A fabricação de um relógio de frequência do tipo chinês nos apoiando em “Sobre a prática” e “Sobre a contradição” (China, 1966)

Nota do blog: No desfraldar da Grande Revolução Cultural Proletária, momento onde a direita reacionária no PCCh impulsionava em grande escala a restauração capitalista através dos aparelhos do Estado chinês e dos órgãos do Partido Comunista, o Presidente Mao – dirigindo a esquerda proletária e revolucionária – chamou os revolucionários a mobilizar as amplas massas populares com vistas a impulsionar uma contrarrestauração, combatendo a restauração em curso. Neste aspecto, o desfraldar da GRCP se deu mediante uma luta por mobilizar as massas para combater tal restauração – campanha propagada pela esquerda -, enquanto que a direita reacionária apregoava as massas como ignorantes com fins de impedir sua mobilização e dar prosseguimento ao caminho capitalista.

O seguinte texto, igual ao já publicado Aplicação da filosofia na venda de melancias em uma grande cidade, é produção das massas proletárias e camponesas explicando como aplicaram a dialética materialista para resolver seus problemas cotidianos e de trabalho. Este texto é expressão do esforço da esquerda revolucionária por reafirmar que as massas são todo-poderosas, que as massas são sábias e capazes de servir à revolução e libertar-se a si mesma. Daí se impôs uma luta decidida entre restauração-contrarrestauração no âmbito da GRCP; o desfraldar da GRCP só foi possível pela mobilização das massas, e este texto é expressão dessa luta.

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A fabricação de um relógio de frequência do tipo chinês nos apoiando em “Sobre a prática” e “Sobre a contradição”

Pekin Informa, Ano IV, nº 25, 22 de junho de 1966

Fang Fu-guen

Utilizando como nossa arma o grande pensamento de Mao Tsetung, conseguimos fazer, após um ano de árduo trabalho, o primeiro relógio de frequência da China. Comparado com outros relógios deste tipo fabricados no estrangeiro, este é muito mais simples e muito mais racional de estrutura, muito mais fácil de fabricar e usar e de custo muito menor. Além do mais, no que se refere a sua precisão, encontra-se a altura dos níveis mais avançados. É um relógio de frequência do tipo chinês.

Antes de nos lançar nesta tarefa não sabíamos o que era um relógio de frequência, inclusive jamais havíamos escutado esse nome. Eu era aprendiz em uma fábrica de penas para canetas. Apesar de ter estudado dois anos na escola técnica secundária, nada aprendi sobre a fabricação de relógios. Alguns camaradas de nosso grupo tinham estudado técnicas de relojoaria, mas ninguém sequer tinha visto um relógio de frequência. O que é um relógio de frequência? É um aparelho que não só é usado para medir o tempo, mas um instrumento de precisão indispensável nas centrais elétricas para medir a frequência da corrente. Requer um grau muito maior de exatidão que os relógios comuns. Normalmente, os relógios de melhor qualidade costumam adiantar ou atrasar dez segundos ou mais a cada 24 horas, mas um segundo é a máxima variação permitida em um relógio de frequência. Fomos capazes de fazer um relógio de frequência porque nos apoiamos nos escritos do Presidente Mao: “Sobre a prática” e “Sobre a contradição”. Estas duas obras equiparam nossas mentes, nos ajudaram a acabar com a fé cega nas “autoridades” e “especialistas” e “livros estrangeiros” da burguesia, e nos brindaram com a aguda arma de combate para conhecer e transformar o mundo objetivo.

Aceitamos a tarefa na primavera de 1964.

Soubemos que no birô de energia elétrica feito no USA na década de 1920. Todos estávamos de acordo: “ É melhor darmos uma olhada antes de fazer nossos planos!”

No entanto, foi pouco o que tiramos a limpo, exceto a surpresa que tivemos. O relógio era mantido em uma sala de instrumentos a uma temperatura constante e um operário veterano dedicava-se a ele todos os dias do ano. Jamais era aberto, a não ser para sua revisão, porque não podia sofrer a menor vibração e uma só partícula de pó poderia afetá-lo.

