O Brasil, mais que nunca, precisa do Partido Revolucionário (A Nova Democracia)

Nota do blog: Publicamos à seguir a análise do prof. Fausto Arruda, diretor geral do jornal A Nova Democracia, sobre a situação nacional e o rearranjo das frações e grupos de poder das classes dominantes locais. O artigo poderá ser encontrado na edição AND nº167, que sairá no início do mês de abril.


O Brasil, mais que nunca, precisa do Partido Revolucionário

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“Levantando a bandeira”, do pintor soviético Gelij Korzev

Fausto Arruda

O fascismo é a política do imperialismo como fase última e apodrecida do capitalismo. Neste sentido ela é uma política permanente, mas que se apresenta ora mais agressiva, ora menos.

Na semicolônia Brasil as massas sentem no seu dia a dia a mão agressiva do fascismo, através das várias instituições do velho Estado como a polícia, a justiça, o parlamento, enfim toda a sua burocracia. Há setores, porém, como as média e pequena burguesias que se iludem com o chamado “Estado Democrático de Direito”, que é, nada mais nada menos, a face menos agressiva do fascismo. Mas, ainda assim, só aparentemente.

O PT e seus dirigentes, como Luiz Inácio e Dilma, em seu oportunismo, propagandearam e executaram esta face do fascismo em seu gerenciamento do semicolonial Estado brasileiro até tornarem-se, eles mesmos, rechaçados pelas instituições que eles ajudaram a incrementar, tais como a Polícia Federal e o Ministério Público, que como órgãos de Estado, executam a política de Estado. E, sendo o Brasil um Estado semicolonial, aplicam o fascismo que, como afirmamos acima, é a política permanente do imperialismo, particularmente nos países dominados, como é o Brasil.

A crise sistêmica do imperialismo atinge tanto a metrópole como as colônias e semicolônias. Neste momento, para garantir seu lucro máximo, exigem rédeas curtas tanto na economia quanto na política. Daí a investida fascista via judiciário combinado com uma descarga midiática dos monopólios de comunicação, tentando impingir às massas o mito do judiciário ilibado.

Os protestos, tanto do dia 13 como do dia 18, foram demonstrativos de uma falsa polarização que é instigada ao extremo pelos meios monopolizados da imprensa, com Rede Globo à frente, para esconder e escamotear a verdadeira contradição de nossa sociedade entre as massas empobrecidas e o velho Estado de grandes burgueses e latifundiários. Mas, ao mesmo tempo, todo este jogo revela que existe na sociedade um grande espaço para a verdadeira polarização entre as massas populares e as retrógradas classes dominantes exploradoras. Pois que, muitas das pessoas presentes nestas manifestações, estão mais que enojadas com toda politicalha das disputas de grupos representantes de suas frações pelo controle da direção do Estado. Gente que em sua maioria já desistiu de participar da farsa eleitoral e está em busca de outro caminho que leve o país a uma verdadeira democracia.

A polarização em curso é falsa porque não corresponde às verdadeiras contradições de nosso país, as quais sem sua completa superação nada mudará. Toda agitação da imprensa monopolizada, tendo a de sempre rede globo á cabeça, minuciosamente articulada com as figuras mais reacionárias do poder judiciário, é eficiente maquinação que arrasta, principalmente setores das classes médias. Uma parte destas, justamente indignada com o agravamento da crise econômica que ameaça seu padrão de vida, ademais da corrupção, sob a orquestração dos monopólios de imprensa de que a corrupção é que é o grande mal do país, termina tornando-se presa fácil da direita mais reacionária.

Uma outra parte é de gente muito conservadora e reacionária, são civis e militares cuja cabeça vive no USA – precisamente Miami e Orlando – entupida por seu lixo cultural consumista e idiotizante, versão atual da tradição, família e propriedade. É base da velha direita anticomunista até o tutano, a qual se acha revoltada por estar a quase 15 anos desalojada dos aparelhos do velho Estado. Esta recebeu de bandeja do PT a situação que precisava para ressuscitar seus baixos instintos, está assanhada e em completo frenesi já fazendo contas de como retornar a casa.

O fato é que os escândalos de corrupção impressionam mesmo muita gente, e de tal forma, que consegue esconder que a corrupção é inerente a este apodrecido Estado e que nenhuma destas campanhas moralizadoras, com seus “heróis” de fantoche, irá por fim a ela e impedir sua continuidade. O mais provável é de que, daqui a mais um punhado de anos, todo este barulho estará de volta desmascarando, como corruptos da vez, a canalha política que hoje busca colher os louros do descontentamento popular. Isto será assim até que o povo destrua todo este sistema de exploração representado por este Estado e todo seu sistema político feito de partidos eleitoreiros e a farsa eleitoral.

As verdadeiras e mais importantes contradições de nosso país são aquelas entre os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra e os latifundiários, entre nossa Nação subjugada e o domínio imperialista e entre os trabalhadores e a burguesia. E nada disto é o que está colocado em questão na polarização instigada pela imprensa monopolizada e pelos partidos eleitoreiros. A polarização entre os que são contra o governo e os que são a favor é uma farsa transformada em quem é contra ou não a corrupção.

