Opinião: “Viva à cultura que emerge do povo!”
Nota do blog: Texto do companheiro Gomes Gamarra sobre a cultura popular e o velho Estado, destinado à seção Opiniões.
O povo preto das periferias e do interior sempre foi muito talentoso e criativo, tendo o gueto originado artistas de talento incontestável, isso vem desde os pioneirismo com o jazz e o blues, até hoje com grafiteiros, danças, rap etc.
A arte é fundamental para o povo se expressar e para entreter-se desenvolvendo sua cultura na medida que participa ativamente ou/e interage, porém para o nosso povo as dificuldades são sempre maiores. Nossas manifestações populares sofrem com o preconceito elitizado e falta de apoio das instituições governamentais, o Estado burguês nunca vai incentivar a autêntica cultura nacional e popular, porque ela é subversiva e crítica, nos concedendo mínimos espaços (oportunismo eleitoreiro) ou espaço algum.
A falta de apoio aos artistas periféricos e do interior, a falta de eventos populares, é só mais uma ferramenta de opressão ao nosso povo, deixando o trabalhador alienado ao trabalho e jovens afundados pela falsa-cultura do consumismo que rebaixa nossas mulheres, nossa cor, nossa classe e nossa nacionalidade.
O estado burguês investe em festas e artistas que movimentam muito capital – que tem grandes empresários, patrocinadores e que induzem ao consumismo, também se investe em pseudoartistas que fazem “artes” sem técnica alguma mas que dão um valor de simbólico superestimado para agradar excêntricos, pois são expressões subjetivistas e individuais que em nada contribuem para a humanidade.
É osso, tio. Nossa arte, nossa cultura é resistência, é correria, é esforço que move multidões. Nosso talento é incrível, muitas vezes aprendemos sozinhos, desenvolvemos técnicas novas, muitas vezes nos dividimos entre trabalho e ensaios, treinamentos. Enquanto boy sai pelado ou junta um monte de tralha e diz que é “arte” e ainda recebe dinheiro público¹, nós temos que matar um leão por dia pra nos mantermos vivos, porque, um povo sem cultura é um povo morto!
* O companheiro é de Salvador (BA) e músico.
¹ Referência à mais recente polêmica no meio artístico, sobre a tal peça financiada com dinheiro público onde os protagonistas aparecem com seus respectivos dedos no ânus uns dos outros.