Me aproximei para observá-lo através da porta de vidro. Suas engrenagens estavam bem gastas e boa parte do cromo já havia saído. Era mais velho do que eu. Os jovens técnicos que estudávamos relojoaria sentimos que seria realmente uma vergonha que continuássemos usando algo tão tosco e não pudéssemos substituí-lo por um relógio de frequência feito na China. Nos inteiramos de que em uma grande central hidroelétrica construída na China, com exceção do relógio de frequência, todo o equipamento foi feito no país. Ainda que tenhamos que fazer o impossível, temos que preencher este vazio! Se hoje somos os grandes operários da China e combatentes proletários munidos do pensamento Mao Tsetung, por que não podemos alcançar e ultrapassar a burguesia ocidental na habilidade técnica para fabricar relógios? Todos compartilhamos a mesma aspiração. Estamos determinados, devemos contar com nossas próprias forças e construir um relógio de frequência melhor!

A Célula do Partido nos apontou que a fabricação de um protótipo de um relógio de frequência constituía uma importante tarefa política e que seu processo devia se transformar em um processo de estudo e aplicação de maneira viva das obras do Presidente Mao. Estas palavras do Partido elevaram ainda mais nossa confiança na fabricação de tal protótipo.

Com sólida confiança nos ensinamentos do Presidente Mao, empreendemos nosso próprio caminho

Que espécie de relógio de frequência desejávamos fabricar? As opiniões variavam, mas não havia ideias contrapostas entre nós.

Alguns engenheiros, com fé cega na ciência e tecnologia de certos países, jamais se desprenderam da ideia de que a única forma de caminhar era nos apoiando no “bastão estrangeiro”. Afirmavam: como o prazo assinado para o cumprimento da tarefa era tão curto e como não estávamos tão seguros do caminho a seguir, o melhor seria nos “remetermos a um modelo estrangeiro”. Mas o que eles queriam dizer com “remeter” era realmente “copiar”.

Estudando o assunto, fomos, em uma oportunidade, à província de Anjui para examinar um relógio de frequência importado há muitos anos. Era uma coisa complicada, com muitas engrenagens, muitas peças e um intrincado sistema de cabos. Seu funcionamento era inseguro, parava de vez em quando, como alguém de sofre de uma doença crônica. Quando chegamos, o encontramos em uma de suas “recaídas” e os camaradas dali tinham dificuldades para recolocá-lo em marcha. Isso mostra a forma como os revisionistas nos colocaram em uma posição de inferioridade, mas o lado positivo foi que ainda havia gente que considerava esse relógio como uma maravilha e pensava que devíamos tirar como modelo em tudo: estrutura, peças e incluindo a caixa de madeira e parafusos.

Tal atitude produziu indignação em alguns de nós. Que ridículo, era o que pensaram que nós os chineses nem sequer sabíamos fazer os parafusos e teríamos que copiar de outros! O Presidente Mao nos ensina: ao aprender de outros é necessário “fazer funcionar nossas próprias cabeças durante o estudo e aprender o que se adapta as condições existentes em nosso país, ou seja, assimilar a experiência que pode nos ser útil. Tal é a atitude que necessitamos”. A atitude de culto cego às fórmulas estrangeiras adotada por certos “especialistas e autoridades” simplesmente esfria nosso espírito revolucionário e infla a arrogância da burguesia! Devemos seguir conscienciosamente os ensinamentos do Presidente Mao, aprender através da prática e nos atrever a fazer coisas novas e aprender dos outros com uma atitude revolucionária e crítica. Alguns camaradas, no entanto, pensavam que tal enfoque indicava que se carecia de uma atitude séria, de precisão e de um método altamente científico. Eu tinha minhas reservas. Não podia concordar com o fato de que carecíamos de uma atitude séria, de precisão e de um método altamente científico ao seguir os ensinamentos do Presidente Mao de comprovar tudo na prática e de basear na prática nossas conclusões e que ocorria ao contrário daqueles que copiavam tudo de outros países.

Raciocinando desse modo propus meu próprio plano para o desenho. Então as chamadas “autoridades” me perguntaram: “Está baseado em alguma teoria?” Eu disse que não mas acrescentava que ela surgira da prática. Seu reconhecimento induziu a um rechaço imediato do meu plano.

