para ‘proteger a filiação’ do país à União Europeia, enquanto que no norte da Irlanda, país secularmente subjugado pela Inglaterra e pertencente ao Reino Unido, representantes do movimento Sinn Fein planteiam a intenção de chamar um referendo pela separação.
Este episódio de agravamento da contradição interimperialista também não pode deixar de agudizar as demais contradições fundamentais da época, no Reino Unido e nos demais países europeus. Todo este agravamento da situação política é decorrente e parte da crise geral do imperialismo atolado na depressão econômica, nas guerras de rapina e agressão aos países oprimidos, especialmente os do Oriente Médio Ampliado e em meio de pugnas e conluios pela repartilha do mundo entre a superpotência hegemônica única USA, a superpotência atômica Rússia e demais potências imperialistas.
Agudizam-se as contradições fundamentais
Diferentes frações da burguesia inglesa se puseram em luta para definir o caminho a seguir frente a este e outros embates da repartilha do mundo pelos países imperialistas, na qual ela, em comparação com outras potências imperialistas europeias, se encontra atrasada.
Para decidir qual caminho seguir, ademais dar uma feição de “medida popular” para a decisão, o governo do Partido Conservador (Tory) lançou mão duma farsa de “referendo” no qual, dada a ampla campanha levada a cabo pelas diferentes frações da burguesia inglesa, revelou a divisão das classes dominantes, apontando para uma crise no Estado imperialista britânico que pode se agravar com sérias consequências para as mesmas. Mas o resultado que surpreendeu a todos só poderia ser o que correspondia à situação mais interna e até então não exposta à superfície da luta política: a divisão das classes dominantes inglesas frente a agudização das disputas interimperialistas num mundo tormentoso e em profunda crise. Venceu assim a posição de deixar o bloco da União Europeia.
Ficou uma vez mais provado o papel reacionário das farsas eleitorais como um todo: cumpre o papel de arrastar as massas para ser parte das pugnas das classes dominantes, não sendo útil para a luta ou interesses das massas. Há de combater o oportunismo e revisionismo que reforçam esta farsa.
Importante dizer que toda a campanha movida dentro desta farsa do “referendo” foi recheada, por um lado, pelos discursos racistas e fascistas da extrema-direita (Partido da Independência do Reino Unido – UKIP) que, com seu surrado nacionalismo xenófobo colocava os imigrantes como principais responsáveis pela crise nacional e, por outro lado, pelo discurso do “acesso ao mercado e investimentos da UE” das frações da burguesia partidárias da permanência no bloco, desejosas em defender seus negócios. E toda essa retórica dos discursos veio abaixo logo após o resultado da votação, quando Boris Johnson, porta-voz da campanha pela saída da UE, admitiu que a imigração não poderia ser reduzida após a saída do país do bloco.
Assim, se por um lado, o agravamento da crise imperialista expõem os mais sinistros planos políticos da extrema-direita, no outro polo desta contradição, a grande massa de imigrantes que cresce a cada ano dentro das fronteiras do imperialismo — pelas inevitáveis marés de migração em busca de melhores condições de vida e pela necessidade crescente do capital em explorar a força de trabalho que se escasseia nos países imperialistas pelo envelhecimento de suas populações — acirra sua luta contra todo esse sistema de exploração, abrindo brilhantes perspectivas revolucionárias.
A luta pela hegemonia e as consequências na ‘geopolítica’
A ‘geopolítica’, sendo a política de pugna e conluio dos imperialistas pelo domínio mundial, acarretará em mudanças a médio e longo prazos com essa alteração no bloco.
A presença do Reino Unido servia como uma força alinhada principalmente aos planos ianques na disputa das esferas de influência com Alemanha (principalmente) e França, estas duas potências que vieram se tornando as principais potências imperialistas na região e, destacadamente Alemanha que, controlando politicamente o bloco, já se consolidou como potência hegemônica na região desde 2000, processo intensificado com a crise imperialista de 2008. A situação atual afeta diretamente a influência ianque na Europa com a saída de seu mais tradicional e seguro “aliado”.
Dada à superioridade que vem apresentando a Alemanha — principalmente — em comparação com a Inglaterra, expresso fundamentalmente nas ofensivas dos bancos alemães nas zonas do bloco, a tendência era o imperialismo inglês perder cada vez mais poder e influência dentro do bloco e, consequentemente marchar para situação de confronto ou de submissão à Alemanha, enfraquecendo cada vez mais suas posições na repartilha do mundo.
Tal decisão do imperialismo inglês por deixar o bloco tem a lógica de ‘perder menos’ dentro dessa repartilha do mundo — em comparação com o que perderia daqui em diante, se dentro do bloco —, e estrategicamente, a longo prazo, resultar-se-á em grande oportunidade para o imperialismo alemão avançar, cada vez mais, seu caráter de potência imperialista hegemônica na Europa Ocidental e ampliar suas posições na repartilha, o que significa aprofundar a espoliação e agressão sobre os países oprimidos de modo geral e sua contradição com eles.
Varrer o imperialismo e conjurar a guerra mundial com revoluções
Impedir a guerra mundial imperialista só é possível com guerra popular mundial: conjurar o perigo de guerra fazendo revoluções democráticas ininterruptas ao socialismo nos países dominados, semicoloniais e semifeudais, e revoluções socialistas nos países capitalistas desenvolvidos e imperialistas. Este é o caminho e a solução para que os povos oprimidos e o proletariado dos países imperialistas não sofram nem derramem seu sangue a benefício dos interesses dos inimigos de classe: preparemos, pois, nossas lutas, porque somente elas podem impedir a guerra imperialista.