A Questão Racial é uma Questão de Classe (Mao Tsetung)

Nota do blog: Reproduzimos, pela primeira vez em português no formato digital, o texto “A questão racial é uma questão de classe” de Mao Tsetung, onde são citadas frases do mesmo durante um encontro com líderes africanos.
Nosso objetivo ao reproduzir este e tantos outros textos que abordam este tema é para que compreendamos que a luta das massas negras e imigrantes, principalmente no USA e nos países imperialistas da Europa, é a forma como se reverte a luta de classes, visto que os negros e imigrantes constituem os contigentes mais fundos e profundos da classe operária nestes países, são os mais esmagados e, portanto, aqueles que têm em sua mente o mais profundo ódio de classe, sendo a força principal da revolução nos países imperialistas; a questão aos comunistas, muito longe de renegar, é lutar por dirigir estas lutas desorientadas que hoje se encontram dirigidas por outras ideologias ou angariadas para o campo da reação e da inconsequência, pois em essência se trata de produto da situação revolucionária em desenvolvimento desigual no USA e no mundo.
Segue o texto, traduzido pelo companheiro José Ferroso para o blog.
 

A Questão Racial é uma Questão de Classe 

[FONTE: Esse é o texto na íntegra do discurso do Camarada Mao aos seus visitantes africanos na ocasião, como relatado no Diário do Povo¹ em 9 de agosto de 1963.]

O Presidente Mao Tse-tung recebeu visitantes da África aqui nesta tarde [8 de agosto de 1963]. Durante a recepção, o Presidente Mao Tse-tung fez uma declaração clamando pelos povos do mundo para unirem-se contra a discriminação racial promovida pelo imperialismo do USA e para apoiarem os negros estadunidenses em sua justa luta contra a discriminação racial.

O Presidente Mao Tse-tung teve uma conversa bastante cordial e amigável com seus companheiros africanos. Durante a conversa, ele condenou a discriminação racial praticada pelo imperialismo ianque, assim como a promovida pelas autoridades colonialistas da África do Sul e em todas as partes do mundo. “Discriminação racial”, disse o Presidente, “é encontrada na África, na Ásia, e em todo o mundo. A questão racial é, essencialmente, uma questão de classe. Nosso país não é um país de uma só etnia; é uma unidade de camaradas e companheiros. Nós devemos fortalecer nossa unidade e travar uma luta em comum contra o imperialismo, o colonialismo e seus lacaios² para alcançarmos independência e libertação nacionais completas e perfeitas”.

Após explicar como a luta revolucionária chinesa chegou à vitória, o Presidente Mao disse: “Isso prova que uma revolução verdadeiramente popular pode triunfar, e que o imperialismo e seus lacaios podem ser derrotados. A onda do antiimperialismo e do anticolonialismo é avassaladora na África. Todos os países, quer tenham ou não alcançado sua independência, irão inevitavelmente alcançar suas completas independências e serão libertados. Todo o povo chinês irá apoiá-los. Os povos da África estão despertando a cada dia que passa; assim estão também todos os povos de todos o globo. Os operários, camponeses, intelectuais revolucionários e todos os revolucionários em geral, que constituem cerca de noventa por cento da população mundial, podem ser unidos na luta pela vitória da revolução.”

“Na luta pela emancipação minuciosa,” constatou o Presidente Mao, “os povos oprimidos contam, antes de tudo, com sua própria força revolucionária, e então, somente então, com a assistência internacional. Os povos que já tenham obtido vitória em suas próprias revoluções têm a obrigação revolucionária de auxiliar aqueles que ainda se empenham na luta pela libertação. Esse é o nosso dever, nossa obrigação internacionalista”.


¹ Jen-min Jih-pao, jornal oficial da República Popular da China desde 15 de junho de 1946, traduzido mundialmente em mais de doze idiomas (atualmente). Comparado ao Pravda soviético. (N.T.) 

² No texto original é usado o termo 走狗 (Zǒugǒu), e é traduzido para o inglês como “running dogs”. Na cultura chinesa, não há nada mais degradante que ser comparado a um cão. A tradução literal do termo seria “cão que corre”; “cão que acompanha”. O historiador Chang-tai Hung explica: “A imagem de um cão acompanhante é paralela à imagem do USA como um lobo. Ambas representações bestiais […] validam o uso da violência, uma vez que a eliminação de monstros é justificável. A representação do inimigo como bestas (cães, porcos ou ratos) levam à associação de criaturas repulsivas que devastam a nação.”(N.T.)