Eles gastaram vários meses para fazer um relógio de frequência que era uma cópia exata de um modelo importado. As provas finais demonstraram que atrasava ou adiantava mais de 10 segundos por dia, ficando muito abaixo do nível avançado mundial com uma avaliação admitida de 1 segundo diário. Mesmo assim aquelas “autoridades” se negaram a tirar uma lição de seu fracasso. Ao invés disso, atribuíram seu fracasso a uma imperfeição da “cópia”. Foi assim que voltaram a começar comparando cada uma das peças para ver se ficaram exatamente iguais ao modelo. E qual foi o resultado? A segunda cópia, todavia, se adiantava ou atrasava 5 ou 6 segundos por dia.

Tudo isso serviu como exemplo negativo. Fiquei muitíssimo mais convencido de que a fé cega em “especialistas” e “autoridades” burguesas só poderiam conduzir a um beco sem saída, por outro lado, ao seguir as palavras do Presidente Mao chegaríamos a um caminho largo e aberto. Isso cobrou com mais força minha decisão de proceder da forma que nos ensina o Presidente Mao, atrevesse a praticar, abandonar todas as formas estrangeiras ser audaz no desafio às “autoridades” burguesas e avançar resolutamente por nosso próprio caminho de desenvolvimento tecnológico.

A prática é a melhor escola

Mas como abrir um caminho próprio para a China?

Novamente me dirigi a Sobre a prática do Presidente Mao. Ali diz: “Se alguém não entra na toca do tigre, como poderia apoderar-se de seu filhote?” O básico para se conhecer uma coisa é através da prática. Pelo que se referia a mim, não estava bem em teoria e pior ainda na prática. À minha frente se abria um só caminho; devia entrar “na toca do tigre”. Desta forma decidi assumir uma atitude honesta e me lançar à prática para aprender com ela. Provaria na prática os diversos métodos de outras pessoas e os compararia para descobrir seus respectivos méritos e defeitos. Ao realizar este trabalho concretamente, terei uma melhor compreensão da relação existente entre as diversas peças do relógio de frequência, bem como dos princípios que regem o funcionamento destas.

No período de prova fizemos numerosas experiências para resolver o problema do dispositivo recarregador de energia, unidade muito importante do relógio de frequência. Se comparamos um pêndulo com um soldado em uma longa marcha, este dispositivo pode ser comparado à “cozinha de campanha do exército”, que segue os soldados na marcha. O pêndulo funciona de forma ininterrupta e exata quando há um bom e abundante fornecimento de energia. Os vários tipos de relógios de frequência feitos no estrangeiro proporcionam numerosos exemplos do modo que se trabalha esta “cozinha”. Qual é o melhor tipo e o que melhor se adapta a nossas condições?

Foi quando chegou a nossos ouvidos que havia um método sumamente avançado para medir o tempo. Mas o uso deste método exige que o relógio de frequência se encontre completamente isolado de alterações externas. A fim de solucionar esta contradição, o relógio devia ser mantido num quarto subterrâneo construído especialmente para ele. O espírito de nossa linha geral para a construção socialista é fazer as coisas de acordo com a norma de quantidade, rapidez, qualidade e economia, e nós devemos manter este espírito. Nossas centrais hidrelétricas podem usar relógios de frequência tão delicados? Não, categoricamente não! Este método era então descartado.

Assim, fomos experimentando, um a um, todos os outros métodos. Após três meses ou talvez mais, e dezenas de experiências, não encontramos nenhum método inteiramente adequado a nossos propósitos. Também não desperdiçamos nosso tempo. A comparação dos diversos métodos proporcionou um quadro geral de bom e de ruim de cada um deles. Isto nos permitiu concentrar os pontos bons no novo dispositivo recarregador de energia que desenhamos com base em nossas necessidades. Este funcionou muito bem. O relógio não precisava ficar num quarto subterrâneo, e o dispositivo fornecia energia em qualquer momento, de acordo com o requerido pelo pêndulo.

