Sobre o fracassado “golpe de Estado” na Turquia

Nota do blog: Reproduzimos a tradução realizada pelo nosso núcleo de colaboração do comunicado da ‘Construção Revolucionária’ (Áustria) somada a uma nota da Associação de Nova Democracia Nuevo Peru (Hamburgo, Alemanha), extraído do site deste último (https://vnd-peru.blogspot.com.br/).

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Abaixo Erdogan! Abaixo os putchistas! Pela Revolução de Nova Democracia na Turquia / Curdistão do Norte!

Publicado por revaufbau – 16 de julho de 2016

Depois do falido golpe de Estado na Turquia / Curdistão do Norte, há muito ainda que não está claro. Chama a atenção que os golpistas não contaram, durante o intento de golpe, com nenhuma expressão de apoio organizada politicamente, mas todos os partidos políticos se pronunciaram no país contra o golpe. Inclusive militarmente, os rebeldes avançaram de forma pouco consistente e de forma seletiva. As reações imperialistas a nível internacional se caracterizam, pelo contrário, por seu aspecto contraditório, contrário às posições da Rússia e os organismos de política exterior dos Estados Unidos, diversos organismo da UE, assim como os distintos governos imperialistas (por exemplo, França e Alemanha) demoraram relativamente muito para condenar o golpe de Estado claramente, e também ainda não está tomado uma posição clara sobre porque um helicóptero com oito líderes golpistas assentou-se precisamente em um país da UE. Que o governo do AKP, Erdogan, é agora, depois da derrota do golpe, o grande ganhador da situação, não é nenhum segredo. O AKP começou com as lutas reais e aparentes contra os golpistas com alguma mobilização dentro das massas, em cujo eixo está se tratando de limpar o aparato do Estado dos funcionários não leais ao AKP (o partido do governo). Aqui também a reintrodução da pena de morte tem posto na mesa.

Em muitas cidades europeias foram mobilizados grupos de turcos fascistas para apoiar as demonstrações a favor de Erdogan. Assim também na Áustria, incluindo Viena. Chamativo foi o fato de que a mobilização da associação fascista IETD mostrou a manifestação de várias centenas de simpatizantes de Erdogan na rua, mas se manteve com muito menos força de mobilização do que o habitual, o que também se aplica a uma certa confusão acerca da situação atual na Turquia nas fileiras da UETD. Algo notório também foi um novo “nível” da quebra política total do trotskismo na manifestação em Viena. Ademais da fascista UETD, a única mobilização que se produziu de forma ativa no grupo da demonstração foi a da trotskista “Novo giro à Esquerda”. Inclusive o fato de que das fileiras da manifestação foi atacado um restaurante cu Nuevo Perurdo, mostra que a frente única aberta de trotskistas e fascista, obviamente, não diminuiu.

A situação atual na Turquia / Curdistão do Norte mostra claramente que o governo do AKP, para continuar seus planos políticos, só pode fazê-lo sob a ordem da repressão feroz e o aumento puro do terror. Mas que agora usa a situação do golpe, portanto, para fazer um grande passo adiante. Tudo mostra que as forças dominantes na Turquia / Curdistão do Norte estão pendurados na aba dos imperialistas, mostra que a intervenção externa na Turquia / Curdistão do Norte é um fato, apesar de todo palavreado e gestos nacionalistas de que estão impregnadas as grandes frases de fantasias de poder do “sultão” Erdogan. A situação do golpe, onde as duas bandas reacionárias estão lutando pelo Poder, mostra o caminho e a saída para as massas na Turquia / Curdistão do Norte, a que consiste só numa Revolução de Nova Democracia que varra o imperialismo e seus lacaios fora do país, que entregue o poder ao povo em suas mãos e, portanto, despoje do Poder ambas as forças, tanto de Erdogan como os kemalistas, ou o golpe de Estado duvidoso. A questão não é “o golpe de Estado ou Erdogan”. Por isso está claro que há que tomar partido pela perspectiva da Revolução de Nova Democracia que deve triunfar aplicando o caminho da guerra popular.