Hoje, em meio à comoção geral, os mais notórios corruptos aninhados no Congresso Nacional posam de gente honesta e decidirão o impeahment de Dilma. Deputados e senadores das mais variadas siglas, juízes, desembargadores e magistrados das diferentes instâncias deste podre e viciado poder judiciário se apresentam como se fossem realmente independentes, imparciais, uns santinhos. Faltam só dizer que são inimigos das empreiteiras desde pequenininhos, quando a imensa maioria deles têm suas campanhas financiadas por elas (os de mandatos eletivos) e os outros, prepostos seus que são diante do poder público, também são regiamente compensados. Enfim os familiares de todas estas castas privilegiadas, por decorrência, são religiosamente presenteados por estas mesmas empreiteiras. É um descaramento, uma imundice sem tamanho, porém a maioria das pessoas não pode se dar conta disto e são manipuladas.

Esta polarização não é entre os explorados e oprimidos do país e seus exploradores grandes burgueses e latifundiários e seu Estado genocida. Tampouco é entre a Nação saqueada pelas grandes corporações transnacionais e as potências imperialistas. Tal polarização fermentada o tempo inteiro pela imprensa monopolizada está dentro do próprio campo dos exploradores do povo e dos vendilhões da pátria. Sua cara política é entre uma “esquerda” oportunista e reformista (PT, PCdoB, etc.) e a direita tradicional. Não é fácil para as amplas massas do povo se dar conta disto e só o tempo e o desenvolvimento das contradições poderão ajudá-las a compreender. Inclusive muita gente progressista e democrática se ilude impressionadas com as pantomimas da ética fascista e se sentem na obrigação de posicionar-se ao lado do atual governo, do PT, de Luiz Inácio e Dilma.

Os revolucionários têm a obrigação de revelar a posição classista e independente do proletariado para essas massas e as pessoas progressistas e democráticas. E não importa o quanto delas possam compreender isto agora, devem atacar os dois lados desta farsa e mostrar que nenhum dos lados desta pugna estão com as massas e a independência da Nação. Mais ainda, devem mostrar que só a revolução, a destruição de todo este sistema de exploração do povo e saqueio da Nação, com o erguimento de um Estado revolucionário do povo e de Nova Democracia seus interesses, bem como o da independência da nossa Pátria, serão realizados.

Quando a situação chega a este terreno somente um partido revolucionário, um partido autenticamente comunista pode polarizar com o imperialismo, a grande burguesia local, os latifundiários e seus gerenciamentos de turno, apontando o programa da revolução democrática. Fora da revolução de Nova Democracia todo discurso contra corrupção não passa de mera gritaria moralista condenada a esvaziar-se em pouco tempo. Pois que, sem destruir as bases apodrecidas de onde origina toda corrupção, passada a euforia das campanhas hipócritas de combate a ela, tudo seguirá como antes. Assim tem sido a história política de nosso país.

Embora não possa ainda estar na cabeça das mobilizações populares em defesa dos direitos de nosso povo e pela libertação da Nação brasileira do jugo das corporações imperialistas, a luta por restabelecer o partido revolucionário do proletariado no Brasil já tem uma situação objetiva e subjetiva bastante amadurecida para fazer eclodir a grande revolução que o país necessita. As lutas das massas no campo e na cidade o comprova e a radicalização do ambiente político cheio de manipulações da falsa polarização terminará por desembocar nela. Esta é a única trincheira possível de enfrentar e derrotar o imperialismo e seus lacaios no país. Para isto os verdadeiros democratas e patriotas devem se orientar pela posição dos revolucionários, abandonar as ilusões das manobras institucionais e preparar-se para a dura e prolongada luta revolucionária.

Toda esta pregação de que as “instituições estão funcionando” e de que “isto é que importa” não passa do cacarejo liberal preocupado em salvar estas que são as reprodutoras e legitimadoras de todo o sistema de exploração do povo e de subjugação da Nação. Predicam isto à exaustão porque se acham assustados com sua falência e o descrédito da população nelas. Vejam só que funcionamento: o Congresso Nacional, instituição dita representante do povo, presidida por um notório bandido, assaltante das arcas públicas julgará e poderá depor os acusados de fazer o mesmo!

O grande perigo é se as massas populares comecem, parte por parte, a se dar conta que são exatamente estas instituições, defendidas como se fossem puras e sagradas, a correia de transmissão da corrupção e não as pessoas ou grupo de pessoas, estes apenas agentes dela. E por fim as massas tomarem a consciência política de que o que é preciso fazer é destruir estas velhas e corruptas instituições para criarem outras, novas e à sua própria imagem e semelhança, dos que vivem do suor próprio trabalho e da total independência da Nação.

Abaixo toda a demagogia dos defensores dessa institucionalidade apodrecida, seja ela da oposição, seja do PT e seus chegados! Viva a revolução democrática!