Para entender as leis do funcionamento de cada parte do relógio, fiz um minucioso exame de diversos fenômenos. Uma noite estava estudando a amplitude da oscilação do pêndulo, quando descobri pela luz refratada pelo pêndulo em movimento, após dezenas de oscilações, o pêndulo fazia repentinamente um leve, quase imperceptível movimento de atraso e de adiantamento. Isto era acidental? A noite avançava, o silêncio era absoluto, fato que nenhum fator externo podia ter interferido neste fato. Se era uma coisa regular, jamais havíamos observado antes. Decidi ir a fundo neste misterioso fenômeno.

O movimento de adiantar e atrasar durava 0,3 segundo cada vez. A observação era exaustiva e rapidamente meus olhos começaram a doer. Mas queria obter este material em primeira mão, me mantive firme em meu propósito dia após dia. Consequentemente eram os dias mais quentes do ano. O quarto onde eu trabalhava era uma pequena câmara de concreto, com apenas três metros quadrados, anteriormente utilizada para armazenar blocos de gelo. Não havia janelas e não era permitir usar ventilador elétrico, porque a mais leve brisa poderia afetar a exatidão nas oscilações do pêndulo. Era quente e sufocante ao extremo. Ao trabalhar ali, qualquer um rapidamente se enxarca de suor. Entretanto, persisti um, dois, três meses… e finalmente descobri as causas. Uma vez encontrada, as contradições foram resolvidas sem demora.

O Presidente Mao disse: “Nosso método principal é aprender a combater no próprio curso da guerra… Nesta guerra, o que ocorre com frequência conosco é que em vez de combater depois de ter aprendido, começamos por combater e depois aprender, combater é aprender”. Após um período de prática, consegui adquirir finalmente um conhecimento geral e mais profundo das leis que regem o relógio de frequência. Me convenci mais que nunca de que a prática é a melhor escola. Só mediante a prática podemos enriquecer nossa faculdade de conhecer o mundo objetivo, e só através da prática podemos aprender e nos habilitar para transformar o mundo objetivo.

Atrever-se a desafiar a todas as “autoridades”

O Presidente Mao nos ensina: “O movimento de modificação do mundo real objetivo é eterno, e igualmente eterno é o conhecimento que os homens têm da verdade na prática”. A experiência dos outros não é fixa, muito menos imutável. Nós não só estamos capacitados, senão obrigados a enriquecer e desenvolver sua experiência. A experiência dos outros contém muito de valioso, bem como de escória. Só rompendo com os velhos conceitos podemos entender e criar coisas novas. Só rompendo com as convenções, atrevendo-nos a desafiar a todas as “autoridades”, podemos desenvolver novas técnicas e trilhar nosso próprio caminho.

Durante a preparação da prova, concentramos nossos esforços em solucionar o problema da relação entre o pêndulo e o sistema de engrenagens. Os relógios de pêndulo foram inventados há vários séculos. Desde então, o pêndulo sempre permaneceu conectado às engrenagens, mas pouca gente nem suspeitava que isso poderia significar uma fonte de problemas. Após dezenas de experiências e análises, localizei o problema que residia precisamente na formulação de que o pêndulo dá atividade às engrenagens. Se algo anda mal no complicado mecanismo, reverte em sobrecarrega para o pêndulo através das engrenagens. Podemos compará-lo a uma pessoa que leva uma carga pesada nas costas, o problema terá que aparecer.

Uma manhã cedinho, vi vário corredores de longa distância vestidos de camisetas sem manga e calções de ginástica, correndo sem esforço pela estrada. Me perguntei: Por que não pensamos numa maneira de aliviar o pêndulo, assim como esses corredores se desprendem de suas jaquetas e outras roupas? Seguindo o fio deste pensamento, descobri uma verdade muito simples e fácil de passar por alto: O pêndulo mede o tempo, cada uma de suas oscilações, ou seja, o tic-tac, marca dois segundos. O sistema de engrenagens segue ao pêndulo, sendo sua função registrar as oscilações. O pêndulo e o sistema de engrenagens estão estreitamente vinculados, mas são duas coisas diferentes. Tive uma ideia audaciosa: separar ambas as coisas, o pêndulo do sistema de engrenagens, e deixar que os sinais transmitidos pelo pêndulo ativassem por meio da eletricidade as engrenagens para registrar as oscilações.