Nota da Redação de Associação de Nova Democracia Nuevo Peru

Nesta situação que se desenvolve na Turquia, tal como assinala o comunicado, há que tomar as contradições internas como as determinantes, neste caso, a luta entre as duas facções da grande burguesia ali e seus grupos, tal como está bem estabelecido no comunicado que traduzimos.

E, para as questões que estão em dúvida ou em questão, é importante – como faz também o comunicado – assinalar a intervenção estrangeira que se dá no país, pese todo o palavreado “nacionalista” de Erdogan.

Em um país semicolonial como a Turquia, como nos ensina o Presidente Mao, as facções das classes dominantes nativas se dividem em diversos grupos que servem a diferentes amos imperialistas, sempre por trás deles está a intervenção do imperialismo, neste caso, principalmente do imperialismo ianque, do qual depende principalmente este país, e como superpotência hegemônica única, em conluio e pugna com a outra superpotência atômica Rússia, e os demais países imperialistas que se disputam o Oriente Médio e como parte importante deste região: Turquia.

Ver que o Oriente Médio é de importância vital para o domínio mundial do imperialismo ianque, e dentro dela a Turquia tem uma grande importância estratégica, que vai aumentando.

Para não especular quem está por trás de Erdogan ou dos “golpistas”, temos que estar atentos aos últimos acontecimentos, como por exemplo: da última citação da OTAN em começo deste mês passado, onde se viu como ajustar o cerco contra a Rússia, logo há que ter em conta as declarações do ministro de relações exteriores da Alemanha, antes e depois dessa importante reunião da OTAN, oportunidades onde disse claramente que nas relações internacionais as coisas mudaram e que a responsabilidade da Alemanha de intervir agora é maior e que já não é a época das alianças (imperialistas) em base de princípios (se refere expressamente aos chamados valores ocidentais de liberdade, …, etc.), senão de uma política exterior baseada em redes de interesses e alianças concordantes com ela [Alemanha]. Também antes e depois disse que se deveria ter cuidado com esse “deslocamento de forças da OTAN” porque poderia ter reações inesperadas da Rússia, etc.

Não olvidar que este mesmo ministro Stanmayar escreveu uma longa lista, desde 2003, dos desacordos com a política exterior ianque, especialmente com as guerras contra Iraque e a intervenção através da OTAN em Líbia, etc.

Nestes dias, também, o Ministério de Defesa da Alemanha deu a conhecer o novo “Livro Branco da Defesa”, onde entre outras coisas disse que a situação internacional mudou muito nos últimos dez anos, desde 2006 em que se deu a conhecer o anterior “Livro Branco”. Agregou que há novas retas que tem que afrontar o país e que não pode esquivar-se de seus compromissos.

Então fica claro que Alemanha está apontando a fazer pesar mais sua força econômica – que é cada dia maior – a nível internacional para avançar a disputa pela hegemonia mundial jogando em perspectiva a balancear suas ainda limitadas capacidades militares, mas em expansão, especulando com uma aproximação à superpotência atômica Rússia, mantendo sempre o duplo jogo que caracteriza sua política externa desde depois da Segunda Guerra Mundial.

Este ministro alemão fez alusão que desde 2014 conjuntamente com a França intervêm no Iraque sem pedir permissão aos imperialistas ianques, que eles juntos com França provêm armas e treinamentos aos curdos do Iraque contra o ISIS sem fazer pedidos de permissão a Washington.

Cada vez é maior o apoio da Chanceler alemã Merkel a Erdogan, recordemos todo o tratamento dado pelas autoridades alemãs ao governo turco em relação à “crise dos refugiados”.

Outro mais, recordar que demonstrativamente, no intervalo entre esta citação da OTAN e a tentativa falha de “golpe de estado”, teve a visita do governo turco a Putin em uma clara aproximação de posições na região do Oriente Médio, e logo o ministro de relações exteriores da Turquia saiu a declarar sobre uma etapa de boas relações com Síria e com governo de Bashar Al Assad ou algo do tipo, tudo isto a um escasso tempo do “golpe”.