Transmiti a outras pessoas estas ideias para saber suas opiniões. Alguns me disseram: “Se pode provar, mas se esse caminho leva a alguma parte, e possível que outros o tenham percorrido há muito tempo”. E se outros não a exploraram, me disse, isso não prova que seja um beco sem saída. Se outros não a percorreram, para mim significa mais necessidades de explorá-la. Tudo deve ser provado na prática. Seguindo essa linha de pensamento, comecei minhas experiências. As coisas pareciam promissoras. Depois de 24 horas, foi registrada uma variação de apenas 0,5 segundo. Mas, paralelamente, apareceu um novo e espinhoso problema: o relógio parava algumas vezes. Começamos a pensar todos juntos para solucioná-lo, coisa que costumamos fazer quando surgem dificuldades. Muitos jovens operários e técnicos nos deram seu apoio entusiasta e acrescentaram inúmeras ideias. No entanto, aqueles que tinham “experiência” em relógios, expressaram suas dúvidas: “jamais tínhamos ouvido falar de um relógio de pêndulo com engrenagens movidas por eletricidade. A eletricidade não é digna de confiança…”

Analisamos cuidadosamente as opiniões vertidas. Havíamos baixado a variação de 5 e 6 segundos a meio segundo. Isto demonstrava que estávamos na pista. Se algumas vezes parava, era porque ainda não dominávamos totalmente as leis que governam a aplicação da eletricidade para dar atividade ao sistema de engrenagens. O Presidente Mao disse: Nas esferas na luta pela produção e experimentação científica, a humanidade avança sem parar e a natureza se desenvolve da mesma forma, nunca pararam num nível determinado”. No momento atual, nosso controle sobre a eletricidade se encontra fortalecido e seguem desenvolvendo também as condições materiais para utilizá-la. Se insistimos valorosamente em nossas experiências, é possível que o problema seja resolvido.

Realizamos, de forma mais ampla, observações, análises e experimentos até que finalmente chegamos à resposta. O relógio não parava porque usávamos a eletricidade, senão devido a imperfeições de algumas partes do mecanismo que afetava o fluxo de corrente. Introduzimos diversas melhorias e a corrente fluiu livremente, o movimento do relógio de frequência se regularizou e a variação no tempo foi reduzida a menos de um segundo em 24 horas.

Na fabricação da prova desse relógio descobrimos também que algumas fórmulas e leis não estavam livres de erros e imprecisões. Num livro sobre mecanismos de relógios, havia uma fórmula elaborada por um cientista estrangeiro para calcular o tamanho, a posição e o peso do pêndulo. Esta fórmula foi empregada na fabricação de relógios por mais de 10 anos. Eu mesmo a utilizei para fazer o pêndulo de nosso relógio, mas ainda que se saia bem nos cálculos, na prática não funcionava. Quem estava equivocado, a fórmula ou eu? A princípio, pensei que éramos nós, mas após revisar várias vezes nossos cálculos, verifiquei que não havia erros.

Então realizamos vários experimentos com diferentes materiais e encontramos a fórmula que faltava. Nela não se considerava um fator importante: o tipo de material com que se trabalhava. Sem dúvida, a composição do material empregado produzia uma grande diferença no resultado. Nas provas, usamos pêndulos de igual medida, mas de materiais de diferente composição, obtendo uma ampla gama de variação em seus movimentos. Finalmente descartei a fórmula “teoricamente tão correta, mas que dava resultados tão diferentes na prática”, e fiz experimentos atendendo à situação concreta. Deste modo determinamos o tamanho, a posição e o peso corretos do pêndulo de nosso relógio. No curso desta breve prática, tive uma profunda impressão que só mantendo um espírito revolucionário e crítico pode-se derrubar os velhos conceitos e criar os novos, e conseguir fazer descobertas e progressos. Aqueles que consideram que é impossível desafiar as leis e conceitos dos livros estrangeiros olham as coisas de um ponto de vista metafísico e não de acordo com a lei do desenvolvimento delas. A humanidade está em desenvolvimento, como a natureza, assim deve se desenvolver o reconhecimento que o homem faz do mundo objetivo. Outros, sobre certas condições, chegaram aos conceitos tradicionais de técnicas, fórmulas e leis vertidos nos livros, mas, armados com o pensamento de Mao Tsetung e voltando a avaliar conclusões e fórmulas, podemos levar a cabo nossos desenvolvimentos e criações na técnica.

O relógio de frequência do tipo chinês é um produto do pensamento de Mao Tsetung

Devido à mudança do princípio de estrutura como consequência de separar o pêndulo das engrenagens, e de eliminar várias peças dos relógios, nosso relógio de frequência acabou sendo mais simples que os estrangeiros. Alguns manifestaram algumas dúvidas: “O relógio de frequência é um mecanismo de alta precisão. Como é possível assegurar a qualidade, agora que vocês o simplificaram a este grau?” Mais uma vez trata-se de uma noção convencional: só as coisas complicadas são precisas. De fato, alguns daqueles complicados relógios de frequência não são tão eficientes. Por exemplo, aquele relógio de frequência importado, que os revisionistas usaram intencionalmente para nos colocar numa posição inferior. Sua estrutura é altamente complicada. Como resultado disso, surgem fatores negativos. È composta de maior número de engrenagens e peças, todos estão vinculados ente si, o qual aumenta a carga sobre o pêndulo e acarreta maiores problemas em seu uso e manutenção. Ocorre o que aponta o provérbio chinês: “não acrescenta nada ao êxito, mas acrescenta ao fracasso”.

A lei do desenvolvimento das coisas vai do simples ao complexo, ao simples num nível novo. O primeiro medidor de tempo inventado no mundo foi o relógio do sol, logo se desenvolveu o relógio da água. Mais tarde, com a invenção de engrenagens e molas ligados a um pêndulo, a estrutura do relógio é um pouco complicada. E agora, não se desprendeu o relógio elétrico da mola e do pêndulo?

A China é um grande país socialista. Temos como guia o grande pensamento de Mao Tsetung. Todos os produtos chineses são elaborados adotando a posição do que é conveniente na manufatura e uso. Devem ser uma vez, precisos e simples e estar no mais alto nível. Hoje em dia, devemos ser capazes de conhecer as coisas e criar o novo de acordo com as leis inerentes ao desenvolvimento das coisas. Eu havia estudado e comparado diversos tipos de relógios de frequência estrangeiros fabricados de 1922 até pouco depois de 1958. Característica comum é a sua complicada estrutura, que tem algo a ver com o nível científico e técnico daqueles, com o sistema social. Os relógios de frequência feitos em países capitalistas ou revisionistas não só são complicados na estrutura, como também complicadas peças que assustam as pessoas, mas na realidade não são necessárias. Isto é um produto de sua podre ideologia. Em nosso relógio de frequência não existem peças assim. Na produção da prova deste mesmo relógio, nos demos conta profundamente de que a criação de produtos avançados requer, antes de mais nada, ideias avançadas e ter mais revolucionária a ideologia, e por último colocar no comando o pensamento de Mao Tsetung.

Em harmonia com a realidade chinesa, para produzir um relógio de frequência mais simples e racional, um relógio que possa ser feito, usado e mantido com maior facilidade, meus companheiros operários e eu, com apoio da organização do Partido, temos dado o passo a mais em nossos experimentos. Em mais de 40 “operações”, eliminamos quase metade das peças principais do nosso relógio de frequência, e reduzimos os requerimentos técnicos da elaboração de mais da metade de suas peças. Deste modo a construção de nosso relógio de frequência é inclusive mais simples do que a de um relógio comum. Sua precisão aumentou notavelmente e alcançou o nível mais avançado. Pode ser feito com materiais chineses disponíveis na atualidade e em fábricas de relógios comuns.

Sob a direção do Partido, e com os esforços conjuntos dos camaradas correspondentes, a entusiasmada colaboração de estados irmãos, foi possível fabricar, em setembro de 1965, o primeiro relógio de frequência de estilo chinês.

O êxito da produção do relógio de frequência é uma vitória do pensamento de Mao Tsetung, é um produto de Sobre a prática e Sobre a contradição. Produzimos nosso relógio de frequência de estilo chinês, mas há inclusive mais coisas de estilo chinês por produzir. Devemos estudar com maior consciência as obras do Presidente Mao, e armados com seu pensamento, reformar mais amplamente nosso mundo subjetivo, bem como compreender e transformar melhor o mundo objetivo.