Repetimos, ver que tudo isto sucede numa zona chave para o domínio mundial do imperialismo ianque, no Oriente Médio. Então, caso se tem em consideração tudo isto, se pode ver com grande clareza a possibilidade de quem está por trás desses últimos acontecimentos.

Sobre a má planificação da tentativa de golpe e as poucas forças implicadas no primeiro momento, o caráter duvidoso desta tentativa fracassada de “golpe” como coloca o comunicado que traduzimos, pode deixar entrever também que isto pode ser algo como uma advertência ou um avanço a Erdogan da parte de seu amo imperialista ianque e a quem quer pôr a prova seu poder no Oriente Médio. É como um ensaio montado para dar a conhecer o que poderia vir. Isto é, estão decididos [os ianques] a defende-la [a semicolônia turca] com tudo. Como disse o Presidente Gonzalo, há países e regiões que o imperialismo ianque não vai deixar arrebatar assim ‘sem mais’, defenderá com unhas e dentes. Bom, tudo isso são só os esignios imperialistas contra os povos, contra a revolução no mundo.

Para nós o mais importante é o que corresponde fazer os revolucionários nesta situação, que resumimos:

Tudo o que nos mostra o desenvolvimento desigual da situação revolucionária neste país, nesta região do mundo e no mundo inteiro. Assim comprovamos uma vez mais como se estão agudizando todas as contradições no mundo atual e que a contradição principal entre os países oprimidos, por um lado, e as potências e superpotências imperialistas, pelo outro, é, pois, a principal. E que a contenda imperialista por estes países se agudiza (terceira contradição) e que, por isto mesmo, a contradição proletariado-burguesia nos países imperialistas é também cada vez mais aguda. E como está estabelecido nesta etapa da revolução mundial e em pleno desenvolvimento da nova grande onda da mesma, o que corresponde aos revolucionários no mundo inteiro é, portanto, seguir o caminho iniciado com a guerra popular no Peru com o ILA 80 e prosseguido por outras guerras populares, como a guerra popular na Índia, e na mesma Turquia, onde corresponder pô-la a nível que a situação demanda. O eixo de tudo é o Partido Comunista marxista-leninista-maoísta.

Tanto na atual situação na Turquia como na de qualquer outro país a ordem do dia é a luta entre revolução e contrarrevolução, isto é, entre guerra popular e guerra contrarrevolucionária. Os povos do mundo estão se levantando em lutas armadas de diferentes tipos que precisam se transformar em guerras populares para acabar com o imperialismo, a semifeudalidade e o capitalismo burocrático. O que corresponde, portanto, é acabar com o sistema de ditadura latifundiária burocrática ao serviço do imperialismo, ou com a ditadura burguesa nos países imperialistas. Não se trata de lutar por mudar de regime político ou forma de governo, não estamos a apoiar nenhuma das facções das classes dominantes, se apresentem estas como fascistas ou “democratas” reacionários. O que está na ordem do dia é culminar a revolução democrática para passar à revolução socialistas em nossos países, e nos países imperialistas o que corresponde é a revolução socialista e a ditadura do proletariado. Tal como também está expresso sucintamente no comunicado dos camaradas austríacos.

É oportuno, por isso, dizer aqui a respeito de nosso país, que nós condenamos essa pérfida “frente antifujimorista” formado por toda classe de reacionários serviçais do imperialismo, oportunistas e revisionistas que servem a nomear as novas autoridades do velho Estado latifundiário-burocrático no país e, hoje, buscam arrastar as massas sob o próxcimo governo do agente direto do imperialismo ianque P.P. Kusinsky, Broker de Rockefeller e ex-funcionário do Banco Mundial e de diferentes monopólios imperialistas.

Os miseráveis revisionistas e oportunistas de toda coloração, o que estão fazendo é apoiar a uma facção da grande burguesia para servir à troca de autoridades do velho Estado, argumentando como sempre com o conto de apoiar o mal menor, isto é, contra a representante do governo fascista, genocida e vende-pátria de Fujimori (1990-2000), a Keiko Fujimori, chamaram a votar em P.P. Kusinsky, com o qual tratam de ligitimar este novo governo reacionário, o que será ainda mais esfomeador, genocida e vende-pátria de todos os anteriores.